A sociedade internacional nos traz grandes instrumentos de reflexões constantes, vivemos numa comunidade marcada por inúmeras transformações, violências e incertezas, o século XXI está revirando todas as bases sociais, aumentando as incertezas econômicas e confrontos políticos e militares, gerando uma sociedade ingovernável.
Embora saibamos das grandes dificuldades de governar um planeta como a Terra, ainda num momento de transição planetária como a que estamos vivenciando atualmente, precisamos refletir que, ao nos assustarmos com os rumos que a comunidade internacional está passando, precisamos relembrar quem é o verdadeiro governador do planeta Terra, nosso Mestre Jesus. Todas as dificuldades existentes na contemporaneidade, todas as violências em curso, todos os desafios econômicas e sociais, todos eles, são vistos e controlados pelos trabalhadores espirituais liderados pelo nosso governador.
Vivemos numa sociedade centrada por grandes modificações estruturais, a tecnologia nos abre novos horizontes para a comunidade, criando oportunidades, negócios inexistentes anteriormente passaram a moldar a sociedade global, mas ao mesmo tempo estão criando novos constrangimentos no cotidiano, desagregação familiar, medos profissionais, mercados de crenças, picaretagens constantes, violências reais e imaginárias, cobranças crescentes e instabilidades emocionais, tudo isso caracteriza as bases da contemporaneidade.
A palavra socorro nos remete a algumas explicações utilizadas constantemente, no dicionário encontramos como definição aquilo que se dá para auxiliar ou socorrer alguém; esmola, auxílio, benefício, ajuda ou assistência a alguém que se acha em situação de perigo, desamparo, doença etc. Diante destas definições, percebemos que os socorristas são pessoas dotadas de grande solidariedade e que se utilizam de suas capacidades para auxiliar pessoas ou comunidades em momentos de crises, desesperanças ou degradações.
Neste espaço, gostaria de refletir sobre um ator fundamental na comunidade terrestre e espiritual, um ator pouco conhecido pelos indivíduos da sociedade mundial, cujo papel é imprescindível para equilibrar os ambientes dos mundos material e imaterial. Esse ator descrito no artigo é o grupo dos chamados de socorristas, um grupo altamente qualificado que trabalha no entorno da comunidade espiritual prestando socorro para todos os indivíduos ou grupos de indivíduos que passam para o mundo espiritual, no momento de grandes inquietações, medos e dificuldades, esses atores auxiliam as pessoas no momento do desencarne, um momento que todos sabemos que vamos passar, mas não sabemos quando teremos que passar, um momento de incertezas e preocupações crescentes que aumentam com o passar dos anos, muitos acreditam que o momento acontecerá no envelhecimento, mas muitos indivíduos desencarnam em tenras idades ou na meia idade, não temos condições de definir, mas sabemos que todos, todos mesmo, vamos passar no momento correto definido por Deus.
A Doutrina Espírita nos traz grandes reflexões e ensinamentos para compreendermos a vida, a importância do amor e da solidariedade, afinal nascemos em sociedade, vivemos e nos desenvolvemos ao lado de outros seres humanos, ninguém cresce e se desenvolve sem a vivência social com outros indivíduos, neste momento, onde os valores do capitalismo contemporâneo se concentra no imediatismo, no individualismo e no lucro monetário, o Espiritismo deve ser visto como um verdadeiro oásis de reflexão individual e preparação da convivência em comunidade.
Os socorristas nos mostram a importância da solidariedade humana, em momentos de incertezas imediatas seu trabalho é um grande divisor de águas para a comunidade, por isso, sua relevância é tão grande e sua valorização tão importante para compreendermos a coexistência social e espiritual, afinal somos espíritos que estamos em estágio no corpo material.
A Doutrina dos espíritos nos brinda com inúmeros livros, revistas, entrevistas, artigos, filmes e documentários que nos mostram cenas interessantes e situações cotidianas que retratam a vivência no mundo espiritual, cenas de experiências em outras encarnações, os desafios dos seres humanos, os ensinamentos transformadores, os valores mais valorosos e os exemplos trazidos na passagem do Mestre Jesus.
No livro “Memórias de um suicida”, de Yvonne Pereira, encontramos reflexões importantes sobre o trabalho dos socorristas, a obra aborda os trabalhos desenvolvidos pela Legião dos Servos de Maria, trabalhadores do Instituto Correcional Maria de Nazaré, que são responsáveis pelo auxílio dos espíritos trazidos para o instituto, estes espíritos estavam muito comprometidos com energias negativas, trajetórias de grandes equívocos, comportamentos degradantes e dificuldades de compreensão a realidade cotidiana, no momento eram espíritos muito comprometidos com desequilíbrios e o trabalho dos socorristas foi fundamentais para melhorar a compreensão daquele momento marcado por grandes desajustes e negatividades.
