Zygmunt Bauman – Fronteiras do Pensamento

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Zygmunt Bauman, filósofo polonês, reflete sobre a individualização da sociedade contemporânea em entrevista exclusiva concedida a Fernando Schüler e Mário Mazzilli na Inglaterra. Democracia, laços sociais, comunidade, rede, pós-modernidade, dentre outros tópicos analisados por uma das grandes mentes da contemporaneidade. Conferencista do Fronteiras do Pensamento 2011.

Fronteiras do Pensamento | Produção Telos Cultural | Produção Audiovisual Mango Films | Montagem Tokyo Filmes | Edição Pedro Zimmermann | Finalização Marcelo Allgayer | Tradução Wilney Ferreira Giozza

Governo Lula

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Depois de 8 anos de governo o presidente Luís Inácio Lula da Silva deixa o cargo com um legado considerável, neste período o país acumulou um crescimento médio de 4,6% ao ano com melhorias constantes na distribuição da renda, depois do início da estabilização econômica dos anos 90, o governo atual consegue manter uma taxa razoável de crescimento e inclusão social.

Mesmo com estes indicadores positivos o governo sofre grandes rejeições em alguns grupos sociais, porque será que isto acontece?

Ameaças e desafios para a economia brasileira: Inflação, desindustrialização e “doença” holandesa.

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Nos últimos meses a economia brasileira se encontra envolta em duas grandes discussões importantes e estratégicas, o incremento da inflação que suscita lembranças amargas e desagradáveis e a questão cambial, que pode gerar uma desindustrialização do país com graves constrangimentos para os setores produtivos nacionais, para a geração de empregos e para a sociedade de uma forma geral.

Ambas as questões são complexas e exigem uma atenção bastante especial, pois podem geram graves constrangimentos para o país nos próximos anos, retirando do Brasil as expectativas favoráveis para as próximas décadas, os investimentos estrangeiros e as avaliações positivas das agências de classificação de risco internacionais que abrem espaços salutares para o país na economia internacional, num período onde os países emergentes são os grandes responsáveis pelo crescimento e pelo fomento dos setores produtivos.

O combate à inflação impacta sobre o crescimento, a literatura econômica nos mostra de forma clara e incisiva, adotar políticas de controle de preços gera efeitos imediatos sobre o crescimento da economia, a geração de emprego e o incremento da renda agregada, acreditar que se pode conseguir o controle dos preços e o incremento da economia é uma grande e terrível ilusão, gera expectativas falsas e pode postergar ajustes violentos, cujos efeitos sobre a atividade econômica é sempre prejudicial.

A economia brasileira ainda se encontra aquecida, embora percebamos que nestes dois últimos meses o ritmo se desacelerou, este desaquecimento pode ser entendido como uma medida adotada pelo governo como forma de evitar que a inflação estourasse o topo da meta inflacionária (6,5%), juros mais altos e outras medidas conhecidas como macroprudenciais visavam desaquecer a economia e diminuir os desajustes inflacionários, cujos prejuízos à sociedade seriam devastadores, principalmente do ponto de vista político.

O aumento da inflação pode ser creditado a dois fatores interligados, externamente encontramos um aumento bastante substancial no preço dos alimentos e das commodities, em particular, como o Brasil é um grande exportador destes produtos a renda da economia cresceu e, com isso, impactou sobre o setor interno, o poder de compra dos trabalhadores aumentou gerando incremento no consumo, criando um hiato entre oferta e procura, estes fatores associados possibilitaram um pequeno descontrole inflacionário, que obrigou o governo a adotar medidas imediatas de contenção do crédito interno e redução da atividade econômica.

Destacamos ainda, que o país cresceu a uma taxa de 7,5% no ano passado, este crescimento acabou pressionando os preços e deixando claro inúmeros problemas e limitações da infra-estrutura nacional, estes desajustes não são novos, acompanham o país nas últimas décadas, gerando graves preocupações dos produtores e empresários nacionais e estrangeiros, mas ao mesmo tempo abrem espaço para novos investimentos produtivos, obrigando o governo a rever antigos preconceitos ideológicos e passarem a propor medidas como a privatização dos aeroportos e a aumentar a concessão de rodovias federais para a iniciativa privada, levando os governantes de plantão a assumir uma postura pragmática e deixando de lado medidas claramente estatizantes.

Outro indicador que gera graves preocupações para a economia brasileira é o câmbio, que nos últimos anos se valorizou de forma efetiva e assustadora, câmbio valorizado prejudica os setores exportadores, inviabilizando as exportações e estimulando os setores importadores, aumentando, com isso, a oferta interna de produtos importados, incrementando a renda agregada nacional, dinamizando o consumo e criando na população uma sensação de enriquecimento e bem-estar social, uma sensação nem sempre estrutural, na sua grande maioria um fenômeno puramente conjuntural, seus custos no longo prazo podem inviabilizar muitos setores econômicos, gerando desemprego e destruindo setores importantes da indústria nacional.

O câmbio valorizado estimula as viagens internacionais, com este câmbio percebemos que é muito mais fácil viajar para o exterior do que para as praias do Nordeste, a capital Argentina, Buenos Aires, recebe anualmente um contingente bastante grande de turistas brasileiros, contingente este que cresce de forma acelerada, mas ao custo de desajustes em setores importantes da economia nacional. O turismo internacional no Brasil cresce com o dólar barato, a classe média tradicional e a nova classe média enxergam neste momento a grande oportunidade de testar seu domínio sobre a língua inglesa, conhecer novas culturas e trazer para o mercado nacional produtos importados comprados a preços atrativos, ipads e i-phones a custos reduzidos popularizam os produtos da gigante dos eletroeletrônicos norte-americano Apple.

Nos últimos anos o Brasil ganhou espaço no cenário internacional, hoje o país angariou status mundial, nossas reservas em moedas fortes cresceram de forma vigorosa, alcançamos o tão sonhado grau de investimentos e somos destino dos maiores investimentos estrangeiros do mundo, são muitas as empresas, nas mais variadas áreas e setores, que estão se instalando aqui, trazendo novas tecnologias e gerando novas oportunidades de empregos, este novo status do país no mundo não combina mais com moeda desvalorizada, estamos em franco crescimento internacional e temos que adotar políticas variadas para reverter esta política cambial, que pode no médio prazo, gerar graves constrangimentos para a indústria nacional, para muitos economistas importantes, o risco de desindustrialização existe e é assustador.

Estrategicamente é importante para a sociedade brasileira desenvolver um parque industrial moderno e sofisticado, para isso políticas de planejamento são necessárias, todos os países que desenvolveram seu setor industrial contaram com o papel ativo do Estado Nacional, o Brasil não é exceção, apoiar a indústria e atuar no câmbio é uma necessidade do país, postergar esta atuação na política cambial pode aumentar os graves desajustes do setor exportador. A atuação estatal deve ser integrada, controlar os juros altos e equacionar os desajustes fiscais trariam resultados imediatos para o câmbio, desonerar os setores produtivos e investir maciçamente na educação contribuiria de forma imediata para garantir uma maior competitividade para o produto nacional.

