Inquietações globais

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A economia internacional vem vivendo momentos de grandes inquietações, de um lado estamos saindo de uma pandemia que gerou graves constrangimentos sociais, econômicos e políticos, com mais de seis milhões de mortes e graves desequilíbrios emocionais e sentimentais, que impactaram todas as regiões do globo, deixando rastros de destruições generalizadas. Vivemos períodos de alterações geopolíticas, passando de uma sociedade unipolar e atrelada a uma nação dominante, os Estados Unidos, para uma nova configuração geopolítica, com o surgimento de um mundo multipolar, com novos focos de poder e grandes repercussões internacionais.

Depois de milhares de mortes atreladas a pandemia, percebemos momentos de inquietações econômicas e produtivas, a introdução de novos modelos de negócios, o surgimento da inteligência artificial, novas tecnologias e o crescimento dos negócios digitais, neste cenário, percebemos o incremento das incertezas crescentes da economia global, da elevação dos preços, do aumento nas taxas de juros e o crescimento do desemprego estrutural, cujos impactos variados e imprecisos são preocupantes, como será a sociedade mundial nos próximos anos?

Neste cenário, percebemos que os preços estão crescendo em algumas economias, levando seus governos a elevarem os custos do dinheiro, levando as taxas de juros a incrementos crescentes, cujos impactos sobre as respectivas economias são elevados, diminuindo as atividades produtivas e degradando empregos, desta forma, os movimentos internacionais são preocupantes e geram instabilidades que podem gerar retração dos investidores, diminuindo seus investimentos produtivos e reduzindo a geração de empregos.

Recentemente, o Banco Central dos Estados Unidos elevou sua taxa de juros como forma de reduzir
as pressões inflacionárias, com impactos generalizados sobre a economia internacional, gerando fuga de dólares, desvalorizando moedas locais e pressões inflacionários que, posteriormente, levando as Autoridades Monetárias a elevarem seus juros internos, prejudicando a recuperação da economia, postergando a geração de emprego e diminuindo a renda agregada, com graves constrangimentos para suas economias e seus setores produtivos.

A elevação das taxas de juros dos Estados Unidos nos mostra, claramente, como o sistema econômico internacional tem grande dependência da moeda norte-americana, dando a este governo um poder muito elevado sobre as outras economias mundiais e a condução da política econômica de outras nações, demonstrando a urgência da reconstrução do sistema econômico e financeiro internacional, diminuindo o poder da economia hegemônica em detrimento de um modelo mais abrangente e democrático, elevando a autonomia das economias nacionais, retomando a capacidade de gestão interna e retomando a soberania de suas economias.

Desde a pandemia, a economia internacional passou a sentir na pele os efeitos deletérios do incremento das taxas de inflação, o crescimento dos preços que fragilizam as populações mais carentes e geram novos desequilíbrios econômicos e financeiros para todos os setores da população, motivando instabilidades políticas crescentes, auxiliando na ascensão de governos autoritários, populistas e antidemocráticos. O aumento inflacionário obriga os governos a elevarem as taxas de juros, reduzindo os investimentos produtivos, aumentando os ganhos de setores parasitários da economia e contribuindo para a piora dos indicadores sociais e agravando as polarizações políticas que crescem em todas as regiões da sociedade global.

Vivemos um momento estratégico da sociedade mundial, com alterações climáticas e desequilíbrios ambientais, crescimento de confrontos militares, com guerras econômicas e comerciais, com corrupção generalizada e com a degradação do trabalho, prejudicando quase todos os indivíduos da sociedade globalizada, mas não podemos perder de vista que, dentre os grandes desafios contemporâneos, fazem-se necessários combatermos os desequilíbrios sociais, a hipocrisia, a soberba e a ambição humana que crassa no coração dos defensores do individualismo, do imediatismo e do lucro exasperado.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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