Na atuação dos socorristas, percebemos uma personalidade forte e envolvente destes trabalhadores do Instituto Correcional Maria de Nazaré, força física, assertividade, firmeza e empatia são traços sublimes e verdadeiros dos chamados Legião dos Servos de Maria, afinal, muitos dos socorridos eram indivíduos dominados por uma trajetória de rancores, ódios e ressentimentos.
Na obra, a Legião dos Servos de Maria era destacada para monitorar o umbral, local marcado por grandes dores e desequilíbrios, observando o comportamento destes espíritos, monitorando seus passos e atuando no momento que os orientadores do Instituto autorizassem o resgaste, um momento de esperança para muitos e frustrações para outros.
Muitos espíritos estavam revoltados e ao verem as movimentações dos socorristas, acreditavam que seriam resgatados, alguns eram liberados e levados para o Instituto, agora, outros não conseguiam o resgaste, pois não estavam preparados para esta empreitada, não queriam largar suas “liberdades” ilusórias e teimavam em fugir das realidades paralelas que viviam, gostavam de prazeres imediatos, se empanturrando com sexos, alucinógenos, alimentos e paixões descontroladas.
Na contemporaneidade, encontramos inúmeros exemplos de intervenções dos socorristas, atuando fortemente em prol da redução dos desesperos dos espíritos, muitos desesperados no momento da morte, quando se deparam em uma realidade jamais imaginada, indivíduos dotados de grande poder político e econômico, pessoas de posses materiais que nunca vislumbraram a possibilidade da existência de ambientes imaterial ou espiritual, pessoas que acreditavam na existência de um juízo final, um momento onde um Deus juntaria, no mesmo local e na mesma data, todos os seus filhos para um verdadeiro julgamento final, onde os bons seriam levados para um verdadeiro céu, sem maldades e avessos a violências variadas. Aos que não foram aprovados, ou foram reprovados por comportamentos equivocados e distantes dos valores cristãos, seriam levados para uma outra localidade, um verdadeiro inferno, onde teriam oportunidades para purgar seus desequilíbrios mais íntimos e pessoais.
No mundo atual encontramos guerras fratricidas que destroem a humanidade, armas bélicas dotadas de grande capacidade de destruição, além de trilhões de dólares despejados em pesquisas científicas para o desenvolvimento de novos armamentos, drones, caças e softwares destrutivos que espalham mortes e degradações para todas as regiões do mundo. Neste ambiente, marcado por grandes devastações militares, encontramos mais de cem conflitos militares na contemporaneidade, exigindo, dos socorristas uma atenção constante, observando os comportamentos dos combatentes e de seus governos, afinal, num momento de insanidade que perpassam estas nações, uma nova arma ou um novo armamento, podem impulsionar mais destruições, matando milhares de pessoas, destruindo famílias e localidades.
Os responsáveis pelas destruições militares acabam criando um rastro de devastações constantes, espalhando mortes, rancores e ressentimentos generalizados, gerando amarguras, tristezas e violências que se espalham todos os dias. Neste cenário, os grandes ganhadores são aqueles que investem em indústrias militares, seus acionistas e todos que ganham com este mercado da morte e da destruição. Ao chegarem ao mundo espiritual, terão que arcar com suas escolhas, terão ainda que prestar contas a verdadeira justiça, aquela que não protege um ou outro em decorrência dos valores materiais e dos cifrões acumulados no decorrer da experiência no mundo material.
O livro “Memórias de um suicida” nos traz ênfase no trabalho dos socorristas, nos mostrando que o mundo espiritual é dotado de grande organização, com variados grupos e setores que se estruturam para melhor servir os espíritos em desespero, para isso, os socorristas são muito bem-preparados, qualificados, capacitados e supervisionados pelos superiores no mundo espiritual, dando todo o suporte técnico, emocional e espiritual para que desenvolvam seu trabalho.
No momento do socorro espiritual, os socorristas precisam dispor de capacidade técnica, emocional e espiritual para auxiliar aqueles que se encontram em desespero, espíritos que acordam num outro local, sem pessoas conhecidas e sem compreensão das dificuldades imediatas. Como nos disse Francisco Cândido Xavier, grande parte dos indivíduos que desencarnaram ainda não conseguiram compreender a sua nova realidade imediata, entrando em desespero, gritando e bradando contra Deus, terceirizando suas responsabilidades pessoais.