Várias medidas foram adotadas pelo governo para reverter o câmbio valorizado, dentre elas podemos citar o aumento da tributação e as intervenções sucessivas no mercado pelo Banco Central, todas estas medidas tiveram um sucesso pouco efetivo, restando atuar na questão fiscal, que no meu ponto de vista é o grande imbróglio do país, mas nesta arena a discussão é mais complexa, os interesses organizados são muitos e a resistência tende a ser grande e organizada, mas é justamente nestes momentos de grandes desafios que diferenciamos os líderes e os rumos escolhidos pela sociedade, não mais se contentando com políticas que geram melhoras imediatas e passageiras.

O Brasil está num momento muito interessante, escolher o melhor caminho a seguir não é suficiente, além de escolher o caminho é importante que definamos o ritmo desta caminhada, chega de vôos curtos, sonhos limitados e sucessos relativos, o país merece mais, e para isso é fundamental acreditar que temos condições de crescer de forma sustentada e efetiva, melhorando os indicadores sociais e criando novos horizontes para todos os setores da sociedade, desta forma se constrói uma verdadeira comunidade.

Ufanismo cauteloso

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Nestes tempos de globalização, caracterizado pelas incertezas e a concorrência transnacional, a esperança e o ufanismo, muitas vezes, são atropelados pela preocupação constante e pela indignação, gerando novos medos e desejos variados, sendo a estabilidade um sonho muitas vezes inalcançável, mas um eterno desejo dos homens contemporâneos.

As vantagens da competição, tão decantada por filósofos e economistas liberais ou neoliberais, nos causam grande apreensão e preocupação, competir nos exige esforços cotidianos, que requer uma grande dedicação nas atividades profissionais, sob pena de vermos nossos empregos serem destruídos e nos condenando a uma vida de privações, retirando-nos deste maravilhoso mercado de consumo, marcados pelo prazer e pelo hedonismo, cuja senha de entrada está nos recursos financeiros que mantemos em bancos ou lastreadas por atividades profissionais de sucesso e destaque social, sem estes recursos o indivíduo estará condenado ao ostracismo social.

O mundo vive hoje um momento de apreensão, uma crise ronda a Europa, os resquícios do crash de 2008 ainda preocupam bancos centrais e a comunidade financeira, contaminando as esperanças da população, preocupada com os ajustes que prenunciam cenários intensos de horror, privações e desesperanças, tudo isso porque os custos monetários e fiscais dos ajustes sempre são pagos pelos contribuintes numa velha equação onde os lucros são privatizados e os prejuízos são, sempre, socializados, sinais evidentes de quem realmente detêm o poder na comunidade mundial.

Empresas investem e desinvestem com uma rapidez e uma flexibilidade impressionantes, entram e saem dos países da noite para o dia, gerando novos empregos ou impulsionando incremento no desemprego, uma situação inusitada jamais vista anteriormente na sociedade internacional, fruto dos avanços na informática e na tecnologia que diminuem as distâncias e aumentam a concorrência entre os indivíduos, agora a competição não é mais local, muito menos nacional, mas sim internacional ou global, como muitos preferem.

Alguns autores vêem este momento da economia internacional como saudável e positivo, afinal a concorrência gera grandes benefícios para os consumidores, que podem adquirir produtos diversificados e a preços reduzidos, além dos preços, que estão em queda, esquecem, muitas vezes, que este indivíduo não é apenas um consumidor, vivemos em uma sociedade capitalista onde para consumirmos é fundamental possuir renda e esta, para o indivíduo comum, só é possível através do emprego e do trabalho físico, justamente estes se encontram em um período de grandes transformações estruturais e os novos empregos exigem uma ampla qualificação, muitas vezes algo inalcançável para o trabalhador comum, é por isso que o desemprego aumenta e muitos vêem o processo atual de globalização como algo negativo e desfavorável ao trabalhador.

No caso do Brasil vivemos um período bastante interessante, nos anos 90 o país passou por grandes ajustes macroeconômicos, a economia se abriu para o mundo, algumas empresas estatais foram privatizadas, atraímos investimentos internacionais e estabilizamos a economia, reduzindo a inflação a padrões normais aceitos pela comunidade internacional, estas transformações foram fundamentais para que nos anos recentes conseguíssemos uma melhoria nos indicadores sociais e na implantação de políticas públicas que culminaram na redução da miséria, melhoria no emprego e na ampliação das oportunidades sociais.

O crescimento da economia brasileira abriu oportunidades e novas perspectivas para a sociedade, novos investimentos nacionais e estrangeiros previstos anteriormente estão se efetivando, gerando novos empregos nas mais variadas áreas, desde setores de alta tecnologia que buscam profissionais altamente qualificados até setores intensivos em mão-de-obra que buscam trabalhadores com menor qualificação teórica e boa bagagem prática, como a construção civil, um setor com grandes perspectivas de expansão no país.

O Brasil vive um grande paradoxo, ou melhor, mais um paradoxo, somos a oitava economia do mundo, estamos em franco crescimento econômico e com grandes melhorias sociais, somos ainda o palco da próxima Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016), que requer bilhões de reais de investimentos e mesmo assim, encontramos nos rincões deste país mais de 40% da população sem esgoto tratado e, sem este, morrendo de doenças primitivas erradicadas no mundo desenvolvido e nas regiões mais adiantadas do próprio país.

Nenhum país que se desenvolveu nos últimos 100 anos conseguiu fazê-lo sem maciços investimentos em educação e na qualificação de sua mão de obra, a educação é o grande gargalo da sociedade brasileira, sem investimentos sérios nesta área não vamos alçar novos vôos na economia mundial, a hora mais propícia para estes investimentos é agora, a globalização faz com que os países se movimentem com uma agilidade intensa, todos devem se preparar para a competição que é algo inexorável, violento e agressivo, afetando todos os cidadãos em todas as regiões do mundo.

Investimentos maciços em educação são fundamentais, é um pré-requisito para o desenvolvimento econômico e sustentado no longo prazo, deixando de lado o chamado vôo de galinha e consolidando um verdadeiro desenvolvimento econômico, com inclusão social e melhorias constantes nos padrões de vida e consumo, deixando de lado o fútil e o supérfluo e se concentrando em coisas mais importantes e necessárias para uma vida saudável.

A sociedade mundial, envolta em grande competição, exige investimentos na qualificação da mão de obra, nenhum país conseguiu se desenvolver e ganhar novos espaços na economia internacional com uma população que apresenta níveis médios de educação de cinco anos, o Brasil para se tornar efetivamente uma realidade na economia mundial precisa melhorar a qualidade de seu capital humano, transformar sonhos em realidade só se efetiva quando a educação abre espaço para a ascensão social de sua população, quando proporciona oportunidades e melhorias para seus cidadãos, capacitando-os para a vida, não apenas para o mercado e para o imediato.

Um dilema que nos consome, ou melhor, que deveria nos consumir: um país como o nosso, caracterizado por tamanha deficiência em sua infra-estrutura, marcado por grande desigualdade social deveria gastar bilhões para abrigar, durante trinta dias, o maior espetáculo de futebol do mundo? Embora satisfeito com o progresso brasileiro dos últimos 15 anos ainda não estou convencido dos benefícios deste investimento que não se restringirá a recursos da iniciativa privada, conhecendo este país e a elite política que o governa, não estou me referindo ao governo atual, com certeza, muitas fortunas serão construídas com recursos públicos, muitos desconhecidos entrarão para a cena política depois do espetáculo do futebol.

