A importância da inovação para as empresas – Valter Pieracciani

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Com a infinidade de opções que as pessoas possuem para realizar qualquer atividade e/ou adquirir produtos, a necessidade de inovar e se diferenciar dos concorrentes é cada vez mais necessária. A inovação faz parte da história de nossa sociedade, visto que inovar significa facilitar, fazer algo de uma forma mais fácil e eficaz.

As organizações percebem cada vez mais esta tendência, por isso, os investimentos em áreas de inovação corporativa são tão altos. Confira a entrevista que o Carreira & Sucesso fez com Valter Pieracciani, especialista em inovação e sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, e saiba porque a área de inovação é tão importante para o sucesso das organizações.

Autor: Roni Silva – Revista CATHO – 19 de Outubro de 2018

Carreira & Sucesso: Qual a importância de inovação para as organizações?

Valter Pieracciani: Em cinco anos, existirão dois tipos de organizações: as inovadoras e as mortas. Basta ver o fenômeno da desindustrialização e a velocidade com que as empresas que não inovaram foram arrasadas pela concorrência. Inovar é o único caminho para conquistar competitividade.

C&S: Quais as maiores diferenças entre uma organização que inova e as que não inovam?

VP: As empresas inovadoras são aquelas que conseguem produzir inovações sistematicamente. Que inovam sempre, repetidamente… Inovação em série. São nelas que se caracteriza a gestão inovadora.

Essas empresas conseguem criar produtos e serviços que fascinam os clientes. Isto lhes permite praticarem margens múltiplas vezes, maiores e por mais tempo. Crescem e se desenvolvem e, com isso, desenvolvem a atividade econômica do país.

C&S: Inovar é a mesma coisa para organizações de grande, médio e pequeno porte?

VP: Vale para todas essas. A beleza da inovação é, muitas vezes, inversamente proporcional ao tamanho da empresa. Empresas menores podem ser mais ágeis, arrojadas e criativas.

A inovação é democratizante nesse sentido. Permite que empresas pequenas produzam inovação mais rapidamente e, muitas vezes, até melhor que as grandes. O que explicaria o sucesso de algumas startups. As empresas grandes têm dificuldades de lidar com riscos e a incertezas. O caminho da inovação é enfim uma excelente estratégia para empresas menores competirem e vencerem.

C&S: Ainda é caro inovar?

VP: Esse é um mito a ser superado. Associamos normalmente inovação a sofisticação, a tecnologia de vanguarda, existe uma série de inovações que não requerem nem uma coisa nem outra.

Aliás, é o tipo de inovação na qual somos (Brasil) poderosos, é a inovação de significado. Quando conseguimos atribuir novos e diferentes significados a produtos e serviços, acabamos gerando uma relação de afeto entre as pessoas e os produtos comprados.

Pense no novo Uno que de tecnologia nova não tinha nada quando foi lançado, nas sandálias havaianas que são idênticas há 50 anos, nos cadeados Papaiz linha futebol e em tantos outros produtos e serviços que significam inovação, mas que não utilizaram novas tecnologias.

C&S: Fora o lucro, quais são os outros retornos da inovação?

Muitos! Se considerarmos o encantamento e a fidelização dos consumidores, alguns não vivem sem seus smartphones, sem seus aplicativos etc. Mas, talvez, o mais importante seja as pessoas. As empresas inovadoras são voltadas para as pessoas, para sua felicidade. São mais abertas, lidam com os erros como aprendizados, procuram viver os clientes e fazê-los mais felizes.

C&S: Como inovar em meio à crise?

VP: Fazendo-a caber no bolso do consumidor. Porque as necessidades continuarão existindo. Existem alguns tipos de inovações que são campeãs em tempos de crise: a inovação de custos, na qual busca-se oportunidades de redução de custos. Um exemplo poderia ser os produtos em embalagens maiores ou, se menores, mais concentrados, ambos impactando nos custos.

As inovações frugais também são opções para inovação em meio à crise, pois neste modelo a inovação é baseada em necessidades específicas de regiões ou países e procura-se oferecer produtos e serviços em nível de qualidade adequado e com custos acessíveis.

C&S: Existem riscos ao inovar?

VP: Risco e inovação são irmãos, andam de mãos dadas, não há um sem o outro. Para inovar é preciso aprender a conviver com os riscos, talvez por isso, a inovação não avance em muitas empresas. Falar em riscos era proibido nos últimos 20 anos, não sabiam, mas estavam sufocando junto à inovação. Uma possível dica é passar a chamar tudo o que for risco de desafio.

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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