Julho deve ser visto como um mês de comemorações no front econômico, com melhoras no ambiente da economia nacional, redução da inflação, alivio do câmbio, melhora no emprego, retomada de políticas públicas, mas com grandes desafios no front político, com dificuldades de fortalecer a base política de sustentação do governo federal.
O mês de julho de 2023 foi marcado por grandes expectativas sobre a taxa de juros definida pela Banco Central, neste cenário, os agentes econômicos se debruçavam constantemente para conversar sobre os rumos que a Autoridade Monetário definiria, se manteria as taxas de 13,75% ou faria algum tipo de movimento para baixo ou para cima, para cima me parece algo absurdo…
Juros altos pode ser visto como um instrumento adotado pelo Banco Central para debelar as pressões de preços, o objetivo de uma política monetária restritiva é diminuir o ímpeto da inflação. Mas essa taxa de juros neste patamar impacta fortemente sobre as decisões econômicas e produtivas, levando os empresários, investidores e consumidores a repensar sobre as decisões estratégicas de seus negócios.
Neste momento, encontramos variadas críticas do governo federal para que a Autoridade Monetária reduza as taxas de juros, mostrando que o governo adotou políticas concretas para que os riscos fiscais fossem debelados, tais como o arcabouço fiscal e a Reforma Tributária, que devem ser vistas como uma vitória do governo mas, é importante destacar, que esses projetos ainda carecem de um aprovação completa posterior, já que os projetos foram aprovados na Câmara dos Deputados mas precisam passar pelo Senado Federal e, se for necessário, passar novamente para a Câmara dos Deputados.
Devemos destacar o começo do desenrola, política adotado pelo governo federal para melhorar os altos índices de endividamento da população, essa política foi adotada com consonância dos setores produtivos, bancos e varejistas, para que a população em condição de endividamento pudesse aliviar suas finanças e voltar as compras, contribuindo para movimentar o sistema econômico. Um balanço inicial feito pelos analistas econômicos e políticos foram muito positivos para a economia nacional, com milhões negócios efetivados, limpando os respectivos nomes e trazendo novos consumidores para o mercado de consumo.
Neste mês encontramos uma das grandes fragilidades do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, percebemos efetivamente a pouca força política no Congresso, notadamente na Câmara dos Deputados, que abarca apenas 130/140 votos num universo de mais de 513 deputados, desta forma, a maior fragilidade é conseguir apoio para passar seus projetos, levando o governo a negociar voto a voto para angariar a aprovação de medidas defendidas pela coalizão governista.
Neste cenário, o governo com uma presidência da Câmara dos Deputados com grande força política, uma oposição marcada por grande ressentimento, com forte capacidade de gerar constrangimentos para fragilizar a gestão governista, com grande capacidade de criar constrangimentos para impedir a adoção de políticas públicas e aprovar gastos públicos, vistos como desperdícios e prejuízos para a economia nacional, tudo isso, limita a capacidade e agilidade do governo federal.
Neste momento, percebemos o avanço de várias investigações referentes ao governo anterior, políticas públicas degradadas anteriormente, desvios de recursos na Caixa Econômica Federal (CEF) referentes ao consignado visto como uma política que trouxe grandes prejuízos para os cofres públicos. Destacamos ainda, os avanços nas investigações da Polícia Federal (PF) referentes as joias recebidas pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, onde foram descobertos inúmeros produtos oriundos da Arábia Saudita para presentear o mandatário anterior, com grandes indícios de corrupção e outras ilegalidades. O mês de julho foi farto em denúncias e descobertas de malfeitos no governo anterior.
Outro ponto bastante discutido no mês de julho foi as descobertas referentes aos vínculos das Forças Armadas em questões constrangedoras, que colocam o Exército em condição indigna, com um posicionamento equivocado e com desvios crescentes de desvios de condutas, que fragilizam a instituição, com isso, percebemos que em momentos anteriores, de regimes militares, deveriam ter sido feito uma verdadeira justiça de transição para punir equívocos, corrupções e crimes cometidos pelas Forças Armadas, a ausência de uma investigação mais elaborada, feita por instituições civis, para que todos os responsáveis por crimes fossem punidos como forma de evitar os erros e equívocos contemporâneos.
Um assunto que pipocou na sociedade brasileira, foi a indicação do economista Márcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa indicação foi muito criticada pela mídia corporativa, que levantou questionamento do economista da Unicamp, visto como um negacionista e quando presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Economia Aplicada) foi acusado de constranger pesquisadores renomados na instituição com visões diferentes do presidente do órgão. Essas críticas foram rebatidas pelos representantes do governo federal e antigos presidentes do IBGE que destacamos a solidez da instituição e a impossibilidade de alterar dados e informações, destacando que o IBGE é uma instituição séria, respeitada, transparente e dotado de credibilidade e confiabilidade.
O mês de julho trouxe grandes discussões referentes aos desafios sobre a sociedade internacional, onde o Brasil se colocou em grandes conversações internacionais, dialogando com várias nações, entrando em confrontos verbais, falas equivocadas sobre a assuntos globais, reclamações mundiais referentes a comportamento de nações desenvolvidas, reprimendas internas da mídia corporativa, além de discussões desnecessárias.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.