Bônus e Remuneração no mundo espiritual

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É sabido por todos que o processo de remuneração é bastante diferente quando comparamos o mundo material com o mundo espiritual, ambos apresentam instrumentos bastante diferentes e conflitantes, que mostram como as sociedades se apresentam em graus e estágios de evolução diferentes, uns primando pelos valores do imediatismo e do material, enquanto outros se mostram mais atrelados a valores sublimes e espiritualizados, uma boa forma de identificarmos o quanto temos que evoluir é que, todos que nos encontramos no meio físico, estamos muito calcados nos valores da aparência e nas convenções sociais, deixando, de lado, sentimentos e emoções mais sublimes e espiritualizadas.

No mundo material os indivíduos recebem de acordo com sua produtividade, somos impulsionados ao cumprimento de metas cada vez mais irreais que nos obrigam a mergulharmos no trabalho remunerado, ganhamos e somos vistos nesta sociedade por tudo que temos, ou melhor, como vivemos em uma sociedade marcada pela aparência, somos visto como aparentamos ser, por isso estamos constantemente querendo mostrar que somos o que, na verdade, não somos, é o mundo da aparência, do imediatismo e dos prazeres da sensualidade e do dinheiro, que nos prendem a uma sociedade marcada pela ilusão e pela imagem do belo e do novo, mesmo que estes sejam cada vez mais transitórios.

O mundo da matéria nos obriga a estarmos em constante atualização, se não o fizermos estamos condenados ao ostracismo social, ser bem sucedido nesta sociedade é termos um emprego bem remunerado, marcado pelo status e pelo acúmulo de bens materiais, nesta sociedade deixamos de lado aqueles que se entregam aos trabalhos mais simples e pouco remunerados, vendo-os como seres humanos menores, sem glamour e sem condições de inserção neste mundo marcado pelo poder de compra, onde a acumulação do poderio financeiro se transformou no objetivo de vida de muitos indivíduos, que se entregam ao trabalho remunerado como se este fosse seu único intuito na vida, deixando de lado outros setores e atividades tão importantes quanto o trabalho material, onde podemos destacar o trabalho espiritual e dos momentos sublimes de convivência com os familiares e com os grupos de amigos, numa troca constante de experiências e valores, fundamentais para o crescimento e o desenvolvimento do espírito.

O bônus-hora nos foi revelado por André Luiz, quando da publicação da obra Nosso Lar, um dos mais importantes livros publicados pela lavra de Francisco Cândido Xavier, por este instrumento passamos a compreender como se remunera os trabalhos na colônia espiritual, onde cada pessoa recebe de acordo com os trabalhos desempenhados, uns acumulam com as visitas assistenciais, outros se destacam na limpeza, alguns espíritos são responsáveis por questões burocráticas, escolas, hospitais, etc. O trabalho como lei universal existe para todos os indivíduos, querendo trabalhar todos encontram trabalho, recebendo recursos, os chamados bônus-hora, que podemos descrever como um determinado crédito que cada indivíduo tem depois de desempenhar atividades edificantes no plano espiritual, que podem ser utilizados para adquirir uma casa, mas cada pessoa só pode adquirir uma única residência, neste local não é possível comprar mais de uma residência como se faz aqui, quando encontramos pessoas que adquirem várias casas e utilizam-na como instrumento de especulação e acumulação de recursos financeiros e monetários.

Se analisarmos com calma e refletirmos intensamente sobre os dois mundos percebemos que nós, hoje vivendo no mundo material, estamos muito longe dos ensinamentos do mestre Jesus, o dinheiro é utilizado muito mais para satisfazer nossos desejos imediatos, utilizando-o para nossos gozos tresloucados e interesses vis do que para melhorar as condições de vida da população mundial, atualmente encontramos metade da população do globo vivendo com uma renda diária de até US$ 2,00, um mundo onde, segundo a revista Forbes, as quatrocentas famílias mais ricas do mundo possuem um patrimônio de US$ 1,8 trilhão, um número estarrecedor quando visto em perspectiva histórica, ha trinta anos quando a mesma revista começou a mensurar as riquezas das famílias a situação era outra, bem diferente, as mesmas quatrocentas famílias detinham uma renda de US$ 90 bilhões.

O dinheiro tem um papel central na sociedade, nasceu para circular, dinheiro parado causa constrangimentos para todos os setores sociais, em tempos de degradação do meio ambiente, onde o mundo se encontra bastante maltratado por desmandos constantes dos setores mais aquinhoados financeiramente, é impossível dar a cada cidadão mundial uma renda igual a dos Estados Unidos, US$ 50 mil, para que isso acontecesse teríamos que ter outro planeta Terra, agora, é neste momento que precisamos encontrar uma fórmula ética e moralmente aceitável para que todos os cidadãos do mundo tenham uma renda média de US$ 10 mil, atendendo, com isso, suas necessidades básicas de alimentação, educação, saúde, vestuário e acesso aos bens culturais, tão importantes para o desenvolvimento intelectivo dos seres humanos e que, durante tantos séculos, foram omitidos de grande parte da sociedade mundial, deixando-os marginalizados e presos a um universo materializado e centrado nos interesses financeiros mesquinhos.

A relação do ser humano com o dinheiro é sempre algo perturbador e constrangedor, causa de vícios e quedas de muitos espíritos, uma parcela considerável dos espíritos que ora encontramos no orbe terrestre teve sua queda atrelada a questões financeiras ou a sedução da sensualidade, quedas que deixaram rastros terríveis para o ser humano, desastres morais que perturbam suas mentes e sentimentos, tudo isso, obrigando as pessoas a buscarem uma relação nova e diferente com o dinheiro, evitando, com isso, novos desequilíbrios no campo da moral.

