No mundo dos livros

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“No mundo dos livros” – José Mindlin – Editora Agir, 2009.
O livro retrata a história do Primeiro Comando da Capital (PCC), seu nascimento, seus principais líderes, sua organização e suas principais fontes de financiamento, uma obra imprescindível para a compreensão das condições prisionais do Brasil e das facções que controlam o sistema prisional, gerande terror, morte e violência na sociedade.

 

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Sofrimentos incessantes e desnecessários

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A doutrina dos espíritos nos acalenta e nos esclarece de forma intensa e verdadeira, um mergulho nas páginas de um livro espírita nos reconforte e nos auxilia na compreensão da vida, este aprendizado de amor e de esperança contribui para que sejamos sempre melhores, compreendendo o significado da vida e as barreiras que nos separam de nossos irmãos desencarnados, que mesmo noutro plano estão constantemente ao nosso lado, nos influenciando mais do que imaginamos, alguns momentos para o mal e, em outros, nos inspirando para o bem, a vida é assim, acontece em todos os momentos, nos planos, material e no imaterial.

Nesta convivência constante com a teoria, nos perguntamos constantemente sobre como seria na prática, no contato imediato, para isso, os trabalhos de desobsessão nos auxiliam diretamente a compreendermos as dores mais intensas e verdadeiras dos irmãos desencarnados, os rancores mais íntimos e as mágoas mais intensas, que nos mostram a inexorabilidade das leis divinas que regem o mundo e que está escrita na consciência de cada um dos indivíduos, para termos contato com estas leis é fundamental que reflitamos intensamente sobre nossos sentimentos, abramos nosso coração para visualizarmos melhor nossos sentimentos e emoções que, mesmo desreguladas, servem para que entendamos nossos limites e compreendamos nossas potencialidades.

A doutrina dos espíritos nos possibilita a oportunidade sublime de ter contato com as dores atrozes que incomodam os irmãos desencarnados, nas reuniões mediúnicas percebemos todos os seus desajustes e desequilíbrios, muitos se apresentam sem ter nenhuma consciência de seu desencarne, perambulam normalmente por suas casas, trabalhos e agem como se nada tivesse acontecido, neste momento se esquecem de que a viagem que os envolve é sinal claro de que a morte não existe e que as leis de Deus são inexoráveis e que todos os indivíduos, ricos ou pobres, estão sujeitos as suas leis.

Nestes momentos encontramos irmãos marcados por sentimentos negativos de ódio, rancor e ressentimento, que perseguem e vivem quase exclusivamente para se vingar, perdem tempo seguindo, influenciando negativamente, inspirando negatividades e expulsando todos que, porventura, se disponibilizar a auxiliar sua vitima, seu ressentimento é tão intenso que se fecha para toda e qualquer palavra de auxilio, repele todos aqueles que tentarem mudar seus planos, ataca, xinga, ofende e se mostram em seus sentimentos mais grosseiros, tudo pela vingança, tudo pelo ódio, caminhos que só levam o indivíduo para o retrocesso e para atraso moral e espiritual.

Estes espíritos não ficam relegados ao esquecimento, Deus, nosso Pai maior, sabedor dos sentimentos mais íntimos de seus filhos não desampara ninguém e, neste processo auxilia a cada um, destaca amigos espirituais dotados de grande ascensão moral e equilíbrio, que resgatam estes irmãos nas regiões mais trevosas do mundo invisível, e nesta captura auxiliam em seu soerguimento moral e, principalmente, em sua recuperação depois de tantos equívocos acumulados em suas experiências no corpo físico, marcadas, na sua maioria, por violências e agressividades contra os homens e contra o Pai maior.

Nestas comunicações encontramos espíritos que se manifestam inicialmente de forma agressiva e violenta, constrangem os trabalhadores da casa espírita, agridem verbalmente e prometem perseguições e repudiam as mensagens do Cordeiro, mas, num momento de conversação mais íntima, deixam brechas claras de seus sentimentos mais intensos, neste momento, abrem caminho para que doutrinadores experientes insiram ensinamentos elevados, relembram suas famílias, seus sentimentos e suas dores e se desarmam para ouvir mensagens de carinho, de fé e de elevação espiritual, muitos se entregam ao choro e são levados a conhecerem um pouquinho mais de suas próprias histórias, relembrar fatos e entender sentimentos de agressividade e de arrogância, neste momento, a maioria se converte às ideias de Jesus e se voltam para o estudo de suas mensagens, se transformando em trabalhadores que começam a descobrir as benesses do trabalho no bem.

Muitos irmãos desencarnados não sabem de seu verdadeiro estado espiritual, desencarnaram e não tem a menor consciência que morreram, imaginavam que ao desencarnar seriam recebidos por entes queridos e esperariam juntos o juízo final, um momento onde seriam chamados para o verdadeiro julgamento, neste instante os bons seriam eleitos para o paraíso e os maus seriam condenados inexoravelmente ao terrível fogo do inferno, mas, de forma assustadora, não encontraram nada disso, muito pelo contrário, não perceberam seu desencarne e continuam morando em seus lares e fazendo as refeições com seus familiares, infelizmente não percebendo que, a grande maioria dos mais próximos, não os enxergam no cotidiano e aqueles que os veem os confundem com almas penadas e, o máximo que fazem é acender uma vela ou mandar rezar uma missa para iluminar seus caminhos, poucos rezam e dedicam orações para auxiliar na evolução de seu ente querido. Neste momento cabe ao doutrinador dar-lhe uma informação preciosa, mostrar-lhe que desencarnou, que seu corpo físico não mais existe e relembrar, com a ajuda dos mentores espirituais, todo o processo de desencarne, neste momento, percebemos a grandeza e a honestidade desta doutrina, que esclarece e ao mesmo tempo conforta e prepara os indivíduos para a compreensão dos verdadeiros significados da vida, progredir sempre e se melhorar com constância visando o crescimento do espírito.

As comunicações são momentos sublimes de conversação que extrapolam a vida material e agasalham os sentimentos em ideais intensos de sabedoria e amor, momentos de melhorias constantes do espírito, momentos marcados por inúmeros trabalhadores juntos em prol de um ideal maior, nestas reuniões encontramos, segundo os médiuns videntes e relatos dos mentores do trabalho, uma grande quantidade de trabalhadores dos dois planos, no espiritual encontramos os irmão que vão se manifestar e ainda todos que estão ali para ouvir, espíritos que apresentam problemas parecidos mas que ainda não possuem condições de se manifestar diretamente, estão nesta reunião para ouvir as dores e as histórias de seus irmãos desencarnados e, se possível, fazer com que suas palavras se transformem em um bálsamo consolador de seu necessidades e carências mais intimas, além destes destacamos ainda, a presença dos trabalhadores do plano invisível, verdadeiros abnegados do bem, que servem como agentes transformadores de sentimentos, que protegem, aconselham e usam a força física quando necessário, pois a disciplina é lei maior e deve ser estimulada em todos os planos da vida, desde o material como o imaterial.

Nestes trabalhos contamos com médiuns de variadas características, ao redor da mesa encontramos os doutrinadores, responsáveis pela condução do trabalho, pela conversação com os irmãos desencarnados e pela disciplina das atividades, além dos médiuns psicofônicos, responsáveis pela decodificação das mensagens dos irmãos desencarnados, agindo verdadeiramente como intermediários do processo de comunicação e, encontramos ainda, e não de forma menos importantes, os médiuns passistas, que juntos atuam neste palco iluminado pelas luzes emanada do mais alto, todos com o intuito de auxiliar a difusão do auxílio do mestre maior. Destacamos ainda, que muitos irmãos desencarnados, ao se manifestarem fazem as mais estapafúrdias ameaças e buscam constranger os trabalhadores da casa, juram vingança e causam graves constrangimentos, criam um clima desagradável e difundem medos e preocupações, não apenas dos trabalhadores do bem, mas, principalmente, das ameaças que são feitas aos nossos familiares, mães, filhos, esposas e irmãos de uma forma geral, neste momento o medo visita o coração de todos, só acalmados quando ouvem a mensagem carinhosa e edificante dos mentores da casa, que com serenidade e sabedoria afugentam o medo dos corações aflitos e inseguros e difundem, de forma generalizada, sentimentos de amor e esperança, neste momento percebemos como nossa fé é frágil e nosso amor é insuficiente para compreendermos as leis de Deus.

Nos trabalhos da casa espírita encontramos um acalanto espiritual enorme, as mensagens nos transformam por completo, nos mostrando nosso atraso espiritual, todos os trabalhos são acompanhados por irmãos espirituais dedicados e amorosos que nos protegem e nos fortalecem nos duros embates do cotidiano, a proteção é mito maior do que imaginamos, neste momento recarregamos nossas energias e nos fortalecemos para compreendermos que nossas dificuldades são momentâneas e são fruto de imperícias vividas nesta e em outras vidas mas que, neste momento, estamos querendo tomar outro rumo, melhorar nossos sentimentos e servir ao cordeiro que tanto nos ensinou em sua passagem pelo mundo físico, passagem esta tão marcante, que dividiu o mundo em antes e depois de Cristo.

A doutrina espírita não é a religião do futuro, mas o futuro das religiões, como destacou Chico Xavier, sua mensagem destaca a filosofia, a ciência e a religião, Allan Kardec nos legou uma mensagem fantástica, aos ateus e céticos meu mais íntimo respeito, estudar o espiritismo nos abre e desnuda uma mensagem maravilhosa e transformadora, agora, dizer que o espiritismo salva alguém é algo perigoso, o espiritismo não salva ninguém, o que salva é a transformação íntima de cada indivíduo, são suas obras, seu cotidiano e sua conduta íntima e pessoal. Nesta caminhada encontramos muitos cristãos em desarmonia com as mensagens de Cristo, muitas aberrações são feitas e defendidas por supostos cristãos, que bradam no peito e se dizem superiores e cometem equívocos dos mais variados possíveis, crimes bárbaros e cruéis são cometidos todos os dias nas mais distantes regiões do mundo, indignando e revoltando a todos, mas servindo claramente como uma amostra de como estamos nos perdendo em coisas desnecessárias, mesquinhas e pouco importantes e deixando, de lado, o lado bom da vida, que é, com certeza ao lado de Deus.

Comunicação com os espíritos

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A comunicação entre os dois planos, material e imaterial, é algo tão antigo que remonta a história das civilizações, desde as pitonisas e os magos da antiguidade, até os médiuns do mundo moderno, mas foi apenas a Doutrina dos Espíritos a responsável pela institucionalização da comunicação entre o plano físico e o mundo dos espíritos, suas contribuições para a sociedade ainda não foram muito bem mensuradas, mas com o passar dos tempos a sociedade mundial vai reconhecer o papel do espiritismo no desenvolvimento da humanidade e o contato com os espíritos como um instrumento de grande importância, isto porque abriram-se novas perspectivas para o mundo, novas formas e instrumentos de interação entre os dois mundos, que contribuiu muito para que, via inspiração, muitas descobertas fossem efetivadas e muitos produtos e serviços foram criados para o deleite da sociedade, trazendo inúmeros benefícios para os cidadãos de todas as regiões do mundo, muitas das inovações e das ideias que foram implantadas na sociedade mundial tiveram suas origens na inspiração trazida pelos planos superiores, pena que nós, seres humanos, não enxerguemos tudo isso, ou melhor, pena que nós não queiramos enxergar tudo isso.