Cabe à sociedade brasileira fazer escolhas imediatas, severas, muitas vezes amargas e bastante duras, este momento de oportunidades crescentes não vai durar muitos anos, vender o país na sociedade mundial exige decisões estratégicas de líderes comprometidos com a sociedade e com o futuro, a época de propagandas enganosas chegou ao fim, precisamos de políticas e decisões concatenadas para que as expectativas de progresso se efetivem e se tornem verdadeiras.

Governo Lula: algumas considerações importantes IV

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A primeira década do século XXI foi marcada por muitas surpresas interessantes na sociedade brasileira, dentre elas, destacamos a ascensão do Partido dos trabalhadores (PT) à Presidência da República, depois de inúmeras tentativas frustradas finalmente um governo dito, democrático e popular, assume o comanda da sociedade brasileira e mais, um retirante, sem instrução formal, é eleito em voto direto para o cargo mais importante do país.

O governo Lula se caracteriza por mudanças e movimentos bastante interessantes para o país, mas é importante destacar que no período de oito anos, encontramos dois governos diferentes, um mais conservador e ortodoxo, marcado por uma política econômica restritiva e outro mais desenvolvimentista, caracterizado por uma política econômica mais expansionista, com gastos públicos crescentes e investimentos estatais como catalisadores do incremento econômico.

No período 2007/2010, a marca do governo foi uma política fiscal mais frouxa, onde os gastos públicos cresceram como forma de estimular a economia e a melhora dos indicadores sociais, inicialmente uma forma de melhorar as condições políticas fragilizadas pelo escândalo do mensalão, que gerou graves constrangimentos para o governo nos dois anos anteriores e, principalmente, no período da eleição presidencial.

O ano de 2008 é marcado pela crise internacional, que deflagrada nos Estados Unidos contamina várias regiões do mundo, o mercado imobiliário, centro irradiador da crise, entra em colapso, levando as finanças mundiais a uma crise de dimensões assustadoras, gerando perdas financeiras imensas, quedas nas bolsas, desemprego crescente e redução da renda agregada, diante do colapso, a instabilidade aumenta, os capitais fogem dos países periféricos, gerando uma desvalorização cambial e um incremento nas dívidas e compromissos financeiros, obrigando-os a ajustes recessivos e cortes de gastos e investimentos públicos.

Neste clima de insegurança e incertezas, o Brasil sente de forma indireta esta crise, somos um dos últimos países a entrar na crise e vamos nos caracterizar por sermos um dos primeiros a sair desta instabilidade, mas para isso, as atitudes do governo foram bastante importantes, é justamente neste momento que o presidente Lula se mostrou por completo, assumiu riscos, fez apostas arriscadas e apostou na recuperação da economia, mas para isso direcionou todos os instrumentos disponíveis de política econômica para impedir que a economia brasileira sentisse a crise e entrasse, como várias outras, em recessão ou em processo de estagnação.

Com a redução do crédito, medida adotada pelas instituições privadas, o governo estimula a população às compras, deixando claro para todos os cidadãos que se cada indivíduo deixar de comprar, a economia vai deixar de produzir, os investimentos serão reduzidos, os empregos e a renda estarão ameaçados, gerando recessão, incertezas e distúrbios sócio-econômicos. Para viabilizar o consumo desta população, o governo canaliza todas as suas instituições financeiras (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES) para suprir a contração dos recursos privados, que amedrontados pela crise adotam uma política agressiva e prejudicial aos interesses nacionais.

O Banco do Brasil aumentou seus empréstimos para impedir que a economia entrasse em recessão, recursos são disponibilizados para impedir a contração das atividades produtivas, as carteiras de crédito de banco menores são adquiridas como forma de evitar a redução da oferta de recursos, neste momento, destacamos a compra pelo Banco do Brasil de quase 50% do Banco Votorantim, uma instituição pertencente a um grupo tradicional do país, mas que acumulou grande prejuízo no setor industrial, optando pela venda parcial de sua financeira.

A Caixa Econômica Federal atuou diretamente neste período, seus recursos foram direcionados para dinamizar a construção civil, estimulando com isso, que programas de forte apelo social, como o Minha Casa Minha Vida, criados pelo governo federal não naufragássem, já que se isso acontecessem inúmeros setores seriam afetados e a recuperação da economia se alastraria por muitos e muitos meses, com graves constrangimentos sociais e políticos.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentou seus empréstimos, obrigando o governo a uma mega capitalização da instituição, aumentando com isso, a dívida pública, mas estimulando as empresas e os setores produtivos a manterem seus investimentos, gerando um crescimento econômico e impedindo que as empresas parassem sua expansão nacional e internacionalmente.

Todas estas políticas foram adotadas concomitantemente, mas é importante destacar ainda a desoneração tributária, solicitação antigas da sociedade, o governo implementou uma redução das alíquotas do imposto sobre produtos industrializados (IPI), esta medida aumentou as compras de veículos novos, dinamizando as montadoras e todos os setores atrelados, gerando um movimento de bilhões de reais e evitando um colapso generalizado na estrutura produtiva.

Gostaria de ressaltar ainda, que no momento mais incerto da crise, alguns bancos nacionais e estrangeiros adotaram uma política lamentável e oportunista, instituições espanholas, inglesas e até nacionais, no auge das turbulências reduziram o crédito interno, compraram dólares e os retiraram do país, gerando uma desvalorização cambial e impactando sobre o setor externo da economia, mas o pior é que se mostraram efetivamente para a sociedade nacional, no discurso apóiam o país, mas na hora da crise apostaram contra o país, algo deplorável que não se deve esquecer, mas se tomar como exemplo e direcionar políticas e estratégias futuras para o bem de todos.

Os efeitos colaterais são nítidos, o Estado depois desta gastança generalizada viu sua dívida pública crescer de forma acelerada, pressionando o Tesouro Nacional e gerando sinais evidentes de instabilidade e incerteza, obrigando o governo a diminuir os incentivos, reduzindo as atividades econômicas e aumentando as taxas de juros sob pena de ver os indicadores inflacionários em descontrole e em crescimento.

As políticas adotadas no governo Lula foram muito exitosas, a economia encontrou seu equilíbrio rapidamente, o planejamento e a atuação direta do Estado foram cruciais para impedir que a economia mergulhasse em um ambiente recessivo como muitos países mergulharam e, muitos deles não conseguiram sair e se recuperar, condenando a população a um cenário de instabilidade, medos e degradação sócio-econômica, com graves custos materiais, emocionais e produtivos, pela primeira vez o país não seguiu este caminho, anteriormente a população tinha sido onerada pela crise, mas nesta fomos agraciados com políticas efetivas, pragmáticas e estratégicas, cujos resultados diferiram de momentos anteriores, um sinal claro de maturidade e crescimento da população.

Governo Lula: algumas considerações importantes III

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Durante duas décadas o Brasil sentiu na pele a ascensão de um partido de esquerda, com ideias progressistas e transformadoras, que propunha uma revolução na educação, com grandes investimentos e um projeto pedagógico moderno e transformador, na saúde a adoção de uma estratégia inclusiva e abrangente, e no campo social a construção de um Estado caracterizado efetivamente como de bem-estar para a população, um movimento crítico que unia personalidades respeitadas, este partido chegou ao poder e passou por grandes mudanças, entrando na berlinda e sendo objeto de discussões e reflexões de intelectuais nacionais e estrangeiros.

