A economia brasileira vem passando por grandes alterações que tem impactos sobre todos os setores, destacando as potencialidades da nação e os grandes desafios que se abrem para o século XXI. Neste momento, precisamos construir laços efetivos, reduzir as polarizações que atravancam o desenvolvimento brasileiro, impulsando a construção de novas riquezas em um mundo em constante transformação, além de pensar um futuro promissor e inclusivo para todos os indivíduos, criando cidadãos e não se contentando com a construção apenas de consumidores.
Depois de décadas de forte crescimento econômico e fortalecimento produtivo, que colocou o Brasil na liderança do crescimento econômico internacional, depois dos anos 1980 perdemos a vocação para o crescimento econômico e passamos a nos acostumar com taxas pífias de crescimento, perdemos espaço no comércio internacional, mergulhamos num processo de desindustrialização, com perdas crescentes de renda e perdemos o dinamismo produtivo, reduzindo nossa complexidade econômica e, novamente, voltamos a nos destacar apenas como uma nação exportadora de produtos primários de baixo valor agregado e dependentes da importação de produtos industrializados e manufaturados.
Precisamos impulsionar o crescimento da economia, retomando as discussões do nosso potencial econômico e produtivo, precisamos impulsionar as ideias de planejamento econômico sistêmico, usando as estratégicas geopolíticas e geoeconômicas para que o Brasil retome seu papel na sociedade internacional, mostrando nosso potencial de economia verde, construindo energias alternativas e capacitando o meio ambiente para garantir a sustentabilidade, transformando essas potencialidades naturais, desta forma levantaremos poupanças externas para financiar as melhorias sociais, garantindo emprego de qualidade e espaço privilegiado nos círculos políticos globais.
No Brasil contemporâneo, precisamos construir variados pactos para a melhoria econômica, política e social, dentre estes pactos, precisamos pactuar produção, emprego e crescimento econômico, utilizando toda a infraestrutura para angariar melhoras das condições sociais, rechaçando políticas que priorizam os interesses corporativos, que aumentam os subsídios e as desonerações que garantem ganhos imediatos e contribuem ativamente para a perpetuação das desigualdades que perpassam a sociedade nacional.
Embora saibamos que os recursos públicos são limitados e as condições orçamentárias são precárias, precisamos analisar, estrategicamente, os investimentos públicos e seus retornos, impulsionando as melhores formas de gastos privados, criando espaços de confiabilidade e vislumbrando retornos sólidos e consistentes no longo prazo, garantindo melhorias para toda a comunidade. Nestes últimos quarenta anos, a comunidade internacional percebeu que a agenda para os países em desenvolvimento era de austeridade fiscal e restrição econômica e financeira, marcadas por taxas de juros elevadas e gastos públicos reduzidos, diante disso, os resultados destas políticas são claras e conclusivas, empobrecimento da população, aumento de violência urbana, incremento dos conflitos sociais, aumento da xenofobia, incremento da polarização política e o aumento da desigualdade social, guerras generalizadas, poucos indivíduos muito ricos e milionários e uma grande quantidade de pobres, miseráveis e desfavorecidos, gerando um capitalismo instável e cada vez mais desigual, com perspectivas negativas para a maior parte da comunidade internacional.
Vivemos numa sociedade marcada por grandes potencialidades, pouco vistas em outras nações, somos dotados de recursos naturais que nos colocam no centro da produção global de alimentos, somos dotados de variadas energias alternativas, somos possuidores de uma população criativa e com forte potencial empreendedora e de grande capacidade inovadora, mas precisamos perceber que o desenvolvimento prescinde de políticas integradas e duradouras, instituições sólidas e consistentes, uma democracia pujante e fortemente arraigada para transformar toda a potencialidade brasileira, precisamos nos desvencilhar de uma visão imediatista, individualista e precisamos vislumbrar melhoras para todos os cidadãos, não apenas seus descendentes e seus apaniguados.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Circular, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.