Os seres humanos estão sempre em busca de novas experiências transcendentais, a comunicação com o mundo invisível sempre foi estimulada pelos povos e pelas civilizações, muitas delas se especializaram nesta conversação, e até em aconselhamentos, e seus rituais eram frequentemente incrementados pelo contato com o imaterial, que davam a cada um destes povos um misticismo e uma espiritualidade que os distinguiam de outras culturas e comportamento religioso, um exemplo clássico desta sensibilidade espiritual está na Índia, um país composto por muitas religiões e um comportamento religiosos bastante desenvolvido, distinguindo-os na comunidade internacional pelo misticismo e pelo culto ao imaterial.

A doutrina dos espíritos é fruto desta comunicação, uma de suas bases mais importantes é a comunicabilidade com o mundo imaterial, que, na verdade, nada mais é do que, o verdadeiro mundo, somos seres espirituais que, neste momento, estamos vivendo no mundo material e não o contrário, todos, trazemos na alma, no íntimo, lembranças da vida espiritual, mesmo que da forma mais tênue possível, pois esta é a verdadeira vida, diante disso, encontramos as consequências imediatas desta questão, e uma das mais importantes é a de que não morremos, na verdade, apenas passamos para um novo estágio da vida, um momento onde não mais possuímos nosso corpo físico e material, mas trazemos vivos e fortalecidos o nosso corpo espiritual, este sim eterno e indestrutível.

O nosso querido Chico Xavier, o maior médium de todos os tempos, considerado por muitos, como a reencarnação do codificador da doutrina dos espíritos, Allan Kardec, psicografou mais de quatrocentos livros, seu trabalho em mais de setenta anos de labuta constante contribuiu para que passássemos a conhecer os significados mais íntimos da vida humana, através das obras de André Luiz psicografadas por Chico, passamos a conhecer detalhadamente como se vive no mundo dos espíritos, como se dá todo o processo de vivência no plano espiritual, como são os sentimentos, o trabalho e as atividades constantes que envolvem a todos os indivíduos despojados do corpo físico, e mais, a obra nos mostra um mundo muito diferente daquele descrito por outras religiões que acreditavam no sono eterno ou num julgamento mais direto, onde os indivíduos seriam condenados ou absolvidos e, a partir daí, seriam conduzidos ao local que melhor os identificassem.

Os romances históricos psicografados por Chico Xavier e ditados pelo se mentor espiritual Emmanuel, nos trazem uma riqueza incomensurável, um universo vastíssimo de informações e conhecimentos que desnudam um período histórico cheio de tradições, injustiças e violências, onde os seres humanos engatinhavam no processo evolutivo, e neste caminhar inicial, se mostram por inteiros, com suas deficiências mais intimas sendo retratadas cruamente e desnudando sentimentos que, na maior parte das vezes, não queremos mostrar intimamente. Nestas obras, viajamos pela história da humanidade, passamos a conhecer fatos e personagens de forma direta, sua importância e contribuição para a compreensão do mundo, e mais, ao acompanharmos suas outras investidas na carne, depois da reencarnação, percebemos que a lei de Deus é inexorável, não importando a classe social, o credo ou sua bagagem cultural, todos nós somos responsáveis por nossos atos e, por eles, teremos que responder integralmente perante a justiça divina.

A comunicabilidade entre os dois planos da vida é algo que extrapola as questões religiosas, a comunicação entre encarnados e desencarnados é a prova mais nítida e evidente de que a vida continua, os relatos e a riqueza dos detalhes que encontramos são tão fortes que nos levam a uma grande emoção, pois, passamos a enxergar a vida sob outro prisma, passamos a valorizar coisas que antes nem imaginávamos, passamos a entender que o mais importante na nossa jornada é o caminhar respeitoso e a construção contínua, sempre vinculados ao mestre Jesus, que nos deixou seu legado vivo e presente na mente e nos corações de cada um de nós, uma herança que sobrevive depois de 2 mil anos e, com sua passagem por estas paragens, dividiu o mundo em antes e depois de Jesus Cristo, nosso mestre e governador espiritual do planeta Terra.

O nascimento da doutrina dos espíritos está diretamente relacionado aos processos de comunicação entre os dois planos da vida, pois, foi em meados do século XIX que o intelectual francês Hippolite Leon Denizard Rivail começou a se interessar pelos fenômenos que varriam o mundo da época, estes fenômenos davam conta de uma comunicação entre planos diferentes mediadas por meninas em tenra idade, nestas comunicações podiam-se comprovar a existência de vida pós-morte e, com isso, todas as repercussões advindas desta descoberta. Depois de se debruçar diretamente sobre este tema, depois de passar noites e noites em claro estudando e pesquisando sobre o assunto, constatou a veracidade dos fatos e passou a escrever e a se dedicar a estes, a partir daí, se transformou no grande codificador da doutrina dos Espíritos, num período pouco maior que quinze anos, trouxe a tona uma vasta obra que fundamenta todo o conhecimento espírita, o chamado pentateuco espírita, que pode ser compreendido como a estrutura desta religião, que, na verdade, deve ser entendida mais do que como uma ciência, como um conjunto que envolve, além da religião, uma ciência e uma filosofia: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).

Todas estas obras foram escritas de forma mediúnica, ou seja, foram ditadas por espíritos iluminados para que médiuns encarnados reproduzissem e, com isso, trouxessem para o mundo material informações importantes para a compreensão da vida, estas e muitas outras podem ser descritas como livros psicografados, além destas obras, devemos destacar muitas outras, espíritas ou não espíritas, escritas por escritores encarnados e inspiradas por espíritos desencarnados, muitas obras de sucesso das prateleiras das livrarias foram inspiradas por desencarnados, assim como muitas descobertas da medicina, da engenharia e de outras ciências terrenas, foram inspiradas pelo mais alto, mesmo que seus escritores encarnados nem imaginassem, suas obras não são fruto apenas de seus esforços físicos e intelectuais, na grande maioria, o que encontramos é uma grande parceria entre os dois planos da vida, onde, na maioria das vezes o que recebe os louros do sucesso, mesmo não o tendo por completo, são os encarnados, que quando se sentem aplaudidos e exaltados, se rendem ao sucesso imediato e passam a se imaginar como missionários, agindo, muitas vezes, buscando o aplauso e se esquecendo da obra, percorrendo, com isso, um caminho certeiro para a queda e para a decepção, muitos, com tais quedas, se afastam e partem para outras denominações religiosas, deixando de cumprir com compromissos assumidos anteriormente, gerando atrasos para seu espírito e, principalmente, para sua elevação espiritual.

A cultura contemporânea que promete prazer e gozo imediatos, que inebria a todos, que geram uma busca imediata pelo instante e pelo efêmero e, com isso, acaba deixando de lado, questões mais importantes da vida, adiando conquistas e levando o indivíduo a estagiar em situações mais permissivas, são frutos imediatos de nossa imaturidade espiritual, uma característica comum em nossa escala evolutiva, marcada por sensações frágeis e pelo distanciamento do bem, e nós todos, encarnados neste mundo, somos propensos ao imediatismo, criticamos o pecador constantemente, mas cultivamos o pecado em nosso íntimo e insistimos em escondê-lo de nós mesmos, num sentimento constante de auto engano, é como se nós, constantemente, nos boicotássemos e nos eximíssemos dos equívocos que são só nossos e que, com a morte do corpo físico, responderemos de forma inexorável.

Destacamos ainda, que, quando nos referimos a comunicação entre os mundos e a inspiração que leva a criação de obras de destaque ou ideias que criam projetos revolucionários, estamos nos referindo também, a inspirações de espíritos propensos ao mal, espíritos que vibram negatividades, marcados por rancores e por ressentimentos, estes também influenciam os encarnados, auxiliando, muitas vezes a descoberta de novas drogas, oriundas de pesquisas avançadas que ocorrem em laboratórios encontrados no submundo dos planos imateriais, pesquisas conduzidas por cientistas que se comprazem com o mal e querem destruir a mensagem de Jesus, todas estas criações acabam contribuindo para retardar o progresso, mas, de forma alguma evitá-lo, pois a mensagem divina é clara, o progresso é lei imutável da espiritualidade, vivemos, neste instante, uma fase transitória, onde este mundo marcado por iniquidades e ressentimentos serão substituídos por novos sentimentos e por um homem novo e mais evoluído, a mensagem é clara e a ordem já foi dada e todos que se comprazem com o mal terão seus últimos dias neste planeta, o degredo é inevitável e está em andamento neste momento.

A relação entre os planos é antiga e verdadeira, os homens são agentes da caminhada, a morte do corpo físico não significa o fim de tudo, muito pelo contrário, significa sim uma passagem para um outro plano, neste momento vamos responder diretamente por nossos sentimentos e inclinações mais íntimas, nesta vida não mais poderemos interpretar papéis variados como fazemos no mundo material, neste plano as ilusões perdem espaço e todos, indistintamente, deveremos assumir nossa verdadeira condição espiritual e, com isso, abrirmos espaço para o verdadeiro progresso, o progresso do espírito.

As contribuições de André Luiz

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A Doutrina dos Espíritos nos traz grandes contribuições para a compreensão da vida, desnuda de forma simples conceitos muitas vezes pouco compreendidos e retrata temas que muito nos interessam de forma serena e detalhada, uma verdadeira benção para todos que se interessam pela compreensão das verdades da vida, que nos foi concedida para nos iluminar na jornada evolutiva e nos destacar a grandeza de Deus e seus e dos seus ensinamentos.

Depois de mais de cento e cinquenta anos de revelação Espírita, muitas informações nos foram dadas por intermédio de espíritos amigos, verdadeiros missionários enviados por Deus com o intuito de esclarecer o ser humano e saciar suas vontades e desejos intensos de informações sobre a vida e, principalmente, sobre a morte, informações que todos os indivíduos, de uma forma ou de outra, se interessa e busca se informar para compreender a vida. Dentre os grandes teóricos que se destacam nesta missão sublime, destacamos missionários como Yvonne Pereira, Francisco Cândido Xavier e Hermínio Miranda, entre outros, e dentre os desencarnados destacamos a presença sempre imponente de Emmanuel e André Luiz, este último gostaríamos de destacar nestas breves palavras.

André Luiz se destaca no movimento espírita pelo conteúdo doutrinário de todas as suas obras, que desnudam, de forma clara, o mundo espiritual, seus escritos inspiraram grandes estudiosos a se debruçarem sobre suas obras em pesquisas constantes para se compreender o mundo dos espíritos, como vivem e pensam os indivíduos que não mais possuem o corpo físico mas, que vivem nitidamente em espírito, e como tal apresentam gostos, vontades, desejos e necessidades que, quando reveladas, levam as pessoas a se assustarem, afinal, o mundo não acaba com a morte do corpo físico?

