Um dos temas mais analisados pela Doutrina Espírita, responsável por explicar inúmeros fenômenos sociais em séculos anteriores, a obsessão, levou inúmeros indivíduos presos para calabouços escuros e fétidos ou para clínicas psiquiátricas escondidas em morros e montanhas, muitos tomaram choques e foram maltratadas por uma sociedade ignorante, que confundiam obsessão com distúrbios de comportamento e de personalidade, muitas destas pessoas poderiam ter sido resgatadas pelos ensinamentos e pelos princípios advindos da codificação de Allan Kardec, que desnudou um mundo novo, marcado pela convivência constante entre o material e o imaterial, entre o físico e o espiritual, um mundo dos méritos do coração e do sentimento, que prescinde do dinheiro e da posição social de destaque, um mundo justo e, para nós, muito distante e de difícil compreensão para todos que vivemos marcados pela matéria, pelo dinheiro e pelo poder, todos muito efêmeros e com grande poder de atração sobre o homem contemporâneo.
A obsessão sempre levou os indivíduos à loucura, muitas famílias foram destruídas, pessoas sentiram na pele a perseguição de irmãos revoltados e cheios de ódio, rancor e ressentimento, casamentos foram desfeitos, sociedades e negócios de sucesso foram destruídos, pessoas de posses faliram e foram à miséria por perseguições de companheiros desencarnados, todos conhecemos algum caso de familiar, amigo ou conhecido que viveu situação de desespero e humilhação por influência de inimigos desencarnados?
O tema é bastante interessante, sua relevância é indiscutível, quantas famílias em séculos anteriores colocaram seus filhos em manicômios e casas de repouso, muitas delas sem nenhuma condição de dignidade e de higiene, para esconder da sociedade um filho debilitado emocional e espiritualmente, quantos indivíduos não foram açoitados fisicamente, muitos foram submetidos a tratamento de choque como forma de recuperar seu equilíbrio fisiológico e sensorial, o resultado de tudo isso, revoltas, indignações, rancores, ódios e ressentimentos generalizados com a família, com os amigos e com a sociedade.
A Doutrina Espírita, codificada em meados do século XIX, é responsável por um grande alento aos desesperançados do espírito, suas diretrizes nos levam a compreender a grandeza e o amor Divinos, por esta doutrina passamos a compreender este fenômeno tão popular na sociedade, a obsessão, vista como uma patologia espiritual, cujas raízes estão no comportamento do indivíduo nesta vida ou em outras passadas, o obsessor, visto como um malfeitor, cruel e agressivo passa a ser percebido como um irmão doente que precisa do auxílio e da compreensão, um ser ignorante que precisa se despojar dos ressentimentos acumulados sob pena de se perder neste sentimento equivocado e inconsequente.
O processo obsessivo deve ser compreendido como uma relação complexa entre dois indivíduos, um encarnado e outro desencarnado, nesta relação encontramos uma simbiose forte, onde um só influencia o outro porque estes estão interligados emocional e espiritualmente, quando esta simbiose se desfaz o processo obsessivo tende a desaparecer, cada pessoa atrai para si o que mais a afiniza, uns se comprazem com o sexo desregrado, outros com a bebida, outros com as drogas e outros, ao contrário dos anteriores, se comprazem com sentimentos elevados, oração, reflexão e caridade, ou seja, cada um atrai para si o que mais lhe compraz, diante disso, não somos inocentes, não existe inocência, somos todos aprendizes nesta sociedade, nossas experiências são momentos fundamentais para a nossa evolução moral e espiritual, motivo primeiro para nossa existência no mundo físico.
É muito comum encontrarmos pessoas desesperadas que sofrem influencia negativa de espíritos desencarnados, pessoas obsediadas que se revoltam contra Deus, acusando-O de tê-las abandonado, poucos são conscientes de que somos dotados de livre arbítrio, que somos responsáveis por nossas escolhas, de que estamos sendo perseguidos por irmão revoltados é porque nos ligamos a eles de uma forma ou de outra, pensamos neles, chamamos eles, atraímos estes irmãos e ainda não queremos ser responsáveis pela presença constante destes ao nosso lado, queremos liberdade mais, infelizmente, não estamos em condições de arcar com nossas escolhas e comportamentos.
