Desemprego

Compartilhe

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados referentes ao desemprego do Brasil no ano de 2024, perfazendo 6,1%, chamando atenção a melhora do emprego no decorrer do ano, trazendo grande capital político do governo federal e agitando as discussões econômicas no final do ano.

O ano de 2024 está chegando ao final e as discussões econômicas crescem de forma acelerada, estimulando conversas equivocadas e comentários maldosos e defesas acaloradas, sem ponderações equilibradas e defesas passionais, parciais e fragilizadas, sem lastro na teoria econômica.

Vivemos, a nível global, uma grande crise de emprego em todas as regiões do mundo, as transformações tecnológicas estão impulsionando fortes movimentos no mundo do trabalho, as agitações nas organizações motivadas pela concorrência e a pela competição constantes estão exigindo dos atores econômicos e produtivos novos comportamentos, alterações nos modelos de negócios e uma maior profissionalização, exigindo maiores dispêndios de recursos monetários em pesquisa, ciência e tecnologia, uma verdadeira transformação no âmbito das organizações.

No caso brasileiro, precisamos nos atentar com as características locais e a estrutura do mundo do trabalho, onde percebemos uma grande informalidade, grande número de trabalhos precários e degradantes, que geram salários reduzidos e de baixa qualificação e com reduzida produtividade, tudo isso, contribuem diretamente para compreendermos as desigualdades crescentes que visualizamos na sociedade brasileira.

Neste ano, percebemos a redução do desemprego, algo muito positivo para a sociedade no geral, mas acaba criando novos desafios para a política econômica, afinal, desemprego baixo pressiona os preços e “obriga” a Autoridade Monetária a elevar as taxas de juros.

Com juros em 12,25% ao ano, definidos na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), e com perspectivas de incrementos maiores nos próximos meses, a economia nacional tende a diminuir o ímpeto de crescimento e aumenta o endividamento do governo federal, além de reduzir os investimentos produtivos, postergar novas contratações, aumentar as dispensas e estimular os investimentos especulativos, afinal, numa situação de grandes incertezas quais os atores econômicos que investiriam na economia nacional, sabendo que com uma taxa de juros estratosférica que garantem ganhos substanciais, imediatos e sem riscos?

Vivemos numa anomalia econômica bastante interessante e preocupante, depois de liderar a recuperação do emprego nacional, com indicadores macroeconômicos positivos, a economia tende a reduzir sua recuperação em decorrência do incremento das taxas de juros, taxas estas motivadas por um Banco Central supostamente independente, mas na verdade, independente do governo federal, aquele que foi eleito democraticamente pela população nacional e nunca independente dos barões do mercado financeiro, onde encontramos os maiores ganhadores das movimentações conduzidas pela Autoridade Monetária.

Sabemos que os indicadores fiscais brasileiros são ruins, mas não são catastróficos, como querem passar os atores do mercado financeiro, que exigem do governo um ajuste rápido e violento, com impactos generalizados nos gastos sociais e se “esquecendo” da regressividade tributária nacional que garante grandes benesses dos setores mais aquinhoados nacionais, uma elite que pouco paga imposto, detentores de grandes desonerações e usufruem dos juros escorchantes.

Neste momento, percebemos que as taxas de juros elevadas travam o crescimento e a recuperação nacionais e fazem com que, novamente, percamos uma oportunidade sublime de levantarmos a economia, gerando novos horizontes positivos e reduzindo as desigualdades sociais que fazem parte da história nacional.

Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Administrador, Gestor Financeiro, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

Leia mais

Mais Posts

×

Olá!

Entre no grupo de WhatsApp!

× WhatsApp!