A ascensão deste partido político se deu de forma lenta mais consistente, seu charme intelectual e suas ideias inovadoras traziam alento ao país e a expectativa de que teríamos momentos melhores e, quem sabe, como no ufanismo dos anos 70, seríamos o país do futuro, o gigante dos trópicos e a nação empreendedora responsável pelo progresso e pela inclusão social, quem sabe o país que conseguiria equilibrar a equação crescimento econômico, melhorias sociais e respeito ao meio ambiente, uma situação complexa mais possível.

Ideias novas, empreendedoras, pensamentos democráticos e participativos, uma gestão caracterizada pela efetiva atuação dos cidadãos, que não mais se restringiria a simples consumidores, indivíduos dotados apenas de poder de compra, mas cidadãos com seus direitos e deveres, conscientes das necessidades da sociedade e dispostos a darem sua contribuição visando o bem-estar da coletividade. Estas visões embalaram o nascimento, o crescimento e a consolidação do Partido dos Trabalhadores (PT), e se transformaram em referência para todos os brasileiros que vêem o país como uma nação diferenciada, cujo potencial se percebe em todos os rincões do mundo, mas esta esperança que, pensávamos, venceu o medo nas eleições de 2002, infelizmente sucumbiu ao conservadorismo e se entregou abertamente aos modelos anteriores, aos vícios mais rasteiros da política brasileira, o paternalismo, o clientelismo, o fisiologismo e a corrupção, males antigos e nefastos que não cedem espaço para a modernidade e para a meritocracia.

As críticas tradicionais dos anos 80 e 90 eram maiúsculas, o diagnóstico preciso e consistente, os problemas brasileiros eram muito mais políticos do que econômico, os equívocos na lógica econômica existiam, mas seriam superados por um governo moderno e inovador que trouxesse as classes menos favorecidas para a discussão política, com melhorias na equação econômica e social, garantidas não por um Estado mínimo como o proposto pelas elites governantes da época, mas por um Estado interventor, não mais nos moldes socialista e centralizador, mas num modelo próximo do Estado de Bem-Estar Social centrado nas posições européias, mais participativo e democrático.

Todo este período nos levou a sonhar, sonho que se esvaiu em lágrimas com a Carta ao Povo Brasileiro, um documento escrito pela Executiva do partido em plena eleição presidencial de 2002, onde este, em nome da tão decantada governabilidade, abre mão de princípios defendidos durante muitos anos e se transforma em um partido da ordem, deixando enfurecidos muitos intelectuais e militantes, históricos defensores de suas ideias, além de organizações não governamentais e movimentos sociais, tais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um movimento nascido nos anos 80 e muito vinculado à seus ideários.

O primeiro governo do Partido dos Trabalhadores (PT) foi marcado por uma política tradicional, herdada de seu antecessor, baseada em um tripé de política econômica, câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação, que garante uma melhora dos indicadores econômicos, e abre novos espaços de planejamento e gestão, soma-se a isto um esforço de atração de apoio no Legislativo, esforço este nem sempre muito ético e moral, contrastante com suas proposições quando oposição.

A grande transformação do partido, muitas vezes deixadas de lado pelos analistas sociais, de um partido que no seu estatuto se caracterizava como socialista, mas que sempre apresentou um comportamento alinhado com a social democracia, mesmo não aceitando formalmente esta definição, para um partido neoliberal, ou melhor, um partido timidamente neoliberal, um movimento híbrido, que internamente adota políticas associadas ao mercado e flertando com o pensamento liberal, se caracterizando como um partido não mais da esquerda tradicional, mas um partido de centro, mesmo sabendo que todas estas definições correm o risco de caírem no vazio, pois estes termos muitos vezes perderam o sentido.

O Partido dos Trabalhadores caiu no canto da sereia ao aderir ao pensamento neoliberal, sua política conservadora foi muito bem aceita pelos integrantes da ordem, os empresários, banqueiros e os setores que vivem de renda estão muito satisfeitos com a condução da economia, seus lucros com a dívida pública crescem de forma exponencial, alegrando setores fortes da sociedade, mas estes, mesmo assim, desconfiam dos pensamentos esquerdistas do partido, sabem de seus arroubos dos anos de oposição e temem uma recaída.

A oposição se degrada todos os dias, a lógica maquiavélica do governo, especialista em publicidade e propaganda, incutiu na mente da população que todos os avanços recentes do país foram obras do governo Lula, este sim o grande responsável pela melhora das condições de vida da população, não concedendo méritos aos outros governos, explora bem a pouca consciência política do povo e usa argumentos falaciosos para manter seu controle e hegemonia política, enquanto isso, a oposição perplexa e incompetente se desintegra, luta por espaço na sociedade, mas deixa de defender suas obras e seus pensamentos, vivemos um período interessante, onde um partido se apropria de ideias de outro, que no período de oposição abominou de forma veemente, governa e obtém um sucesso considerável, gerando uma situação inusitada e rica em estudo e reflexão, um digno exemplo das teorias e do pensamento do florentino Nicolau Maquiavel.

Na oposição, o Partido dos trabalhadores (PT) se caracterizou pela crítica constante, tudo era motivo de crítica e alarde, crítica ao Plano Real, critica à privatização, crítica ao PROER, crítica à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), críticas e mais crítica, chegando ao paroxismo de entrar com um processo no Supremo Tribunal Federal contra o Plano Real, este o grande responsável pelo início das transformações da sociedade brasileira, ou se esquecem dos males que a inflação faz a uma economia, foi esta estabilidade que propiciou o surgimento de novas oportunidades para o país e boas perspectivas para a população brasileira.

Nos últimos 15 anos, o Brasil se transformou muito, estas mudanças não devem ser creditadas a nenhum governo em particular, cada um dos governantes que se alternaram neste período foram responsáveis por avanços consideráveis, primeiro a estabilidade da economia e a melhora no cenário macroeconômico, depois os investimentos maciços no social, transformando este em um compromisso efetivo do governo para com a sociedade e, agora temos como grande desafio consolidar todos estes avanços e dar condições para que a população consiga se capacitar e preparar para um mundo cada vez mais concorrência e competitivo, e este compromisso só se efetiva com fortes e intensos investimentos em educação e qualificação do capital humano, deixando para trás um país de sonhos e transformando o Brasil em uma realidade para a sociedade mundial.

Governo Lula: algumas considerações importantes II

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A sociedade brasileira passou por grandes transformações nos últimos oito anos, num período onde o país foi governado por um presidente popular, dotado de grande carisma e que trouxe consideráveis avanços para o país, principalmente na área social, melhorando a auto-estima da população e elevando o status do país no mundo, abrindo espaço para novos investimentos e oportunidades.

O período Lula, 2003/2010, pode ser descrito de duas formas diferentes, num primeiro governo encontramos uma política econômica bastante ortodoxa, muitas vezes mais liberal que a adotada pelo governo anterior, com políticas fiscais restritivas e uma política monetária bastante austera, gerando um sentimento ambíguo nos agentes econômicos e sociais, recebendo elogios dos investidores nacionais e internacionais, e críticas severas de seus companheiros de partido e de parte considerável de intelectuais e militantes, gerando um êxodo grande de militantes do Partido dos Trabalhadores (PT).

