A comunicação entre os dois planos, material e imaterial, é algo tão antigo que remonta a história das civilizações, desde as pitonisas e os magos da antiguidade, até os médiuns do mundo moderno, mas foi apenas a Doutrina dos Espíritos a responsável pela institucionalização da comunicação entre o plano físico e o mundo dos espíritos, suas contribuições para a sociedade ainda não foram muito bem mensuradas, mas com o passar dos tempos a sociedade mundial vai reconhecer o papel do espiritismo no desenvolvimento da humanidade e o contato com os espíritos como um instrumento de grande importância, isto porque abriram-se novas perspectivas para o mundo, novas formas e instrumentos de interação entre os dois mundos, que contribuiu muito para que, via inspiração, muitas descobertas fossem efetivadas e muitos produtos e serviços foram criados para o deleite da sociedade, trazendo inúmeros benefícios para os cidadãos de todas as regiões do mundo, muitas das inovações e das ideias que foram implantadas na sociedade mundial tiveram suas origens na inspiração trazida pelos planos superiores, pena que nós, seres humanos, não enxerguemos tudo isso, ou melhor, pena que nós não queiramos enxergar tudo isso.
Os seres humanos estão sempre em busca de novas experiências transcendentais, a comunicação com o mundo invisível sempre foi estimulada pelos povos e pelas civilizações, muitas delas se especializaram nesta conversação, e até em aconselhamentos, e seus rituais eram frequentemente incrementados pelo contato com o imaterial, que davam a cada um destes povos um misticismo e uma espiritualidade que os distinguiam de outras culturas e comportamento religioso, um exemplo clássico desta sensibilidade espiritual está na Índia, um país composto por muitas religiões e um comportamento religiosos bastante desenvolvido, distinguindo-os na comunidade internacional pelo misticismo e pelo culto ao imaterial.
A doutrina dos espíritos é fruto desta comunicação, uma de suas bases mais importantes é a comunicabilidade com o mundo imaterial, que, na verdade, nada mais é do que, o verdadeiro mundo, somos seres espirituais que, neste momento, estamos vivendo no mundo material e não o contrário, todos, trazemos na alma, no íntimo, lembranças da vida espiritual, mesmo que da forma mais tênue possível, pois esta é a verdadeira vida, diante disso, encontramos as consequências imediatas desta questão, e uma das mais importantes é a de que não morremos, na verdade, apenas passamos para um novo estágio da vida, um momento onde não mais possuímos nosso corpo físico e material, mas trazemos vivos e fortalecidos o nosso corpo espiritual, este sim eterno e indestrutível.
O nosso querido Chico Xavier, o maior médium de todos os tempos, considerado por muitos, como a reencarnação do codificador da doutrina dos espíritos, Allan Kardec, psicografou mais de quatrocentos livros, seu trabalho em mais de setenta anos de labuta constante contribuiu para que passássemos a conhecer os significados mais íntimos da vida humana, através das obras de André Luiz psicografadas por Chico, passamos a conhecer detalhadamente como se vive no mundo dos espíritos, como se dá todo o processo de vivência no plano espiritual, como são os sentimentos, o trabalho e as atividades constantes que envolvem a todos os indivíduos despojados do corpo físico, e mais, a obra nos mostra um mundo muito diferente daquele descrito por outras religiões que acreditavam no sono eterno ou num julgamento mais direto, onde os indivíduos seriam condenados ou absolvidos e, a partir daí, seriam conduzidos ao local que melhor os identificassem.
Os romances históricos psicografados por Chico Xavier e ditados pelo se mentor espiritual Emmanuel, nos trazem uma riqueza incomensurável, um universo vastíssimo de informações e conhecimentos que desnudam um período histórico cheio de tradições, injustiças e violências, onde os seres humanos engatinhavam no processo evolutivo, e neste caminhar inicial, se mostram por inteiros, com suas deficiências mais intimas sendo retratadas cruamente e desnudando sentimentos que, na maior parte das vezes, não queremos mostrar intimamente. Nestas obras, viajamos pela história da humanidade, passamos a conhecer fatos e personagens de forma direta, sua importância e contribuição para a compreensão do mundo, e mais, ao acompanharmos suas outras investidas na carne, depois da reencarnação, percebemos que a lei de Deus é inexorável, não importando a classe social, o credo ou sua bagagem cultural, todos nós somos responsáveis por nossos atos e, por eles, teremos que responder integralmente perante a justiça divina.
A comunicabilidade entre os dois planos da vida é algo que extrapola as questões religiosas, a comunicação entre encarnados e desencarnados é a prova mais nítida e evidente de que a vida continua, os relatos e a riqueza dos detalhes que encontramos são tão fortes que nos levam a uma grande emoção, pois, passamos a enxergar a vida sob outro prisma, passamos a valorizar coisas que antes nem imaginávamos, passamos a entender que o mais importante na nossa jornada é o caminhar respeitoso e a construção contínua, sempre vinculados ao mestre Jesus, que nos deixou seu legado vivo e presente na mente e nos corações de cada um de nós, uma herança que sobrevive depois de 2 mil anos e, com sua passagem por estas paragens, dividiu o mundo em antes e depois de Jesus Cristo, nosso mestre e governador espiritual do planeta Terra.
