Nos últimos vinte anos a sociedade brasileira passou por grandes transformações estruturais, o modelo adotado até os anos 90 perdeu força e abriu espaço para novas construções sociais e econômicas, que envolveram vários governos, intelectuais, burocrata e demais membros atuantes da sociedade brasileira, ONGs e entidades de classes, mas mesmo com o progresso acumulado neste período, muito ainda precisa ser feito para que o país ingresse no tão desejado primeiro mundo e a sociedade se caracterize por mais homogeneidade, igualdade e equilíbrios entre os grupos econômicos e sociais.
O período anterior centrado em um modelo autoritário, onde o Estado era o grande agente do desenvolvimento se esgotou nos anos oitenta, o resultado imediato foi o incremento nos déficits públicos, graves desajustes fiscais, sucateamento da infra-estrutura e perspectivas econômicas bastante negativas, onde a credibilidade do setor público se reduz e os investimentos, públicos e privados, se reduzem de forma acelerada, com isso, amargamos uma década de fraco desempenho econômico e aumento nos problemas sociais, como a violência e a insegurança, obrigando os governos estaduais a aumentarem os recursos para o combate a marginalidade e ao caos generalizados.
Depois da abertura econômica dos anos 90, muitas foram as mudanças no perfil da economia brasileira, de um país fechado e alheio aos acontecimentos internacionais, o Brasil se transformou em uma economia mais aberta, comercializando com todas as regiões do mundo e passando por ajustes em seu setor produtivo, medidas macroeconômicas e até microeconômicas foram adotadas por todos os governos para reduzir os fatores de competitividade sistêmica ou custo Brasil, visto por muitos como o grande responsável pelo atraso do país no comércio internacional, o avanço foi nítido, poucos contestam esta melhora, agora, é importante que se destaque, que nossos concorrentes imediatos também passaram por estas mudanças e evoluíram com grande rapidez e agilidade, o mundo contemporâneo é flexível e suas mudanças são sempre intensas, o lema do mundo atual é baseado em mudanças e transformações contínuas, todos que se contentarem com sua posição atual tendem a ser superado rapidamente, a acomodação pode trazer constrangimentos gigantescos.
No setor educacional encontramos grandes gargalos econômicos e sociais, o nível da educação brasileira ainda se encontra bastante defasado quando comparado com outros países e regiões, para que tenhamos uma ideia mais nítida de nosso atraso é só analisarmos os dados referentes aos testes internacionais, nestas provas nossos alunos apresentam uma performance bastante insatisfatória, países menores e com recursos mais escassos apresentaram resultados melhores e perspectivas maiores que o Brasil, uma economia que se apresenta, na atualidade, como uma das seis maiores do mundo, com um produto interno bruto de US$ 2,5 trilhões e com um mercado consumidor crescente e promissor.
A média de anos de estudo do trabalhador brasileiro está em torno dos 5 ou 6, um número baixo se compararmos com países com o nosso nível de renda, US$ 12 mil, o que inviabiliza uma política mais clara de crescimento sustentado para as próximas décadas, toda e qualquer política pública que ambiciona levar o país para uma posição de destaque no cenário internacional não logrará sucesso se não contemplar uma verdadeira revolução nos indicadores educacional.
Nos anos 50 alguns países fizeram uma opção clara por investimentos maciços em escolas técnicas e tecnológicas, dentre os países que fizeram tal opção podemos destacar a Coréia do Sul e a Alemanha, países estes que colhem na atualidade grandes retornos econômicos e sociais, estes países se encontram na linha de frente de projetos fortes e exitosos nas várias áreas industriais e tecnológicas, exportadores de tecnologias avançadas, dotados de centros de pesquisas integrados entre Estado, Empresas e Universidades que se traduzem em uma melhoria nas condições de vida da população e perspectivas salutares para todos os grupos sociais.
No Brasil, as opções foram diferentes, os investimentos estatais se concentraram nas universidades, as escolas técnicas e tecnológicas ficaram relegadas a um segundo plano, a integração entre empresas e universidade pouco se materializou em benefícios para a população de uma forma generalizada, apesar de algumas escolas federais e estaduais de qualidade no ensino técnico e tecnológico, a tônica era outra, investimentos maciços no ensino superior, criando, com isso, um grande hiato entre o ensino superior de qualidade, para os ricos e abastados, e poucos e reduzidos investimentos no ensino fundamental e médio, para os setores de classe baixa.