A colônia Nosso Lar nos mostra novas formas de remuneração pelo trabalho, este paradigma do mundo dos espíritos pode nos ser muito útil como forma de transformar a relação capital trabalho reinante no mundo material, servindo como um grande desafio para todos os homens e mulheres de bem que buscam o aperfeiçoamento coletivo de nosso planeta, o trabalho é árduo e cheio de entraves, são muitos os indivíduos e instituições que se comprazem com o modelo atual, que ganham com esta forma de remuneração, estes grupos, muito bem organizados e estruturados, vão se utilizar de seus poderes para impedir toda e qualquer mudança que venha, pensam eles, os prejudicar, mas sabemos todos, que quando chega a hora e o momento exato, quando as transformações precisam acontecer, as forças da mudanças passam a ser guiadas por uma mão invisível, que a conduzem para a renovação e para o surgimento de um novo mundo, marcado por uma solidariedade maior e um progresso centrado nos ideais e sentimentos sublimes do Cristo, distante, pode ser, mas o começo desta mudança já teve início, e tomara que nós nos organizemos para fazermos parte desta mudança sob pena de vivermos anos de expurgos, medos e desesperanças.

Sarney e Collor: o velho Brasil

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No mês de fevereiro de 2009, o Congresso Nacional Brasileiro elegeu para sua presidência o Senador José Sarney, homem público por mais de 50 anos, ex-Presidente da República, Senador por várias legislaturas Sarneu representa forças das mais atrasadas que este país conhece, caudilho maranhense e um dos responsáveis pelo atraso deste estado, um dos mais precários socialmente e culturalmente, sua eleição representa uma grande derrota para todoue sonham com um país melhor e com maior desenvolvimento e inclusão social. E para piorar a calamitosa situação política do país, mais recentemente elegeram o ex-Presidente Fernando Collor como gerente do PAC, o senador alagoano vai fiscalizar a Comissão de Infra-estrutura do Congresso, uma pena, politicamente estamos indo para o lugar contrário, o que será do país? Para piorar, um dos responsáveis foi o atual Presidente Lula, que articulou as eleições como forma de barganha para a próxima eleição presidencial, estamos mesmo em péssima condição política…

O verdadeiro comércio com a China

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Autor: IVAN RAMALHO – FSP

O comércio exterior brasileiro apresentou grande crescimento nos últimos dez anos. A corrente de comércio, que em 2000 havia somado US$ 110 bilhões, alcançou US$ 383 bilhões em 2010. No presente ano, vai se aproximar de meio trilhão de dólares. Muitas foram as razões para esse crescimento. Mas não há dúvida de que uma das principais foi a aproximação do Brasil com a China. No período de uma década, o comércio com a China saltou de US$ 2 bilhões (2000) para US$ 56 bilhões (2010).

Somente no primeiro semestre deste ano, o comércio com a China chegou a US$ 34,7 bilhões, com exportações de US$ 20 bilhões e importações de US$ 14,7 bilhões -saldo favorável de US$ 5,3 bilhões para o Brasil.
Como o atual crescimento, da ordem de 40%, deverá ser mantido neste ano, é certo que o comércio bilateral ao fim de 2011 terá sido da ordem de US$ 80 bilhões.

Apesar do forte crescimento, as relações comerciais do Brasil com a China constituem alvo de constantes críticas, em especial daqueles que representam a indústria brasileira. É natural que elas ocorram, já que as exportações para o país asiático estão concentradas em produtos básicos: dos US$ 20 bilhões vendidos no primeiro semestre deste ano, US$ 17,7 bilhões foram de básicos, especialmente minério de ferro e soja. A participação da indústria foi de apenas US$ 2,3 bilhões.

Essa pequena presença mostra que existe ainda longo caminho a percorrer visando diversificar as vendas para o mercado chinês. Um passo bastante importante foi dado quando a Apex Brasil inaugurou um moderno escritório em Pequim para a promoção de produtos brasileiros.
São enormes as possibilidades de ampliação de nossas exportações de manufaturados ao país oriental. A China é uma das maiores importadoras mundiais, com compras anuais na faixa de US$ 1 trilhão. E suas importações não se limitam a produtos básicos. Pelo contrário, no mercado interno chinês, há ampla oferta de manufaturados de alto valor agregado de diferentes origens. O crescimento das importações contribui para a diversificação e para o incremento das vendas a novos fornecedores.

Não há outro caminho que não o do aumento das iniciativas de promoção comercial e do número de missões à China, com estímulo aos fabricantes de manufaturados. O produto brasileiro tem qualidade que permite a penetração em muitos países, mesmo com a sobrevalorização do real. Com a redução da carga tributária prevista no plano Brasil Maior, melhores condições ao financiamento da produção e ação mais robusta de promoção comercial, é possível atingir de forma mais agressiva o mercado chinês.

O Brasil compra da China majoritariamente produtos complementares à nossa produção. Na pauta de importação brasileira daquele país, prevalecem partes, peças, componentes, circuitos e produtos que se destinam a linhas de manufaturados daqui. Na relação dos 51 principais produtos chineses importados pelo Brasil no primeiro semestre, apenas nove são bens de consumo. A ampla maioria (42, ou cerca de 80%) é formada por variada gama de produtos destinados às nossas fábricas.

Dada a escala de produção chinesa, a maioria dessas importa- ções contribui para que o produto final montado no Brasil se mantenha competitivo. Há muitos pontos positivos no intercâmbio com a China. Com os resultados deste ano, a posição da China como maior parceira comercial brasileira parece definitivamente consolidada, e serão cada vez maiores as oportunidades para as empresas que iniciem ou ampliem seus negócios com aquele país.

IVAN RAMALHO é economista, ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e presidente da Associação Brasileira das Empresas de Comércio Exterior (Abece).

