Vivemos numa sociedade altamente integrada e interdependente, caracterizada pelo processo de globalização construído pelo incremento do capital financeiro, onde as nações comercializam produtos, bens e mercadorias em todas as regiões, as distâncias vêm se reduzindo de forma acelerada, as culturas se transformam com uma rapidez pouco vista na história da comunidade internacional e as noções de tempo estão em constante movimento.
Com o crescimento da concorrência internacional, a abertura econômica e o incremento da tecnologia estão moldando a sociedade global gerando verdadeiras revoluções na estrutura econômica e produtiva, fortalecendo grupos transnacionais e multinacionais que passam a dominar setores estratégicos da economia mundial, criando formas de dependência externa, reduzindo a soberania das nações e fragilizando os Estados Nacionais.
As novas tecnologias estão arregimentando modelos de negócios revolucionários, empresas vistas como gigantes e consolidadas em determinados setores, dotadas de grande conhecimento e vistas como detentores de alta experiência, estão sendo superadas por novos grupos econômicos, com novas formas de organização, estruturas mais enxutas, comportamentos flexíveis, ágeis e eficientes, além de grande flexibilidade e dotadas de grande desenvolvimento tecnológico, impactando o mercado de trabalho, exigindo mão de obra altamente complexo e atualização constante.
Nesta nova sociedade internacional, os Estados Nacionais estão se utilizando de instrumentos geopolíticos, protecionismos e grandes recursos financeiros e monetários como forma de defender suas estruturas produtivas, como forma de estimular investimentos internos, fortalecendo a transferência de tecnologias externas, garantindo a geração de empregos e o fortalecimento de seus parques produtivos, desta forma, conseguem manter e aumentar seus poderes políticos e seu espaço numa sociedade globalizada e fortemente interdependente.
Anteriormente, as nações subdesenvolvidas eram os exportadores de produtos primários de baixo valor agregado, vendiam no mercado internacional produtos agrícolas e minérios, angariando recursos conversíveis na economia global para comprar produtos industrializados como forma de sobrevivência. Os preços eram definidos pelas nações desenvolvidas, estes países eram os grandes ganhadores do comércio internacional, acumulavam recursos, melhoravam as condições de vida de sua população e se destacavam como detentores de tecnologias inovadoras.
Os investimentos em capital humano, a construção de um projeto nacional, além de fortes investimentos em ciência, pesquisa e tecnologia eram fundamentais para o desenvolvimento industrial e o desenvolvimento da nação, além de políticas industriais efetivas e uma atuação ousada dos governos nacionais, subsidiando projetos, protegendo setores estratégicos, cobrando eficiência, definindo metas e angariando mercados internacionais.
Na nova economia internacional, marcada pelo desenvolvimento da tecnologia e a interdependência produtiva, as nações precisam construir novos instrumentos de inserção no cenário mundial, reduzindo a dependência da exportação de produtos primários de baixo valor agregado.
A estrutura da economia internacional está fortemente concentrada no conhecimento científico, nos ativos intangíveis e as nações que negligenciarem os investimentos em capital humano e que postergarem recursos em pesquisa científica tendem a perder espaço na economia internacional, consolidando uma dependência externa e eterna, perpetuando desigualdades sociais, incrementando exclusões e violências crescentes.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.