Prosperidade e pobreza

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Nesta semana foi divulgado os nomes dos laureados com o Prêmio Nobel de Economia, Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson receberam o prêmio “por seus estudos sobre a formação das instituições e sobre como elas afetam a prosperidade”. Os dois primeiros ganhadores da láurea são professores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. James Robinson é professor da Universidade de Chicago, também nos Estados Unidos.

Neste espaço, gostaria de comentar o livro “Porque as nações fracassam: As origens do poder, da prosperidade e da pobreza”, escrito pelos economistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que investigou profundamente as causas da prosperidade e da pobreza entre diferentes países, centrada na importância das instituições políticas e econômicas.

O conceito central do livro de Daron Acemoglu e Simon Johnson é a distinção entre instituições inclusivas e extrativas, onde as primeiras são aquelas que promovem a participação ampla dos cidadãos na economia e na política, com ampla garantia de direitos de propriedade, justiça e oportunidades econômicas. Com isso, cria-se incentivos para inovação, educação, empreendedorismo e o desenvolvimento econômico. Já as instituições extrativas concentram o poder político e os benefícios econômicos em uma elite, explorando a maioria da população e inibindo o crescimento econômico de longo prazo.

Uma vez que um país é dominado por instituições extrativas, como exemplo, os autores analisam a América Latina, é difícil romper esse ciclo. As elites políticas e econômicas têm pouco incentivo para mudar as regras que lhes permitem manter o controle, garantindo grandes retornos econômicos e financeiros, o que perpetua a desigualdade e a pobreza. Neste cenário, as revoluções políticas ou grandes crises às vezes podem proporcionar novas oportunidades de reformas que criam instituições mais inclusivas. No entanto, essas mudanças não são garantidas e dependem de forças políticas específicas que sejam capazes de redistribuir o poder.

As instituições políticas são o alicerce das instituições econômicas. Para que uma economia floresça, é necessário que as instituições políticas garantam distribuição de poder e representatividade. Quando o poder está concentrado nas mãos de poucos, como regimes autoritários, ditaduras ou sistemas oligárquicos, as instituições econômicas tendem a ser extrativas, impedindo o desenvolvimento econômico, perpetuando uma situação de degradação social, desigualdades crescentes e o incremento da desesperança.

Para construir suas hipóteses, os autores da obra fizeram uma grande reflexão histórica, pesquisando várias regiões, analisando modelos de desenvolvimento econômico entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte, além de um mergulho numa comparação crítica entre os Estados Unidos e a América Latina, desta forma demonstraram como as instituições moldaram o sucesso ou o fracasso das nações, enriquecendo países ou perpetuando as desigualdades.

Outro assunto muito discutido na obra está relacionado as questões geográficas e culturais das nações, vistas como insuficientes para o desenvolvimento econômico, ou seja, os países que possuem boa geografia e cultura consistente podem auxiliar, mas não leva uma nação ao desenvolvimento econômico, para isso, faz-se necessário a construção de instituições sólidas e consistentes. Quem sabe está na hora da elite nacional ler obras como essa e compreender a importância de instituições sólidas e consistentes para alcançarmos o desenvolvimento econômico.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

 

 

 

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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