Zygmunt Bauman – Fronteiras do Pensamento

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Zygmunt Bauman, filósofo polonês, reflete sobre a individualização da sociedade contemporânea em entrevista exclusiva concedida a Fernando Schüler e Mário Mazzilli na Inglaterra. Democracia, laços sociais, comunidade, rede, pós-modernidade, dentre outros tópicos analisados por uma das grandes mentes da contemporaneidade. Conferencista do Fronteiras do Pensamento 2011.

Fronteiras do Pensamento | Produção Telos Cultural | Produção Audiovisual Mango Films | Montagem Tokyo Filmes | Edição Pedro Zimmermann | Finalização Marcelo Allgayer | Tradução Wilney Ferreira Giozza

Governo Lula

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Depois de 8 anos de governo o presidente Luís Inácio Lula da Silva deixa o cargo com um legado considerável, neste período o país acumulou um crescimento médio de 4,6% ao ano com melhorias constantes na distribuição da renda, depois do início da estabilização econômica dos anos 90, o governo atual consegue manter uma taxa razoável de crescimento e inclusão social.

Mesmo com estes indicadores positivos o governo sofre grandes rejeições em alguns grupos sociais, porque será que isto acontece?

Ameaças e desafios para a economia brasileira: Inflação, desindustrialização e “doença” holandesa.

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Nos últimos meses a economia brasileira se encontra envolta em duas grandes discussões importantes e estratégicas, o incremento da inflação que suscita lembranças amargas e desagradáveis e a questão cambial, que pode gerar uma desindustrialização do país com graves constrangimentos para os setores produtivos nacionais, para a geração de empregos e para a sociedade de uma forma geral.

Ambas as questões são complexas e exigem uma atenção bastante especial, pois podem geram graves constrangimentos para o país nos próximos anos, retirando do Brasil as expectativas favoráveis para as próximas décadas, os investimentos estrangeiros e as avaliações positivas das agências de classificação de risco internacionais que abrem espaços salutares para o país na economia internacional, num período onde os países emergentes são os grandes responsáveis pelo crescimento e pelo fomento dos setores produtivos.

O combate à inflação impacta sobre o crescimento, a literatura econômica nos mostra de forma clara e incisiva, adotar políticas de controle de preços gera efeitos imediatos sobre o crescimento da economia, a geração de emprego e o incremento da renda agregada, acreditar que se pode conseguir o controle dos preços e o incremento da economia é uma grande e terrível ilusão, gera expectativas falsas e pode postergar ajustes violentos, cujos efeitos sobre a atividade econômica é sempre prejudicial.

A economia brasileira ainda se encontra aquecida, embora percebamos que nestes dois últimos meses o ritmo se desacelerou, este desaquecimento pode ser entendido como uma medida adotada pelo governo como forma de evitar que a inflação estourasse o topo da meta inflacionária (6,5%), juros mais altos e outras medidas conhecidas como macroprudenciais visavam desaquecer a economia e diminuir os desajustes inflacionários, cujos prejuízos à sociedade seriam devastadores, principalmente do ponto de vista político.

O aumento da inflação pode ser creditado a dois fatores interligados, externamente encontramos um aumento bastante substancial no preço dos alimentos e das commodities, em particular, como o Brasil é um grande exportador destes produtos a renda da economia cresceu e, com isso, impactou sobre o setor interno, o poder de compra dos trabalhadores aumentou gerando incremento no consumo, criando um hiato entre oferta e procura, estes fatores associados possibilitaram um pequeno descontrole inflacionário, que obrigou o governo a adotar medidas imediatas de contenção do crédito interno e redução da atividade econômica.

Destacamos ainda, que o país cresceu a uma taxa de 7,5% no ano passado, este crescimento acabou pressionando os preços e deixando claro inúmeros problemas e limitações da infra-estrutura nacional, estes desajustes não são novos, acompanham o país nas últimas décadas, gerando graves preocupações dos produtores e empresários nacionais e estrangeiros, mas ao mesmo tempo abrem espaço para novos investimentos produtivos, obrigando o governo a rever antigos preconceitos ideológicos e passarem a propor medidas como a privatização dos aeroportos e a aumentar a concessão de rodovias federais para a iniciativa privada, levando os governantes de plantão a assumir uma postura pragmática e deixando de lado medidas claramente estatizantes.

Outro indicador que gera graves preocupações para a economia brasileira é o câmbio, que nos últimos anos se valorizou de forma efetiva e assustadora, câmbio valorizado prejudica os setores exportadores, inviabilizando as exportações e estimulando os setores importadores, aumentando, com isso, a oferta interna de produtos importados, incrementando a renda agregada nacional, dinamizando o consumo e criando na população uma sensação de enriquecimento e bem-estar social, uma sensação nem sempre estrutural, na sua grande maioria um fenômeno puramente conjuntural, seus custos no longo prazo podem inviabilizar muitos setores econômicos, gerando desemprego e destruindo setores importantes da indústria nacional.

O câmbio valorizado estimula as viagens internacionais, com este câmbio percebemos que é muito mais fácil viajar para o exterior do que para as praias do Nordeste, a capital Argentina, Buenos Aires, recebe anualmente um contingente bastante grande de turistas brasileiros, contingente este que cresce de forma acelerada, mas ao custo de desajustes em setores importantes da economia nacional. O turismo internacional no Brasil cresce com o dólar barato, a classe média tradicional e a nova classe média enxergam neste momento a grande oportunidade de testar seu domínio sobre a língua inglesa, conhecer novas culturas e trazer para o mercado nacional produtos importados comprados a preços atrativos, ipads e i-phones a custos reduzidos popularizam os produtos da gigante dos eletroeletrônicos norte-americano Apple.

