O mês de abril de 2023 foi marcado por grandes sobre discussões políticas, reflexões sobre diplomacia e questões econômicas, de um lado percebemos uma forte pressão do governo federal para que o Banco Central reduzisse as taxas de juros, cuja Selic está na casa do 13,75%, a maior taxa de juros da economia internacional. As taxas de juros elevadas estão fragilizando a estrutura econômica e produtiva, impactando fortemente os indicadores macroeconômicos, degradando a economia nacional, postergando a recuperação dos investimentos, mantendo elevado as taxas de desemprego e mantendo a renda em declínio.
As taxas de juros elevadas estão gerando endividamento crescente na população, das empresas e variados setores produtivos, com isso, variadas empresas e organizações estão pedindo recuperação judicial, muitas deles estão próximos da bancarrota e, conglomerados gigantescos geradores de milhares de empregos estão percebendo a diminuição de preço de suas ações, um movimento preocupante numa economia que não cresce, sem investimento e fortes instabilidades políticas e sociais.
Neste mês de abril, um dos assuntos mais relevantes foi a viagem do Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva para a China, onde foram assinados inúmeros acordos nas mais variadas áreas, desde colaboração econômica, pesquisas energéticas, desenvolvimento da infraestrutura, principalmente setores ligados a transporte público, construção civil, dentre outros acordos.
Essa visita a China gerou graves críticas sobre o presidente Lula, principalmente pela mídia corporativa, criticando a aproximação do Brasil com a potência asiática, que é vista como algo negativo e prejudicial para a economia brasileira, muitos grupos viram a proximidade com a China uma afronta aos Estados Unidos da América, cujos atritos são constantes e tendem a aumentar nos próximos anos, uma luta de hegemonias na comunidade internacional.
Vivemos numa sociedade marcada pelo forte crescimento da animosidade entre as nações, de um lado os Estados Unidos da América buscam manter seu poderio na sociedade internacional, detentora da mais importante moeda global, o dólar, responsável pela força financeira global.
Do outro lado, a China, uma economia em franco crescimento econômico que, nos anos 1980 estava entre as trinta maiores economias do mundo e, na atualidade, está disputando o primeiro lugar com os EUA, um conflito que tende a perdurar por inúmeros anos. Muitos especialistas acreditam que ao analisar a paridade de poder de compra das moedas, a China já é dona da maior economia global, superando os Estados Unidos.
Neste conflito entre potências que disputam espaços na economia internacional abrem novas oportunidades para as nações em desenvolvimento, como o Brasil. Não precisamos se aliar com uma das nações que buscam a hegemonia, precisamos sim é negociar os melhores caminhos, os países podem conseguir auxílios e transferência de tecnologias e aumentarem os investimentos nestas nações, desde que o governo e a sociedade consiga compreender os desafios contemporâneos, negociando, conversando e buscando parcerias estratégicas.
É importante destacar ainda, que o governo brasileiro está fazendo uma aposta de que as conversações internacionais com variados países podem trazer grandes investimentos estrangeiros, impulsionando a economia e diminuindo as dificuldades produtivas.
As viagens internacionais abrem novos horizontes para atrair novos recursos externos, como as promessas de variadas empresas de investir na economia brasileira, onde destacamos as negociações da empresa chinesa BYD com a Ford para produzir em sua planta industrial em Camaçari que foi encerrada em 2019. Estes investimentos abririam novos espaços de produção para a economia nacional, sabendo que a empresa chinesa é a maior produtora de baterias do mundo, além de variados produtos, como carros, SUVs, trens e ônibus…
Destacamos ainda, no mês de abril, os grandes constrangimentos políticos que o novo governo está passando nas discussões políticas no Congresso Nacional, a busca crescente de uma maioria parlamentar para implementar as propostas discutidas nas eleições estão difíceis, medidas que precisam de aprovação do Legislativo para a recuperação da economia, para angariar novos investimentos para recuperar os indicadores negativos legados pelo governo anterior, como Novo Arcabouço Fiscal que o governo está buscando aprovar como forma de diminuir as restrições do chamado Mercado.
Outro ponto muito discutido no mês de abril foi as questões relativas ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que está gerando graves constrangimentos na sociedade internacional, elevando os custos produtivos e aumentando a inflação, principalmente nos alimentos, dos combustíveis, fertilizantes e energias, levando regiões inteiras ao empobrecimento, precarizando as condições sociais e limitando os potenciais econômicos e financeiros das nações.
Tudo isso, contribui para uma animosidade crescente entre os países, levando-os a escolherem lados neste conflito militar, com isso, poucos países refletem sobre a busca crescente pela paz e o fim do conflito militar, cujos custos são elevadíssimos, com milhares de mortos, degradação da infraestrutura e a destruição do futuro de milhões de pessoas.
Destacando ainda, os confrontos gerados pela chamada PL das Fake News, um projeto que gerou graves constrangimentos para a sociedade, uns defendendo uma intervenção mais efetiva sobre as chamadas fake News e outros defendendo uma postura mais superficial, levando várias empresas, grupos políticos e econômicos a se posicionarem, dentre elas o gigante da tecnologia Google e o Telegram, que contribuíram para acirrar os ânimos e seus interesses imediatos.
Outro assunto que devemos destacar, que nos últimos meses, a polarização política está ainda muito elevada na sociedade brasileira, os grupos se digladiam todos os momentos, estimulando notícias falsas, cancelamentos e grosserias crescentes. Nesta seara de discussões ou polarizações políticas, encontramos muitas descobertas que podem gerar graves constrangimentos, investigações e discussões que postergam uma convivência pacífica entre os grupos políticos que podem geram graves na nossa jovem democracia.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.