Ventos positivos

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Num ambiente de constantes transformações econômicas e produtivas nos cenários nacional e internacional, percebemos que a economia brasileira apresenta ventos positivos, desemprego em queda, aumento do investimento, crescimento do superávit comercial, expansão do mercado de capitais e crescimento econômico, depois de momentos de grandes instabilidades, agitações políticas, polarizações constantes, negativismos, pandemia e crises econômicas, que contribuíram para aumentar as vulnerabilidades da economia nacional.

Com a divulgação recente dos indicadores macroeconômicos, percebemos dados interessantes e auspiciosos, o crescimento econômico surpreendeu e colocou o Brasil dentre as nações que mais cresceram no trimestre, o desemprego diminuiu, os investimentos produtivos cresceram, o setor externo da economia apresentou indicadores atraentes, a inflação se manteve sob controle, além do incremento do consumo, desta forma, vislumbramos melhoras nas perspectivas da economia
nacional.

Mesmo assim, ao analisar a economia nacional, percebemos grandes contradições, de um lado, encontramos números auspiciosos e boas perspectivas, levando-nos a vislumbrar um ambiente macroeconômico saudável e bons horizontes de crescimento econômico, mas ao mesmo tempo, encontramos grupos, liderados pelos rentistas, clamando pelo aumento das taxas de juros como forma de impedir o crescimento da inflação. Neste cenário, estamos presos numa mediocridade que limita o crescimento da economia nacional, reduzindo as perspectivas de geração de emprego e renda, e indiretamente contribuindo para garantir os grandes lucros dos setores que vivem no rentismo.

No cenário econômico, percebemos críticas ácidas dos economistas do mercado financeiro e dos gestores de fundos de investimentos com relação à política fiscal, cobrando do governo uma maior racionalização dos gastos públicos e uma urgente redução dos gastos públicos, vistos como o responsável pelos desequilíbrios fiscais e financeiros que podem aumentar as taxas de juros, último instrumento para reduzir a inflação.

Embora percebamos que as questões fiscais estejam na berlinda da política econômica, percebemos ainda que os analistas econômicos vinculados ao chamado mercado exigem cotidianamente que sejam reduzidos os recursos públicos direcionados para a população mais carente e mais fragilizada, julgando-os como os grandes responsáveis pela chamada “farra” fiscal, se esquecendo, de forma deliberada, os vultosos incentivos fiscais e isenções tributárias que beneficiam os grandes grupos econômicos e financeiros, que atuam fortemente para extrair grandes somas dos fundos públicos, gerando pouco emprego, pagando poucos impostos e deixando de contribuir para o desenvolvimento nacional.

Vivemos um momento interessante para o fortalecimento da economia nacional e, novamente, vislumbrar os sonhos esquecidos do desenvolvimento econômico, somos dotados de energias alternativas que tendem a atrair novos investimentos industriais, estamos atraindo novos investimentos externos em variadas áreas e setores, precisamos estimular uma nova política de industrialização que atraia todos os agentes econômicos, sociais e políticos, construindo um verdadeiro ecossistema de inovação que inclua todos os setores da economia nacional, mas para isso, precisamos deixar de lado discussões equivocadas e ultrapassadas que pululam nos agentes que formulam as políticas públicas, compreendendo os verdadeiros medos, desafios e anseios da sociedade nacional, como disse o grande Tom Jobim: “O Brasil não é para amadores”…

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Comportamental, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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