Nas suas obras, psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, André Luiz revelou como vivem os espíritos, o que fazemos depois da morte, para onde vamos, o que pensamos e como agimos quando nos encontramos sem nosso corpo físico e material, ou seja, o autor nos trouxe informações variadas sobre inúmeros temas, abordou assuntos que eram considerados tabus, retratou um mundo diferente e nos levou a visitar uma cidade no plano espiritual, o Nosso Lar, que se transformou no livro espírita mais importante do século XX, cujas informações, num primeiro momento, eram vistas como ficção científica, deixando os indivíduos, inclusive espíritas, estupefatos, acreditando que tudo aquilo era fruto da imaginação fértil do autor e um mero delírio do médium.

Nosso Lar é a colônia espiritual apresentada por André Luiz, na obra o autor relata, como um jornalista, em narrativa vibrante e cheia de informações variadas, as descobertas sobre a vida no mundo espiritual, revela a existência de um mundo cheio de trabalho e atividades constantes, onde as pessoas trabalham intensamente, e passam por estágios até sua recuperação integral supervisionado por espíritos superiores, que auxiliam em sua recuperação, afinal, todos, ou a grande maioria, quando acorda no mundo espiritual, percebe que precisa de ajuda. O livro é o primeiro de uma série composta por 16 volumes, independentes entre si, Nosso Lar, se tornou um best-seller, com quase 2 milhões de exemplares vendidos e acabou gerando um filme homônimo que atraiu um público considerável de pessoas, na sua grande maioria interessados em saber como as pessoas vivem após a morte do corpo físico.

André Luiz pode ser descrito como um grande missionário, sua história foi destacada no livro Nosso Lar, como médico teve a oportunidade de contribuir muito para a Doutrina Espírita, por mais que se dissesse ateu quando encarnado, é muito difícil acreditar que todos os conhecimentos destacados na série nosso lar fosse obra de um espírito comum, André Luiz, na minha concepção, foi um dos grandes teóricos do Cristo em épocas anteriores, só assim para acreditar que todo aquele conhecimento destacado nas obras viessem de um indivíduo pouco afeito as questões religiosas, que todas aquelas informações trazidas na obra fosse oriunda de uma mente ateia ou agnóstica.

André Luiz se destaca como um dos espíritos vindos do panteão de Cristo, suas vidas anteriores, poucos conhecidas, foram vidas de resguardo intelectual e de grande inquietação moral, um espírito vindo das fileiras do bem, dotado de grande capacidade intelectual que desencarna para desnudar segredos e mistérios pouco conhecido pelos indivíduos, mas que são fundamentais para se compreender as leis imutáveis e inexoráveis de Jesus, sua obra apresentou uma importância tão grande, que para auxilia-lo nesta empreitada, Jesus escolheu apenas Francisco Cândido Xavier, nada mais que, para muitos, a reencarnação de Allan Kardec, o druída reencarnado que codificou a Doutrina dos Espíritos e trouxe para a humanidade a terceira revelação, depois de Moisés (primeira) e Jesus (segunda), coube a Kardec trazer para a sociedade mundial o Espiritismo, que para nós, espíritas, é a terceira revelação de Jesus para a humanidade global.

São muitas as especulações sobre o verdadeiro nome de André Luiz, alguns acreditam que foi Carlos Chagas, outros preferem apostar que foi Osvaldo Cruz, mas o autor não assinou seu nome verdadeiro, optou pelo anonimato total como forma de preservar sua verdadeira identidade, como destacou o benfeitor Emmanuel no prefácio do livro Nosso Lar, “por trazer numerosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive de seu próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão”. O nome do espírito não importa, dizem os espíritos elevados, o que importa verdadeiramente é a mensagem, o teor das informações e o conteúdo destacado pelo espírito comunicante, e nisso, André Luiz foi fantástico, suas palavras foram precisas, suas informações são intensas e transformadoras, contribuindo para transformar a vida de todos os indivíduos que se debruçarem sobre a obra com afinco e vontade verdadeira de encontrar respostas para suas dores mais íntimas e pessoais.

Cada uma de suas obras apresenta uma característica central, analisando de forma detalhada o mundo dos espíritos, a colônia Nosso Lar, a descrição, de forma detalhada, feita com o auxílio e o esclarecimento do espírito Alexandre, do processo de reencarnação, um mergulho no caso Segismundo, famoso no movimento espírita, uma visita à cidade dos gregorianos, os estudos sobre obsessão e vários outros temas abordados de forma detalhada e cheia de informações, pois, André Luiz, faz um trabalho de jornalista realmente, fazendo inúmeras perguntas minuciosas, o que ajuda a todos que estudam suas obras a compreenderem sobre os assuntos abordados, assuntos que na atualidade já geram polêmica, imagina tocar nestes assuntos no século passado, a setenta ou oitenta anos atrás.

André Luiz foi o pioneiro destas abordagens, muitas pessoas, atualmente, ao lerem seus livros ficam com receio de que tudo que o autor abordou nos livros, serem, na verdade, um grande compêndio de ficção científica, um verdadeiro vade mecum espiritual, pois, muitas das informações trazidas pelo autor espiritual pareciam algo absurdo, utópico ou de uma mente cheia de imaginação. Na verdade esta imaginação é algo bastante presente nas suas obras, afinal, como abordar assuntos tão complexos de uma forma clara e, ao mesmo tempo, profunda, de assuntos como a tão temida vida após a morte, um dos temas mais instigantes que envolvem a humanidade, mas, mesmo assim, um dos temas mais temido pelos indivíduos, afinal, como diz o velho ditado popular, a morte é certa, o momento é incerto.

O processo evolutivo dos homens é sempre muito lento, se estudarmos os mais variados vícios morais da sociedade nos tempos de Jesus Cristo, perceberemos, que muitos destes se encontram na atualidade, são vícios que estão atrelados na alma das pessoas e, a grande maioria, apresenta dificuldades imensas para vencê-las, muitas não estão nem interessados em vencê-los, mas brevemente terão que responder por tais inclinações negativas, ainda mais quando os espíritos nos falam diretamente, que o mundo de provas e de expiação, onde nos encontramos, está em um processo acelerado de substituição por outro mundo, um mundo de regeneração, onde todos que se comprazem com o mal, todos que trouxerem em seus corações sentimentos ligados a maldade e a violência, serão retirados e levados para outros locais, outros planetas mais compatíveis com suas energias, assim como nos foi relatado no clássico Os exilados de Capela, de Edgard Armond, escrito em 1949.

A espiritualidade, sabendo das dificuldades evolutivas dos seres humanos, num gesto de intensa bondade e estímulo evolutivo, envia para o mundo físico espíritos dotados de uma ampla gama de conhecimentos e valores morais, nas mais variadas áreas, para alavancar a humanidade, vultos da ciência, intelectuais dotados de grandes valores éticos, artistas sensíveis às dores dos indivíduos e dos grupos sociais, todos nascem, ou renascem, para estimular o progresso da humanidade, se a espiritualidade maior deixasse o progresso evolutivo por conta dos seres humanos, sem interferir diretamente, a evolução aconteceria de uma forma muito mais lenta, o que seria da humanidade sem vultos como Galileu Galilei, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Francisco Cândido Xavier, etc… e André Luiz, que com suas contribuições trouxe para a sociedade mundial, a existência do mundo dos espíritos, um local onde nos encontraremos em algum momento de nossas vidas, afinal, a morte como a conhecemos não existe, o que existe é um novo mergulho na vida, este definitivo, porque a verdadeira vida é a vida do espírito.

Numa de suas reuniões semanais, os famosos encontros à beira do abacateiro, Chico Xavier foi indagado por um dos participantes deste encontro, que se assemelha a um verdadeiro bálsamo espiritual, qual obra recomendaria para um principiante dos ensinos da doutrina dos espíritos, para que este não se assustasse com as informações doutrinárias, diante da indagação, Chico Xavier não pestanejou e disse abertamente, indico-lhe o livro E a vida continua, de André Luiz, uma obra pouco comentada no movimento, mas que traz uma grande quantidades de ensinamentos sobre a vida e, principalmente, sobre a morte, uma obra que destaca, de forma clara e abrangente, que apesar dos medos e das desesperanças, não existem vítimas na caminhada da vida, somos todos caminheiros, caminhando e cantando, como diz o poeta, uns com um ritmo mais afinado enquanto outros mais desafinados mas, todos devemos compreender que a vida continua, sempre, e num determinado momentos todos vamos nos encontrar mais uma vez e para todo o sempre.

Centro Espírita: espaço de paz, estudo e solidariedade

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Existem locais onde os espíritos se sentem acalentados por sentimentos fraternos de amor e de solidariedade, estes locais devem sempre ser fortalecidos e estimulados, pois servem para consolidar sentimentos nobres e preparar o indivíduo para estar sempre em contato com Deus, esta energia suprema que nos conforta e estimula ao progresso e ao desenvolvimento moral e espiritual do ser humano, o Centro Espírita deve ser sempre este local, este espaço de amor e sentimentos elevados, onde as pessoas se sintam bem, e seus espíritos estejam fortalecidos para encarar de frente os duros e violentos embates da vida contemporânea, caracterizada por crises crescentes nos valores morais, incremento na concorrência e na competição entre indivíduos, empresas e Estados Nacionais.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, se transformou em um espaço sólido de discussão social, de desenvolvimento intelectual, moral e social, onde os indivíduos passam a enxergar o mundo como uma grande aldeia global, onde as pessoas devem se integrar em uma construção sólida de valores espirituais, valores estes que as traças não destrõem e os ladrões não roubam, a doutrina nos auxilia a enxergar nossos pendores mais íntimos e pessoais, auxiliando-nos na construção do homem novo e no sepultamento do homem velho, àquele que nos acompanha durante muitos séculos, que se instalou dentro de nossos sentimentos, tomou conta de nossos corações e gerou graves desajustes no nosso cotidiano, agora, com esta doutrina de paz e esperança vamos deixar de lado este homem velho, cheio de vícios e desequilíbrios, e construir em bases sólidas e seguras o homem novo, o verdadeiro homem do futuro, mais sensível e verdadeiro, dotado de sentimentos nobres e marcados pelo respeito, pelo amor e pela solidariedade.

As religiões modernas competem entre si na busca por novos fiéis, formas cada vez mais variadas de marketing e de propaganda são criadas para atrair indivíduos para suas fileiras espirituais, nesta verdadeira “batalha” religiosa, algumas igrejas perdem interessados e partem para estratégias mais ousadas de atração de fiéis, enquanto outras atuam diretamente em variadas áreas e setores, se utilizando de modernas mídias, das redes sociais e dos mais variados instrumentos modernos de atração de novos fiéis, até mesmo técnicas modernas de neuro-linguística e estudos dos comportamentos dos consumidores, técnicas desenvolvidas por pesquisadores de microeconomia, da psicologia e do pensamento humano, passam a subsidiar a atração sistemática de novos adeptos para ingressarem em suas fileiras religiosas e, com isso, engrossarem seu faturamento financeiro e seus investimentos milionários em cadeias de rádios, jornais, revistas e televisão, formas modernas de atingir um público maior e incrementar o faturamento.