Nos últimos anos o Brasil ganhou espaço no cenário internacional, hoje o país angariou status mundial, nossas reservas em moedas fortes cresceram de forma vigorosa, alcançamos o tão sonhado grau de investimentos e somos destino dos maiores investimentos estrangeiros do mundo, são muitas as empresas, nas mais variadas áreas e setores, que estão se instalando aqui, trazendo novas tecnologias e gerando novas oportunidades de empregos, este novo status do país no mundo não combina mais com moeda desvalorizada, estamos em franco crescimento internacional e temos que adotar políticas variadas para reverter esta política cambial, que pode no médio prazo, gerar graves constrangimentos para a indústria nacional, para muitos economistas importantes, o risco de desindustrialização existe e é assustador.

Estrategicamente é importante para a sociedade brasileira desenvolver um parque industrial moderno e sofisticado, para isso políticas de planejamento são necessárias, todos os países que desenvolveram seu setor industrial contaram com o papel ativo do Estado Nacional, o Brasil não é exceção, apoiar a indústria e atuar no câmbio é uma necessidade do país, postergar esta atuação na política cambial pode aumentar os graves desajustes do setor exportador. A atuação estatal deve ser integrada, controlar os juros altos e equacionar os desajustes fiscais trariam resultados imediatos para o câmbio, desonerar os setores produtivos e investir maciçamente na educação contribuiria de forma imediata para garantir uma maior competitividade para o produto nacional.

Várias medidas foram adotadas pelo governo para reverter o câmbio valorizado, dentre elas podemos citar o aumento da tributação e as intervenções sucessivas no mercado pelo Banco Central, todas estas medidas tiveram um sucesso pouco efetivo, restando atuar na questão fiscal, que no meu ponto de vista é o grande imbróglio do país, mas nesta arena a discussão é mais complexa, os interesses organizados são muitos e a resistência tende a ser grande e organizada, mas é justamente nestes momentos de grandes desafios que diferenciamos os líderes e os rumos escolhidos pela sociedade, não mais se contentando com políticas que geram melhoras imediatas e passageiras.

O Brasil está num momento muito interessante, escolher o melhor caminho a seguir não é suficiente, além de escolher o caminho é importante que definamos o ritmo desta caminhada, chega de vôos curtos, sonhos limitados e sucessos relativos, o país merece mais, e para isso é fundamental acreditar que temos condições de crescer de forma sustentada e efetiva, melhorando os indicadores sociais e criando novos horizontes para todos os setores da sociedade, desta forma se constrói uma verdadeira comunidade.

Ufanismo cauteloso

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Nestes tempos de globalização, caracterizado pelas incertezas e a concorrência transnacional, a esperança e o ufanismo, muitas vezes, são atropelados pela preocupação constante e pela indignação, gerando novos medos e desejos variados, sendo a estabilidade um sonho muitas vezes inalcançável, mas um eterno desejo dos homens contemporâneos.

As vantagens da competição, tão decantada por filósofos e economistas liberais ou neoliberais, nos causam grande apreensão e preocupação, competir nos exige esforços cotidianos, que requer uma grande dedicação nas atividades profissionais, sob pena de vermos nossos empregos serem destruídos e nos condenando a uma vida de privações, retirando-nos deste maravilhoso mercado de consumo, marcados pelo prazer e pelo hedonismo, cuja senha de entrada está nos recursos financeiros que mantemos em bancos ou lastreadas por atividades profissionais de sucesso e destaque social, sem estes recursos o indivíduo estará condenado ao ostracismo social.

O mundo vive hoje um momento de apreensão, uma crise ronda a Europa, os resquícios do crash de 2008 ainda preocupam bancos centrais e a comunidade financeira, contaminando as esperanças da população, preocupada com os ajustes que prenunciam cenários intensos de horror, privações e desesperanças, tudo isso porque os custos monetários e fiscais dos ajustes sempre são pagos pelos contribuintes numa velha equação onde os lucros são privatizados e os prejuízos são, sempre, socializados, sinais evidentes de quem realmente detêm o poder na comunidade mundial.

Empresas investem e desinvestem com uma rapidez e uma flexibilidade impressionantes, entram e saem dos países da noite para o dia, gerando novos empregos ou impulsionando incremento no desemprego, uma situação inusitada jamais vista anteriormente na sociedade internacional, fruto dos avanços na informática e na tecnologia que diminuem as distâncias e aumentam a concorrência entre os indivíduos, agora a competição não é mais local, muito menos nacional, mas sim internacional ou global, como muitos preferem.

Alguns autores vêem este momento da economia internacional como saudável e positivo, afinal a concorrência gera grandes benefícios para os consumidores, que podem adquirir produtos diversificados e a preços reduzidos, além dos preços, que estão em queda, esquecem, muitas vezes, que este indivíduo não é apenas um consumidor, vivemos em uma sociedade capitalista onde para consumirmos é fundamental possuir renda e esta, para o indivíduo comum, só é possível através do emprego e do trabalho físico, justamente estes se encontram em um período de grandes transformações estruturais e os novos empregos exigem uma ampla qualificação, muitas vezes algo inalcançável para o trabalhador comum, é por isso que o desemprego aumenta e muitos vêem o processo atual de globalização como algo negativo e desfavorável ao trabalhador.

No caso do Brasil vivemos um período bastante interessante, nos anos 90 o país passou por grandes ajustes macroeconômicos, a economia se abriu para o mundo, algumas empresas estatais foram privatizadas, atraímos investimentos internacionais e estabilizamos a economia, reduzindo a inflação a padrões normais aceitos pela comunidade internacional, estas transformações foram fundamentais para que nos anos recentes conseguíssemos uma melhoria nos indicadores sociais e na implantação de políticas públicas que culminaram na redução da miséria, melhoria no emprego e na ampliação das oportunidades sociais.

