A pandemia está transformando a sociedade, desnudando suas limitações e mostrando as dificuldades mais intensas das sociedades, no caso do Brasil, percebemos que a situação é assustadora, de um lado percebemos muitas limitações estruturais que não foram criadas pela pandemia, mas está mostrando como o país vem perdendo espaço na sociedade global, como sua economia está perdendo na economia global, que os problemas sociais estão ficando cada vez mais assustadores e as perspectivas futuras são preocupantes.
Nos últimos anos a estrutura produtiva vem perdendo espaço na economia internacional, a indústria nacional perdeu dinamismo e estamos nos concentrando em setores que criam produtos de baixo valor agregado, gerando empregos com remunerações reduzidas e perdendo profissionais altamente qualificados, que passam a buscar novas oportunidades em outros países, diante disso, estamos perdendo cérebros fundamentais para o fortalecimento das estruturas produtivas, diminuindo a dependência dos mercados globais de produtos de valor alto agregado e estimulando o dinamismo da economia nacional.
As universidades têm um papel central na coordenação de novas estratégias de desenvolvimento, organizando setores dinâmicos, motivando investimentos produtivos e extraindo dos setores mais empreendedores da sociedade espaços de inovação, na construção de novas tecnologias, investindo em pesquisas científicas e tecnológicas, introduzindo nas escolas, nas faculdades e centros de pesquisas mentalidades do desenvolvimento de novos conhecimentos. Estas estratégias exigem que desenvolvamos novas tecnologias e não apenas nos concentremos apenas no consumo destas tecnologias, criando salários melhores e profissionais mais motivados, dinamizando o mercado interno, fortalecendo o crédito e estimulando o crescimento econômico e culminando no tão sonhado desenvolvimento.
A coordenação deste modelo deve ser feita pelo governo, juntando todos os eixos em prol do desenvolvimento tecnológico, os setores passarão a construir internamente, via planejamento, setores dinâmicos, ocupando profissionais altamente qualificados, cobrando das universidades a formação de profissionais mais capacitados, estimulando inovações científicas, pesquisando e garantindo para os estudantes e, posteriormente, profissionais formados, espaços para que surjam novos empregos, melhor remuneração, maior empregabilidade e gerando desenvolvimento.
Neste momento, devemos buscar exemplos exitosos do desenvolvimento econômico, como o da Coréia do Sul que, nos anos 50 era produtora de mercadorias de baixo valor agregado, dependentes de outras economias e uma sociedade pobre, marcada pela miséria e sem perspectivas de desenvolvimento. Atualmente, percebemos uma situação altamente complexa em sua estrutura econômica, produtora de tecnologias, máquinas e desenvolvimento científico, com atuação conjunta dos dois grandes grupos sociais da sociedade, o Estado e do Mercado.
O desenvolvimento prescinde de planejamento a longo prazo, construindo um ecossistema econômico centrado na inovação, no conhecimento e na pesquisa científica, fortalecendo instituições independentes e eficientes. Este projeto deve unir todos os setores da sociedade, investindo em setores fundamentais para a economia, estimulando o agronegócio, reconstruindo a indústria nacional, investindo e melhorando o capital humano, preservando o meio ambiente, desta forma, o país conseguirá enfrentar os grandes desafios do mundo contemporâneo, reduzindo as deficiências educacionais, garantindo oportunidades para todos os grupos sociais e consolidando os sonhos de muitos brasileiros e estrangeiros ilustres de que o Brasil é o país do futuro.
Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Mestre e Doutor em Sociologia/Unesp Araraquara, Professor Universitário. Artigo publicado no Jornal Diário da Região, Caderno Economia, 20/01/2021.