Cenário turbulento

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O retorno de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos da América gerou graves acanhamentos para a sociedade internacional, com a adoção de medidas unilaterais, ameaças generalizadas, taxações crescentes, chantagens variadas, saída de organismos multilaterais, conflitos com aliados históricos e deportações em massa de imigrantes ilegais, todas estas medidas criaram graves constrangimentos para a sociedade mundial, podendo levar a um isolacionismo norte-americano que impacta negativamente sobre o comércio global, ainda mais, quando percebemos que a economia mundial, desde o incremento da globalização, se integrou em cadeias produtivas, onde a produção de mercadorias, bens e serviços estão divididas em variados países e regiões, uma nova forma de divisão internacional do trabalho.

O furacão Donald Trump pode gerar conflitos generalizados em todas as regiões do globo, afinal os Estados Unidos comercializam com todas as regiões do mundo, importando e exportando bens e serviços para muitas nações. Se as políticas adotadas pelo “novo” governo dos Estados Unidos prejudicarem de forma variada outros países, estas nações, com certeza, retaliarão as políticas norte-americanas, gerando maiores incertezas no comércio global, aumentando os preços internos, incrementando a inflação e levando a Autoridade Monetária a aumentarem as taxas de juros como forma de controlar os preços e evitar um processo inflacionário que poderia desequilibrar o sistema econômico e produtivo.

No caso brasileiro o impacto é imediato e preocupante, a elevação dos Juros nos Estados Unidos absorve grandes estoques de dólares na economia mundial, desvalorizando as moedas nacionais e imediatamente os Bancos Centrais, como o brasileiro, aumentará seus juros internos para evitar uma fuga de dólares, com o incremento dos juros internos a economia tende a atrair recursos especulativos, estimulando os ganhos fáceis de poucos agentes econômicos, fortalecendo o rentismo, aumentando o endividamento dos Estados e aumentando a cobrança dos financistas que exigem uma redução dos dispêndios sociais, vislumbrando o pagamento de juros estratosféricos arbitrados pela Autoridade Monetária.

Com menos de dez dias na presidência dos Estados Unidos, Donald Trump gerou preocupações com todos os imigrantes ilegais, deportando de forma violenta cidadãos de outras nações, gerando constrangimentos diplomáticos com países menores e mais frágeis politicamente, gerando revolta, ressentimentos e insatisfação com essa política de deportação agressiva. Essas medidas unilaterais podem levar muitas nações a bandearem para o lado dos chineses, aprofundando as relações comerciais e geopolítica com o maior concorrente dos Estados Unidos, levando os norte-americanos a um possível isolacionismo político e comercial que podem fragilizar os fluxos de comércio entre as nações, estimulando o crescimento do protecionismo, além de aumentar as taxações de produtos externos, gerando um verdadeiro caos econômico e produtivo, afinal a economia global se estrutura na interdependência e na integração entre as nações.

Além das posturas beligerantes nas questões de deportação em massa de imigrantes ilegais, as ameaças ao vizinho México, a anexação da Groenlândia e do Canadá geraram incertezas e preocupações, para piorar o cenário, o “novo” governo norte-americano abandonou organismos tradicionais, como Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris, enfatizando um unilateralismo e uma imaturidade que nada auxilia na resolução dos grandes desafios da sociedade mundial, na verdade aprofunda um caos que serve para interesse de poucos em detrimento da maioria.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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