As religiões modernas estão se transformando em grandes templos cheios de luxo, dotadas de mármores e pinturas modernas caríssimas, mas, se caracterizam por espaços vazios de sentimentos e valores humanos verdadeiros, locais belos fisicamente e, ao mesmo tempo, pobres de sentimentos, de amor e de solidariedade, este é o grande desafio das religiões contemporâneas, atrair pessoas carentes, tristes e sem esperança no futuro e dar a estas, alívio e equilíbrio emocional e espiritual, auxiliando-as em suas reformas íntimas e na melhoria de suas energias, fortalecendo-as para encarar, de frente e de cabeça erguida, os duros embates da vida.

A doutrina dos espíritos pode ser descrita como uma grande oportunidade de melhorias para os seres humanos, sua estrutura teórica nos auxilia na compreensão da vida e dos seres humanos, seus conflitos, dificuldades e necessidades mais íntimas, força-nos a reflexão e à transformação, mas deixa claro que todos os seres humanos são seres em evolução e, como tal, dotados de livre-arbítrio, somos relativamente livres para escolher nossos caminhos e devemos nos responsabilizar por nossas escolhas, devemos ser, sempre, atores principais em nossas histórias, e nunca devemos nos conformar em sermos coadjuvantes, só assim estaremos aptos para preparar nossos sentimentos e emoções para o progresso espiritual que é lei inexorável da vida, fomos feitos para o progresso espiritual, nascemos simples e ignorantes e vamos, com o passar dos tempos, nos transformando em espíritos puros, uns evoluem mais rápidos enquanto outros são mais lentos e renitente nos erros e equívocos, mas todos vamos nos tornar espíritos puros, essa é a Lei.

O centro espírita tem uma missão muito nobre, digna e edificante, suas portas devem estar sempre abertas para o auxílio espiritual dos irmãos que sofrem, daqueles que se sentem deprimidos, dos marcados pela desesperança e dos oprimidos de todas as ordens, material e espiritualmente, este templo deve ser um espaço de amor e solidariedade que deve primar pelo respeito e pela reflexão constante, nele os indivíduos devem se sentir acolhidos e aceitos integralmente, nele os preconceitos que caracterizam o ser humano, devem ser extirpados e o respeito se caracterize como a máxima maior dos seres humanos.

O grande desafio da doutrina dos espíritos e dos centros espíritas, de uma forma geral, é a manutenção deste ambiente salutar e agregador, os ambientes religiosos do mundo contemporâneo são sempre caracterizados pela competição e pela concorrência, pautadas pelos ganhos materiais e imediatos, criar e consolidar um ambiente diferente, marcados por sentimentos nobres é sempre uma missão difícil que exige dos espíritas a lembrança constante das palavras do espírito Emmanuel, quando de seu primeiro encontro com Chico Xavier, onde o espírito destaca três palavras que deveriam nortear todos os seus passos para a construção de uma vida digna e voltada para Jesus: disciplina, disciplina e disciplina, sempre, e de forma constante e intensa, nunca nos esqueçamos disso.

Para que este clima seja mantido, centrado na paz e na solidariedade, não existe uma fórmula geral, mas sabemos, claramente, que o segredo deste clima salutar é o equilíbrio interior de cada um, a auto reflexão, a reforma íntima e a melhoria constantes, o clima da casa espírita e de todos os locais, de uma forma geral, está diretamente ligado às pessoas que lá estão, ou seja, para manter o clima sereno, de paz e tranquilidade, cada pessoa deve vibrar de maneira salutar, deve se despir de sentimentos menores e cultivar ações, hábitos e comportamentos nobres e edificantes, nos vinculando aos espíritos superiores e renovando nossas energias constantemente no bem e na caridade, lembrando sempre da máxima descrita por Allan Kardec, fora da caridade não há salvação.

Como destaca o espírito Dr. Inácio Ferreira, crítico contumaz da exagerada vaidade dos trabalhadores das casas espíritas, que quando chegam ao plano espiritual acreditam que serão recebidos com polpas, glórias e honrarias, mas se espantam quando ao chegar ao mundo espiritual são conduzidos aos hospitais de socorros e levados a tomarem passes e transfusões de energias para se restabelecerem dos mais variados equívocos cometidos no plano material, julgam se merecedores das mais variadas honras, mas quando acordam se enxergam doentes e necessitados de atenção dos enfermeiros espirituais, isto porque na terra foram negligentes com sentimentos e com as transformações morais, subiram no púlpito, falaram para plateias variadas, emocionaram multidões e se emocionaram também, mas não deixaram que tal emoção transformasse atitude anteriores de arrogância, prepotência e vaidades, cultivando-as como ervas daninhas que minam a credibilidade espiritual, desencarnaram e são cultuados por muitos, interpretaram papéis de destaque na sociedade, enganaram muitas pessoas que acreditaram-nos cheios de méritos, mas não conseguiram enganar os espíritos superiores, que os viam como pessoas doentes, cheios de vícios e desequilíbrios, irmãos necessitados de tratamentos espirituais para se prepararem para novas jornadas no corpo físico, uma benção divina para tentarmos nos melhorar e, com isso, acompanharmos a evolução do mundo num momento marcado pela transição planetária.

O movimento espírita precisa se conhecer, compartilhar ideias e experiências, o trabalhador da doutrina deve se conscientizar, de que todas as informações recebidas dos espíritos amigos são fundamentais para auxiliá-los na sua reforma íntima, na sua verdadeira transformação moral, seus estudos e conhecimentos lhe mostram que, o mundo contemporâneo esta passando pelas mais variadas transformações, estamos numa era de mudanças estruturais, de mundo de expiação e provas, marcados pela violência e degradação dos sentimentos, para um mundo de regeneração, onde os sentimentos mais elevados devem reinar no coração dos indivíduos, este movimento nos parece distante e pouco possível, mas sabemos que este momento começou e está em curso, todos os espíritos que não mais aceitarem as diretrizes divinas de mudança e transformação serão conduzidos para outros mundos, mundos em estágios atrasados de evolução, como os exilados de Capela, que num determinado momento foram exilados e foram conduzidos para o planeta Terra, cujas energias e sentimentos são mais parecidos, estes irmãos foram importantes na trajetória de nosso mundo, auxiliaram no progresso do planeta e contribuíram para a construção de novas bases para todos os espíritos que reencarnaram no planeta Terra, onde encontraram, com certeza, um mundo melhor.

A Doutrina Espírita não pode ser descrita apenas como um conjunto de ideias e concepções religiosas, o Espiritismo é também uma Ciência e uma Filosofia, que nos auxiliam na compreensão do mundo e dos dilemas dos seres humanos, seus ensinamentos servem para mostrar para todos os indivíduos que nossas escolhas são eternas e suas consequências perpassam o mundo físico e se avolumam no mundo dos espíritos, a reencarnação deve ser vista como um grande guia propulsor do progresso humano, uma forma clara e serena de encararmos a realidade da vida, os instrumentos de funcionamento do mundo, seus segredos e a consciência constante, que pouco sabemos sobre as verdades da vida, quanto mais estudamos mais nos conscientizamos das nossas fragilidades intelectivas, buscar sempre e de forma humilde e respeitosa é um dos caminhos do progresso, mas este caminho deve ser sempre trilhado pelos ideais descritos por Jesus, nosso modelo e guia, espírito responsável pelo planeta Terra, cujos ideais devem estar sempre inscritos na alma do ser humano, ensinos para toda vida e para a eternidade, pois a morte não existe e a vida continua em outras paragens onde os sentimentos se sobrepõem aos valores materiais e a vida é vista muito mais como uma benção e como uma oportunidade de progresso do que como um fardo difícil de conduzir e se conviver pacificamente entre irmãos em constante estágio de ascensão espiritual.

A doutrina dos espíritos é uma grande benção para a sociedade, enxergamos nela a terceira revelação, depois de Moisés e de Jesus, o espiritismo é o consolador redivivo, encontramos nele tudo que é importante para o nosso desenvolvimento integral enquanto seres humanos, no mundo material e no espiritual, nossas dificuldades e limitações estão presentes em seus ensinos, e a superação destas também, estudar e refletir sobre a vida e nossas dificuldades, é sempre fundamental para nosso crescimento e consolidação moral.

Desencarnação e vida eterna

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A Doutrina dos Espíritos surge como um instrumento para acabar com antigos mitos religiosos e abrir novos horizontes e perspectivas para a coletividade, trazendo informações relevantes para a compreensão da vida e da morte, como dois momentos importantes para a construção da identidade e consolidação do espírito, momentos que se interligam diretamente e mostram a intensidade da vida, que se manifesta de forma integrada.

A morte sempre foi vista, por muitas religiões, como um momento terminal, um instante caracterizado por medos e preocupações constantes, que levam os indivíduos a temerem e evitar conversações mais intensas e constantes, mesmo sabendo da relevância do tema, uma parcela considerável da sociedade evita conversar sobre este assunto, vendo-o como um verdadeiro tabu social, que por ser pouco comentado acaba se transformando em um tema pouco comentado pela sociedade, temido e tão pouco compreendido.

A doutrina dos espíritos tem uma visão muito particular sobre este assunto, a morte para os espíritas não existe, somos seres imortais, vivemos várias vidas nos mais variados corpos e locais, neste mundo ou em outro, estas vivências servem como uma forma de aprendizado espiritual, somos criados para a perfeição e para que isso aconteça necessitamos viver no mundo físico inúmeras vezes, passar por variadas experiências, sentir na pele os mais variados problemas, dores e dificuldades, como forma de aprimorar nossos sentimentos e valores, criando, com isso, um espaço para a evolução do espírito até que possamos nos tornar espíritos puros, dotados de sentimentos e valores sólidos e estruturados, transformando-nos intimamente, nos melhorando e nos aperfeiçoando, esta é a lei, justa e inexorável.

Não conseguiremos entender Deus, se não entendermos a reencarnação, ela nos mostra claramente a perfeição das leis divinas, seus preceitos e significados, sua importância é imensa, é uma lei natural dotada de ampla capacidade de racionalidade, nos mostra claramente que a evolução não se dá por salto, todo o processo evolutivo é lento, contínuo e ininterrupto, e todos os indivíduos estão sujeitos a esta lei divina e inexorável.

Num momento de conclave, onde a cúpula da Igreja Católica se reúne para eleger o novo papa, substituto de Bento XVI que renunciou em fevereiro último, encontramos um ótimo momento para iniciarmos uma intensa autocrítica, nele a instituição milenar deveria se reunir também para definir novos parâmetros e formas de comportamento e conduta, acreditar que tal reflexão culminaria em uma revisão de suas ideias e pensamentos nos seriam muito útil, mas bastante improvável.

A Igreja fundada por Pedro atravessa um período de intensas crises e dificuldades, sem sombra de dúvidas um dos momentos mais difíceis de sua história, num destes momentos, ocorrido nos século VI ou V, os teólogos da instituição milenar extinguiram de suas bases ideológicas a reencarnação, retiraram assim, um dos instrumentos mais importantes para a compreensão, por parte de seus fiéis, da dimensão superior e bondade infinita das leis de Deus.

A reencarnação nos mostra a importância das vidas sucessivas para o progresso do espírito, como entender a situação do indivíduo que nasce pobre e sem perspectivas de futuro? Numa outra situação, onde o indivíduo vive num ambiente de criminalidade e dificuldades crescentes, como acreditar que estes indivíduos deverão ser cobrados no momento do juízo final da mesma forma que outros, que ao nascer vivem em ambientes saudáveis e agradáveis, são amados e muito esperados por seus pais e familiares? Como acreditar na bondade divina, se acreditarmos que todos serão “julgados” da mesma forma, com a mesma inexorabilidade da lei, onde encontraremos a grandeza de Deus?