Os últimos governos estão correndo atrás do tempo perdido, a criação dos institutos federais de educação e os incrementos de investimentos dos governos estaduais, tais como o fortalecimento do Centro Paulo Souza, responsável pelos investimentos do governo de São Paulo nos setores técnicos e tecnológicos, mostram claramente uma mudança estrutural no setor educacional, onde os setores técnicos e tecnológicos ganham relevância, investimentos estratégicos e passam a se expandir por todas as regiões do país, com uma educação focada na integração escola e mercado, capacitando mais rapidamente para o mercado de trabalho.
Além do setor educacional, outro setor importante e que gera graves constrangimentos para o crescimento do país é a infra-estrutura, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos em situação precária geram graves problemas de competitividade para o país, aumentando os custos de produção e reduzindo a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional, marcado por grande concorrência e pela busca constante por mais mercado e ganhos adicionais.
A situação de nossa infra-estrutura é precária e assustadora, mas a solução deste gargalo passa pelo incremento dos investimentos privados e por uma forte fiscalização e regulação do setor estatal, o governo sozinho não consegue viabilizar estes bilhões de investimentos na melhoria de nossas estradas, portos e aeroportos, para isso, é fundamental a atração dos investimentos do setor privado, privatizar poderia ser uma solução imediata, mas para isso é fundamental que os marcos legais sejam criados e estruturados para impedir os problemas ocorridos nos anos 90, as parcerias público-privadas também podem auxiliar no incremento dos investimentos, mas para que isso se efetive é fundamental que os instrumentos legais sejam bem discutidos e estruturados, impedindo que, no curto ou no médio prazo, os casos de corrupção se alastrem e criem constrangimentos maiores para os setores envolvidos na modernização do setor de infra-estrutura.
Outra questão importante para o crescimento do país, além do setor educacional e de infra-estrutura, é a questão tributária. Vivemos em um país com serviços públicos de terceiro ou quarto mundo e com impostos de primeiro mundo, a carga tributária neste país é um dos grandes impeditivos para o crescimento continuado do país, no último ano pagamos mais de 35% de impostos para o Estado Nacional e recebemos em troca serviços de pouca qualidade, ruas e estradas esburacadas, serviços de saúde de baixa qualidade, educação obsoleta e um sistema nacional de segurança pública inexistente, onde os marginais acuam os governos, achacam os policiais e fazem da população uma vítima deste sistema falido de gestão, vide o exemplo do estado de Santa Catarina, cuja população se encontra amedrontada e aprisionada em suas próprias residências, enquanto os marginais se exibem como heróis e postam fotos ameaçadoras nas redes sociais, é um verdadeiro descalabro esta situação.
São vários os impeditivos para a transformação do país em uma sociedade mais equânime, a educação de baixa qualidade, a infra-estrutura deficiente e a alta carga tributária são exemplos claros e sabidos por todos os grupos sociais, desde intelectuais e estudantes do ensino médio, mas existe outro problema sério que nos causa graves constrangimentos, a política nacional, o baixo nível dos nossos políticos, desde vereadores, até deputados, senadores, prefeitos e governadores, uma classe patrimonialista e marcada por um imenso corporativismo, que limitam a imaginação intelectual e obrigam o país a espasmos de crescimento econômico.
São inúmeros os problemas deste país, o futuro chegou de uma forma muito acelerada, o Brasil mudou rapidamente, os progressos são evidentes, desde os anos 90 o país venceu a inflação, conquistou a tão sonhada estabilidade monetária, incluiu milhões de pessoas na sociedade formal, dando-lhes dignidade, empregos e novas oportunidades, abrindo novos espaços de crescimento para a sociedade, mas no front políticos encontramos ainda, os mesmos nomes governando e ditando os rumos deste país, sai Sarney e entra Renan Calheiros na Presidência do Senado, na Câmara o nome da vez é Henrique Eduardo Alves, mais uma vez o Brasil avança no cenário econômico e retrocede no front político, e o pior, estes nomes foram eleitos com o auxilio do Partido dos Trabalhadores (PT), o partido da ética se dobra, mais uma vez, as exigências da governabilidade, palavra esta tão criticada anteriormente.