A economia brasileira vem passando por grandes desequilíbrios macroeconômicos nos últimos anos, crescimento do desemprego, redução no investimento produtivo, diminuição da renda agregada e baixa capacidade de investimentos produtivos externos, para piorar estes desequilíbrios, percebemos repiques inflacionários e o crescimento da dívida pública. Estamos passando por momentos de incertezas crescentes, cujos impactos são o aumento dos desequilíbrios sociais, econômicos, empregos precários e o incremento da desesperança.
Neste momento, marcado por uma nova economia internacional centrada na concorrência e no aumento da competição entre as nações, as empresas e os indivíduos, as sociedades precisam construir agendas mais consistentes de redução das desigualdades sociais, do incremento dos investimentos públicos, melhoras da saúde, da eficiência dos indicadores da educação e da segurança, construindo uma sociedade que garanta a todos os cidadãos oportunidades e renove as esperanças de um futuro melhor.
O pós-pandemia prescinde de novos investimentos públicos e privados, sem estes recursos a economia terá grandes dificuldades para estimular novos espaços de crescimento econômico, incrementando maiores oportunidades de emprego, melhoras das rendas e dos salários agregados. Historicamente, em momentos de instabilidades e crises econômicas, os investimentos privados se retraem imediatamente, diante disso, como destacou o economista britânico John Maynard Keynes, faz-se necessário a atuação dos investimentos públicos. Sem estes recursos estatais, as condições sociais devem se degradar de forma acelerada, aumentando a violência urbana e a exclusão social, com o incremento do racismo, do aumento da pobreza e da redução das oportunidades para as classes mais vulneráveis, reduzindo as esperanças e incrementando os conflitos distributivos.
Neste momento, as decisões contemporâneas terão impactos para toda a coletividade, os desafios são enormes, as escolhas políticas prescindem de maturidade, a sociedade precisa optar por investimentos seguros, estimulando os setores da educação, capacitando o capital humano para os desafios da sociedade do conhecimento, construindo e viabilizando projetos futuros, viáveis e cujos retornos serão colhidos em anos, ou mesmo em décadas. Neste momento precisamos pensar no longo prazo, garantindo novas oportunidades e reduzindo os privilégios que perpetuam a pobreza e a degradação social.
Vivemos um momento peculiar no Brasil e na sociedade global, nestes momentos os governos devem mostrar caminhos para a reconstrução das nações, como aconteceu na crise de 1929, quando os governos passaram a intervir diretamente para alavancar os sistemas econômicas. Atualmente, cabe a sociedade global agir rapidamente, importando ideias parecidas como o Green New Deal Global, como ventilado nos círculos políticos e acadêmicos, neste momento de reconstrução precisamos estimular investimentos verdes, a humanidade deve diminuir a queima de combustíveis fósseis nos próximos trinta anos, e deve fazê-lo de modo a melhorar o padrão de vida e as oportunidades para os trabalhadores.
Na pandemia precisamos repensar o modelo econômico e social dominante da sociedade mundial, melhorar os indicadores sociais é fundamental para que garanta melhorias para todos os agentes sociais, sem estas mudanças a sociedade caminha por um período de grandes conflagrações e degradações para todos os indivíduos, pensemos sobre o assunto, a pandemia nos traz a oportunidade de evoluirmos como civilização e como seres humanos.
Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Mestre e Doutor em Sociologia/Unesp, Professor Universitário. Artigo publicado no Jornal Diário da Região, Caderno Economia, 02 de dezembro de 2020.