Como entender ainda, uma situação onde uma criança nasce em uma família tradicional, sem vínculos diretos com o mundo artístico e cultural e, apresenta uma aptidão clara para a música, para a pintura ou para outras demonstrações artísticas e culturais? A Doutrina dos Espíritos destaca, claramente, que o exemplo acima é prova inconteste do processo de reencarnação, esta criança em outras experiências no corpo físico atuou em movimentos artísticos e culturais e traz, nesta encarnação, marcada em seu espírito, as lembranças destacadas por inclinações vívidas e límpidas desta experiência.

Não acreditar na reencarnação é um direito do indivíduo, cada pessoa possui seu livre arbítrio, faz suas próprias escolhas, acreditar que a reencarnação é uma grande ilusão é colocar em xeque a justiça de Deus, que nos concede inúmeras oportunidades na vida, inúmeras experiências no corpo físico nos auxiliam a olhar a vida de forma diferente, reduzindo preconceitos e mudando formas arraigadas de pensamento e de conduta, muitas delas responsáveis por fracassos sucessivos dos indivíduos.

As crianças são seres sensíveis e angelicais, a convivência com elas nos enriquece de forma intensa, observar como cada uma se recorda das coisas é uma grande aventura, como destacou o grande filósofo Platão: “Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você o sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.” Todas as descobertas na verdade são lembranças que se reavivam em nossa mente, são momentos de exteriorização de informações e conhecimentos que trazemos dentro de cada um, fazem parte de uma bagagem que trazemos na alma durante anos ou séculos de experiências na matéria.

Somos espíritos eternos criados por Deus, para nos tornarmos espíritos puros nossa empreitada é complexa, para isso, precisamos nos revezar entre o corpo físico e o corpo espiritual, no livro Nosso Lar, do espírito André Luiz psicografado por Chico Xavier, encontramos a descrição da vida no mundo espiritual, o autor destaca com detalhes como é a vida em uma colônia espiritual, as atividades constantes, os aprendizados, os cursos e estudos, tudo de forma a deixar claro para cada um de nós que a vida continua sempre, nos revezamos em mundos diferentes.

O tema reencarnação não é uma exclusividade da doutrina dos espíritos, embora os espíritas destaquem esta premissa como fundamental para a compreensão de Deus, as doutrinas asiáticas e hinduístas já se apoiavam neste conceito fundamental para explicar os dilemas da vida e da “morte”, reencarnar é uma grande dádiva, sempre estaremos envoltos nesta viagem maravilhosa, quando não mais precisarmos reencarnar por necessidade, com certeza, vamos solicitar nova oportunidade na carne como forma de auxiliar muitos irmãos que ainda mourejam na dor e nos desajustes, auxiliar aqueles que sofrem é uma forma intensa de caridade, e os espíritos superiores possuem essa premissa, auxiliam sempre com o intuito de ver o progresso da sociedade, sentem felizes e recompensados pela missão do auxílio e se aproximam mais dos ideais superiores de amor e de caridade.

Nestas andanças constantes por outras vidas, encontramo-nos com os mais variados espíritos, alguns amigos da jornada evolutiva que nos enchem de júbilo e alegria, enquanto outros são dotados de uma energia tão negativa e destrutiva, que no contato inicial já percebemos uma energia degradante, muitos destes sentimentos imediatos de repulsa ou de atração são claramente flashes mentais dados pelo espírito que encontrou algum amigo ou algum desafeto, agora estimular este sentimento é a chave para o progresso ou regresso dessas relações, se de um lado estimularmos os sentimentos saudáveis colheremos no decurso da vida frutos saudáveis e edificantes, agora se nos voltarmos para vivências negativas de vidas anteriores vamos estimular sentimentos menores e degradantes que, num determinado momento, nos farão colher frutos de degradação e de constrangimentos elevados.

Reencarnação é uma lei natural, criada por Deus e símbolo imediato de justiça e de fraternidade, por ela temos as mesmas oportunidades e cabe a cada um, se utilizar destas oportunidades sagradas concedidas pelo Pai para criarmos uma sociedade melhor, mais justa e solidária, um mundo onde todos os indivíduos tenham condições de desenvolver suas potencialidades, pois não devemos esquecer que como é uma lei natural, brevemente retornaremos ao mundo material, dispostos a retomarmos nosso espaço, e quanto melhor o mundo estiver mais oportunidades de crescimento e de progresso teremos na jornada física, angariando vivências e conhecimentos que nos transformam intimamente e melhorar a coletividade deste orbe, ainda tão marcada por sentimentos antagônicos e contraditórios.

Algumas anotações sobre Obsessão

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Um dos temas mais analisados pela Doutrina Espírita, responsável por explicar inúmeros fenômenos sociais em séculos anteriores, a obsessão, levou inúmeros indivíduos presos para calabouços escuros e fétidos ou para clínicas psiquiátricas escondidas em morros e montanhas, muitos tomaram choques e foram maltratadas por uma sociedade ignorante, que confundiam obsessão com distúrbios de comportamento e de personalidade, muitas destas pessoas poderiam ter sido resgatadas pelos ensinamentos e pelos princípios advindos da codificação de Allan Kardec, que desnudou um mundo novo, marcado pela convivência constante entre o material e o imaterial, entre o físico e o espiritual, um mundo dos méritos do coração e do sentimento, que prescinde do dinheiro e da posição social de destaque, um mundo justo e, para nós, muito distante e de difícil compreensão para todos que vivemos marcados pela matéria, pelo dinheiro e pelo poder, todos muito efêmeros e com grande poder de atração sobre o homem contemporâneo.

A obsessão sempre levou os indivíduos à loucura, muitas famílias foram destruídas, pessoas sentiram na pele a perseguição de irmãos revoltados e cheios de ódio, rancor e ressentimento, casamentos foram desfeitos, sociedades e negócios de sucesso foram destruídos, pessoas de posses faliram e foram à miséria por perseguições de companheiros desencarnados, todos conhecemos algum caso de familiar, amigo ou conhecido que viveu situação de desespero e humilhação por influência de inimigos desencarnados?

O tema é bastante interessante, sua relevância é indiscutível, quantas famílias em séculos anteriores colocaram seus filhos em manicômios e casas de repouso, muitas delas sem nenhuma condição de dignidade e de higiene, para esconder da sociedade um filho debilitado emocional e espiritualmente, quantos indivíduos não foram açoitados fisicamente, muitos foram submetidos a tratamento de choque como forma de recuperar seu equilíbrio fisiológico e sensorial, o resultado de tudo isso, revoltas, indignações, rancores, ódios e ressentimentos generalizados com a família, com os amigos e com a sociedade.

A Doutrina Espírita, codificada em meados do século XIX, é responsável por um grande alento aos desesperançados do espírito, suas diretrizes nos levam a compreender a grandeza e o amor Divinos, por esta doutrina passamos a compreender este fenômeno tão popular na sociedade, a obsessão, vista como uma patologia espiritual, cujas raízes estão no comportamento do indivíduo nesta vida ou em outras passadas, o obsessor, visto como um malfeitor, cruel e agressivo passa a ser percebido como um irmão doente que precisa do auxílio e da compreensão, um ser ignorante que precisa se despojar dos ressentimentos acumulados sob pena de se perder neste sentimento equivocado e inconsequente.

O processo obsessivo deve ser compreendido como uma relação complexa entre dois indivíduos, um encarnado e outro desencarnado, nesta relação encontramos uma simbiose forte, onde um só influencia o outro porque estes estão interligados emocional e espiritualmente, quando esta simbiose se desfaz o processo obsessivo tende a desaparecer, cada pessoa atrai para si o que mais a afiniza, uns se comprazem com o sexo desregrado, outros com a bebida, outros com as drogas e outros, ao contrário dos anteriores, se comprazem com sentimentos elevados, oração, reflexão e caridade, ou seja, cada um atrai para si o que mais lhe compraz, diante disso, não somos inocentes, não existe inocência, somos todos aprendizes nesta sociedade, nossas experiências são momentos fundamentais para a nossa evolução moral e espiritual, motivo primeiro para nossa existência no mundo físico.

É muito comum encontrarmos pessoas desesperadas que sofrem influencia negativa de espíritos desencarnados, pessoas obsediadas que se revoltam contra Deus, acusando-O de tê-las abandonado, poucos são conscientes de que somos dotados de livre arbítrio, que somos responsáveis por nossas escolhas, de que estamos sendo perseguidos por irmão revoltados é porque nos ligamos a eles de uma forma ou de outra, pensamos neles, chamamos eles, atraímos estes irmãos e ainda não queremos ser responsáveis pela presença constante destes ao nosso lado, queremos liberdade mais, infelizmente, não estamos em condições de arcar com nossas escolhas e comportamentos.

Inúmeros irmãos, médiuns videntes, relatam casos interessantes que ocorrem constantemente nas casas espíritas, no portão destas casas encontramos vários espíritos perambulando no lado de fora destas, a grande maioria espera que seus companheiros que lá adentraram saiam para que se aproximem novamente, para que o influenciem novamente e que possam manter a relação simbiótica, que em muitos casos chega a durar anos ou décadas com resultados negativos para ambos, e principalmente, pela perda de tempo, imaginem o espírito renitente na vingança, no rancor e no ressentimento deixando de evoluir e comprometendo sua evolução para continuar se comprazendo com esta situação que não o beneficia, apenas aprofunda uma relação de atraso e de constrangimentos generalizados.

Toda obsessão é uma via de mão dupla, a relação simbiótica deve ser rompida entre ambos, quando se rompe tal relação o processo se esvai rapidamente, quanto antes percebermos esta relação e, tomarmos medidas para superá-las, melhores serão os resultados, o padrão vibratório deve ser alterado, os sentimentos desequilibrados devem ser revistos e trabalhados, as paixões devem ser construídas em bases sólidas para que o amor se consolide de forma intensa e verdadeira, a caridade deve ser estimulada, o dispêndio de tempo edificante em trabalhos assistenciais deve ser estimulado por todos, como forma de depuração moral, esta atitude afasta todos os irmãos sofredores que se comprazem com os sentimentos menores, eleva o nosso espírito a patamares maiores e nos alivia destas energias que abrigam irmãos obsessores que, na maioria das vezes são muito mais sofredores e ignorantes do que maldosos e dominados pelo mal, essa compreensão é fundamental e auxilia muito no equilíbrio de nossos sentimentos com relação àqueles que, supostamente, nos obsedia.

Os centros espíritas recebem inúmeros espíritos que se comunicam por médiuns psicofônicos cheios de ódio, de rancor e de ressentimento, muitos perseguem irmãos encarnados à muitos anos, querem vingança de fatos ou acontecimentos ocorridos em outras encarnação, julgam-se em condições de vítimas e querem se vingar, esquecem-se que vítimas não existem, você pode até se enxergar como vítima em uma encarnação ou em um episódio especial, mas poucos querem acreditar que em outras paragens do mundo físico suas atitudes o classificam como verdugo, enxergar esta realidade pode te levar a uma reflexão sadia, mas muitos fecham seus olhos para momentos ou experiências que o colocam na posição de agressor, esquecem-se do livre arbítrio quando precisam responder por suas insanidades.

