Turbulências globais

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As grandes transformações em curso na sociedade internacional vêm impulsionando inúmeras modificações no espaço e no tempo, transformando comportamentos, convivendo com novas tecnologias, criando novos modelos econômicos e produtivos, agitando o mundo da gestão, modificando as relações entre capital e trabalho, tudo isso, nos auxilia na compreensão dos grandes desafios da humanidade.

Depois de anos de pandemia que assolou a comunidade global, cujos impactos foram avassaladores em todas as regiões do mundo, levando mais de seis milhões de mortes, devastando setores inteiros, destacando novos modelos de trabalho, novas formas de qualificação, com novas tecnologias digitais e intangíveis, novas formas de comportamentos, gostos, vontades e necessidades, estamos vivenciando conflitos militares, agitações geopolíticas, agressões físicas e verbais, incremento do negacionismo, destruições ambientais, devastando a civilidade e vislumbrando um modelo de sociedade em crise.

No cenário internacional percebemos o crescimento dos conflitos militares, neste momento, as autoridades internacionais mapearam mais de 170 conflitos militares em curso na sociedade global, com milhares de mortes, degradações, agressões, impulsionando ódios, rancores e ressentimentos. Nesta toada, depois dessas devastações, a sociedade internacional vai precisar reconstruir os laços entre as nações, estimulando o comércio global, conversações diplomáticas internacionais e novos espaços de integração.

No campo econômico percebemos o crescimento do protecionismo entre as nações, o crescimento das incertezas e instabilidades financeiras, com o aumento dos subsídios dentro das nações, o retorno das políticas industriais para fortalecer os setores nacionais em detrimento dos grupos externos, desta forma, o comércio global tende a se reduzir e as integrações econômicas tendem a perder espaço, muitos especialistas estão destacando a possibilidade da chamada desglobalização, uma verdadeira revolução econômica e produtiva.

Ainda no campo econômico, destacamos o possível surgimento de um novo padrão monetário internacional em detrimento ao dólar norte-americano. O possível nascimento de um novo modelo monetário global pode gerar novos constrangimentos financeiros internacionais, trazendo novos desafios e novas oportunidades, demandando lideranças internacionais capacitadas para compreender os possíveis caminhos que tendem a aparecer no cenário internacional, desafiando países ricos e desenvolvidos para continuar controlando estas transformações que podem diminuir seus poderes. Do outro lado, percebemos que todas estas alterações globais demandarão das nações em desenvolvimento a adoção de políticas públicas equilibradas e, ao mesmo tempo mais ousadas, independentes, conscientes e soberanas.

Neste ambiente, destacamos ainda as grandes turbulências globais no meio ambiente, as alterações climáticas estão cada vez mais aceleradas, vide o exemplo do sul do Brasil, cuja destruição deve ser vista como um aperitivo para as possíveis devastações do meio ambiente, rechaçando os crescentes negacionismos que crescem em escala global, impulsionando políticas de austeridade que fragilizam os governos nacionais, vislumbrando apenas interesses imediatos, lobbies financeiros fortíssimos e grupos que patrocinam o caos e a degradação.

Os desafios da comunidade internacional na contemporaneidade são imensos e inadiáveis. As riquezas geradas nas últimas décadas são suficientes para incluir todas as pessoas da sociedade global desde que o modelo econômico e produtivo seja alterado e modificado. Sem uma alteração efetiva no modelo econômico e produtivo, temos que se acostumar com uma sociedade cada vez mais individualista, imediatista, narcisista e centrada no lucro e nos prazeres materiais.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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