Novos horizontes econômicos

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Vivemos numa sociedade que se altera rapidamente, exigindo dos setores econômicos e produtivos uma constante reinvenção, obrigando-os a compreenderem as transformações em curso, adotando políticas efetivas para se posicionar rapidamente, buscando se antecipar às movimentações das organizações, interpretando todos os passos dos concorrentes e compreendendo os anseios dos consumidores, construindo estratégias dos governos e, ao mesmo tempo, buscando compreender que vivemos numa sociedade centrada na competição, na busca frenética do lucro e da acumulação.

Neste cenário, percebemos novas atuações dos governos nacionais, motivados pela perda de espaço do pensamento neoliberal, embora dominante, que vem perdendo força e dinamismo, exigindo que as sociedades construam novas estratégias e novas formas de planejamento. A perda de poder do pensamento neoliberal está diretamente ligada a crise Imobiliária dos Estados Unidos de 2007/2008 e seus impactos na Europa, além do crescimento econômico chinês e de algumas nações asiáticas e, mais recentemente, da pandemia do coronavírus que vitimou mais de 6 milhões de pessoas na sociedade internacional, tudo isso, está motivando novos horizontes para o pensamento econômico internacional.

Neste cenário, percebemos que os discursos econômicos estão sendo reinterpretados nas economias desenvolvidas, a defesa enfática da abertura econômica, das privatizações, das desregulamentações e a diminuição das intervenções dos governos nacionais estão passando por grandes mudanças, com impactos sobre todas as economias, gerando incertezas e instabilidades crescentes.

Depois de uma defesa pseudoliberal, que pregava a abertura econômica e a diminuição do papel dos Estados Nacionais nas questões econômicas e produtivas, as nações desenvolvidas ocidentais passaram a rever seus conceitos. Atualmente, estas nações estão ensaiando um novo modelo baseado nas políticas públicas centradas em seus governos nacionais, com incremento dos subsídios para os setores produtivos, além de políticas fortemente intervencionistas para defender suas organizações, punindo concorrentes e adotando políticas diferentes das defendidas anteriormente, mostrando o crescimento da flexibilidade ou do pragmatismo quando os assuntos eram os interesses nacionais de seus grandes conglomerados.

Nos anos 1990, estas nações desenvolvidas defendiam políticas neoliberais, rechaçando as intervenções governamentais, vistas como atrasadas e marcadas por fortes traços de corrupção e de ineficiência, esquecendo que em momentos anteriores, seu desenvolvimento foi muito estimulado por políticas industriais lideradas por seus Estados Nacionais. Neste período, os defensores destas políticas adotavam aquilo que o economista coreano, radicado na Inglaterra, Ha-joon Chang chamou de chutando a escada.

Neste momento, está surgindo novos horizontes econômicos na sociedade internacional, os governos nacionais estão ganhando, novamente, novos espaços nas discussões econômicas teóricas internacionais, os subsídios estão sendo retomados em todas as regiões, as políticas intervencionistas estão sendo recriadas e repensadas, levando a retomada de políticas industriais reconstruídas objetivando a reconstrução dos setores industriais, reduzindo as dependências de outras nações, alavancando as exportações, diminuindo as importações e aumentando a soberania nacional.

Nesta nova etapa, as nações estão envoltas em grandes conflitos econômicos e produtivos, a concorrência crescente com as nações asiáticas está levando os países ocidentais a injetarem trilhões de dólares para impulsionar setores estratégicos para a economia do século XXI, protegendo seus conglomerados, prometendo subsídios para a atração de novas empresas e setores industriais, exigindo uma forte capacidade de compreensão dos rumos que a sociedade internacional está caminhando para as próximas décadas, evitando investimentos em setores cujos retornos são limitados e, em contrapartida, investindo em setores cujos potenciais são elevados e seus retornos são gigantescos para a sociedade.

Neste cenário, precisamos buscar uma estratégia para desenvolver nossas potencialidades, evitando conselhos daqueles que almejam nossas riquezas e contribuírem para nossas desditas, lucrando com nossas injustiças, nossos atrasos institucionais e nosso subdesenvolvimento econômico.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no Jornal Diário da Região, Caderno Economia, 28/06/2023.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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