A Doutrina dos Espíritos traz uma nova visão sobre este tema tão caro e sensível para a sociedade, somos todos seres em evolução, cometemos inúmeros erros e equívocos, muitos deles são tão terríveis e violentos que mal podemos acreditar, fomos de tudo nestas mais variadas experiências no corpo físico, matamos, roubamos, agredimos, traímos, usurpamos, enganamos, etc.

É importante destacarmos ainda, a importância de uma atividade na casa espírita, muitas pessoas que se dizem espíritas pouco se comprometem com esta doutrina tão abençoada, se integrar na casa, buscar atividades assistenciais, participar dos estudos, trabalhos de desobsessão, atendimento fraterno, entre outras atividades, geram grandes benefícios para todos os indivíduos e, principalmente, para aqueles que passam por processos obsessivos ou distúrbios relacionados a perseguições espirituais.

André Luiz destaca que o ser humano convive com a razão a pouco mais de quarenta mil anos, neste período cometemos os mais variados deslizes emocionais, morais e espirituais, diante disso, perceber nossas limitações mais íntimas e encará-las de frente é uma forma correta, ou melhor, é a única forma de construirmos um novo caminho para nossas andanças no mundo físico e, posteriormente, no mundo espiritual, como nos destaca o incomensurável Chico Xavier, não dá pra voltar atrás do que passou, mas, com certeza, da pra construirmos um novo futuro.

Família, tendências e comportamentos

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A sociedade se transforma com grande rapidez, o mundo de nossos pais não é mais o mesmo do nosso e muito menos de nossos filhos, com isso vivemos cercados de medos e preocupações constantes com nossos familiares, a tecnologia crescente, a violência impactante, os crimes e descontroles, além de preocupações generalizadas com o álcool, com as drogas e com a criminalidade, tudo isso nos assusta e nos leva a colocar a família no centro de nossas preocupações cotidianas.

Uma das células sociais mais importantes para a sociedade é a família, que sempre desempenhou um papel central na estruturação dos indivíduos e na construção dos valores morais e éticos de seus membros, esta célula está, nos anos recentes, perdendo força e se tornando um espaço marcado por confrontos e violências variadas, desde as verbais até as físicas, onde seus integrantes estão se matando, é isso mesmo, se matando todos os dias e de forma crescente.

Nos anos recentes encontramos manchetes estampadas em jornais, revistas e em telejornais, descrevendo com detalhes crimes e assassinatos que chocam a sociedade, gerando comoção social e revolta em todas as classes sociais, pais matando filhos, filhas agredindo mães e mortes ocorrendo em casa, a violência está generalizada e a família sente na pele todas estas consequências deste mundo em transformação.

Mais de quem é a culpa por todos estes descalabros que acontecem em nossos lares e afetam nossos semelhantes? A resposta para esta questão é bastante difícil, existem muitos fatores que envolvem tal situação, uns individuais e outros coletivos, uns estruturais e outros conjunturais, mas perseguir a resposta para esta situação de instabilidade nos leva a muitas indagações particulares e também coletivas, que envolvem nossas atitudes e nossa estrutura econômica e política.

A estrutura econômica e produtiva dos últimos anos se alterou de forma crescente e definitiva, a tecnologia entrou no sistema produtivo gerando aumento na produtividade e redução nos preços dos produtos, com isso, passou a exigir dos trabalhadores uma busca constante por novos cursos e qualificações, todas estas novas exigências obrigaram os trabalhadores a reduzir seu tempo de lazer e de convívio familiar para mergulhar no mundo dos estudos, cursos e novos aprendizados, sob pena de serem relegados a um segundo plano dentro da sociedade marcada pela concorrência e pela competição entre os indivíduos.

A busca por qualificação e sobrevivência do mundo moderno contribuiu para a redução dos laços sociais entre os indivíduos, todos nós somos solidários uns com os outros, mas não nos movemos para auxiliar aqueles que passam por privações, todos sentimos as dores dos outros, mas poucos se mostram animados para amainar as dificuldades quando nos vemos numa situação de auxílio a um necessitado, são os paradoxos da vida contemporânea, falamos muito, sabemos muito, mas sentimos poucos e fazemos muito menos ainda pelo nossos semelhantes.

A Doutrina dos Espíritos nos mostra claramente que vivemos cercados de espíritos, e que estes constantemente influenciam nossas vidas e nosso comportamento, nos influenciando muito mais do que imaginamos e, em alguns casos, nos controlam e fazem com que ajamos de acordo com seus interesses e seus domínios. Muitas famílias são destruídas por atitudes marcadas pela vingança e pelo ódio de espíritos egoístas e covardes, que se escondem através do anonimato físico e disseminam mágoas entre familiares, que se digladiam verbalmente e, com isso, criam uma casa marcada por energias deletérias e destrutivas, culminando em violência física e degradação moral de seus membros.

Mesmo sabendo disso, a Doutrina dos Espíritos nos deixa claro que cabe a nós, seres encarnados, nos defender destas agressões de nossos irmãos desencarnados, não estamos tão indefesos quanto muitas vezes queremos acreditar, Deus, nosso pai maior, não nos deixaria reféns de seres invisíveis que, muitas vezes querem nos destruir e se utilizam do fato de serem invisíveis para nos agredir e plantar em nossos caminhos amargura e desavenças.

Todas as vezes que passamos por perseguições espirituais, em casa ou no trabalho, devemos nos perguntar quais as raízes destas perseguições? O que estamos fazendo para que sejamos perseguidos por estes irmãos que se comprazem com o mal?

Se fizermos uma análise séria vamos perceber que nossas atitudes equivocadas atraem espíritos doentes ou interessados nos gozos imediatos, a solução definitiva é uma alteração de nossos hábitos e costumes cotidianos, uma mudança qualificada onde abandonemos hábitos negativos e nos concentremos em um comportamento mais salutar que nos afastemos destes espíritos, ou melhor, destes irmãos que vivem momentos de maldades ou ressentimentos.

Nossos pensamentos dizem mais de nós do que qualquer outra coisa, quando cultivamos bons sentimentos e mantemos nossa mente atrelada a pensamentos salutares, o resultado imediato é que atraímos energias saudáveis, atraímos espíritos bons que nos auxiliam em nossas dificuldades cotidianas, agora, quando nossa mente está em desajuste atraímos apenas coisas deletérias, negativas, sentimentos menores, energias densas e pesadas que nos fazem muito mal, nos enfraquecem espiritualmente e restringem nossa capacidade física e espiritual.

O lar é um ambiente fundamental para cultivarmos bons hábitos e comportamentos cotidianos, é o local da conversa e da reflexão, e os pais tem um papel central nesta tarefa edificante, cabendo a eles o direcionamento dos filhos, sempre deixando claro, que os filhos são espíritos, tem suas histórias, apresentam suas bagagens cultural, intelectual e espiritual, apresentam ainda tendências variadas, desde as mais saudáveis até as mais perniciosas, cabendo aos pais um papel central, coibindo hábitos negativos e estimulando o desenvolvimento de bons comportamentos, objetivando, com isso, uma melhoria e um crescimento para o espírito reencarnante, a criança atual, mas que anteriormente, pode ter sido, ao extremo, um grande homem ou um carrasco da sociedade mundial.

O mundo cotidiano exige dos pais ou uma grande responsabilidade com relação ao futuro de seus filhos, pois são eles os agentes responsáveis pelo cultivo de bons comportamentos nos filhos, mas para isso, é fundamental que saibam que este plantio exige uma transformação em gestos, comportamentos e atitudes, os pais agora são exemplos para seus filhos, bons exemplos tendem a gerar atitudes salutares por parte das crianças, exemplos negativos podem estimular comportamentos futuros agressivos, egoístas ou violentos, que pode gerar nos pais responsabilidade extras pelos rumos e escolhas de seus filhos.

Pais caridosos e amorosos estimulam em seus filhos comportamentos parecidos, tornando-os sempre solidários com os semelhantes e necessitados, pais religiosos e atuantes em suas religiões ensinam seus filhos sobre a importância da oração e atuação doutrinária, pais estudiosos fornecem a seus filhos um instrumento central para que seus filhos passem a conhecer o mundo e entender as ações do cotidiano, deixando de lado a ignorância e cultivando a razão e o discernimento.

O mundo vive uma época de constantes mudanças, as violências e os medos constantes existentes no mundo podem ser revertidos, mas para isso, é fundamental que todos os agentes sociais assumem suas responsabilidades, terceirizá-las, como está sendo feito na atualidade por muitas pessoas e instituições é a melhor receita para levar a sociedade para um caos completo, onde os indivíduos tendem a perder o que resta de seus valores e comportamentos cristãos e a mergulharem na desesperança e na degradação moral.

Animais nossos amigos

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O ser humano na atualidade está tão envolto com desajustes e desequilíbrios íntimos e pessoais, massacres, mortes e violências generalizadas, que passou a detonar até os animais, agredindo-os e maltratando-os de forma vil, impingindo-lhes os sofrimentos mais severos, esquecendo-se de que a vida do ser humano é regida pela lei de ação e reação, que destaca que todas as nossas obras, boas ou más, devem nos gerar consequências imediatas, positivas ou negativas, esta Lei é inexorável, e todos estamos sujeitos a ela, impreterivelmente.

Animais sendo enterrados vivos pelos donos, cachorros açoitados até a morte, gatos sendo vítimas de extermínios em massas, cavalos sendo obrigados a trabalhar até o fim de suas forças físicas, pássaros presos e maltratados em gaiolas fétidas e sem higiene, araras sendo transportadas em condições degradantes, sendo levadas para outras regiões do mundo por quadrilhas de contrabandistas que enriquecem às custas dos animais, nossos mais fiéis amigos e companheiros, presentes em nossas vidas em todos os momentos, nos fazendo companhia e nos livrando da solidão, tão comum no corre-corre do mundo contemporâneo, marcado por trabalho, locomoção, alimentação e correria, sem tempo pra lazer e momentos de descontração, são nestes momentos que encontramos nossos fiéis companheiros, que nos dão amor incondicional, carinho e atenção.

Diante destes momentos horríveis e degradantes para nossos amigos de quatro patas, chamados por muitos de irracionais mas que, no mundo atual, com os índices de violência crescendo de forma acentuada, são mais racionais e verdadeiros do que grande parte dos indivíduos que se comprazem com o mal, mentem descaradamente e se entregam aos prazeres da matéria como se este prazer fosse lhe trazer os remédios para as dores e as feridas mais intimas e emocionais, que se encontram na alma, e para estas dores as terapias recomendadas são intangíveis, estão atreladas a melhoras nos sentimentos, nas vibrações e no trabalho incansável no bem.

