Guerras Comerciais

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O comércio internacional passou por grandes transformações nas últimas décadas, inúmeras nações atrasadas, produtoras de produtos primários de baixo valor agregado, ganharam relevância no cenário global e se transformaram em grandes atores produtivos, ganhando escala e produtividade no mercado mundial, melhorando suas estruturas econômicas, diversificando a produção, consolidando suas instituições, ganhando espaço geopolítico, levando ao enriquecimento e melhorando as condições de vida da população, um verdadeiro milagre impulsionado pelo comércio.

As trocas comerciais entre as nações impulsionam o crescimento das economias, aumentando a geração de renda, melhorando o salário da população, fortalecendo o consumo interno, aumentando as receitas tributárias dos governos nacionais e contribuindo diretamente para a melhora das condições de vida da população, levando a sociedade a investimentos em infraestrutura, levantando escolas, universidades, centros de pesquisas, hospitais e consolidando o capital humano, dando um impulso para o desenvolvimento econômico.

No século XX, os Estados Unidos foi o grande pioneiro do desenvolvimento econômico, comercializando com todas as regiões do globo, diversificando sua estrutura produtiva, incrementando a produtividade, investindo fortemente em pesquisa científica e tecnológica, expandindo seus domínios econômicos para o espaço e se destacando nas mais variadas áreas do conhecimento, se transformando na nação hegemônica, dotada de grandes oportunidades e a mais admirada, ao mesmo tempo, a mais temida do cenário internacional.

Depois dos anos 1990 as nações asiáticas passaram a ganhar espaço dos Estados Unidos no cenário global, incrementando um embate que perdura há muitas décadas, inicialmente o confronto foi com o Japão e, posteriormente, foram os chineses, de longe o maior desafio para a sociedade norte-americana. A ascensão da China representa um concorrente jamais visto, afinal, estamos falando da maior estrutura comercial do mundo, responsável por um setor industrial que produz mais de US$ 4 trilhões e detém um superávit comercial de mais US$ 1 trilhão, um valor inimaginável.

Percebendo a ameaça chinesa, a “nova” administração dos Estados Unidos vem incrementando políticas para diminuir a dependência do concorrente asiático, espalhando tarifas comerciais, impondo proteção a empresas nacionais, ameaças generalizadas e represálias agressivas a empresas chinesas. Neste pacote de variadas políticas protecionistas, muitos aliados estão sendo taxados, gerando graves constrangimentos diplomáticos, tais como vizinhos tradicionais, como o México, Panamá e Canadá.

Neste embate para retomar a liderança global, os Estados Unidos da América vêm perdendo espaço na sociedade global, antes era visto como o líder inconteste da sociedade global, hoje sua atuação está sempre gerando conflitos e constrangimentos, estimulando guerras e destruições, difundindo agressões, rancores e ressentimentos, além de uma atuação titubeante, imatura e sempre visando seus interesses particulares, deixando de ser um farol da civilização e se transformando num espaço de degradação moral.

Num ambiente de grandes desafios climáticos, preocupações com problemas energéticos e do aquecimento global, além de grandes conflitos militares que crescem em todas as regiões do globo, precisamos repensar a governança global e fortalecer os laços políticos e sociais entre as nações, criando instrumentos de integração e interdependência, rechaçando todas as medidas unilaterais e individualistas adotadas pelo “novo” governo norte-americano, afinal, a história recente nos mostra que esse unilateralismo nos leva a grandes destruições, agressividades e devastações civilizacionais.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

 

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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