A sociedade vem vivendo momentos de grandes expectativas, embora um novo governo tenha tomado posse no primeiro dia de janeiro de 2023, percebemos que vivemos em períodos de grandes conflagrações, desequilíbrios políticos e conflitos desnecessários, que limitam a capacidade de organização e de gestão do Estado, além de dificultar a reconstrução da economia nacional, atuando diretamente nas questões urgentes e prementes para a sociedade.
Neste ambiente, percebemos inúmeros confrontos econômicos, políticos e ideológicos, onde os atritos ainda prosperam, limitando as políticas públicas e postergando um cenário mais positivo, depois de um período de forte degradações institucional, econômica e política.
O governo do presidente Lula adota como uma estratégia de governabilidade bastante arriscada, de um lado não entra em conflitos abertos com outros grupos antagônicos, evitando brigas abertas com os grupos de direita e de extrema direita, que dominaram o ambiente político no governo anterior e, ao mesmo tempo, costura avanços econômicos para ganhar musculatura e garantir apoios maciços para impor seus ideais e formas de gestão.
A estratégia passa por alavancar a economia, tão degradada neste período anterior, retomando os investimentos públicos como forma de aumentar os investimentos privados, aumentando a geração de emprego, melhorando a renda agregada, reduzindo as taxas de juros e trazendo alívio para o sistema produtivo, criando um clima mais ameno para atrair investidores externos, melhorando o cenário interno e retomando o crescimento econômico.
Neste mais de cinco meses de governo, os saldos são controversos, de um lado, percebemos que os indicadores macroeconômicos estão melhorando sensivelmente, as perspectivas de redução da inflação estão melhorando, embora os juros ainda estejam muito elevados, os níveis de desemprego estão melhorando lentamente, a moeda local está se valorizando, as Bolsas de Valores estão apresentando crescimentos robustos e os ventos externos estão muito positivos, afastando uma visão negativa do Brasil criada no governo anterior, que afastava investimentos produtivos e eram vistos como uma nação pária do sistema internacional.
O arcabouço fiscal enviado pelo governo federal para o Congresso Nacional está avançando, na Câmara dos Deputados as votações foram aprovadas e, atualmente, estão sendo discutidas no Senado Federal, gerando um clima positivo para que as questões sejam equacionadas, embora percebamos que esse novo regime fiscal exige um grande esforço do Estado para aumentar as receitas do governo Nacional para cumprir as regras definidas neste modelo, reduzindo os subsídios e aumentando a arrecadação, trazendo para o centro dos debates econômicos uma agenda tão aguardada e, ao mesmo tempo, postergada para a comunidade nacional, a Reforma Tributária.
É importante destacar ainda, nos últimos dias, um novo assunto está voltando para as discussões cotidianas, a reindustrialização da economia brasileira, um país que se desindustrializou rapidamente, perdendo espaço na indústria internacional, perdendo força na nova configuração econômica global, perdendo empregos mais qualificados e um perda de renda agregada, tudo isso, contribuiu para visualizar um empobrecimento da população nacional em detrimento de um forte crescimento do poderio econômico e financeiro de poucos grupos social, aumentando as desigualdades e fragilizando os desequilíbrios estruturais da sociedade.
O novo governo está trazendo novos ventos para os setores industriais, retomando o crescimento industrial e melhorando as condições de vida da população. No começo do século XX, os industrializantes acreditavam que a indústria traria um forte desenvolvimento econômico para o Brasil, aumentando a renda interna e transformando a estrutura nacional. Apesar da importância do setor industrial, o crescimento industrial foi central para o incremento do produto interno, aumentando as riquezas nacionais, mas ao mesmo tempo não conseguiu elevar a nação ao tão sonhado desenvolvimento econômico.
Nesta trajetória de crescimento industrial, é importante destacar que o desenvolvimento da indústria exige grandes esforços de inovação, de pesquisa científica e tecnologia, com dispêndios crescentes e constantes, afinal a indústria não é um monolito, exige alterações constantes e imediatas.
Outro assunto importante e central nas discussões no mês de maio, foi o papel da mídia comercial e corporativa, seu papel de desestabilização do governo é gigantesco, defendendo um liberalismo atrasado e ultrapassado que não existe em nenhum lugar do mundo, até mesmo os países descritos como liberais, como os Estados Unidos e Europa, abandonaram as defesas constantes de seus ideários, trazendo medidas protecionistas e intervencionistas como forma de fortalecer seu setor produtivo e se capacitar para a concorrência com os países asiáticos, principalmente a China, a Coréia de Sul e Taiwan, países que ganharam espaço e relevância na estrutura global nas últimas décadas, defendendo políticas protecionistas, maciços investimentos em educação, fortes subsídios internos e a busca crescente de novos mercados internacionais.
Neste ambiente, percebemos que o atraso da mídia corporativa e comercial está ligado aos grupos econômicos que os controlam, uma elite atrasada, subserviente e altamente dependente dos centros internacionais sediados nos Estados Unidos e na Europa, um verdadeiro colonialismo cultural, ideológico e financeiro.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.