Quantos espíritos, ao se depararem com a chegada do seu desencarne, se dizem surpreendidos na existência da vida espiritual, acreditando na existência de uma única vivência no mundo material e rechaçavam, no mundo material, a possibilidade da chamada reencarnação. Estes espíritos entram em desequilíbrio quando se deparam com uma nova realidade, mais imaterial, mais individual e, ao mesmo tempo, mais consistente e organizada.
Gostaria de destacar, ainda, uma reflexão que faço constantemente em meus estudos e nos meus escritos espíritas, em mais de trinta anos de trabalho sistemático nesta doutrina, poucas vezes eu tive a oportunidade de assistir uma palestra efetiva sobre a importância dos espíritos socorristas, seu papel imprescindível para compreender a justiça, o amor e a solidariedade de Jesus, nosso governador do Planeta Terra, nosso modelo e guia, o espírito mais desenvolvido que encarnou no mundo material.
Embora, percebamos que o papel dos socorristas é imprescindível, percebemos que muitos preferem uma reflexão mais consistente de outros atores mais conhecidos, mais renomados e mais queridos. Neste artigo, gostaria de ressaltar a importância do trabalho dos socorristas, seu trabalho de socorro espiritual é central, afinal, quantos de nós, que vivemos numa sociedade centrada no individualismo, no imediatismo, no narcisismo e no enfoque no lucro, teremos que contar com o auxílio valoroso dos socorristas para nos auxiliarmos no momento do desencarne?
Nestas reflexões e na trajetória de estudos e trabalhos doutrinários, percebemos todos os indivíduos que cultivam o hábito da oração cotidiana, aqueles que trabalham no bem e vivenciam sentimentos bons e elevados, serão constantemente auxiliados pelos espíritos superiores em todos os momentos da vida e, não tenham dúvida, que no momento do passamento, serão muito bem auxiliados, amparados e encaminhados para locais de equilíbrio e refazimentos energético e espiritual.
Os samaritanos eram vistos como os verdadeiros trabalhadores socorristas nos tempos de Jesus, seu papel era fundamental para conduzir indivíduos perdidos ou equivocados, aqueles que, muitas vezes viviam em situações transitórias, onde fizeram alguns males na sociedade da época, pessoas que sentiam dores internas na alma, sentindo mal com suas atitudes anteriores e que queriam buscar um novo caminho, seguir novas trajetórias e construir uma nova conjuntura.
A Doutrina Espírita nos traz novas reflexões sobre o tema, nos mostra novas formas de compreendermos a sociedade, os desafios dos seres humanos e os modelos de vida trazidos pela espiritualidade para auxiliar no desenvolvimento da humanidade. Os socorristas atuam diretamente sobre as dores, as angústias e os medos dos indivíduos, auxiliando nos momentos mais críticos, ajudando no momento do desencarne, contribuindo nas dúvidas mais íntimas e pessoais, muitas das dúvidas deveriam ter sido sanadas no decorrer da reencarnação, mas muitas pessoas se esquecem deliberadamente dos mais sublimes ensinamentos trazidos pelo nosso mestre Jesus, se abraçando a valores materiais, gozos imediatistas e vantagens cotidianas, se esquecendo que somos frutos de inúmeras encarnações, talvez em muitos casos em mais de 800 vidas sucessivas, onde nascemos, crescemos, desencarnamos novamente, chegamos ao mundo espiritual e voltamos novamente para o mundo material….dando sequência no ciclo da vida.
Neste momento de transição planetária, todos os indivíduos encarnados estão precisando de socorros variados, uns passando por momentos de privações materiais, desajustes emocionais ou sentimentais, outros se encontram em momentos de instabilidades espirituais, um momento importante e imprescindível para refletirmos sobre os nossos valores espirituais, nossas crenças mais íntimas, nossas possibilidades pessoais e nossos anseios interiores.
Os socorristas são exemplos sublimes de amor verdadeiro, espíritos que deixam seus afazeres imediatos para auxiliar, acariciar, amparar e confortar todos aqueles que sofrem as mais terríveis dores da alma, suas fragilidades e suas deficiências. Neste momento, passemos a ver com outros olhos, com mais carinho, com mais atenção e com maior solidariedade humana o trabalho dos socorristas, cuja importância para a sociedade é imprescindível, urgente e insubstituível.
Ary Ramos da Silva Júnior, Economia, Mestre, Doutor em Sociologia (Unesp) e Professor Universitário.