Os formuladores da política econômica defendiam as medidas como forma de recuperar a credibilidade do país, destruído pelo governo anterior que havia legado uma herança maldita, caracterizada pelo descontrole inflacionário, taxas de juros altos e câmbio desvalorizado, com graves desajustes para a sociedade brasileira, dentre eles o desemprego crescente, o endividamento e a perda de confiança dos agentes internacionais.

A situação era realmente bastante angustiante, os indicadores macroeconômicos eram negativos, reverter esta situação e ampliar os horizontes e as oportunidades da economia era o objetivo principal do Estado, as medidas deveriam estancar a fuga de capitais estrangeiros que estavam gerando graves problemas para o setor importador, que com custos elevados e preços em ascensão pressionavam a inflação e ameaçavam as metas adotadas pelo governo, a solução imediata exigia esforços na arena econômica e uma política conservadora que traria constrangimentos nas áreas sociais, principalmente emprego e renda.

O primeiro governo Lula foi bastante interessante, um governo de esquerda adotando uma política econômica claramente definida como conservadora, gerando mais desajustes sociais em uma sociedade onde estes desajustes eram responsáveis por graves problemas estruturais, dentre estes desajustes destacamos uma das piores concentrações de renda do mundo. Neste momento encontramos um governo e um partido político em busca de identidade, e mais, uma coalizão política formada por vários grupos sociais também buscando sua identidade, esquerda ou direita? Eis a questão.

Nestes embates políticos percebemos situações confusas e interessantes, o governo tentando implementar políticas desenvolvimentistas e, ao mesmo tempo, se utilizando de instrumentos liberais, o que denota os conflitos internos do governo, é neste confronto que surgem bons programas e políticas públicas, tais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Universidade para todos (Prouni), o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, etc…, destacamos ainda os aumentos do salário mínimo, sendo concedidos acima da inflação, política que satisfazia os interesses dos trabalhadores mas, ao mesmo tempo, os ganhos para o capital não eram reduzidos, chegando a números exorbitantes, principalmente os vinculados aos títulos públicos atrelados as altas taxas de juros.
Nestes oito anos de governo Lula os gastos sociais aumentaram bastante e auxiliaram na recuperação da economia, garantindo a uma parcela da população condições mais dignas de alimentação, transporte e lazer, os indicadores sócio-econômico nos mostram que neste período mais de 20 milhões de pessoas deixaram a pobreza e outros 31 milhões ascendem às classes A, B e C, melhorando de forma considerável o perfil social do brasileiro, aumentando a visibilidade na sociedade mundial e transformando o país em um dos principais destinos de turistas e investidores, que vêem o país como uma das maiores apostas do século XXI, ao lado de países emergentes como China, Índia, Rússia, México África do Sul, entre outros.

O momento de mudança de paradigma no governo Lula foi, sem sombra de dúvidas, o período do mensalão, este foi o grande divisor de águas deste governo, um momento muito conturbado, denúncias que comprometiam o governo, envolvendo autoridades e geravam crescentes desconfianças na sociedade, a corrupção era um dos assuntos mais discutidos, neste momento percebemos a queda do último bastião da honestidade, o Partido dos Trabalhadores, tão atuante contra a corrupção e o desperdício dos recursos públicos, sempre se posicionando como um símbolo de honestidade e seriedade no trato com a coisa pública se apresenta de uma forma diferente, será que agora todos são iguais?

Depois desta crise política o governo passa por várias mudanças, a política fiscal conservadora deu espaço para uma política mais agressiva, os gastos públicos foram retomados, os investimentos em grandes obras dinamizados, o emprego aumentou gerando, com isso, um incremento na renda agregada criando um clima saudável de crescimento econômico, atraindo investidores e melhorando nossa classificação pelas agências de ratings, o que aumento a entrada de moedas estrangeiras no país, gerando um clima de euforia, mas ao mesmo tempo, valorizando a moeda nacional, uma situação positiva que provoca constrangimentos para o setor exportador, levando-nos a refletir sobre os equívocos deste modelo. O sucesso econômico, a atração de moedas estrangeiras e a melhoria no perfil das contas públicas são mudanças salutares para a economia, gerando cenários e perspectivas bastante interessantes, abrindo-nos novas oportunidades na economia internacional, mas exigindo do país uma maior seriedade em questões estruturais, tais como a baixa qualidade da mão de obra, a excessiva carga tributária e as fragilidades da infra-estrutura.

Entre 2001 e 2010, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a renda dos mais pobres cresceu 311% na comparação com os mais ricos, um resultado bastante positivo, que deve ser comemorado por todos, não apenas pelo governo federal, este resultado é uma conquista da sociedade brasileira, que primeiramente conseguiu controlar o descontrole inflacionário, recuperando a credibilidade na moeda, e depois, mostrou ao mundo que é possível crescer e distribuir a renda, melhorar as condições sociais e criar um ambiente mais saudável, com oportunidades iguais para todos, um sonho, mas que já podemos sonhar com os olhos abertos.

