Vivemos em uma sociedade de grandes extremos, num mundo materializado onde o dinheiro e a posição social são instrumentos de classificação dos seres humanos, todos vivem num constante embate para a sobrevivência. O ambiente descrito parece comum a muitas pessoas, o que muitos não sabem é que este confronto não se dá apenas no mundo material, os embates entre os dois polos da vida são constantes e motivam grandes reflexões entre os indivíduos, estamos sendo testados constantemente e devemos nos preparar para não sermos conduzidos pelos inimigos espirituais desencarnados, que são responsáveis por estimular muitos confrontos e impulsionar mágoas e ressentimentos dos dois lados da vida.
O trabalho no bem sempre nos equilibra e nos abre espaço para o crescimento e para o desenvolvimento espiritual, mesmo sendo algo que nos faz muito bem e nos conforta, os espíritos ora inferiores atuam no sentido de desequilibrar e gerar constrangimentos para estes colaboradores da Doutrina Espírita, buscando com isso desestabilizá-los e criar maiores desajustes e constrangimentos, afastando-os das obras edificantes e mantendo-os na escuridão da ignorância, por vingança de disputas anteriores ou por prazer em vê-los desequilibrados e constrangidos.
A Doutrina Espírita nos mostra que estamos sendo testados todos os momentos por irmãos desencarnados, alguns desafetos declarados estão motivando sentimentos menores como forma de incrementar confrontos e estimular uma violência gratuita, gerando constrangimentos e desequilíbrios que, em muitos casos, se perpetuam por muitos séculos, gerando rancores, ressentimentos e desafetos em todos os planos da vida, em algumas obras de vulto da Doutrina Espírita percebemos perseguições que duram mais de duzentos anos, criando um enorme rastro de violência, lágrimas e destruições.
Nos grupos mediúnicos encontramos um exemplo claro destes desafetos, irmãos desencarnados que, por ora, se comprazem com o bem, usam de todos os artifícios e artimanhas para impedir os médiuns, os passistas e os doutrinadores de participar dos trabalhos, isto porque sabem que o trabalho em curso tende a dificultar a atuação destes irmãos no desajuste de seus desafetos. Como conhecem o pensamento espírita ou suas ferramentas mais imediatas, usam seus conhecimentos para afastar os trabalhadores da jornada do bem, adotam posturas desprezíveis, se utilizam de atitudes e comportamentos mesquinhos e usam os piores recursos para evitar os medianeiros de trabalharem no bem e no auxílio daqueles irmãos que sofrem em desespero e em desalinho com os ideais superiores de amor, de paz e de solidariedade.
Estes irmãos que vibram num diapasão inferior, que se comprazem com o mal e se mobilizam para impedir o progresso, conhecem a força e os sentimentos superiores dos discípulos de Jesus, reconhecem na Doutrina Espírita conceitos consistentes para melhorar a conduta dos seres humanos e, com isso, usam de todos os instrumentos que possuem para impedir a adesão de seus perseguidos em suas fileiras, temendo que as portas abertas do desequilíbrio sejam fechadas e a influência espiritual que possuem seja encerrada por completo.
Muitas pessoas acreditam que ser médium é um privilégio concedido a poucas pessoas, o que a maioria desconhece é que todos somos médiuns, como nos diz Allan Kardec em O Livro dos Médiuns: “Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva”. A mediunidade é algo inerente a todos os seres humanos, a diferença é a intensidade e as características desta mediunidade, uns são psicofônicos, outros psicógrafos, outros doutrinadores, outros oradores, alguns de efeitos físicos, dentre outros tipos…
A mediunidade auxilia no progresso dos indivíduos, deve ser vista como um instrumento para o crescimento espiritual e coletivo da humanidade, os médiuns apresentam uma grande sensibilidade e, com isso, devem auxiliar aqueles que necessitam de uma orientação espiritual, motivando-os ao estudo e a reflexão sistemáticas como forma de compreender o verdadeiro e real significado da vida, estimulando os indivíduos a cultivarem mais valores espirituais e menos valores materiais, como estamos vendo na sociedade contemporânea, onde as pessoas estão se perdendo no materialismo e no imediatismo e deixando de lado valores morais e espirituais, estes sim os verdadeiros valores da vida e do ser humano.
O médium atrai muitas energias negativas e necessita de vigilância constante, isto porque em muitos momentos acaba atraindo espíritos desequilibrados e muitas entidades que desconhecem sua verdadeira situação, irmãos desencarnados que desconhecesse a existência de vida pós-morte e se encontram perdidos, algo muito mais comum do que as pessoas imaginam. A mediunidade para ser bem desenvolvida precisa de estudo, cabe as pessoas dotadas desta sensibilidade uma busca constante por conhecimento, a leitura da obra de Allan Kardec é imprescindível, o pentateuco espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno, A Gênese e O Evangelho segundo o Espiritismo) serve como uma bússola para a compreensão das realidades da vida.
Encontramos muitos espíritos que se comprazem com o mal, se desdobrando para evitar os trabalhos dos médiuns encarnados, entidades que sentem prazer no mal e no desequilíbrio se unem para gerar transtornos e constrangimentos para os médiuns que, segundo eles, ousam trabalhar para difundir os ideais trazidos para humanidade por Jesus Cristo. Estes irmãos se utilizam de sua invisibilidade para criar dificuldades e desviar estes trabalhos, estimulando caminhos alternativos e afastando-os das obras do bem, sentem prazer com as quedas e trabalham incessantemente para que as casas espíritas sejam fechadas e os ideais da Doutrina dos Espíritos sejam colocados de lado ou esquecidos.