O crescimento da economia brasileira abriu oportunidades e novas perspectivas para a sociedade, novos investimentos nacionais e estrangeiros previstos anteriormente estão se efetivando, gerando novos empregos nas mais variadas áreas, desde setores de alta tecnologia que buscam profissionais altamente qualificados até setores intensivos em mão-de-obra que buscam trabalhadores com menor qualificação teórica e boa bagagem prática, como a construção civil, um setor com grandes perspectivas de expansão no país.

O Brasil vive um grande paradoxo, ou melhor, mais um paradoxo, somos a oitava economia do mundo, estamos em franco crescimento econômico e com grandes melhorias sociais, somos ainda o palco da próxima Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016), que requer bilhões de reais de investimentos e mesmo assim, encontramos nos rincões deste país mais de 40% da população sem esgoto tratado e, sem este, morrendo de doenças primitivas erradicadas no mundo desenvolvido e nas regiões mais adiantadas do próprio país.

Nenhum país que se desenvolveu nos últimos 100 anos conseguiu fazê-lo sem maciços investimentos em educação e na qualificação de sua mão de obra, a educação é o grande gargalo da sociedade brasileira, sem investimentos sérios nesta área não vamos alçar novos vôos na economia mundial, a hora mais propícia para estes investimentos é agora, a globalização faz com que os países se movimentem com uma agilidade intensa, todos devem se preparar para a competição que é algo inexorável, violento e agressivo, afetando todos os cidadãos em todas as regiões do mundo.

Investimentos maciços em educação são fundamentais, é um pré-requisito para o desenvolvimento econômico e sustentado no longo prazo, deixando de lado o chamado vôo de galinha e consolidando um verdadeiro desenvolvimento econômico, com inclusão social e melhorias constantes nos padrões de vida e consumo, deixando de lado o fútil e o supérfluo e se concentrando em coisas mais importantes e necessárias para uma vida saudável.

A sociedade mundial, envolta em grande competição, exige investimentos na qualificação da mão de obra, nenhum país conseguiu se desenvolver e ganhar novos espaços na economia internacional com uma população que apresenta níveis médios de educação de cinco anos, o Brasil para se tornar efetivamente uma realidade na economia mundial precisa melhorar a qualidade de seu capital humano, transformar sonhos em realidade só se efetiva quando a educação abre espaço para a ascensão social de sua população, quando proporciona oportunidades e melhorias para seus cidadãos, capacitando-os para a vida, não apenas para o mercado e para o imediato.

Um dilema que nos consome, ou melhor, que deveria nos consumir: um país como o nosso, caracterizado por tamanha deficiência em sua infra-estrutura, marcado por grande desigualdade social deveria gastar bilhões para abrigar, durante trinta dias, o maior espetáculo de futebol do mundo? Embora satisfeito com o progresso brasileiro dos últimos 15 anos ainda não estou convencido dos benefícios deste investimento que não se restringirá a recursos da iniciativa privada, conhecendo este país e a elite política que o governa, não estou me referindo ao governo atual, com certeza, muitas fortunas serão construídas com recursos públicos, muitos desconhecidos entrarão para a cena política depois do espetáculo do futebol.

Cabe à sociedade brasileira fazer escolhas imediatas, severas, muitas vezes amargas e bastante duras, este momento de oportunidades crescentes não vai durar muitos anos, vender o país na sociedade mundial exige decisões estratégicas de líderes comprometidos com a sociedade e com o futuro, a época de propagandas enganosas chegou ao fim, precisamos de políticas e decisões concatenadas para que as expectativas de progresso se efetivem e se tornem verdadeiras.

Governo Lula: algumas considerações importantes IV

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A primeira década do século XXI foi marcada por muitas surpresas interessantes na sociedade brasileira, dentre elas, destacamos a ascensão do Partido dos trabalhadores (PT) à Presidência da República, depois de inúmeras tentativas frustradas finalmente um governo dito, democrático e popular, assume o comanda da sociedade brasileira e mais, um retirante, sem instrução formal, é eleito em voto direto para o cargo mais importante do país.

O governo Lula se caracteriza por mudanças e movimentos bastante interessantes para o país, mas é importante destacar que no período de oito anos, encontramos dois governos diferentes, um mais conservador e ortodoxo, marcado por uma política econômica restritiva e outro mais desenvolvimentista, caracterizado por uma política econômica mais expansionista, com gastos públicos crescentes e investimentos estatais como catalisadores do incremento econômico.

No período 2007/2010, a marca do governo foi uma política fiscal mais frouxa, onde os gastos públicos cresceram como forma de estimular a economia e a melhora dos indicadores sociais, inicialmente uma forma de melhorar as condições políticas fragilizadas pelo escândalo do mensalão, que gerou graves constrangimentos para o governo nos dois anos anteriores e, principalmente, no período da eleição presidencial.

O ano de 2008 é marcado pela crise internacional, que deflagrada nos Estados Unidos contamina várias regiões do mundo, o mercado imobiliário, centro irradiador da crise, entra em colapso, levando as finanças mundiais a uma crise de dimensões assustadoras, gerando perdas financeiras imensas, quedas nas bolsas, desemprego crescente e redução da renda agregada, diante do colapso, a instabilidade aumenta, os capitais fogem dos países periféricos, gerando uma desvalorização cambial e um incremento nas dívidas e compromissos financeiros, obrigando-os a ajustes recessivos e cortes de gastos e investimentos públicos.