Governo Lula: algumas considerações importantes I

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O Brasil nos últimos quinze anos passou por grandes transformações em sua estrutura econômica e social, a estabilidade da economia auxiliou na melhoria das condições sociais, garantindo aumento na renda, no emprego e na inclusão social, levando o país a uma condição de destaque no cenário internacional, na condição de emergente ao lado de estrelas como a China, a Índia e a Rússia, países que ficaram conhecidos como BRICs.
Depois da estagnação dos anos 80 e das grandes reformas econômicas dos anos 90, o Brasil se encontra num dos melhores períodos de sua história recente, as perspectivas são positivas, a ascensão da nova classe média e o aumento do mercado consumidor brasileiro estimulou novos investimentos produtivos, que melhoraram as perspectivas de emprego e renda, revertendo tendências anteriores de estagnação e incremento na exclusão social e colocaram o país na rota dos grandes investidores internacionais, tanto de empresas transnacionais quanto fundos de investimentos, bancos, corretores e seguradoras.
Todos estes avanços foram iniciados depois da estabilização da economia e consolidados com o governo Lula, não dá para atribuir tais avanços a um único governo ou a um único presidente, mas sim a um conjunto de fatores e variáveis que vem sendo introduzidos gradativamente e foram fundamentais para melhorar as condições do país e elevar sua credibilidade patamares jamais vistos anteriormente.
O governo atual está chegando ao fim, fazer um balanço destes oito anos é sempre interessante, neste período a economia cresceu de forma acentuada, principalmente no período 2006/2010, melhorando os indicadores sociais e tirando milhões de pessoas da miséria e abrindo novas perspectivas para uma parcela substancial da população. Analisando em perspectiva o governo Lula encontramos muitas idéias antagônicas, uns descrevendo-o como um período de crescimento amparado nos avanços do governo anterior e outros designando-o como um dos mais fantásticos períodos da história econômica recente, fruto de decisões estratégicas e visionárias do presidente Lula, de sua liderança e visão diferenciada, diante deste impasse, qual das visões é a mais correta para se entender o período 2003/2010?
No campo social encontramos grandes avanços, principalmente gerados pelos programas sociais, onde destacamos o Bolsa Família, responsável pelo atendimento de mais de 11 milhões de famílias, este programa é visto como a menina dos olhos do governo, um programa que injeta na economia mais de 15 bilhões de reais e impacta diretamente sobre a população mais pobre, tirando da miséria muitos indivíduos e estimulando regiões antes relegadas ao esquecimento. Outra política que impactou muito positivamente neste período foi o incremento no salário mínimo e os ganhos reais concedidos pelo governo, que eliminaram perdas anteriores e garantiram aumentos reais na renda da população, impulsionando o crescimento do consumo e estimulando o investimento produtivo, gerador de novos empregos e aumento na demanda agregada.
Todos estes fatores foram importantes na gestão petista, mas o que mais impulsionou o desempenho positivo foi, sem sombra de dúvidas o crescimento econômico, geradas por um mix de políticas, dentre elas destacamos uma política fiscal expansionista, estimulada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pelo incremento dos recursos canalizados na economia pelos bancos públicos, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF).
A política econômica do primeiro governo Lula se caracterizou pelo um excesso de ortodoxia, juros altos, aumento nos impostos, corte nos gastos públicos e acentuado conservadorismo, que segundo o governo se justificava pela chamada herança maldita deixada pelo governo anterior, mas muitas vezes extremada e geradora de grande discórdia dentro do governo, do partido e da sociedade.
A política econômica foi alterada no segundo mandato, para muitos o motivo foi o escândalo do mensalão, que quase impediu a vitória do presidente Lula, neste momento o governo aumentou de forma acelerada os gastos fiscais, o salário mínimo recebeu estímulos importantes, novos projetos surgiram e atingiram fortemente seu alvo, dentre eles destacamos o PAC e o Minha Casa Minha Vida, cujo impacto na sociedade foram muito interessante, alavancando novos investimentos e estimulando a geração de empregos no sistema produtivo.
O programa Minha Casa Minha Vida apresentou um crescimento imediato, neste projeto o governo federal passa a conceder um subsídio para todas as famílias com renda até cinco salários mínimos, gerando de imediato um desejo imenso, por parte da população, de adquirir a casa própria, um sonho acalentado por grande parte das famílias brasileiras, cujo déficit habitacional é bastante considerável, algo próximo de 5 milhões de residências. O programa estimulou a construção civil, aumentando investimentos produtivos, estimulando a contratação de novos trabalhadores, principalmente aqueles com baixa qualificação e incentivando um mercado que estava adormecido desde os anos 80, quando o setor recebeu seus últimos incentivos governamentais.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), iniciado em 2006, pode ser descrito como uma grande tentativa do governo federal de estimular novos e grandiosos investimentos em infra-estrutura, muitos destes fundamentais para a consolidação do crescimento econômico, dentre eles podemos citar projetos de geração de energia, novas estradas, portos, aeroportos, etc… todos estes estratégicos para a manutenção do crescimento da economia e diminuição dos gargalos que elevam o custo Brasil e diminuem a competitividade da economia brasileira.
O PAC pode ser descrito como uma tentativa exitosa de retorno do planejamento estatal na economia, seu saldo é positivo, seus investimentos nem sempre adiantados, na grande maioria atrasados pela grande burocracia do Estado devem ser visto de forma positiva, pois impactam na economia gerando aumento da demanda agregada, mas devemos destacar ainda, de forma negativa, que este programa acelerou os gastos com propaganda e publicidade, colocando em dúvida os verdadeiros objetivos deste programa de mais de R$ 500 bilhões.
O governo Lula se beneficiou de um ambiente bastante positivo da economia internacional, onde os preços das commodities aumentaram mais de 70%, beneficiando países como o Brasil e os demais emergentes, que viram suas receitas oriundas das exportações crescerem de forma acelerada, aumentando a renda nacional, gerando novos empregos e atraindo divisas para o fortalecimento das reservas em moedas fortes e afastando de vez os problemas de balanço de pagamentos, tão comuns nos anos 90 e que “obrigavam” o país a contrair empréstimos de organismos internacionais. Devemos destacar ainda o papel desempenhado pela China, que a partir de 2003 inicia um processo longo de absorção de produtos brasileiros, levando o país a se tornar nosso maior parceiro comercial, superando países como os Estados Unidos, Argentina e a União Européia, historicamente nossos maiores parceiros no comércio internacional.
O governo Lula pode ser descrito como um período de grande crescimento econômico e melhoria nos indicadores sociais, seus méritos são inquestionáveis e devem ser valorizados, mas não se deve deixar de conceder ao governo FHC méritos importantes, afinal foi neste período que muitas mudanças foram introduzidas na administração pública e tiveram êxito significativo, dentre elas destacamos a estabilização da economia gerada pela introdução do Plano Real, que deve ser visto como a condição central para que todos os avanços na gestão petista fossem tivessem ocorrido. A sociedade brasileira, nos últimos 16 anos, passou por grandes transformações estruturais, o mérito é de todo o povo brasileiro que soube escolher dois grandes governantes, que apesar do antagonismo constante são, na verdade, complementares.

Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e….

