Movimentações geopolíticas

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Vivemos momentos de grandes apreensões na sociedade internacional, momentos de conflitos militares, golpes de Estado e grandes incertezas geopolíticas, além de inúmeras transformações no cenário econômico e produtivo, onde destacamos o papel da tecnologia como instrumento de reconfiguração econômica, política e geopolítica, forçando as nações a reverem estratégias e novas formas de planejamento, sob pena de perderem seus espaços na comunidade internacional.

Vivemos cotidianamente destacando que vivemos numa era centrada do conhecimento e da informação, todos os momentos somos impulsionados por dados e novas notícias em todos os cantos da comunidade global e, ao mesmo tempo, nos esquecemos que entre os discursos e as práticas efetivas existem um longo caminho, na construção de políticas públicas eficientes para melhorar as condições de vida das sociedades, angariar novos investimentos produtivos e novas perspectivas no mundo do conhecimento.

Neste cenário, percebemos grandes confrontos internacionais, não apenas nos campos bélico e militar, mas nos campos econômico e diplomático, onde as medidas protecionistas adotadas pelas potências econômicas se espalham para todos os setores sensíveis para seu crescimento produtivo. Neste ambiente, vivemos num momento de discurso pretensamente liberal e medidas fortemente protecionistas, onde as grandes potências econômicas constroem inúmeras medidas para protegerem seus setores produtivos internos e rechaçarem o crescimento de seus concorrentes, vide as medidas adotadas atualmente nos setores de semicondutores, de novas tecnologias e baterias elétricas, setores que podem reconfigurar o poder do século XXI levando governos ditos liberais de adotarem medidas altamente protecionistas.

Neste ambiente, as nações estão se movimentando para fortalecer seus setores produtivos, buscando novos ambiente geopolíticos, novas parcerias econômicas e produtivas, fortalecendo seus setores industriais e a reconstrução de seus setores produtivos, como forma de angariar espaços nos hiatos econômicos internacionais. Neste novo momento, percebemos a diminuição do poderia global dos Estados Unidos, a perda de poder relativa de sua moeda no cenário internacional, o fortalecimento de novos atores geopolíticos e uma reconfiguração do poder internacional, gerando novos desafios e, ao mesmo tempo, novas oportunidade para todos aqueles que conseguirem compreender os novos desenhos geopolíticos globais.

Neste ambiente externo, marcado por grandes transformações geopolíticas e geoestratégicas, as nações com históricos de subalternidades permanecerão perpetuamente submissas e dependentes neste cenário global, se mantendo importadores de tecnologias e exportadores de produtos de baixo valor agregado, abrindo mão de seu potencial, seu espírito inovador e sua capacidade empreendedora, sendo sempre vistos como vassalos dos centros de poder, um novo colonialismo.

Muitas nações conseguiram se desenvolver economicamente se utilizando de sua forte capacidade estratégica para atrair investimentos privados, negociando seu dinâmico mercado interno como forma de atração, investindo em ciência, pesquisas e desenvolvimento tecnológico, desta forma, conseguiram acessar esse mercado promissor, fomentando empresas dotadas de grande inovação e tecnologia, conseguindo competir com os grandes atores internacionais, garantindo uma melhora interna, gerando empregos promissores, angariando sensíveis melhoras educacionais e passando a vislumbrar novas perspectivas para a sociedade, deixando de um passado exportador de matéria prima para desenvolver tecnologias altamente sofisticadas.

As movimentações geopolíticas em curso na sociedade internacional está abrindo novos horizontes e novas perspectivas de crescimento econômico para as nações que conseguirem aliar um forte projeto de nação e uma noção clara dos desafios contemporâneos, com investimentos substanciais em capital humano, em pesquisa científica, políticas públicas na área da saúde e numa agenda ambiental progressista, deixando para trás uma agenda atrasada, retrógrada, reacionária, marcada por discussões vulgares, centradas em confrontos sociais e polarizações, olhando os interesses de alguns poucos privilegiados, garantindo isenções fiscais e fomentando matanças, conflitos sociais e pobrezas generalizadas.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Circular, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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