A Doutrina Espírita como uma Religião, Ciência e Filosofia apresenta análises bastante interessantes sobre a questão dos animais, segundo o Espiritismo nossos irmãos devem ser respeitados como todos os seres viventes, pois foram criados por Deus e devem ser vistos como irmãos em estágios constantes de evolução, como todos nós, seres que devem ser amados e acarinhados como todos para que despertem seus sentimentos mais íntimos neste processo constante de evolução e crescimento espiritual, para que um dia possam se tornar seres como nós e, como tal, possas galgar espaços maiores na evolução.

No mundo moderno encontramos uma clara dicotomia, de um lado, um aumento considerável nos maus tratos contra os animais, enquanto de outro, o surgimento de movimentos corajosos e idealistas em defesa dos animais, ONGs responsáveis pela melhoria das condições de vida, com um trabalho maravilhoso de esclarecimento e conscientização de suas necessidades e importâncias, além de clinicas veterinárias e pet shops que cresceram de forma acelerada em todo o país, só na cidade de São Paulo, uma metrópole global, encontramos mais lojas para animais do que padarias, algo até então impensável para todos os gurus e futurólogos que vivem de previsões bombásticas e assustadoras, que muitas vezes, acertam e transformam a vida de muitas pessoas.

Os animais estão na berlinda, nunca eles estiveram tão atrelados ao cotidiano dos indivíduos, com a forma de vida das pessoas passando por intensas transformações, famílias de uma única pessoa que para não aumentarem a solidão buscam nos animais um alento para sua vida, casais com duas pessoas que substituem os filhos pelos animais, julgando, com isso, diminuírem seus problemas de relacionamento conjugal e suas dificuldades com os filhos, que nada mais são de que medos e conflitos travestidos em opções, gostos e comportamentos modernos, frutos da modernidade racional, embora me pareçam mais com um egoísmo irracional, não pela adoção do animal em si, mas pela imaturidade de encarar o mais sublime sentimento do ser humano, a verdadeira realização do indivíduo, a possibilidade de serem pais e sentirem a presença constante de um serzinho, fruto do amor e da misericórdia divina.

Este movimento contraditório na história da humanidade é bastante frequente, de um lado, encontramos avanços e de outro, inúmeros retrocessos, os indivíduos tratam bem os animais e, ao mesmo tempo, nos deparamos com casos horripilantes e assustadores de maus tratos e covardias generalizadas, nos parecendo que estes indivíduos, violentos e inconsequentes, querem descontar nos animais as frustrações e os desequilíbrios de suas vidas, como se os animais fossem responsáveis, o que denota a brutalidade e a covardia desta violência, encarar seus problemas de frente, aceitar as derrotas e as perdas, erguer a cabeça, servir ao próximo, fazer caridade e continuar lutando contra as adversidades da vida, são os únicos instrumentos para a construção de um homem de Bem, agredir, maltratar animais e seres menores é pura e completa covardia e desequilíbrio e devem ser condenado por toda a sociedade.

Os circos sempre se caracterizaram como locais para encontrarmos animais adestrados e dinâmicos, no mundo contemporâneo estes locais perderam espaço, novas formas de manifestações cultural e artística ganharam força, um exemplo disso, é o Circo du Soleil, instituição canadense que se apresenta no mundo todo, arregimenta milhares de pessoas e leva para todos os continentes espetáculos grandiosos com bailarinos de todos os cantos do mundo, danças e movimentos artísticos que encanta a todos, sem animais, sem domadores e com muito charme e elegância.

Os animais devem ser respeitados como todos os seres humanos, não possuem alma como os indivíduos, não são dotados de capacidade de discernimento, agem por instinto e são incapazes de refletir de forma organizada e bem estruturada, mas são seres em evolução como todos nós, possuem sentimentos, são afetivos e carinhosos e, muitas vezes, mais sensíveis do que muitas pessoas, estão presentes em nossas vidas e nos dão atenção e, mais que tudo, são filhos de Deus e, diante deste, são nossos irmãos.

Para muitos estudiosos da doutrina espírita os animais não tem inteligência, são apenas instintos, um princípio inteligente, acreditam ainda que no plano espiritual não existem animais, outros discordam de forma veemente, como podem não terem inteligência se percebem quando chamam seus nomes, como podem ser apenas instinto se nos momentos de tristeza e de introspecção de seus donos percebem tais dificuldades e se posicionam para lhes alegrar, dando-lhes carinho e atenção, na verdade são seres criados por Deus e estão em um processo contínuo de evolução, como todos nós, que nos acreditamos mais inteligentes e ainda vivemos nos debatendo em busca da construção de novos ideais, se assim imaginarmos, nada nos impede de acreditar que hoje estamos mais evoluídos que nossos irmãos animais, mas será que antes de galgarmos novas degraus na evolução não nos encontrávamos aonde nossos irmãos se encontram atualmente.

Os animais são, na verdade, uma grande incógnita para todos, mesmo Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, nos deixou claro que quando o assunto é os animais ainda não era o momento de entendê-los, ou seja, esta sua fala nos foi dada há 150 anos, quando da publicação de O Livro dos Espíritos, mas será que este momento de compreensão não está cada vez mais próximo?, com a proximidade destes nossos irmão “menores” e com as novas oportunidades que estão nos sendo dadas por este mundo de regeneração, um momento de transição para todos, onde cada um será cobrado por suas atitudes e não mais teremos tempo para perder com mesquinharia e irresponsabilidade, sob pena de perdermos os vagões do progresso moral e espiritual.

Irmãos menores dotados de instinto e sem inteligência, os animais devem ser respeitados, a doutrina dos espíritos apregoa aos quatro ventos que toda evolução é uma oportunidade imensa de crescimento e de aprimoramento de nosso espírito, se anteriormente também vestimos o corpo de um animal e vislumbramos a vestimenta de um anjo ou espírito de luz, temos que ter consciência de que todo este progresso não acontece em uma única vida, são inúmeras, quiça milhares de vidas e experiências no corpo físico, onde estamos em constantes aprimoramentos moral e espiritual, cachorros, gatos, cavalos, elefantes, entre outros, são todos irmãos que caminham na seara do progresso, razão insofismável de nossa vida e de nossa estada na terra, uma morada temporária mas fundamental para todos os seres humanos.

Para Lopes, pessimismo do mercado é “equívoco”

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16/01/2014
Francisco Lopes critica tese de que o Brasil tem déficit público muito grande: “Em comparação com outros países, a posição fiscal brasileira é muito favorável”

Atualmente, o que mais incomoda Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central, é o grande pessimismo que tomou conta dos mercados financeiros. Os mais desavisados, diante de uma leitura rápida de suas opiniões, podem achar que ele defende a atual condução da política econômica. Lopes não lista nenhum grande problema de crescimento, fiscal ou na condução da política monetária.

Para ele, o erro começa – tanto no governo como entre quem o avalia – na percepção de que o país pode crescer 4% ao ano. Não pode e não tem crescido a essa velocidade, especialmente considerando o crescimento “normal” da atividade nos últimos 20 anos e a conta atual do Produto Interno Bruto (PIB). “Estamos mais para 3%”, diz. E essa é sua projeção para 2014, o que o torna bem mais otimista que a média. Neste ano, justifica, estarão presentes efeitos que tiraram PIB do Brasil em 2013, como uma maior produção de petróleo e um real mais desvalorizado.

A grande crítica de Lopes ao governo é que o PT não assume o que é, de fato: um governo que testa os limites econômicos em nome de uma política redistributiva levada a cabo talvez sem muita convicção. “Eu chamaria essa concepção de política econômica do governo do PT de socialista”, diz ele, com a clareza de quem fez 20 anos de psicanálise com a mesma pessoa e está escrevendo um livro sobre o assunto. A psicanálise, conta, o ajudou a entender melhor os economistas. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida no fim de 2013:

Valor: Como o sr. avalia o cenário econômico atual?

Francisco Lopes: A coisa que me incomoda atualmente é o grande pessimismo. As análises estão muito contaminadas pela disputa eleitoral, isso atrapalha um pouco. Vejo que houve entre analistas de bancos e consultorias certa decepção nos últimos anos com o crescimento baixo. No fundo, tinha-se a seguinte ideia: o crescimento médio dos últimos 30 anos ficou entre 2,5% e 3%, mas isso foi porque tivemos a hiperinflação, os planos de estabilização, o confisco do Collor, a flutuação cambial, depois a vitória eleitoral do Lula. E há uma interpretação segundo a qual a gente tinha virado tigre asiático, o país ia crescer 7% ao ano e, agora, devido aos erros da política econômica, crescemos, no máximo, 2%. Mas poderíamos voltar a crescer 4%, se a política for correta, uma política chilena, de menos intervenção.

Valor: O sr. concorda com isso?

Lopes: A dúvida é essa. Será que 4% é o normal, ou será que é 3%? Do jeito que o PIB é medido hoje pelo IBGE, será que o Brasil consegue crescer 4% de forma sustentada? Eu tenho dúvidas.

Valor: Esse pessimismo não tem bases reais?

Lopes: Acho que há um equívoco por trás do pensamento dos economistas, segundo o qual o crescimento normal possível é 4%. Pelos dados vemos que não é. No período do Fernando Henrique foi entre 2% e 2,5%. Há um período no Lula, o segundo mandato, em que se tem 4,5% de média. Mas ali foi uma condição muito especial. Em compensação, no mandato seguinte do PT, o da Dilma, estamos indo para 2%. Quando se faz a média entre 4% e 2%, se chega nos 3%.

Valor: O que tem agido contra um crescimento maior?

Lopes: Estou mais otimista do que a média do mercado, que fala em 2%. Há gente reservadamente falando em 1,5% e projeto 3% em 2014. Há dois fatores que atuaram de forma importante em 2012 e 2013 e acredito que não vão atuar em 2014. Primeiro, a taxa de câmbio. Depois da crise de 2009, o Brasil teve apreciação enorme da taxa de câmbio. Acho que foi um grande erro de política deixar o câmbio chegar a R$ 1,50. No fim do ano voltamos a R$ 2,30. Na verdade, nos últimos dois anos, o Brasil fez uma desvalorização em termos reais de quase 20%, que é uma mudança muito grande. Em 2012 e 2013, o maior problema foi o crescimento baixo da indústria de transformação, medíocre e muito abaixo da média histórica. E aí pesaram bens de consumo não duráveis, como alimento, e bens intermediários de modo geral. Ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, o quantum de importações cresceu mais de 20% nesses dois segmentos. Olhando a economia, vejo que a demanda está crescendo no normal e a produção não está crescendo porque a capacidade bateu no teto, falta trabalhador, e porque fizemos uma política cambial errada. Na medida em que a evolução da taxa de câmbio real é parte da explicação, isso gera um otimismo importante para 2014.

Valor: Que outro fator afetou o PIB negativamente em 2013?

Lopes: A outra área que foi importante, apesar de o peso não ser tão grande, mas não é desprezível, é a produção de petróleo, que chegou a ter variação negativa no período, e a Petrobras está prometendo que vai ter crescimento agora.

Valor: Mas ocorreram erros na condução da política econômica?

Lopes: Essa questão envolve entender a política econômica do governo. A ideia de que não está havendo investimento no Brasil me parece equivocada. Vejo um mundo de construção civil sendo feito, como metrô, estradas, portos. A formação bruta está crescendo 8% ao ano nos últimos anos. E vemos a indústria automobilística fazendo fábricas. Converso muito com empresários e vejo que as pessoas estão preocupadas com a política econômica, com a percepção de descontrole, de excesso de intervenção. Mas aí se pergunta se eles vão parar de investir e dizem que não, por razões estratégicas, porque estão a plena capacidade e têm que fazer uma fábrica nova.