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O mundo financeiro está em um momento de grande ansiedade e expectativa, a crise de 2008 que gerou inúmeros transtornos na sociedade internacional, parece estar de volta, ou melhor, dá sinais de que nunca foi embora, assustando os países e mostrando as fragilidades de várias economias que antes se mostravam fortes e inabaláveis.
O centro da crise foi os Estados Unidos, depois de décadas de prosperidade e crescimento, a economia apresenta sinais claros de desequilíbrio e incerteza, o boom imobiliário dos anos 90 se mostrou insustentável em um país que não consegue gerar poupança interna e se sustenta em um consumismo excessivo e imediatista, que provoca uma sensação de prazer imediato e endividamento crescente, cujos custos virão com o tempo.
Os anos 80 mostraram para o mundo a ascensão chinesa, o surgimento de um país com um grande potencial, uma sede imensa de consumo e uma alta demanda reprimida, agora, para satisfazer estas necessidades eram necessárias atitudes pragmáticas, exportar é uma grande necessidade, aproveitar o potencial da mão de obra formada por 1,4 bilhão de pessoas e adotar políticas específicas para fomentar a economia fizeram a diferença para o país e para o mundo.
O crescimento chinês alterou a lógica da economia internacional, países desenvolvidos perderam muitas de suas empresas para a China, empresas transnacionais com faturamentos astronômicos perceberam que a única forma de competir neste ambiente globalizado era abrindo novas filiais no gigante asiático, ganhando escala e conseguindo competir, mas deixando em seus países de origem uma grande devastação social, desemprego, exclusão social e o incremento do xenofobismo, com conflitos e violências crescentes, este fato contribuiu para o enfraquecimento da classe média norte-americana, diminuindo sua renda e fragilizando-a financeiramente, deixando claro sérios desajustes estruturais que facilitaram a crise atual e a grande dificuldade de superação, mesmo depois da injeção de trilhões de dólares na economia.
O crash financeiro internacional foi uma crise dos países desenvolvidos que afetou todas as regiões do mundo, isto porque estas economias, de renda elevada, comercializam com todas as regiões do globo, compram, vendem e financiam investimentos e consumo que geram renda e crescimento econômico, fundamentais para melhorar as condições de todos os indivíduos.
Os Estados Unidos e a Europa foram os países mais afetados pela crise internacional, a economia norte-americana apesar das dificuldades de recuperação é ainda a maior do mundo, detém a principal moeda do comércio e finanças internacionais, e possui grande potencial em muitos setores, principalmente no setor de serviços, que cresce de forma evidente e altera estruturalmente a lógica econômica, agora a Europa apresenta graves desequilíbrios, a União Européia enfrenta o seu maior desafio, primeiro a Grécia, agora Irlanda e quem sabe, posteriormente, Portugal e Espanha. Se este último, pela sua dimensão e importância entrar em crise, pode causar graves desequilíbrios ao bloco, a ponto de provocar rupturas insuperáveis, podendo até levar à ruína um projeto de mais de cinqüenta anos, pioneiro e moderno, mas muito arriscado e ambicioso.
A Grécia foi a primeira vítima desta crise, endividada e exposta ao crescimento fácil, baseado em recursos especulativos, teve que recorrer aos endinheirados do bloco chefiados pela Alemanha, seu socorro custou mais de 120 bilhões de euros, recursos disponibilizados à custa de uma política de ajuste violenta, o arrocho passou a ser o termo utilizado na Grécia, salários foram reduzidos, impostos aumentados, os gastos públicos foram reduzidos, o desemprego aumentou, etc. Estas medidas proporcionaram quedas consideráveis na entrada de moedas fortes, gerando desvalorização cambial e melhoria nas contas nacionais, aumentando as exportações e, com o tempo melhorando a situação externa da economia, com incremento nas reservas internacionais e garantindo o pagamento dos empréstimos obtidos, mas a custa de uma grande degradação das condições sociais, tudo supervisionado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo Banco Mundial (Bird), pelo Banco Central Europeu (BCE) e por outros organismos internacionais, reduzindo cada vez mais a pouca, quase inexistente, soberania grega.
O fantasma do ajuste grego paira sobre a economia irlandesa, depois de duas décadas de crescimento ininterrupto, onde a Irlanda sai de uma posição periférica e passa a ocupar um lugar de destaque na Europa, neste período de prosperidade o país para atrair empresas e investimentos produtivos reduziu enormemente os tributos, absorvendo empresas em várias áreas, aumentando a geração de emprego, consolidando uma nova classe média e estimulando consumo. O consumo era financiado via endividamento externo, e isto só era possível graças à alta liquidez internacional, tão logo esta se mostrou frágil o país apresentou sinais de insolvência, tendo grandes dificuldades para captar recursos no mercado internacional, obrigando as autoridades européias a um socorro estratégico, antes que afetassem os outros países do bloco, gerando uma crise generalizada.
A Alemanha é a grande economia européia, sua antiga moeda, o Marco, é a base monetária da União Européia (UE), o Euro surgiu lastreado no Marco, isto porque o país é considerado o mais austero em termos fiscais e financeiros da região, socorrer estes países que se esbaldaram no período de alta liquidez internacional evitou que a crise de disseminasse para outros países, mas o custo político foi muito grande, gerando insatisfação no país e desgaste perante a sociedade, levando muitos cidadãos alemães a se indagarem: como pode nosso país tão austero e responsável fiscal e financeiramente, com um histórico de cumprimento de seus deveres econômicos, ter que desembolsar recursos para socorrer países imprudentes, gastadores e desequilibrados? O mal-estar foi geral e a União Européia passa por dias de turbulência e descrédito, algo pouco visto na região símbolo do progresso e das conquistas do mundo civilizado, racional e moderno, berço das grandes conquistas da Era Industrial, da Ciência e das Artes.
Socorrer a Grécia, Irlanda e até Portugal pode ter um custo fiscal muito alto, podendo até comprometer o bloco europeu, agora o socorro aos espanhóis pode exigir muitos recursos, os desembolsos podem comprometer a situação fiscal do bloco, inviabilizando toda a União Européia e levando muitos países a abandonar o bloco e desvalorizar suas moedas como forma de reativar suas economias, e enterrando de vez um projeto ambicioso de integração que muitos vêem com incerteza, incredulidade e desconfiança.
Pela primeira vez na história do capitalismo os países hegemônicos, ricos e poderosos estão na berlinda negativamente, a crise impactou diretamente nestes países, colocando-os na defensiva e obrigando-os a solicitar ajuda externa para se reequilibrar, o apoio e o estímulo dos países emergentes é fundamental. Os BRICs, Brasil, China, Rússia, Índia, entre outros, ganharam importância na nova geografia mundial, exigindo de cada um destes países políticas integradas, planejamento e integração para assumirem, cada vez mais, o posto de país hegemônico, alguns como a China e a Índia já se mostraram capacitados para desenvolver políticas consistentes visando uma melhoria das condições sociais; agora, países como o Brasil necessitam de uma coordenação sólida e coerente para solucionar os velhos e os novos entraves ao desenvolvimento, sem isso vamos continuar nos colocando sempre como uma aposta, estamos sempre na lista dos países que prometem se tornar potência no futuro próximo, mas este futuro nunca chega, gerando indignação e revolta para todos os cidadãos do país.
A globalização da economia transformou enormemente a sociedade, aumentou o comércio e trouxe benefícios, inicialmente, aos países ricos e desenvolvidos em detrimento das economias mais frágeis e subdesenvolvidas. As crises econômicas recentes estão mostrando uma inversão nesta realidade, as economias em desenvolvimento ou emergentes, depois das crises dos anos 90, quando estas sofreram desequilíbrios externos, endividamento e crises nos balanços de pagamentos, ocasionando graves problemas sociais como desemprego, miséria e exclusão social, obrigando-as a recorrer a empréstimos externos de organismos internacionais e criando situações de instabilidades e constrangimentos, esta situação ficou para trás, agora o ambiente se inverteu, a crise afetou a grande maioria dos países, mas alguns estão mais fragilizados, estão mais expostos e sentem-na de forma mais agressiva. Estados Unidos e a Europa se mostraram muito fragilizados, a crise evidencia uma diminuição do poderia destes países no mundo e abre espaço para novos atores no mundo contemporâneo, vivemos uma sociedade em transição, estas mudanças são, normalmente, dolorosas para muitos países, mas abrem espaços para outros povos e línguas, que antes marginalizadas, ganham espaço e passam a influenciar os rumos da sociedade internacional, abrindo espaço para novas culturas e tradições, fazendo do mundo um mosaico integrado de experiências, culturas e transitoriedades.
As crises são situações freqüentes no sistema capitalista, nos últimos 100 anos o mundo conviveu com várias e seus impactos são sempre assustadores, concentram mais a renda e aumentam a desigualdade entre os indivíduos, é nesta perspectiva que devemos analisar a crise contemporânea, agora esta situação está transformando a realidade geopolítica mundial, alguns países estão alcançando grande relevância enquanto outros estão tendo seu poderio diminuído, estamos próximos de grandes mudanças na civilização, o mundo está se transformando, só não enxerga quem não quer.

