Conflitos militares, agressões verbais, confrontos políticos, ofensas crescentes, informações equivocadas, invasões de embaixadas, guerras entre Estados, degradação do ambiente, fraudes financeiras, corrupção descontrolada, incremento das desigualdades, matanças generalizadas, confrontos religiosos, violências urbanas, crescimento da fome e da exclusão social, são características evidentes do caos que impera na sociedade contemporânea, gerando incertezas, instabilidades emocionais e desequilíbrios cotidianos.
Neste cenário, percebemos que a economia internacional vem sentindo cotidianamente pressões constantes, com o aumento dos desajustes produtivos, variações nos preços de produtos fundamentais para a sobrevivência dos seres humanos, levando à medidas macroeconômicas agressivas como forma de conter os desequilíbrios que se espalham para a comunidade mundial.
Percebemos, cotidianamente, os impactos dos desequilíbrios externos da economia global que estão forçando a novos ajustes internos, aumentando o desemprego e forçando os governos nacionais ao incremento das taxas de juros, como forma de reduzir os desequilíbrios internos e impedir que a economia nacional perda dinamismo e mergulhe numa espiral recessiva, gerando aumento do desemprego e instabilidades políticas internas. Vivemos numa economia fortemente integrada, marcada por forte interdependência, centrada no crescimento tecnológico, fortemente individualista e pela busca frenética pelos ganhos monetários e financeiros.
Nesta sociedade globalizada, marcada por grande desenvolvimento tecnológico, as nações precisam construir novas formas de inserção na economia internacional, fortalecendo sua autonomia política, investindo fortemente em pesquisa científica e angariar os conhecimentos necessários para desenvolver uma complexidade econômica e produtiva, única forma de fortalecer suas estruturas nacionais, defendendo interesses nacionais e consolidar nossa autonomia.
Numa economia internacional centrada nas incertezas e nas instabilidades, estamos sujeitos a movimentos cambiais que desequilibram nossa estrutura econômica, fragilizando os setores produtivos, degradando a renda interna, exigindo taxas de juros maiores como forma de combater a inflação, desta forma, nosso comportamento econômico medíocre se torna mais caótico, postergando a recuperação econômica e incrementando uma maior insatisfação popular e de ressentimentos políticos.
Vivemos numa sociedade altamente instável, com incertezas econômicas, inseguranças crescentes, violências urbanas e polarizações políticas, neste cenário, precisamos reconstruir nossos pactos sociais e políticos, como forma de se defender deste ambiente de medos, ressentimentos e caos generalizados.
Neste momento, precisamos evitar que os conflitos externos não se espalhem internamente, para isso é imprescindível reconstruir as instituições, garantindo passos seguros para fortalecer nossa democracia, consolidando-a e garantindo para todos os cidadãos oportunidades de ascensão social, dignidade e autonomia econômica, além de efetivarmos a tão chamada meritocracia. Numa sociedade mundial conflagrada por degradações constantes, marcada por grandes transformações tecnológicas, com imensas alterações no mundo do trabalho, incremento de grandes conflitos militares, precisamos rechaçar as brigas cotidianas que crescem e se avolumam entre os poderes institucionais.
Precisamos construir maturidade para que a sociedade compreenda, que os desafios em curso na sociedade mundial devem ser vistos como um divisor de águas entre a civilização e a barbárie, esta última que, cotidianamente está visitando a sociedade brasileira e vislumbrando atrasos, violências e degradações.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia do Setor Público, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.