Valor: Esse empresário não está sendo injusto com o governo? Afinal tudo o que ele pediu o governo fez…

Lopes: Tem um jogo político, do lobby, e o governo, muitas vezes, é ingênuo e cede a esse tipo de pressão. Esse é um dos erros de política econômica. O governo, muitas vezes, talvez por falta de convicção clara do que está fazendo, parece operar na defensiva, movido um pouco a medo. Um setor diz que não vai investir, que vai gerar desemprego, aí o governo pergunta o que ele quer e ele pede um crédito subsidiado do BNDES e o governo dá em linhas absurdas. O PSI é um absurdo, se financia a juros negativos. E por que o governo faz isso? Alguém diz que é eleitoreiro, acho que pode ter esse elemento, mas é por insegurança também, por falta de convicção no que está fazendo. Até por falta de ser capaz de dizer, olha, não vamos crescer 4%, o que esse país consegue crescer é 3%, do jeito que a gente mede o PIB. E não é tão ruim assim. Agora, como é que faz para crescer 4%, aí é outra discussão…

Valor: Se a gente se aproximar mais do Chile, crescemos 4%?

Lopes: Talvez. Precisamos ver se o Chile mede o PIB igual à gente. Acho que a primeira coisa que precisa fazer para crescer 4% ao ano é botar dez Ph.Ds no IBGE. Depois tem essa questão de que é preciso investir em educação, infraestrutura e, na verdade, as coisas estão sendo propostas pelo governo. Existe a questão da eficácia, se o governo consegue fazer. Uma crítica que se faz é que a gestão é ruim e, portanto, os planos não são realizados, mas não tem muito como julgar isso. Para mim, falta convicção no que se está fazendo. Ficar subsidiando determinados setores, na verdade, é uma redistribuição espúria de renda, pois está se transferindo para quem não precisa.

Valor: Tudo isso não faz parte da chamada nova matriz econômica?

Lopes: Aí existem duas questões importantes: a política de reduzir os juros e a questão fiscal. Não condeno e nem acho que foi um equívoco a política de redução de juros, porque ela teve uma consequência da maior importância, gerou a correção da taxa de câmbio. Foi o que nos tirou de uma taxa de câmbio de R$ 1,50 para o nível atual. Isso teve um custo inflacionário, mas foi feito dentro de certos parâmetros. Na hora em que a inflação passou a incomodar, o BC reverteu a política. Acho que esse é o grande problema que terá que ser resolvido no futuro por qualquer que seja o governo. Não faz sentido ser o país de maior taxa de juros do mundo. Acho que vamos voltar a operar com juro real de 5% a 6%, mas isso se justifica transitoriamente como estratégia de controle da inflação. Mas, como posição permanente, transforma o Brasil em uma economia de rentistas. Quando se baixou o juro, a minha tia que tem dinheiro na poupança achou ruim, dizendo que a poupança não estava dando nem mais a inflação. Então, como se quer que esse país tenha investimento? E aí se diz, não tem poupança. Como assim, o brasileiro é gastador inato? A base factual para explicações convencionais é muito frágil.

Valor: E o questão fiscal?

Lopes: A tese de que o Brasil tem déficit público muito grande não é verdade. Em comparação com outros países, a posição fiscal brasileira é muito favorável e isso graças a um enorme esforço de ajuste fiscal que foi feito desde o governo FHC.

Valor: Mas se diz que a dívida líquida não indica mais nada, que é melhor olhar a dívida bruta…

Lopes: Do ponto de vista de formulação econômica, o que interessa é a dívida líquida. Os mercados gostam de olhar o conceito de dívida bruta, porque os governos frequentemente usam os mecanismos da dívida líquida para esconder coisas. Quando se analisa a dívida bruta, de 60% do PIB, tem que considerar que quase 20% tem a contrapartida de reservas. Acho que deveria se criar um conceito que é a dívida bruta menos o valor em reais das reservas. Acho a posição fiscal do Brasil confortável e todo mundo reconhece isso. A dívida bruta de outros países é de 90%, 100% do PIB.

Valor: Mas se todo mundo reconhece isso por que a preocupação com o grau de investimento?

Lopes: Acho que a comunicação do governo nessa área é um desastre total. O governo deveria deixar claro que tem uma meta, que eu acho que ele efetivamente tem, que é a de estabilizar a dívida líquida como percentual do PIB, assumindo que vai usar a folga fiscal que tiver para fazer gastos sociais, por exemplo. Se pode discordar dessa posição, achando que o Brasil deveria levar a dívida líquida para 20% do PIB, que é mais importante do que fazer gastos sociais. Mas o governo não explicita isso, e fica tentando fazer um jogo de parecer bem comportado, dentro de uma concepção de política econômica que não é a dele.

Valor: O sr. disse que a política de juros foi correta, câmbio vem se ajustando, fiscal não é problema. O sr. está quase defendendo a política econômica do governo, não?

Lopes: O governo FHC fez um trabalho fundamental, de construção institucional. Criamos um Banco Central de primeiro mundo, independente de fato. Essa questão da legalização da independência é de importância menor, pois é o Copom que torna o BC independente de fato. Criamos a Lei de Responsabilidade Fiscal, agências reguladoras. Por trás desse esforço está a concepção de política econômica que domina a maioria dos analistas de mercado: nela, o FHC montou a base e nós queremos que o governo tenha um mínimo de intervenção. Recentemente, em um debate com economistas lúcidos do PT, eles diziam que essa é uma posição financista da coisa. Eu diria que é mais correto chamá-la neoliberal, no extremo. O papel do governo é não intervir, é deixar o mercado fazer a sua mágica. A intervenção deve ser meramente regulatória. Nessa concepção, é irrelevante que distribuição de renda vai surgir, se 1% da população vai ter 50% da riqueza, já que o governo não tem o papel de ficar tentando mudar o resultado do jogo econômico. Por trás dessa concepção está o famoso teorema da mão invisível e, no fim das contas, esse é o melhor dos mundos, mesmo para as classes de renda mais baixas. Vai permitir que o país cresça e, ao final, tudo bem que as classes mais altas vão ter um grande ganho porque, com o crescimento, todo mundo vai se beneficiar. Essa é a visão do mercado do que é política correta. E aí vem o governo do PT, com uma visão diferente que não é claramente articulada, gerando muitos dos problemas que eu vejo.

Valor: Quais?

Lopes: A crítica que o PT faz, e que chama de posição dos financistas, é dizer que essa história de que o mercado vai gerar o melhor dos mundos parece com aquela do Delfim [Netto] de crescer para redistribuir depois. O mercado diz, se o Brasil virar Chile, em vez de 3%, vai crescer 4%. Ele diz, eu não quero isso. Para o governo, para os 20% mais pobres é melhor fazer uma redistribuição de renda na marra usando o Estado. Aí, a renda dele vai crescer 6% ou 8%, e não 3%. E isso é inegável: o governo do PT está fazendo uma redistribuição muito intensa de renda. É só pegar o Bolsa Família, a política de reajuste de salário mínimo, que é uma política de indexação que aumenta a inflação. Essa intromissão do governo na atividade não é incólume. Eu chamaria essa concepção de política econômica do governo do PT de socialista, que é diferente da concepção liberal moderna.

Valor: Dá para combinar isso com o tripé macroeconômico?

Lopes: Algo que me deixa otimista em relação ao governo do PT é que apesar dessa concepção socialista ele não rompeu com a base institucional criada pelo governo FHC. No regime de metas de inflação, a ideia é focar os 4,5% para criar estabilidade de preços. Aí o governo do PT olha que 6,5% é o máximo e decide que vai trabalhar no máximo. E a mesma coisa na área fiscal. Vejo o governo do PT tentando levar ao máximo a condução da política econômica, claramente com o objetivo de redistribuir renda, de, como diz a Dilma, fazer um país de classe média. Ainda que o custo seja ter um período maior de inflação alta, ou uma posição de dívida pior. Em vez de reduzi-la para 20% do PIB fica em 35%. A questão que se coloca é se isso é sustentável. Em que medida posso fazer uma política de testar os limites sem que isso destrua a estrutura. O que vejo de ruim é que há um governo com uma concepção socialista e com uma falta de convicção de tornar isso claro. Falta explicitação.

Valor: E essa explicitação pode vir em 2014, durante as eleições?

Lopes: Não. E aí vamos ver o que vai acontecer. Se muda o governo ou não.

Valor: Mas se o PIB for mais para 3% não ajuda a reeleição?

Lopes Não sei. Se a inflação estiver em 6,5%, o governo consegue se reeleger?

Valor: Mas o sr. não parece apreensivo com a possibilidade de reeleição…

Lopes: Acho que se o governo se reeleger significa que a sociedade fez uma opção por uma política econômica socialista diante de uma alternativa liberal. E a política socialista tem riscos. Vivemos em um mundo em que a avaliação do exterior usa o mesmo parâmetro liberal moderno. Então, o Brasil pode perder rating, pode ser rebaixado. E isso pode ter consequências, pode haver um ataque especulativo contra o real. O Brasil não é China, não é Coreia do Norte. Então, se o país começa a desenvolver uma política muito diferente do normal, pode perder capacidade de atrair investimentos, certamente vai perder reputação na área financeira. Mas aí acho que se sobressai a importância da base institucional criada pelo governo FHC. O PT é um partido que tem um projeto socialista que não foi abandonado. Vamos parar com essa história de que o PT mudou e que é favor do Consenso do Washington. Nunca foi e nunca vai ser. Se isso termina em desastre? Acho que não. Na medida em que o governo fica tentando redistribuir renda, mas mantendo austeridade, operando no limite ao respeitar as regras do jogo.

Valor: O sr. vê o Aécio ou o Eduardo Campos sendo mais ortodoxos na condução da economia?

Lopes: Não sei. Acho que o Aécio tem dado sinais de voltar a uma política mais ortodoxa como proposta no governo de FHC. E acho que está correto. É bom para o país voltar a privilegiar o combate à inflação, a austeridade fiscal, privatização. Do mesmo jeito que acho que a oposição, ao fazer isso, está realçando qual o DNA do PT, que é redistribuir renda, mesmo que envolva mais inflação, mais intervenção de governo. Quanto ao Eduardo Campos e a Marina, não sei o que vão propor. Tem esse lado da economia verde. Mas seria útil se o debate sobre a concepção de política econômica fosse colocado. Mesmo que não tenha efeito em 2014, pode ter para 2018.

Valor: O sr. abandonou a ideia de escrever um livro sobre a passagem pelo BC?

Lopes: Estou escrevendo um livro sobre psicanálise. É meu hobby e já tenho dois terços dele. Só não sei como vou fazer quando for lançá-lo. Ele é divertido, não tem nada a ver com economia. A economia acadêmica ficou muito chata.

Valor: Ao mergulhar na psicanálise conseguiu ver algo diferente na economia?

Lopes: Boa pergunta. Na economia não sei, mas nos economistas certamente. Passei a entendê-los melhor.