O Mês de agosto de 2023 deve ser visto como um momento marcado por algumas novidades econômicas positivas para a economia brasileira, depois de meses de manutenção nas taxas de juros em patamares elevados, que inviabilizavam a melhora do ambiente econômico e produtivo, o Banco Central iniciou uma trajetória de queda dos custos do capital, com uma redução de 13,75% para 13,25%, uma redução pequena mas bastante significativa para o ambiente produtivo, isso porque, essa queda pode melhorar o ambiente econômico, elevar as perspectivas para o sistema produtivo e estimular os investimentos produtivos, que podem movimentar a geração de emprego, da renda e dos salários.
Neste cenário de taxas de juros elevadas acaba inviabilizando os investimentos econômicos e produtivos, gerando conflitos entre as Autoridades Monetárias e o governo federal, principalmente pelas críticas constantes sobre a atuação do Banco Central, responsável pelas taxas elevadas de juros que inviabilizavam o crescimento da economia e, pelas críticas do presidente, que impedia a recuperação da economia nacional, mantendo investimentos produtivos muito reduzidos e postergavam a geração de emprego, além de fortalecer a apetite do sistema financeiro, fortalecendo os setores bancários, os especuladores e os rentistas, em detrimento dos trabalhadores e empresários que precisam estimular o sistema econômico e produtivo nacionais.
No mês de agosto, percebemos o encontro dos países membros dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e, posteriormente África de Sul), que nasceram como um acrônimo criado por um economista de um grande banco de investimento, Goldman Sachs, John O’ Neil, que criou a expressão se referindo aos chamados países baleias, que tinham em comum grandes extensões de terras, alto contingente populacional e que, segundo esse teórico, seriam as economias que dominariam a economia no século XXI. Deste acrônimo, os países criaram o Bloco dos Brics, com sede na China e ganhou relevância da economia internacional, força política e importância estratégica e geoestratégica, lembrando-os que neste grupo, estão os chineses, vistos como a maior economia do mundo em paridade de poder de compra, ultrapassando a economia norte-americana.
Neste encontro, foram aceito novos membros no bloco dos Brics e passaram a ser vistos como o Brics Plus, onde foram incorporados a Argentina, o Egito, a Arábia Saudita, Emirados Árabes, Etiópia e Irã, desta forma, o bloco ganhou musculatura e se espalhou para outras regiões do mundo, lembrando que além destes países que ganharam assento nos Brics mais de trinta nações demonstraram interesses em participar deste bloco renovado, angariando poder no cenário global e aumentando a maior influência política em questões internacionais.
Alguns analistas acreditam que a entrada de tantos países no grupo levou o Brasil a perder relevância no bloco, mas acreditamos que é ao contrário, mais países, mais diversificação cultural e mais força geopolítica tende a impulsionar os países membros originais e aumentar sua capacidade de recuperar sua economia, incrementando os investimentos externos e contribuindo diretamente para a geração de empregos, renda e trabalho.
Destacamos ainda, que o mês de agosto foi marcado por grandes conversas e discussões referentes a tributação de fundos exclusivos, proposta pelo governo federal como forma de aumentar a carga tributária, reduzindo as desigualdades nos impostos e melhorar o ambiente tributário, angariando novos recursos para reduzir os déficits fiscais e equilibrando a carga tributária, sempre impactando diretamente sobre a classe média e os setores mais fragilizados em detrimento dos endinheirados, que pouco pagam de tributos e se tornam cada vez mais ricos numa sociedade paupérrima.
Neste movimento, percebemos que os ricos endinheirados e seus representantes foram rapidamente para difundir sua preocupação com essa tributação do fundos exclusivos, destacando que esse instrumento irá afugentar os recursos dos investidores, gerando incertezas entre os investidores e terá efeito negativos para o sistema econômico e produtivo, gerando grandes controvérsias nos editoriais dos jornais e da mídias comerciais, com teses variadas e pensamentos antagônicos, uma discussão interessante e imprescindíveis para todos aqueles que vislumbram anos melhores para a economia nacional.
Destacamos ainda, as inúmeras discussões e acordos políticos para que o governo federal consiga a sua base política de sustentação no Legislativo, com a entrada de novos ministros, novos partidos, para garantir força política e capacidade de arregimentar medidas progressistas, um desafio hercúleo, ainda mais que sabemos que estamos numa composição altamente conservador e retrógrado do Congresso Nacional.
Destacando ainda, as dificuldades crescentes do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que desde o começo de seu governo não consegue se posicionar dentro do espectro político, com desgastes constantes com seus antigos afetos e muitos de seus constantes desafetos, um cálculo importante que podem mirar o atual governador no maior estado brasileiro. Outro ponto que foi sendo destacado no decorrer do mês de agosto foram os graves confrontos do secretário da Educação do estado, Renato Feder, com o livro didático, seu desgaste e seus equívocos para tentar adotar uma política no livro digital, visto pelo secretário como um avanço na educação do estado, algo muito criticado pelos especialistas da área, desta forma, estamos atrasando mais uma vez os rumos da educação nacional.
O mês de agosto foi marcado por grandes embates no cenário político, com uma polarização que apresenta grande potencial de conflito no cenário político e eleitoral, mas percebemos que a recuperação da economia está em curso e estamos caminhando a passos largos para um crescimento na casa do 3,2%, uma notícia muito positiva para uma nação que se acostumou a um crescimento econômico ridículo.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.