Carta Mensal – Fevereiro/2024

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O mês de fevereiro de 2024 nos trouxe grandes novidades que tem todo potencial para se prolongar por todo ano, com impactos generalizados nas lógicas econômica e política, gerando debates calorosos entre a oposição, na maioria Bolsonaristas, e os grupos intitulados de progressistas.

Neste mês, as investigações da Polícia Federal sobre o golpe de Estado ganharam elementos novos, com o surgimento de novos áudios, conversas vazadas que colocaram o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro das preparações para o golpe de Estado, gerando graves constrangimentos políticos e levaram-no a adotar uma política mais defensiva e, posteriormente, organizando novos movimentos de apoio, que culminaram num evento na avenida Paulista no final de fevereiro, marcados por variados grupos de apoiadores. Neste momento, percebemos que o movimento a favor do ex presidente perdeu algum apoio, mesmo sabendo que poucos políticos teriam condições de organizar um evento como este, mesmo percebendo uma queda de apoio,precisamos destacar que ainda mantem um público cativo e fiel, mesmo sabendo das investigações em curso e, principalmente as variadas evidências de participação, desvios de recursos e variados questionamentos.

Neste mês percebemos a entrada dos militares nas investigações, com prisões de alguns e a criação de um clima de perseguições, lembranças das movimentações históricas ocorridas no período pós-governo militar que aumentaram os espaços de anistias gerais e irrestritas, desde então, os militares nunca foram punidos por um capítulo sangrento da história nacional, deixando uma lacuna negativa para a compreensão das memórias nacionais.

Percebemos algum tipo de cisão nos movimentos da extrema-direita, onde surgem grupos com interesses diferentes, com novas bandeiras, novos comportamentos e o surgimento de novos atores, desta forma, percebemos novos confrontos dos mais tradicionais defensores das pautas conservadores e o crescimento de novos grupos, com novas pautas e com confrontos com ideias anteriores, gerando nítidas cisões políticas e interesses diferenciados.

No campo da política monetária, encontramos novas movimentações do Serviço Especial  de Liquidação e Custódia (SELIC), a taxa de juros que remunera os títulos públicos. Em fevereiro, a Autoridade Monetária reduziu para 11,25%, iniciando uma consolidação da queda dos juros, com impactos positivos sobre a atividade econômica e um respiro para os setores produtivos, atores importantes para o comportamento econômico e, ao mesmo tempo, destravando investimentos relevantes para aumentar a geração de emprego, melhora dos salários e incremento da renda nacional.

Neste período, encontramos graves conflitos entre o governo federal e os setores que receberam desoneração no período da pandemia, onde o Ministro da Fazendo adotou políticas mais efetivas para encerrar as isenções fiscais dos setores de eventos, setor este que foi agraciado por benefícios fiscais temporários, mas muitas das medidas  que eram vistas como temporárias passaram a ser permanentes, gerando graves constrangimentos fiscais do governo federal, iniciando uma queda de braços entre o governo e a iniciativa privada, onde os últimos foram abraçados pelos congressistas da oposição e utilizaram seu poder político para impor ao Ministro da Fazendo uma derrota que, posteriormente, trariam graves constrangimentos para a sociedade brasileira.

Olhando pelos indicadores econômicos, muitos setores do mercado acreditavam que a economia brasileira estava perdendo dinamismo, o crescimento econômico estava dando mostras de fragilização, que poderiam culminar em desequilíbrios nos setores produtivos. A queda de braço entre o governo federal e os condutores da política econômicas e os atores do mercado estavam se mostrando cada vez mais nítida e evidente, onde os primeiros buscavam fortalecer as bases fiscais, com mais arrecadação, e reduzir as necessidades de contingenciamentos futuros e os mercados colocavam em xeque as medidas arrecadatórias que priorizavam as receitas e pouco limitavam as despesas.

Destacamos um assunto que gera graves repercussões na sociedade mundial, o crescimento dos conflitos militares entre nações e confrontos dentro das nações, neste momento, em fevereiro de 2024, a guerra entre Ucrânia e Rússia, completava mais de dois anos, com baixas em todos os lados, mas os grandes perdedores deste conflito eram os ucranianos e muitos europeus, que perderam suas fontes de energia barata e tiveram que pagar muito mais para acessar fontes energéticas mais caras e mais distantes, enpobrecendo sua população e gerando graves constrangimentos da população.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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