Nesta semana a economia internacional passou por grandes incertezas e instabilidades que geraram pânicos e preocupações generalizadas no mercado financeiro, com impactos para todas as regiões, moedas derreteram, Bolsas apresentaram baixas históricas, investidores entraram em alerta e autoridades monetários tiveram que acompanhar com maior atenção os movimentos do mercado.
Na última segunda-feira, as Bolsas asiáticas balançaram a economia internacional, levando a quedas homéricas, algumas caíram mais de 12% num único dia e contribuíram ativamente para espalhar caos e muita confusão no cenário econômico internacional. Vários motivos contribuíram para a compreensão dessa crise financeira, a possível recessão norte-americana, a bolha no mercado de empresas de tecnologia e a crise dos mercados de carry trade.
O carry trade é uma situação quando o investidor pega dinheiro emprestado em países onde a taxa de juros é baixa, como o Japão, e aplica esses recursos em mercados onde a taxa de juros é mais alta para ganhar com a diferença. Neste cenário, o aumento recente dos juros japoneses reduziu os ganhos destes investidores, levando-os para buscar mercados mais sólidos como os norte-americanos.
As crises financeiras acontecem desde os primórdios da humanidade, com impactos generalizados e repercussões imediatas, gerando enriquecimentos de um lado e perdas elevadas de outro, que demandam atuação mais intensa e mais efetiva dos governos nacionais para impedir que os sistemas econômico, produtivo e financeiro entrem em colapso, levando as nações a fortes recessões, aumentando o desemprego e reduzindo a renda agregada, contribuindo ativamente para a concentração das riquezas e o incremento das desigualdades sociais.
Neste momento de grandes incertezas e instabilidades que culminaram em pânico no sistema financeiro, os agentes sociais e econômicos buscam, ativamente, as razões da volatilidade que aumentam as incertezas, reduzindo os investimentos produtivos e estimulando a busca frenética de ativos de baixo risco, como forma de defender seus patrimônios e, se possível, garantir ganhos imediatos.
Os setores financeiros concentram grandes poderes na sociedade internacional, impondo seus interesses imediatos, seus ganhos estratosféricos, transformando as relações sociais, estimulando um verdadeiro cassino financeiro, modificando valores enraizados na comunidade e criando novos valores, centrados no imediatismo, no individualismo e na busca crescente dos lucros monetários e financeiros.
Dados divulgados na semana passada mostram uma possível recessão na economia norte-americana que pode gerar desaceleração da economia internacional, levando muitas nações a exportarem menos para os EUA e impactando negativamente nas economias locais, gerando menos empregos e reduzindo a demanda agregada interna.
Outra situação preocupante para a economia internacional foi os dados divulgados sobre as ações de empresas de tecnologia, muitas delas reportaram quedas elevadas em seus ganhos, levando especialistas a vislumbrarem um possível fim da bolha das empresas de tecnologia. Empresas como a Nvidia apresentaram valores surreais no mercado, as ações da gigante dos chips, a norte-americana Intel, reportou aos investidores perdas de mais de 25% nas ações, destacamos ainda, a venda das ações da Apple pelo grande investidor norte-americano Warren Buffett, gerando incertezas e instabilidades no mercado acionário.
As finanças dominam a economia mundial impondo seus valores, estimulando o imediatismo, o individualismo, o lucro monetário e fortalecendo valores materiais, deixando de lado as aflições humanas, as depressões e os ressentimentos que crescem em todas as regiões do mundo.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.