Desigualdades sociais

Compartilhe

Nos últimos anos estamos percebendo o incremento das desigualdades sociais na sociedade internacional, anteriormente ao falar sobre esse assunto percebíamos que essa desigualdade acontecia fortemente nas economias subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, na contemporaneidade esse assunto se apresenta em todas as nações do globo, tanto as ricas e desenvolvidas como as nações pobres e atrasadas economicamente, gerando novos desafios para os gestores públicos, as elites empresarial e financeira, além da academia e para todos os integrantes da sociedade civil.

Desde os anos 1990, com o incremento da globalização, da abertura econômica e do aumento das tecnologias que culminaram numa sociedade digital e centrada no conhecimento, percebemos uma grande transformação na estrutura econômica e produtiva, alguns países conseguiram se adaptar melhor e mais rapidamente neste novo cenário, enquanto outras nações tiveram grandes dificuldades no mundo globalizado, gerando concorrências crescentes em todos os setores, impactando sobre os trabalhadores e os setores produtivos, impulsionando uma competição que tende a fragilizar muitas empresas e sistemas econômicos.

A desigualdade social sempre caracterizou a sociedade brasileira, somos vistos como uma das nações mais desiguais do mundo, que contrasta com as riquezas que caracterizam a sociedade nacional, afinal somos um país dotado de grandes recursos minerais, clima agradável, grandes reservas de água doce, além de florestas e vegetações em abundância que nos coloca no centro de uma das nações mais ricas de recursos naturais.

Mesmo assim, as desigualdades sociais existentes na contemporaneidade brasileira estão diretamente ligadas a história degradante da escravidão que perdurou mais de trezentos anos, uma colonização caracterizada por uma exploração gigantesca, além de privilégios de poucos grupos econômicos e financeiros, um Estado capturado por elites predadoras e imediatistas, além de um sistema educacional fracassado e ultrapassado para os grupos mais fragilizados economicamente da sociedade, que contribuem para a perpetuação de uma pobreza estrutural que nos afasta imensamente da cidadania e da conscientização política e social.

Além destas características que contribuem maciçamente para o incremento das desigualdades sociais, destacamos salários degradantes que pouco auxiliam na sobrevivência dos trabalhadores e estimulam a construção de um sistema de proteção social para garantir a sobrevivência dos indivíduos, sem estes a degradação social tende a aumentar e gerar graves constrangimentos políticos e sociais.

Nesta sociedade, que se compraz com as desigualdades variadas que vivenciam no Brasil, encontramos grupos altamente privilegiados, que garantem sua reprodução através de ganhos escorchantes de taxas de juros obscenas, dominando as Autoridades Monetárias sem produzir efetivamente nada, sem geração de emprego e de renda, sem pudor, sem caráter e sem capacidade de compreender que seus benesses e imediatismos contribuem diretamente para a manutenção deste quadro de degradação social, além de um exército de cidadãos bem remunerados, bem formados e que se vendem para garantir seu enriquecimento pessoal e suas férias em terras estrangeiras em prol de uma sociedade deficiente e centrada nas desigualdades sociais.

As desigualdades sociais crescem de forma acelerada em todas as regiões do mundo, gerando um quadro obsceno e degradante, precisamos construir uma maturidade que ataque as raízes desta desigualdade, deixando de lado medidas cosméticas e ineficientes que apenas postergam os conflitos sociais e as crises econômicas que crescem todos os dias.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

Leia mais

Mais Posts

×

Olá!

Entre no grupo de WhatsApp!

× WhatsApp!