O nascimento da doutrina dos espíritos está diretamente relacionado aos processos de comunicação entre os dois planos da vida, pois, foi em meados do século XIX que o intelectual francês Hippolite Leon Denizard Rivail começou a se interessar pelos fenômenos que varriam o mundo da época, estes fenômenos davam conta de uma comunicação entre planos diferentes mediadas por meninas em tenra idade, nestas comunicações podiam-se comprovar a existência de vida pós-morte e, com isso, todas as repercussões advindas desta descoberta. Depois de se debruçar diretamente sobre este tema, depois de passar noites e noites em claro estudando e pesquisando sobre o assunto, constatou a veracidade dos fatos e passou a escrever e a se dedicar a estes, a partir daí, se transformou no grande codificador da doutrina dos Espíritos, num período pouco maior que quinze anos, trouxe a tona uma vasta obra que fundamenta todo o conhecimento espírita, o chamado pentateuco espírita, que pode ser compreendido como a estrutura desta religião, que, na verdade, deve ser entendida mais do que como uma ciência, como um conjunto que envolve, além da religião, uma ciência e uma filosofia: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).
Todas estas obras foram escritas de forma mediúnica, ou seja, foram ditadas por espíritos iluminados para que médiuns encarnados reproduzissem e, com isso, trouxessem para o mundo material informações importantes para a compreensão da vida, estas e muitas outras podem ser descritas como livros psicografados, além destas obras, devemos destacar muitas outras, espíritas ou não espíritas, escritas por escritores encarnados e inspiradas por espíritos desencarnados, muitas obras de sucesso das prateleiras das livrarias foram inspiradas por desencarnados, assim como muitas descobertas da medicina, da engenharia e de outras ciências terrenas, foram inspiradas pelo mais alto, mesmo que seus escritores encarnados nem imaginassem, suas obras não são fruto apenas de seus esforços físicos e intelectuais, na grande maioria, o que encontramos é uma grande parceria entre os dois planos da vida, onde, na maioria das vezes o que recebe os louros do sucesso, mesmo não o tendo por completo, são os encarnados, que quando se sentem aplaudidos e exaltados, se rendem ao sucesso imediato e passam a se imaginar como missionários, agindo, muitas vezes, buscando o aplauso e se esquecendo da obra, percorrendo, com isso, um caminho certeiro para a queda e para a decepção, muitos, com tais quedas, se afastam e partem para outras denominações religiosas, deixando de cumprir com compromissos assumidos anteriormente, gerando atrasos para seu espírito e, principalmente, para sua elevação espiritual.
A cultura contemporânea que promete prazer e gozo imediatos, que inebria a todos, que geram uma busca imediata pelo instante e pelo efêmero e, com isso, acaba deixando de lado, questões mais importantes da vida, adiando conquistas e levando o indivíduo a estagiar em situações mais permissivas, são frutos imediatos de nossa imaturidade espiritual, uma característica comum em nossa escala evolutiva, marcada por sensações frágeis e pelo distanciamento do bem, e nós todos, encarnados neste mundo, somos propensos ao imediatismo, criticamos o pecador constantemente, mas cultivamos o pecado em nosso íntimo e insistimos em escondê-lo de nós mesmos, num sentimento constante de auto engano, é como se nós, constantemente, nos boicotássemos e nos eximíssemos dos equívocos que são só nossos e que, com a morte do corpo físico, responderemos de forma inexorável.
Destacamos ainda, que, quando nos referimos a comunicação entre os mundos e a inspiração que leva a criação de obras de destaque ou ideias que criam projetos revolucionários, estamos nos referindo também, a inspirações de espíritos propensos ao mal, espíritos que vibram negatividades, marcados por rancores e por ressentimentos, estes também influenciam os encarnados, auxiliando, muitas vezes a descoberta de novas drogas, oriundas de pesquisas avançadas que ocorrem em laboratórios encontrados no submundo dos planos imateriais, pesquisas conduzidas por cientistas que se comprazem com o mal e querem destruir a mensagem de Jesus, todas estas criações acabam contribuindo para retardar o progresso, mas, de forma alguma evitá-lo, pois a mensagem divina é clara, o progresso é lei imutável da espiritualidade, vivemos, neste instante, uma fase transitória, onde este mundo marcado por iniquidades e ressentimentos serão substituídos por novos sentimentos e por um homem novo e mais evoluído, a mensagem é clara e a ordem já foi dada e todos que se comprazem com o mal terão seus últimos dias neste planeta, o degredo é inevitável e está em andamento neste momento.
A relação entre os planos é antiga e verdadeira, os homens são agentes da caminhada, a morte do corpo físico não significa o fim de tudo, muito pelo contrário, significa sim uma passagem para um outro plano, neste momento vamos responder diretamente por nossos sentimentos e inclinações mais íntimas, nesta vida não mais poderemos interpretar papéis variados como fazemos no mundo material, neste plano as ilusões perdem espaço e todos, indistintamente, deveremos assumir nossa verdadeira condição espiritual e, com isso, abrirmos espaço para o verdadeiro progresso, o progresso do espírito.