Muitas pessoas sentem este ataque das entidades inferiores quando começam a frequentar a casa espírita, estes irmãos se organizam para que se atrasem aos trabalhos, estimulam seus melindres mais íntimos e buscam criar constrangimentos no cotidiano para que se afastem do trabalho, temem que as atividades no bem transformem estes irmãos e estes passem a ter controle e autonomia sobre suas vidas e suas escolhas mais íntimas e pessoais.
Os médiuns que se encorajam a trabalhar para o bem e para o crescimento do amor e da solidariedade, percebem que, com isso, se transformam em alvos dos irmãos que vibram no diapasão dos desajustes, sendo por eles perseguidos constantemente, onde são estudados intimamente para perceber seus desequilíbrios e, num segundo momento, atuar diretamente para inviabilizar seu trabalho, afastando-os das atividades do bem e transformando-os em motivos de escárnio e de desventuras. Na sociedade contemporânea encontramos inúmeros casos de médiuns dotados de grandes capacidades mediúnicas que se deixam levar por sentimentos menos dignos que trazem intimamente, estes sentimentos estão em suas entranhas mais íntimas e os espíritos inferiores buscam nestas entranhas estimular para que estes desequilíbrios gerem constrangimentos maiores para o médium e que, com isso, atinja a doutrina e fragilize seus ideais mais sinceros de amor e de solidariedade.
Nas reuniões mediúnicas encontramos espíritos inferiores agressivos, que ameaçam os trabalhadores da casa, se acreditam dotados de um poder sobrenatural, ofendendo e querendo agredir fisicamente, mas são contidos pelos mentores da casa, estes irmãos insatisfeitos com sua condição ameaçam até mesmo os familiares dos médiuns, seus filhos e parentes mais próximos, mostrando-nos, com isso, como a atuação do médium na casa espírita deve vir acompanhada de seus familiares, criando um conjunto de energias salutares para evitar a influência das entidades inferiores que se comprazem com o mal, o rancor e o ressentimento.
Neste embate constante entre forças dos dois lados da vida, é importante destacar, que os trabalhadores da seara do bem estão sempre muito bem protegidos pelos seus guias e simpatizantes, que se utilizam das forças do bem para proteger e perpetuar os trabalhos para que os valores do Cristo sejam eternos e sempre vencedores. Numa situação de embates constantes, cabem aos médiuns trabalhadores da seara do bem, a perseverança e o trabalho constante, além disso, um forte controle sobre seus pensamentos e o cultivo de hábitos simples e saudáveis, visando á fragilização dos irmãos que ora se comprazem com o mal e o fortalecimento dos ideais propostos e estimulados pelos prepostos do Cristo.
Quando estamos em momentos de invigilância, fragilizados e descuidados, abrimos nosso campo mental para a atração destas entidades inferiores, oferecendo campo as mentes desequilibradas que se acercarão de nós e, encontrando desguarnecidas as nossas defesas, terão possibilidades concretas de conseguir o nosso afastamento e de se regozijarem com a nossa queda. Como disse o espírito Emmanuel, mentor espiritual de Francisco Cândido Xavier, quando foram apresentados, e o primeiro lhe mostrou as credenciais necessárias para o trabalho sob as hostes de Jesus Cristo, enfatizando que para este trabalho eram necessários “Disciplina, disciplina e disciplina”.
Os obsessores se utilizam de métodos conhecidos pelos espíritas, mas mesmo assim, muitos sucumbem a sua atuação e se rendem ao trabalho de desagregação do trabalho espiritual, dentre os métodos podemos destacar a ideia do comodismo para afastar as pessoas das reuniões, gerando argumentos tais como “as reuniões são boas, mas hoje não vou porque trabalhei muito”, “eu já produzi muito nas reuniões, por isso faltar hoje não faz mal” ou “eu sou muito assíduo, todo mundo falta menos eu”, todos estes argumentos são estimulados pelos espíritos inferiores para que os trabalhadores se afastem dos trabalhos, faltando numa semana e depois se ausentando na outra, quando vai ver o trabalhador acaba abandonando as atividades, alegrando os obsessores e deixando de trabalhar seu instrumento mediúnico, gerando constrangimentos individuais e coletivos.
Os perseguidores espirituais são astutos e inteligentes, se utilizam de sua capacidade reflexiva para fragilizar os trabalhadores do bem, estudam suas limitações e incutem em suas mentes pensamentos de perseguição, incrementando seus melindres e disseminando a desconfiança, com o intuito de fragilizar o trabalho e reverter uma luz que hora se acende para o esclarecimento, o equilíbrio e o fortalecimento dos ideais da espiritualidade maior.
Os espíritos esclarecidos não cansam de nos estimular para o bem, todos os momentos possíveis estão tentando nos alertar, reiterando a cada dia os apelos à nossa reforma íntima. Como nos diz Suely Caldas Schubert, na obra Obsessão e Desobsessão, “A maioria de nós ainda somos bastante teóricos, sabendo de cor e salteado páginas, citações, livros, mas pouco conseguindo vivenciar os ensinamentos adquiridos”.
O trabalho mediúnico desenvolvido com os verdadeiros ideais de Jesus Cristo nos auxilia no desenvolvimento e no crescimento espirituais, este instrumento não nos foi dado para que guardemos numa gaveta e olhemos para a janela e enxerguemos as dores alheias, na verdade são instrumentos de progresso e crescimento da humanidade, o amor e o saber devem andar juntos e de forma concomitante. Como nos disse o médium mineiro Francisco Cândido Xavier: “Quem sabe pode muito, mas quem ama pode mais”.