Na sociedade contemporânea encontramos grandes confrontos em curso na comunidade internacional, além dos conflitos militares que movimentam variadas regiões, gerando destruições generalizadas, o aumento das mortes e devastação na infraestrutura, além disso, encontramos o crescimento dos confrontos comerciais, retaliações, protecionismos e a busca constante pela liderança global, onde destacamos os embates entre os Estados Unidos e a China.
Neste cenário marcado por grandes confrontos estratégicos, destacamos as movimentações geopolíticas em curso na economia mundial. Desde 2013, o governo chinês, liderado por Xi Jinping propôs a construção da Nova Rota da Seda com grandes investimentos para desenvolver novas rotas comerciais terrestres e marítimas ao redor do mundo, impulsionando as estruturas produtivas globais, gerando novos empregos e fomentando todas as regiões do mundo.
Desde o lançamento, a Nova Rota da Seda expandiu-se para mais de 147 países com adesão de nações africanas, da Oceania e da América Latina, consumindo mais de US$ 2 trilhões de projetos de investimentos produtivos, movimentando variados setores econômicos e políticos, alavancando ferrovias, portos, estradas, aeroportos, oleodutos, gasodutos, parques industriais, entre outros investimentos, gerando novos modelos de negócios, renovando horizontes, abrindo novas oportunidades de crescimento econômico e produtivo.
Dentre as nações da América Latina encontramos ao menos 20 nações que aderiram a iniciativa chinesa, se integrando aos investimentos produtivos da Rota da Seda, levando os países participantes e o governo chinês a pressionarem para a entrada do Brasil nesta iniciativa ambiciosa, garantindo grandes vantagens políticas, melhoras sociais substanciais e retornos econômicos estratégicos.
A Nova Rota da Seda, iniciativa chinesa marcada por grandes investimentos produtivos, busca estimular o crescimento do comércio, o aumento da cooperação econômica e o desenvolvimento de infraestrutura nos países ao longo das rotas. Apesar das críticas sobre as dívidas geradas, seus defensores argumentam que se trata de uma ferramenta de desenvolvimento econômico.
Ao analisar o caso brasileiro, percebemos visões diferentes, alguns diplomatas acreditam que a entrada do Brasil na Nova Rota da Seda seria um grande ganho político para a China e auxiliaria na reestruturação da infraestrutura nacional, incluindo projetos de ferrovias e outros setores estratégicos para garantir ganhos de produtividade e dinamismo para competir numa economia globalizada. No entanto, há divergências entre diplomatas brasileiros sobre a adesão, alguns acreditam que o Brasil já recebe investimentos chineses significativos, reduzindo nossa autonomia econômica e aumentando a desnacionalização dos setores produtivos.
Existem pesquisas do Banco Mundial que mostram que os investimentos da Nova Rota da Seda têm diminuído os custos do comércio mundial, garantindo o incremento das trocas internacionais e garantindo o crescimento das rotas comerciais, as nações que conseguiram se preparar anteriormente, com fortes investimentos em estruturas produtivas, aumento dos dispêndios em educação, ciência e tecnologia, podem garantir grandes retornos no crescimento do comércio global.
No caso do Brasil, a entrada na Nova Rota da Seda deve ser vista como uma decisão estratégica, aderir pode trazer vantagens desde que tenhamos maiores ganhos econômicos e produtivos, além de ambicionar a transferência de tecnologias, novos investimentos estratégicos que reduzam os custos nacionais, contribuindo para atrair novos parceiros comerciais, alavancando o desenvolvimento econômico e reduzindo as gritantes desigualdades sociais que nos caracterizam historicamente.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.