Num momento marcado por grandes alterações estruturais da sociedade contemporânea, os agentes econômicos, sociais e políticos devem buscar novos espaços de acumulação e de reorganização produtiva, setores fundamentais da antiga estrutura econômica perderam espaço na nova sociedade, empregos sólidos e consistentes perderam a centralidade e, as perspectivas centradas na linearidade foram transformadas e, com isso, percebemos a necessidade da reconstrução dos paradigmas, renovando as estratégias e desenvolvendo modelos de integração e planejamento entre os atores público e privado.
Os desafios são imensos e não podemos postergar as escolhas do mundo do negócio, a sociedade está se movimentando rapidamente, os setores econômicos devem se reinventar numa sociedade marcada por grandes incertezas e instabilidades, com isso, percebemos que as comunidades estão alterando movimentos e comportamentos. Neste momento, precisamos unir esforços para compreender os desafios e auxiliarmos na construção de um verdadeiro projeto nacional para compreender o que queremos nas próximas décadas, sem entendermos os desafios da sociedade contemporânea, amargaremos a perpetuação das iniquidades sociais que caracterizam a sociedade nacional.
Neste ambiente, percebemos o crescimento de conceitos caros para o mundo dos negócios como empreendedorismo, liderança e inovação. Estes conceitos estão atrelados ao economista austríaco Joseph Schumpeter que destacou a importância das inovações como instrumento da chamada destruição criadora, retratando novas ideias e pensamentos com potencial de impulsionar o capitalismo, dinamizando os setores produtivos, criando novas formas de acumulação, novos modelos de negócio, que movimentam os mercados e compreendem as novas formas de comportamento. Neste momento, de profundas transformações, surgem conceitos como o de Economia Verde, novas formas de energias alternativas, além de conceitos ligados a economia circular e da sustentabilidade que exigem a grande capacidade de reinventar a sociedade, modificando empresas, indivíduos e os governos nacionais.
O mundo contemporâneo exige a construção de um ecossistema econômico dinâmico e empreendedor, que começa nos bancos escolares, desde as escolas fundamentais até o ensino superior, exigindo das faculdades e universidades padrões de qualidade constante, estimulando os investimentos públicos e privados, fortalecendo os centros de pesquisa e de inovação, além de ambientes centrados na cooperação e no compartilhamento de teorias, pensamentos e discussões científicas e tecnológicas.
É fundamental a construção de um ambiente macroeconômico propício para o crescimento da produção, com taxas de juros reduzidas para impulsionarem a produção e a geração de emprego e, ao mesmo tempo, desestimulando a especulação financeira que predomina na sociedade brasileira, além de reduzir a burocracia, estimulando a competição externa e construindo novos acordos comerciais com outras nações e grupos de países. Outro ponto central para a construção de um ecossistema econômico é a garantia de taxas de câmbio competitivas para fortalecer o crescimento produtivo, evitando a instabilidade cambial que garante grandes ganhos para os especuladores em detrimento da produção, do emprego e da renda da população.
O discurso dominante estimula o empreendedorismo e a inovação como forma de desenvolvimento econômico, acreditando que o processo de crescimento motivado pelo setor privado tende a melhorar as condições sociais da população. Esta visão me parece bastante limitada e inconsistente, sem uma visão global e planejada pelos agentes econômicos público e privado, como acontece nas economias mais desenvolvidas do mundo, o crescimento econômico tende a garantir grandes ganhos para uma pequena parte da comunidade, garantindo recursos financeiros ilimitados, isenções fiscais e tributárias crescentes em detrimento da perpetuação da pobreza, da indignidade e da exclusão social. A construção de um ambiente centrado num ecossistema econômico integrado e diversificado é parte central para encontrarmos o tão sonhado desenvolvimento econômico.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 27/04/2022.