Inúmeros irmãos, médiuns videntes, relatam casos interessantes que ocorrem constantemente nas casas espíritas, no portão destas casas encontramos vários espíritos perambulando no lado de fora destas, a grande maioria espera que seus companheiros que lá adentraram saiam para que se aproximem novamente, para que o influenciem novamente e que possam manter a relação simbiótica, que em muitos casos chega a durar anos ou décadas com resultados negativos para ambos, e principalmente, pela perda de tempo, imaginem o espírito renitente na vingança, no rancor e no ressentimento deixando de evoluir e comprometendo sua evolução para continuar se comprazendo com esta situação que não o beneficia, apenas aprofunda uma relação de atraso e de constrangimentos generalizados.
Toda obsessão é uma via de mão dupla, a relação simbiótica deve ser rompida entre ambos, quando se rompe tal relação o processo se esvai rapidamente, quanto antes percebermos esta relação e, tomarmos medidas para superá-las, melhores serão os resultados, o padrão vibratório deve ser alterado, os sentimentos desequilibrados devem ser revistos e trabalhados, as paixões devem ser construídas em bases sólidas para que o amor se consolide de forma intensa e verdadeira, a caridade deve ser estimulada, o dispêndio de tempo edificante em trabalhos assistenciais deve ser estimulado por todos, como forma de depuração moral, esta atitude afasta todos os irmãos sofredores que se comprazem com os sentimentos menores, eleva o nosso espírito a patamares maiores e nos alivia destas energias que abrigam irmãos obsessores que, na maioria das vezes são muito mais sofredores e ignorantes do que maldosos e dominados pelo mal, essa compreensão é fundamental e auxilia muito no equilíbrio de nossos sentimentos com relação àqueles que, supostamente, nos obsedia.
Os centros espíritas recebem inúmeros espíritos que se comunicam por médiuns psicofônicos cheios de ódio, de rancor e de ressentimento, muitos perseguem irmãos encarnados à muitos anos, querem vingança de fatos ou acontecimentos ocorridos em outras encarnação, julgam-se em condições de vítimas e querem se vingar, esquecem-se que vítimas não existem, você pode até se enxergar como vítima em uma encarnação ou em um episódio especial, mas poucos querem acreditar que em outras paragens do mundo físico suas atitudes o classificam como verdugo, enxergar esta realidade pode te levar a uma reflexão sadia, mas muitos fecham seus olhos para momentos ou experiências que o colocam na posição de agressor, esquecem-se do livre arbítrio quando precisam responder por suas insanidades.
A Doutrina dos Espíritos traz uma nova visão sobre este tema tão caro e sensível para a sociedade, somos todos seres em evolução, cometemos inúmeros erros e equívocos, muitos deles são tão terríveis e violentos que mal podemos acreditar, fomos de tudo nestas mais variadas experiências no corpo físico, matamos, roubamos, agredimos, traímos, usurpamos, enganamos, etc.
É importante destacarmos ainda, a importância de uma atividade na casa espírita, muitas pessoas que se dizem espíritas pouco se comprometem com esta doutrina tão abençoada, se integrar na casa, buscar atividades assistenciais, participar dos estudos, trabalhos de desobsessão, atendimento fraterno, entre outras atividades, geram grandes benefícios para todos os indivíduos e, principalmente, para aqueles que passam por processos obsessivos ou distúrbios relacionados a perseguições espirituais.
André Luiz destaca que o ser humano convive com a razão a pouco mais de quarenta mil anos, neste período cometemos os mais variados deslizes emocionais, morais e espirituais, diante disso, perceber nossas limitações mais íntimas e encará-las de frente é uma forma correta, ou melhor, é a única forma de construirmos um novo caminho para nossas andanças no mundo físico e, posteriormente, no mundo espiritual, como nos destaca o incomensurável Chico Xavier, não dá pra voltar atrás do que passou, mas, com certeza, da pra construirmos um novo futuro.