As contribuições de André Luiz

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A Doutrina dos Espíritos nos traz grandes contribuições para a compreensão da vida, desnuda de forma simples conceitos muitas vezes pouco compreendidos e retrata temas que muito nos interessam de forma serena e detalhada, uma verdadeira benção para todos que se interessam pela compreensão das verdades da vida, que nos foi concedida para nos iluminar na jornada evolutiva e nos destacar a grandeza de Deus e seus e dos seus ensinamentos.

Depois de mais de cento e cinquenta anos de revelação Espírita, muitas informações nos foram dadas por intermédio de espíritos amigos, verdadeiros missionários enviados por Deus com o intuito de esclarecer o ser humano e saciar suas vontades e desejos intensos de informações sobre a vida e, principalmente, sobre a morte, informações que todos os indivíduos, de uma forma ou de outra, se interessa e busca se informar para compreender a vida. Dentre os grandes teóricos que se destacam nesta missão sublime, destacamos missionários como Yvonne Pereira, Francisco Cândido Xavier e Hermínio Miranda, entre outros, e dentre os desencarnados destacamos a presença sempre imponente de Emmanuel e André Luiz, este último gostaríamos de destacar nestas breves palavras.

André Luiz se destaca no movimento espírita pelo conteúdo doutrinário de todas as suas obras, que desnudam, de forma clara, o mundo espiritual, seus escritos inspiraram grandes estudiosos a se debruçarem sobre suas obras em pesquisas constantes para se compreender o mundo dos espíritos, como vivem e pensam os indivíduos que não mais possuem o corpo físico mas, que vivem nitidamente em espírito, e como tal apresentam gostos, vontades, desejos e necessidades que, quando reveladas, levam as pessoas a se assustarem, afinal, o mundo não acaba com a morte do corpo físico?

Nas suas obras, psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, André Luiz revelou como vivem os espíritos, o que fazemos depois da morte, para onde vamos, o que pensamos e como agimos quando nos encontramos sem nosso corpo físico e material, ou seja, o autor nos trouxe informações variadas sobre inúmeros temas, abordou assuntos que eram considerados tabus, retratou um mundo diferente e nos levou a visitar uma cidade no plano espiritual, o Nosso Lar, que se transformou no livro espírita mais importante do século XX, cujas informações, num primeiro momento, eram vistas como ficção científica, deixando os indivíduos, inclusive espíritas, estupefatos, acreditando que tudo aquilo era fruto da imaginação fértil do autor e um mero delírio do médium.

Nosso Lar é a colônia espiritual apresentada por André Luiz, na obra o autor relata, como um jornalista, em narrativa vibrante e cheia de informações variadas, as descobertas sobre a vida no mundo espiritual, revela a existência de um mundo cheio de trabalho e atividades constantes, onde as pessoas trabalham intensamente, e passam por estágios até sua recuperação integral supervisionado por espíritos superiores, que auxiliam em sua recuperação, afinal, todos, ou a grande maioria, quando acorda no mundo espiritual, percebe que precisa de ajuda. O livro é o primeiro de uma série composta por 16 volumes, independentes entre si, Nosso Lar, se tornou um best-seller, com quase 2 milhões de exemplares vendidos e acabou gerando um filme homônimo que atraiu um público considerável de pessoas, na sua grande maioria interessados em saber como as pessoas vivem após a morte do corpo físico.

André Luiz pode ser descrito como um grande missionário, sua história foi destacada no livro Nosso Lar, como médico teve a oportunidade de contribuir muito para a Doutrina Espírita, por mais que se dissesse ateu quando encarnado, é muito difícil acreditar que todos os conhecimentos destacados na série nosso lar fosse obra de um espírito comum, André Luiz, na minha concepção, foi um dos grandes teóricos do Cristo em épocas anteriores, só assim para acreditar que todo aquele conhecimento destacado nas obras viessem de um indivíduo pouco afeito as questões religiosas, que todas aquelas informações trazidas na obra fosse oriunda de uma mente ateia ou agnóstica.

André Luiz se destaca como um dos espíritos vindos do panteão de Cristo, suas vidas anteriores, poucos conhecidas, foram vidas de resguardo intelectual e de grande inquietação moral, um espírito vindo das fileiras do bem, dotado de grande capacidade intelectual que desencarna para desnudar segredos e mistérios pouco conhecido pelos indivíduos, mas que são fundamentais para se compreender as leis imutáveis e inexoráveis de Jesus, sua obra apresentou uma importância tão grande, que para auxilia-lo nesta empreitada, Jesus escolheu apenas Francisco Cândido Xavier, nada mais que, para muitos, a reencarnação de Allan Kardec, o druída reencarnado que codificou a Doutrina dos Espíritos e trouxe para a humanidade a terceira revelação, depois de Moisés (primeira) e Jesus (segunda), coube a Kardec trazer para a sociedade mundial o Espiritismo, que para nós, espíritas, é a terceira revelação de Jesus para a humanidade global.