Neste clima de insegurança e incertezas, o Brasil sente de forma indireta esta crise, somos um dos últimos países a entrar na crise e vamos nos caracterizar por sermos um dos primeiros a sair desta instabilidade, mas para isso, as atitudes do governo foram bastante importantes, é justamente neste momento que o presidente Lula se mostrou por completo, assumiu riscos, fez apostas arriscadas e apostou na recuperação da economia, mas para isso direcionou todos os instrumentos disponíveis de política econômica para impedir que a economia brasileira sentisse a crise e entrasse, como várias outras, em recessão ou em processo de estagnação.

Com a redução do crédito, medida adotada pelas instituições privadas, o governo estimula a população às compras, deixando claro para todos os cidadãos que se cada indivíduo deixar de comprar, a economia vai deixar de produzir, os investimentos serão reduzidos, os empregos e a renda estarão ameaçados, gerando recessão, incertezas e distúrbios sócio-econômicos. Para viabilizar o consumo desta população, o governo canaliza todas as suas instituições financeiras (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES) para suprir a contração dos recursos privados, que amedrontados pela crise adotam uma política agressiva e prejudicial aos interesses nacionais.

O Banco do Brasil aumentou seus empréstimos para impedir que a economia entrasse em recessão, recursos são disponibilizados para impedir a contração das atividades produtivas, as carteiras de crédito de banco menores são adquiridas como forma de evitar a redução da oferta de recursos, neste momento, destacamos a compra pelo Banco do Brasil de quase 50% do Banco Votorantim, uma instituição pertencente a um grupo tradicional do país, mas que acumulou grande prejuízo no setor industrial, optando pela venda parcial de sua financeira.

A Caixa Econômica Federal atuou diretamente neste período, seus recursos foram direcionados para dinamizar a construção civil, estimulando com isso, que programas de forte apelo social, como o Minha Casa Minha Vida, criados pelo governo federal não naufragássem, já que se isso acontecessem inúmeros setores seriam afetados e a recuperação da economia se alastraria por muitos e muitos meses, com graves constrangimentos sociais e políticos.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentou seus empréstimos, obrigando o governo a uma mega capitalização da instituição, aumentando com isso, a dívida pública, mas estimulando as empresas e os setores produtivos a manterem seus investimentos, gerando um crescimento econômico e impedindo que as empresas parassem sua expansão nacional e internacionalmente.

Todas estas políticas foram adotadas concomitantemente, mas é importante destacar ainda a desoneração tributária, solicitação antigas da sociedade, o governo implementou uma redução das alíquotas do imposto sobre produtos industrializados (IPI), esta medida aumentou as compras de veículos novos, dinamizando as montadoras e todos os setores atrelados, gerando um movimento de bilhões de reais e evitando um colapso generalizado na estrutura produtiva.

Gostaria de ressaltar ainda, que no momento mais incerto da crise, alguns bancos nacionais e estrangeiros adotaram uma política lamentável e oportunista, instituições espanholas, inglesas e até nacionais, no auge das turbulências reduziram o crédito interno, compraram dólares e os retiraram do país, gerando uma desvalorização cambial e impactando sobre o setor externo da economia, mas o pior é que se mostraram efetivamente para a sociedade nacional, no discurso apóiam o país, mas na hora da crise apostaram contra o país, algo deplorável que não se deve esquecer, mas se tomar como exemplo e direcionar políticas e estratégias futuras para o bem de todos.

Os efeitos colaterais são nítidos, o Estado depois desta gastança generalizada viu sua dívida pública crescer de forma acelerada, pressionando o Tesouro Nacional e gerando sinais evidentes de instabilidade e incerteza, obrigando o governo a diminuir os incentivos, reduzindo as atividades econômicas e aumentando as taxas de juros sob pena de ver os indicadores inflacionários em descontrole e em crescimento.

As políticas adotadas no governo Lula foram muito exitosas, a economia encontrou seu equilíbrio rapidamente, o planejamento e a atuação direta do Estado foram cruciais para impedir que a economia mergulhasse em um ambiente recessivo como muitos países mergulharam e, muitos deles não conseguiram sair e se recuperar, condenando a população a um cenário de instabilidade, medos e degradação sócio-econômica, com graves custos materiais, emocionais e produtivos, pela primeira vez o país não seguiu este caminho, anteriormente a população tinha sido onerada pela crise, mas nesta fomos agraciados com políticas efetivas, pragmáticas e estratégicas, cujos resultados diferiram de momentos anteriores, um sinal claro de maturidade e crescimento da população.

Governo Lula: algumas considerações importantes III

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Durante duas décadas o Brasil sentiu na pele a ascensão de um partido de esquerda, com ideias progressistas e transformadoras, que propunha uma revolução na educação, com grandes investimentos e um projeto pedagógico moderno e transformador, na saúde a adoção de uma estratégia inclusiva e abrangente, e no campo social a construção de um Estado caracterizado efetivamente como de bem-estar para a população, um movimento crítico que unia personalidades respeitadas, este partido chegou ao poder e passou por grandes mudanças, entrando na berlinda e sendo objeto de discussões e reflexões de intelectuais nacionais e estrangeiros.

A ascensão deste partido político se deu de forma lenta mais consistente, seu charme intelectual e suas ideias inovadoras traziam alento ao país e a expectativa de que teríamos momentos melhores e, quem sabe, como no ufanismo dos anos 70, seríamos o país do futuro, o gigante dos trópicos e a nação empreendedora responsável pelo progresso e pela inclusão social, quem sabe o país que conseguiria equilibrar a equação crescimento econômico, melhorias sociais e respeito ao meio ambiente, uma situação complexa mais possível.

