Brics +

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Vivemos momentos de grandes conturbações na economia internacional, confrontos econômicos que buscam novos espaços no comércio global, o aumento da tecnologia está moldando todas as bases da sociedade, as transformações no mundo do trabalho crescem de forma acelerada, os desequilíbrios climáticos assustam e geram preocupações palpáveis para todos os indivíduos, o incremento das desigualdades sociais gera calafrios e desesperanças. Neste cenário, encontramos embates de nações que vislumbram a hegemonia internacional, o aumento das guerras, novos padrões monetários e novas perspectivas para a economia mundial.

Diante de tantos desafios em curso na sociedade global, encontramos o fortalecimento do Brics + (inicialmente um espaço de integração entre Brasil, Rússia, Índia, China, África de Sul e países associados), que pode ser visto como uma grande transformação geopolítica mundial, com a entrada de novas nações, novas discussões geoestratégicas e novas perspectivas para o comércio internacional, o surgimento de novos projetos econômicos, comerciais e financeiros, tais como a costura de uma nova moeda para os países membros, um novo modelo monetário e financeiro, com o incremento da integração e a interdependência destas nações, estimulando a sinergia, o aumento das trocas comerciais e a maior solidariedade dentro do bloco.

Embora os analistas geopolíticos internacionais destaquem o caráter do Brics + como um modelo antiocidental, os países membros rechaçam essa definição, acreditando que o acordo vislumbra novos espaços comerciais e econômicos, com a construção de novos horizontes de integração e de interdependência. Embora acreditando que o crescimento e a consolidação, depois de muitas conversas e negociações, o Brics + tende a fortalecer as nações envolvidas, consolidando seus padrões de integração e reduzindo a dependência das nações ocidentais, impactando positivamente sobre o comércio internacional do sul global em detrimento dos países ocidentais que devem perder espaços comerciais construídos desde a expansão europeia.

Neste momento de grandes transformações na sociedade contemporânea, as nações estão buscando novas parcerias estratégicas para estimular o desenvolvimento de suas economias, novas formas de desenvolver suas estruturas produtivas, estimulando a transferência de novas tecnologias, consolidando apoios estratégicos e geopolíticos, maior autonomia econômica e soberania política nas relações internacionais, deixando de lado as nações que se comprazem com conflitos militares, estímulos crescentes da indústria bélica e da destruição, sendo verdadeiros mercadores da morte e da devastação.

Num momento de grandes incertezas e confrontos militares motivados e estimulados por nações ocidentais, onde a memória da colonização europeia, sempre marcada por pilhagens e devastações, o fortalecimento de um bloco de países do Sul Global pode gerar receios e preocupações das nações do norte, como destacou um alto integrante do governo alemão que demonstrou descontentamento com o crescimento e o fortalecimento do Brics + que podem criar constrangimentos para a manutenção da hegemonia. O Oceano Atlântico, desde a Revolução Industrial, dominou a economia internacional e garantiu a preponderância e a dominação das nações ocidentais, na sociedade contemporânea, os poderes e as hegemonias estão em franca movimentação, o Oceano Pacífico, nesta nova configuração geopolítica, tende a dominar e a controlar a economia internacional.

Ary Ramos da Silva Júnior, bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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