São muitas as especulações sobre o verdadeiro nome de André Luiz, alguns acreditam que foi Carlos Chagas, outros preferem apostar que foi Osvaldo Cruz, mas o autor não assinou seu nome verdadeiro, optou pelo anonimato total como forma de preservar sua verdadeira identidade, como destacou o benfeitor Emmanuel no prefácio do livro Nosso Lar, “por trazer numerosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive de seu próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão”. O nome do espírito não importa, dizem os espíritos elevados, o que importa verdadeiramente é a mensagem, o teor das informações e o conteúdo destacado pelo espírito comunicante, e nisso, André Luiz foi fantástico, suas palavras foram precisas, suas informações são intensas e transformadoras, contribuindo para transformar a vida de todos os indivíduos que se debruçarem sobre a obra com afinco e vontade verdadeira de encontrar respostas para suas dores mais íntimas e pessoais.

Cada uma de suas obras apresenta uma característica central, analisando de forma detalhada o mundo dos espíritos, a colônia Nosso Lar, a descrição, de forma detalhada, feita com o auxílio e o esclarecimento do espírito Alexandre, do processo de reencarnação, um mergulho no caso Segismundo, famoso no movimento espírita, uma visita à cidade dos gregorianos, os estudos sobre obsessão e vários outros temas abordados de forma detalhada e cheia de informações, pois, André Luiz, faz um trabalho de jornalista realmente, fazendo inúmeras perguntas minuciosas, o que ajuda a todos que estudam suas obras a compreenderem sobre os assuntos abordados, assuntos que na atualidade já geram polêmica, imagina tocar nestes assuntos no século passado, a setenta ou oitenta anos atrás.

André Luiz foi o pioneiro destas abordagens, muitas pessoas, atualmente, ao lerem seus livros ficam com receio de que tudo que o autor abordou nos livros, serem, na verdade, um grande compêndio de ficção científica, um verdadeiro vade mecum espiritual, pois, muitas das informações trazidas pelo autor espiritual pareciam algo absurdo, utópico ou de uma mente cheia de imaginação. Na verdade esta imaginação é algo bastante presente nas suas obras, afinal, como abordar assuntos tão complexos de uma forma clara e, ao mesmo tempo, profunda, de assuntos como a tão temida vida após a morte, um dos temas mais instigantes que envolvem a humanidade, mas, mesmo assim, um dos temas mais temido pelos indivíduos, afinal, como diz o velho ditado popular, a morte é certa, o momento é incerto.

O processo evolutivo dos homens é sempre muito lento, se estudarmos os mais variados vícios morais da sociedade nos tempos de Jesus Cristo, perceberemos, que muitos destes se encontram na atualidade, são vícios que estão atrelados na alma das pessoas e, a grande maioria, apresenta dificuldades imensas para vencê-las, muitas não estão nem interessados em vencê-los, mas brevemente terão que responder por tais inclinações negativas, ainda mais quando os espíritos nos falam diretamente, que o mundo de provas e de expiação, onde nos encontramos, está em um processo acelerado de substituição por outro mundo, um mundo de regeneração, onde todos que se comprazem com o mal, todos que trouxerem em seus corações sentimentos ligados a maldade e a violência, serão retirados e levados para outros locais, outros planetas mais compatíveis com suas energias, assim como nos foi relatado no clássico Os exilados de Capela, de Edgard Armond, escrito em 1949.

A espiritualidade, sabendo das dificuldades evolutivas dos seres humanos, num gesto de intensa bondade e estímulo evolutivo, envia para o mundo físico espíritos dotados de uma ampla gama de conhecimentos e valores morais, nas mais variadas áreas, para alavancar a humanidade, vultos da ciência, intelectuais dotados de grandes valores éticos, artistas sensíveis às dores dos indivíduos e dos grupos sociais, todos nascem, ou renascem, para estimular o progresso da humanidade, se a espiritualidade maior deixasse o progresso evolutivo por conta dos seres humanos, sem interferir diretamente, a evolução aconteceria de uma forma muito mais lenta, o que seria da humanidade sem vultos como Galileu Galilei, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Francisco Cândido Xavier, etc… e André Luiz, que com suas contribuições trouxe para a sociedade mundial, a existência do mundo dos espíritos, um local onde nos encontraremos em algum momento de nossas vidas, afinal, a morte como a conhecemos não existe, o que existe é um novo mergulho na vida, este definitivo, porque a verdadeira vida é a vida do espírito.

Numa de suas reuniões semanais, os famosos encontros à beira do abacateiro, Chico Xavier foi indagado por um dos participantes deste encontro, que se assemelha a um verdadeiro bálsamo espiritual, qual obra recomendaria para um principiante dos ensinos da doutrina dos espíritos, para que este não se assustasse com as informações doutrinárias, diante da indagação, Chico Xavier não pestanejou e disse abertamente, indico-lhe o livro E a vida continua, de André Luiz, uma obra pouco comentada no movimento, mas que traz uma grande quantidades de ensinamentos sobre a vida e, principalmente, sobre a morte, uma obra que destaca, de forma clara e abrangente, que apesar dos medos e das desesperanças, não existem vítimas na caminhada da vida, somos todos caminheiros, caminhando e cantando, como diz o poeta, uns com um ritmo mais afinado enquanto outros mais desafinados mas, todos devemos compreender que a vida continua, sempre, e num determinado momentos todos vamos nos encontrar mais uma vez e para todo o sempre.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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