Ideias novas, empreendedoras, pensamentos democráticos e participativos, uma gestão caracterizada pela efetiva atuação dos cidadãos, que não mais se restringiria a simples consumidores, indivíduos dotados apenas de poder de compra, mas cidadãos com seus direitos e deveres, conscientes das necessidades da sociedade e dispostos a darem sua contribuição visando o bem-estar da coletividade. Estas visões embalaram o nascimento, o crescimento e a consolidação do Partido dos Trabalhadores (PT), e se transformaram em referência para todos os brasileiros que vêem o país como uma nação diferenciada, cujo potencial se percebe em todos os rincões do mundo, mas esta esperança que, pensávamos, venceu o medo nas eleições de 2002, infelizmente sucumbiu ao conservadorismo e se entregou abertamente aos modelos anteriores, aos vícios mais rasteiros da política brasileira, o paternalismo, o clientelismo, o fisiologismo e a corrupção, males antigos e nefastos que não cedem espaço para a modernidade e para a meritocracia.

As críticas tradicionais dos anos 80 e 90 eram maiúsculas, o diagnóstico preciso e consistente, os problemas brasileiros eram muito mais políticos do que econômico, os equívocos na lógica econômica existiam, mas seriam superados por um governo moderno e inovador que trouxesse as classes menos favorecidas para a discussão política, com melhorias na equação econômica e social, garantidas não por um Estado mínimo como o proposto pelas elites governantes da época, mas por um Estado interventor, não mais nos moldes socialista e centralizador, mas num modelo próximo do Estado de Bem-Estar Social centrado nas posições européias, mais participativo e democrático.

Todo este período nos levou a sonhar, sonho que se esvaiu em lágrimas com a Carta ao Povo Brasileiro, um documento escrito pela Executiva do partido em plena eleição presidencial de 2002, onde este, em nome da tão decantada governabilidade, abre mão de princípios defendidos durante muitos anos e se transforma em um partido da ordem, deixando enfurecidos muitos intelectuais e militantes, históricos defensores de suas ideias, além de organizações não governamentais e movimentos sociais, tais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um movimento nascido nos anos 80 e muito vinculado à seus ideários.

O primeiro governo do Partido dos Trabalhadores (PT) foi marcado por uma política tradicional, herdada de seu antecessor, baseada em um tripé de política econômica, câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação, que garante uma melhora dos indicadores econômicos, e abre novos espaços de planejamento e gestão, soma-se a isto um esforço de atração de apoio no Legislativo, esforço este nem sempre muito ético e moral, contrastante com suas proposições quando oposição.

A grande transformação do partido, muitas vezes deixadas de lado pelos analistas sociais, de um partido que no seu estatuto se caracterizava como socialista, mas que sempre apresentou um comportamento alinhado com a social democracia, mesmo não aceitando formalmente esta definição, para um partido neoliberal, ou melhor, um partido timidamente neoliberal, um movimento híbrido, que internamente adota políticas associadas ao mercado e flertando com o pensamento liberal, se caracterizando como um partido não mais da esquerda tradicional, mas um partido de centro, mesmo sabendo que todas estas definições correm o risco de caírem no vazio, pois estes termos muitos vezes perderam o sentido.

O Partido dos Trabalhadores caiu no canto da sereia ao aderir ao pensamento neoliberal, sua política conservadora foi muito bem aceita pelos integrantes da ordem, os empresários, banqueiros e os setores que vivem de renda estão muito satisfeitos com a condução da economia, seus lucros com a dívida pública crescem de forma exponencial, alegrando setores fortes da sociedade, mas estes, mesmo assim, desconfiam dos pensamentos esquerdistas do partido, sabem de seus arroubos dos anos de oposição e temem uma recaída.

A oposição se degrada todos os dias, a lógica maquiavélica do governo, especialista em publicidade e propaganda, incutiu na mente da população que todos os avanços recentes do país foram obras do governo Lula, este sim o grande responsável pela melhora das condições de vida da população, não concedendo méritos aos outros governos, explora bem a pouca consciência política do povo e usa argumentos falaciosos para manter seu controle e hegemonia política, enquanto isso, a oposição perplexa e incompetente se desintegra, luta por espaço na sociedade, mas deixa de defender suas obras e seus pensamentos, vivemos um período interessante, onde um partido se apropria de ideias de outro, que no período de oposição abominou de forma veemente, governa e obtém um sucesso considerável, gerando uma situação inusitada e rica em estudo e reflexão, um digno exemplo das teorias e do pensamento do florentino Nicolau Maquiavel.

Na oposição, o Partido dos trabalhadores (PT) se caracterizou pela crítica constante, tudo era motivo de crítica e alarde, crítica ao Plano Real, critica à privatização, crítica ao PROER, crítica à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), críticas e mais crítica, chegando ao paroxismo de entrar com um processo no Supremo Tribunal Federal contra o Plano Real, este o grande responsável pelo início das transformações da sociedade brasileira, ou se esquecem dos males que a inflação faz a uma economia, foi esta estabilidade que propiciou o surgimento de novas oportunidades para o país e boas perspectivas para a população brasileira.

Nos últimos 15 anos, o Brasil se transformou muito, estas mudanças não devem ser creditadas a nenhum governo em particular, cada um dos governantes que se alternaram neste período foram responsáveis por avanços consideráveis, primeiro a estabilidade da economia e a melhora no cenário macroeconômico, depois os investimentos maciços no social, transformando este em um compromisso efetivo do governo para com a sociedade e, agora temos como grande desafio consolidar todos estes avanços e dar condições para que a população consiga se capacitar e preparar para um mundo cada vez mais concorrência e competitivo, e este compromisso só se efetiva com fortes e intensos investimentos em educação e qualificação do capital humano, deixando para trás um país de sonhos e transformando o Brasil em uma realidade para a sociedade mundial.

