O primeiro mês do ano de 2023, foi marcado por inúmeros movimentos políticos e institucionais, depois de quatro anos de governo Jair Bolsonaro, o ano começou com grandes agitações, com alterações estruturais, com novas agendas, novos comportamentos e grandes expectativas, muitas vezes as expectativas são imensas e preocupantes.
O governo que começa, do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inicia envolto em variadas composições políticas, onde encontramos pessoas ou representantes de várias vertentes políticas. Com isso, não podemos dizer que o governo seja de esquerda, podemos acreditar que o novo governo deve ser visto como de centro-esquerda. Neste momento, cabe uma reflexão mais sólida e mais sofisticada, que deve ser feita pelos cientistas políticos.
Antes de começarmos a descrever as questões políticas, gostaria destacar questões econômicas, embora a economia tenha uma importância em todos os governos, o mês de janeiro de 2023 foi marcado por poucas instabilidades no campo econômico, as medidas adotadas pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad foram sólidas e consistentes, com forte capacidade de conversação e de diálogo, as questões econômicas foram colocadas no segundo plano, ainda mais depois das movimentações de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes.
No front econômico, é importante destacar os escândalos ou as fraudes das Lojas Americanas, denunciadas pelo presidente da empresa Sérgio Rial, que levou ao mercado um rombo de, inicialmente, R$ 20 bilhões, que posteriormente, chegou a mais de R$ 43 bilhões, levando a empresa a buscar proteção jurídica que culminou no pedido de recuperação judicial, gerando variados conflitos com acionistas, bancos, fornecedores, trabalhadores e controladores.
O caso Americanas colocou em xeque um modelo de fazer negócio dos empresários do Grupo 3G, composto por Marcel Telles, Carlos Sicupira e Jorge Paulo Lemman, cujo patrimônio perpasse bilhões de dólares que os colocam na lista dos maiores bilionários brasileiros, acionistas de empresas gigantescas como AB Inbev, Burger King, Kraft Heinz, dentre outras…
Logo no começo do ano, no dia 8 de janeiro, a sociedade brasileira foi devastada pelos eventos que aconteceram na capital Federal, onde a praça dos Três Poderes foi fortemente saqueada por vândalos organizados que invadiram os prédios representantes da República Brasileira, depredando, saqueando, vandalizando, devastando e criaram uma verdadeira balbúrdia, cujas imagens foram espalhadas por toda a comunidade internacional, levando o país ao centro das grandes discussões dos eventos estimulados por defensores da extrema direita.
Toda essa destruição só foi possível, porque os setores de segurança do Distrito Federal foram omissos, além da participação das forças armadas e de grupos de acampados que colocaram para que o evento acontecesse, todos foram irresponsáveis para evitar esse caos, cujos impactos mostraram a fragilidade da democracia nacional, onde pessoas organizadas, dotadas de câmeras de celulares, muitos deles com paus e produtos cortantes, levaram à praça dos Três Poderes a destruição, a degradação, que impactaram fortemente a democracia brasileira.
Neste evento foram invadidos o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, todos foram fortemente degradados na invasão, deixando um rastro de destruição, de incertezas e sentimentos de que estamos, todos os momentos, vivendo num ambiente de insegurança.
Logo depois da devastação foram calculadas em mais de 18 milhões de reais de prejuízos e levaram as autoridades a adotarem medidas extremas para punir os agitadores e rever parte dos recursos milionários que foram degradados na capital federal.
Depois do dia 8 de janeiro, o governo inicia um novo momento, marcado pela adoção de medidas fortes de punição aos vândalos, que muitos chamaram de terroristas, com prisão de mais de mil pessoas e inúmeros perseguidos pelas forças policiais, que movimentou todo o aparato de repressão do Distrito Federal, na busca dos indivíduos que participaram deste ato, a condução das investigações, as tomadas dos depoimentos, além da acomodação dos presos, toda a logística da ação repressiva, além de uma verdadeira busca de culpados e participantes indiretos, como financiadores e idealizadores.
Neste período se descobriu muitas lacunas, que colocaram no centro da invasão pessoas de alta hierarquia, como o Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo anterior e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, sendo que o primeiro foi preso e o segunda foi afastado por 90 dias do cargo, sendo último foi substituído pela vice-governadora.
Ações do governo foram rápidas, as investigações foram aceleradas, os responsáveis foram punidos, demitidos ou investigados. A segurança pública do Distrito Federal foi retirada do governo local e foi repassada pelo governo federal, que nomeou como interventor um agente indicado pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, que conduziu a segurança até o final de janeiro, investigando e punindo as pessoas que participaram direta ou indiretamente pela invasão dos poderes da República.
O mês de janeiro de 2023 foi marcado por grandes desastres para a sociedade brasileira, embora o Brasil conseguisse escolher um novo presidente, em uma eleição muito apertada com graves conflitos e confrontos, depois da posse, muitos fenômenos mostraram que, nestes quatro anos do governo anterior, os dados de destruição e degradação foram elevadíssimos, levando-nos a se afastar da comunidade internacional e passou a ser visto como uma nação pária. Tanto assim, que neste primeiro mês de governo, o novo presidente visitou mais da metade dos países que o presidente anterior visitou em quatro anos de governo.
Destacamos ainda, os eventos importantes do mês de janeiro de 2023, a descoberta da situação famélica da população indígena Yanomamis, uma comunidade que foi fortemente degradada pelo governo anterior, fenômeno possibilitado pela invasão de seu território por garimpeiros ilegais, que levaram para a região a destruição dos rios, degradando o solo, além de estupros de indígenas, aumentando as gravidez de meninas yanomamis, além de assassinatos e cooptação forçado de índios para trabalhar nos garimpos ilegais.
Neste cenário, o governo foi estimulado a adotar medidas de proteger a comunidade indígena, levando alimentos, equipes médicas, assistência social, além de medidas para combater os garimpeiros ilegais, levando um aparato militar e de segurança para evitar que essa situação não perdure por mais tempo.
Como vimos, o mês de janeiro de 2023 foi marcado por grandes agitações, grandes crises, fortes conflitos, graves confrontos e grande incertezas políticas que devem postergar a recuperação da economia nacional, devastadas nos últimos anos, de graves crises políticas e dificuldades fiscais e financeiras da sociedade nacional.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.