Agonia docente

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A sociedade pós-moderna passa por grandes mudanças estruturais, as movimentações de capitais e pessoas abrem novas oportunidades aos indivíduos e criam novos desafios, obrigando cada trabalhador a uma constante atualização, sob pena de se afastar de seu posto de trabalho e ser esquecido como um agente social, sendo relegado à marginalidade.
Nesta sociedade a educação passa a ter um papel fundamental, a formação dos trabalhadores deve ser cada vez mais consistente, acumular informações e desenvolver habilidades é uma forma sólida de manter-se num ambiente competitivo e em constante mutação, obrigando o indivíduo ao estudo sistemático, algo que o trabalhador não foi treinado.
Diante desta realidade o professor e o profissional da educação devem ser vistos de forma especial, como desenvolver as habilidades intelectuais dos indivíduos e dos trabalhadores sem canalizar esforços sérios e efetivos para melhorar a qualidade dos profissionais da educação de uma forma geral, e dos professores de uma forma específica? Esforços generalizados são necessários não só por parte do governo federal, mas de todos os entes federativos, os estados e os municípios tem um papel central e devem contribuir, criando um verdadeiro arrastão em prol da educação brasileira.
A situação geral é assustadora, quando comparamos o Brasil a outros países os números são péssimos, estamos mal colocados em matemática, em ciências e em línguas, ou seja, estamos quase na lanterna de um campeonato que pode nos levar à glória ou ao fracasso, sendo que este último destrói sonhos e cria uma leva imensa de excluídos e miseráveis, comprometendo ou até inviabilizando o país nos próximos anos.
Neste quadro encontramos um paradoxo evidente, somos citados como uma das grandes potências em expansão do mundo contemporâneo, alguns nos colocam como um país emergente que terá um papel central no mundo nas próximas décadas, estamos inseridos no G20 (grupo dos vinte países mais desenvolvidos do mundo) e somos membros dos BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China, somos chamados para as grandes cúpulas internacionais, mas internamente não conseguimos definir os rumos da educação e o que queremos para o país nas próximas décadas, uma escolha fundamental para o futuro do país.
A educação de qualidade é a única forma de elevar o Brasil para uma posição de destaque no mundo contemporâneo, a economia só vai conseguir se expandir de forma sustentada se o gargalo educacional for resolvido, alguns passos importantes foram dados nos últimos quinze anos, mas insuficientes. Saímos de um sistema elitista para um modelo de massa, nesta transição percebemos que a qualidade do primeiro não foi transferida para o segundo, estamos criando analfabetos funcionais e estamos chamando isto de formação profissional, as conseqüências imediatas são várias e a mais nítida é que o ensino ainda é muito fraco e nosso trabalhador não tem condições de concorrer com países que fizeram esta transição com mais êxito e colhem hoje um resultado mais efetivo.
Como podemos pensar em ensino de qualidade quando as universidades privadas colocam em uma sala de aula turmas com 70 ou 80 alunos, nelas os professores devem prender a atenção do aluno para evitar a evasão escolar, e estas quando acontecem são registradas na conta dos mestres, afinal estes não foram competentes o suficiente para manter o aluno em sala, uma visão míope e com graves conseqüências para o futuro. Como pensar em educação de qualidade quando observamos o salário do professor brasileiro, seu contra-cheque é ridículo, como imaginar que a carreira fundamental para formar a inteligência nacional ganha salários tão reduzidos, salários estes que seduzem apenas os piores alunos e condenam o magistério a um circulo vicioso de degradação e ineficiência, reverter esta equação e atrair os melhores quadros escolares para a carreira docente é o desafio central de todos, pois esta é a única forma de transformarmos o Brasil de um país emergente em um país desenvolvido e justo.
Estamos em uma sociedade marcada por choques culturais tremendos, vivemos na sociedade, e na educação em especial, conflitos geracionais entre os Baby Boomers (BB), a geração X e a geração Y, exigindo dos profissionais da educação várias habilidades, atualizações e conhecimentos constantes, somamos a tudo isso uma onda constante de atualizações que levam o profissional ao limite, abrindo espaço para conflitos emocionais íntimos, levando-o à depressão, ao estresse e a obesidade, além de drogas e síndromes variadas, lotando os consultórios de terapeutas, psicanalistas e psiquiatras ou aumentando a demanda por clinicas de repouso e internações.
Outro ponto interessante que não posso deixar de ressaltar é o interesse dos alunos, é comum observar profissionais na mídia defendendo teses e teorias que salientam que os alunos do Brasil contemporâneo estão cada vez mais atentos e interessados, buscando qualificação constante e exigindo cada vez mais dos profissionais da educação, confesso que não conheço estes alunos, em 15 anos de docência no ensino superior o que vejo me assusta cada vez mais, não apenas nas instituições privadas, mas também nas públicas, os alunos chegam cada vez mais despreparados nas universidades, a leitura é algo inexistente, senso comum não existe imagine o senso crítico, o cenário é assustador vale refletir sobre este quadro, mas deixando de lado paixões e sentimentos arraigados que não resolvem o problema, nenhum governo terá êxito na resolução deste gargalo enquanto a sociedade não tomar a frente exigir uma revolução na educação.
Devemos destacar ainda que os conteúdos da educação são fundamentais para a formação dos indivíduos (futuros trabalhadores e cidadãos), estudar é um ato central, agora o que estudar também é primordial, as universidades devem abordar conteúdos variados e formar uma massa crítica para a vida e não apenas para o mercado e para o emprego imediato, cabe às empresas, aos bancos e aos demais empregadores se conscientizarem de que a educação não deve ser desenvolvida apenas para a geração de emprego, o papel da educação é muito maior, o desafio é criar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, formar indivíduos que possuam capacidades múltiplas para compreender o mundo contemporâneo, analisar os desafios do meio ambiente, o desperdício de alimentos e a questão energética, além da importância da água e o respeito ao trânsito e a convivência em coletividade, estes devem ser os objetivos do setor educacional, se estes forem perseguidos com afinco, com certeza, todos os outros serão atingidos e a capacitação para o trabalho será mais sólida e consistente.
Devo destacar ainda que para conseguir atrair bons alunos e dar oportunidades maiores para nossos jovens, tirando-os das ruas e abrindo espaço para um futuro melhor, a sociedade precisa transformar a educação em algo instigante, muitos jovens em idade de estudar abandonam os estudos porque estar na universidade ou na faculdade significa deixar de trabalhar, isto porque muitas famílias pobres contam com a renda dos seus filhos para sobreviver, diante disso, o governo deveria pensar em um instrumento alternativo para atrair estes jovens, uma proposta que deve ser implementada é a concessão de recursos financeiros para o aluno estudar, este auxílio concedido pelo estado não poderá ser de apenas R$ 50,00, mas de um salário mínimo, justamente para suprir o salário do jovem na família, fazendo com que este não deixe de estudar e aumento os números de evasão escolar.
Existe uma equação que deve ser perseguida pela sociedade e pelos formuladores de políticas públicas, que devem se atentar para isso todos os instantes, educação de qualidade se faz com bons profissionais, salários dignos, condições de trabalho adequadas, estimulo à qualificação constante, infra-estrutura eficiente, pesquisa e extensão comunitárias e reconhecimento profissional, só assim vamos atrair para a carreira docente os melhores alunos que se tornarão os melhores profissionais, e que desta forma contribuirão para a melhoria da educação e pelo desenvolvimento do país, alçando assim não mais o posto de um país emergente, mas recebendo o título de país desenvolvido.