Protecionismos

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O ano de 2025 começou com inúmeros sonhos, grandes promessas, expectativas crescentes e a busca contínua de metas pessoais e coletivas. Neste ambiente, marcado por inúmeras transformações econômicas e sociais, percebemos que o ano começou com grandes incertezas, volatilidades e instabilidades nos campos econômico e político, com a ascensão, ou o retorno, de Donald Trump, como presidente dos Estados Unidos, com a divulgação de medidas preocupantes, unilaterais e assustadoras com impactos generalizados sobre o comércio global e possíveis desequilíbrios da economia internacional.

O “novo” governo estadunidense defende abertamente o aumento do protecionismo comercial, com o aumento das tarifas e forçando as empresas estrangeiras vistas como estratégicas para investir internamente, aumentando a geração de emprego e melhorando a renda dos trabalhadores. Estas medidas podem ser vistas como nacionalistas e protecionistas, como uma forma de estimular o ambiente econômico, mas sabemos, que estas políticas impactarão fortemente sobre a economia mundial, levando os parceiros a adotarem represálias comerciais e adotarem políticas protecionistas parecidas, aumentando as tarifas de importação, incrementando os subsídios, reduzindo o comércio internacional e diminuindo os espaços de crescimento das economias.

No campo econômico, as propostas de Donald Trump tendem a gerar graves constrangimentos para a economia internacional, aumentando a inflação, levando a Autoridade Monetária a aumentar as taxas de juros, atraindo dólares e gerando uma forte desvalorização das moedas, obrigando os Bancos Centrais a aumentarem as taxas de juros internas, reduzindo os investimentos nacionais e levando as economias a uma possível crise econômica, com graves custos políticos e sociais.

As medidas alardeadas pela “nova” administração dos Estados Unidos estão gerando grandes incertezas na sociedade global, não apenas para as nações rivais, como a Rússia e a China, mas também os países aliados, como Canadá, México, União Europeia e o Panamá. Todas estas medidas acabam criando mais incertezas e mais dúvidas sobre a sociedade internacional, gerando mais rivalidades, antagonismos e constrangimentos.

O protecionismo norte-americano vem ganhando novos contornos, recentemente o governo exigiu que a empresa detentora do Tik Tok, ByteDance, vendesse seu controle acionário para um grupo local, alegando, como sempre, risco à segurança nacional, alegação esta que está sendo utilizada pelo governo estadunidense para vetar a aquisição de uma empresa siderúrgica local, a US Steel, que está sendo adquirida por um grande conglomerado siderúrgico japonês, Nippon Steel, alegando novamente risco à segurança nacional do país.

Vivemos num momento de grandes instabilidades, os governos estão adotando políticas protecionistas para fortalecer as atividades internas e recuperar seus setores industriais, adotando políticas nacionalistas, aumentando os subsídios fiscais e tributários para atrair empresas estratégicas de ponta, aumentando a animosidade entre os atores econômicos, gerando fortes constrangimentos políticos, levando as nações a conflitos militares que podem culminar em destruições generalizadas.

Neste cenário de forte protecionismo interno das nações desenvolvidas, marcadas pelo aumento das concorrências comerciais e produtivas, encontramos estratégias diferentes e variadas, alguns países protegem seus setores econômicos, fortalecem suas estruturas nacionais, exigindo empresas locais comprometidas com um projeto nacional, enquanto outros países, verdadeiros vassalos submissos ao mercado financeiro global, vendem seus conglomerados econômicos e produtivos a preços irrisórios, enriquecem as custas da miséria da população e acreditam serem verdadeiros patriotas.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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