Governo Lula: algumas considerações importantes II

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A sociedade brasileira passou por grandes transformações nos últimos oito anos, num período onde o país foi governado por um presidente popular, dotado de grande carisma e que trouxe consideráveis avanços para o país, principalmente na área social, melhorando a auto-estima da população e elevando o status do país no mundo, abrindo espaço para novos investimentos e oportunidades.

O período Lula, 2003/2010, pode ser descrito de duas formas diferentes, num primeiro governo encontramos uma política econômica bastante ortodoxa, muitas vezes mais liberal que a adotada pelo governo anterior, com políticas fiscais restritivas e uma política monetária bastante austera, gerando um sentimento ambíguo nos agentes econômicos e sociais, recebendo elogios dos investidores nacionais e internacionais, e críticas severas de seus companheiros de partido e de parte considerável de intelectuais e militantes, gerando um êxodo grande de militantes do Partido dos Trabalhadores (PT).

Os formuladores da política econômica defendiam as medidas como forma de recuperar a credibilidade do país, destruído pelo governo anterior que havia legado uma herança maldita, caracterizada pelo descontrole inflacionário, taxas de juros altos e câmbio desvalorizado, com graves desajustes para a sociedade brasileira, dentre eles o desemprego crescente, o endividamento e a perda de confiança dos agentes internacionais.

A situação era realmente bastante angustiante, os indicadores macroeconômicos eram negativos, reverter esta situação e ampliar os horizontes e as oportunidades da economia era o objetivo principal do Estado, as medidas deveriam estancar a fuga de capitais estrangeiros que estavam gerando graves problemas para o setor importador, que com custos elevados e preços em ascensão pressionavam a inflação e ameaçavam as metas adotadas pelo governo, a solução imediata exigia esforços na arena econômica e uma política conservadora que traria constrangimentos nas áreas sociais, principalmente emprego e renda.

O primeiro governo Lula foi bastante interessante, um governo de esquerda adotando uma política econômica claramente definida como conservadora, gerando mais desajustes sociais em uma sociedade onde estes desajustes eram responsáveis por graves problemas estruturais, dentre estes desajustes destacamos uma das piores concentrações de renda do mundo. Neste momento encontramos um governo e um partido político em busca de identidade, e mais, uma coalizão política formada por vários grupos sociais também buscando sua identidade, esquerda ou direita? Eis a questão.

Nestes embates políticos percebemos situações confusas e interessantes, o governo tentando implementar políticas desenvolvimentistas e, ao mesmo tempo, se utilizando de instrumentos liberais, o que denota os conflitos internos do governo, é neste confronto que surgem bons programas e políticas públicas, tais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Universidade para todos (Prouni), o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, etc…, destacamos ainda os aumentos do salário mínimo, sendo concedidos acima da inflação, política que satisfazia os interesses dos trabalhadores mas, ao mesmo tempo, os ganhos para o capital não eram reduzidos, chegando a números exorbitantes, principalmente os vinculados aos títulos públicos atrelados as altas taxas de juros.
Nestes oito anos de governo Lula os gastos sociais aumentaram bastante e auxiliaram na recuperação da economia, garantindo a uma parcela da população condições mais dignas de alimentação, transporte e lazer, os indicadores sócio-econômico nos mostram que neste período mais de 20 milhões de pessoas deixaram a pobreza e outros 31 milhões ascendem às classes A, B e C, melhorando de forma considerável o perfil social do brasileiro, aumentando a visibilidade na sociedade mundial e transformando o país em um dos principais destinos de turistas e investidores, que vêem o país como uma das maiores apostas do século XXI, ao lado de países emergentes como China, Índia, Rússia, México África do Sul, entre outros.

O momento de mudança de paradigma no governo Lula foi, sem sombra de dúvidas, o período do mensalão, este foi o grande divisor de águas deste governo, um momento muito conturbado, denúncias que comprometiam o governo, envolvendo autoridades e geravam crescentes desconfianças na sociedade, a corrupção era um dos assuntos mais discutidos, neste momento percebemos a queda do último bastião da honestidade, o Partido dos Trabalhadores, tão atuante contra a corrupção e o desperdício dos recursos públicos, sempre se posicionando como um símbolo de honestidade e seriedade no trato com a coisa pública se apresenta de uma forma diferente, será que agora todos são iguais?

Depois desta crise política o governo passa por várias mudanças, a política fiscal conservadora deu espaço para uma política mais agressiva, os gastos públicos foram retomados, os investimentos em grandes obras dinamizados, o emprego aumentou gerando, com isso, um incremento na renda agregada criando um clima saudável de crescimento econômico, atraindo investidores e melhorando nossa classificação pelas agências de ratings, o que aumento a entrada de moedas estrangeiras no país, gerando um clima de euforia, mas ao mesmo tempo, valorizando a moeda nacional, uma situação positiva que provoca constrangimentos para o setor exportador, levando-nos a refletir sobre os equívocos deste modelo. O sucesso econômico, a atração de moedas estrangeiras e a melhoria no perfil das contas públicas são mudanças salutares para a economia, gerando cenários e perspectivas bastante interessantes, abrindo-nos novas oportunidades na economia internacional, mas exigindo do país uma maior seriedade em questões estruturais, tais como a baixa qualidade da mão de obra, a excessiva carga tributária e as fragilidades da infra-estrutura.

Entre 2001 e 2010, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a renda dos mais pobres cresceu 311% na comparação com os mais ricos, um resultado bastante positivo, que deve ser comemorado por todos, não apenas pelo governo federal, este resultado é uma conquista da sociedade brasileira, que primeiramente conseguiu controlar o descontrole inflacionário, recuperando a credibilidade na moeda, e depois, mostrou ao mundo que é possível crescer e distribuir a renda, melhorar as condições sociais e criar um ambiente mais saudável, com oportunidades iguais para todos, um sonho, mas que já podemos sonhar com os olhos abertos.