O ser humano na atualidade está tão envolto com desajustes e desequilíbrios íntimos e pessoais, massacres, mortes e violências generalizadas, que passou a detonar até os animais, agredindo-os e maltratando-os de forma vil, impingindo-lhes os sofrimentos mais severos, esquecendo-se de que a vida do ser humano é regida pela lei de ação e reação, que destaca que todas as nossas obras, boas ou más, devem nos gerar consequências imediatas, positivas ou negativas, esta Lei é inexorável, e todos estamos sujeitos a ela, impreterivelmente.
Animais sendo enterrados vivos pelos donos, cachorros açoitados até a morte, gatos sendo vítimas de extermínios em massas, cavalos sendo obrigados a trabalhar até o fim de suas forças físicas, pássaros presos e maltratados em gaiolas fétidas e sem higiene, araras sendo transportadas em condições degradantes, sendo levadas para outras regiões do mundo por quadrilhas de contrabandistas que enriquecem às custas dos animais, nossos mais fiéis amigos e companheiros, presentes em nossas vidas em todos os momentos, nos fazendo companhia e nos livrando da solidão, tão comum no corre-corre do mundo contemporâneo, marcado por trabalho, locomoção, alimentação e correria, sem tempo pra lazer e momentos de descontração, são nestes momentos que encontramos nossos fiéis companheiros, que nos dão amor incondicional, carinho e atenção.
Diante destes momentos horríveis e degradantes para nossos amigos de quatro patas, chamados por muitos de irracionais mas que, no mundo atual, com os índices de violência crescendo de forma acentuada, são mais racionais e verdadeiros do que grande parte dos indivíduos que se comprazem com o mal, mentem descaradamente e se entregam aos prazeres da matéria como se este prazer fosse lhe trazer os remédios para as dores e as feridas mais intimas e emocionais, que se encontram na alma, e para estas dores as terapias recomendadas são intangíveis, estão atreladas a melhoras nos sentimentos, nas vibrações e no trabalho incansável no bem.
A Doutrina Espírita como uma Religião, Ciência e Filosofia apresenta análises bastante interessantes sobre a questão dos animais, segundo o Espiritismo nossos irmãos devem ser respeitados como todos os seres viventes, pois foram criados por Deus e devem ser vistos como irmãos em estágios constantes de evolução, como todos nós, seres que devem ser amados e acarinhados como todos para que despertem seus sentimentos mais íntimos neste processo constante de evolução e crescimento espiritual, para que um dia possam se tornar seres como nós e, como tal, possas galgar espaços maiores na evolução.
No mundo moderno encontramos uma clara dicotomia, de um lado, um aumento considerável nos maus tratos contra os animais, enquanto de outro, o surgimento de movimentos corajosos e idealistas em defesa dos animais, ONGs responsáveis pela melhoria das condições de vida, com um trabalho maravilhoso de esclarecimento e conscientização de suas necessidades e importâncias, além de clinicas veterinárias e pet shops que cresceram de forma acelerada em todo o país, só na cidade de São Paulo, uma metrópole global, encontramos mais lojas para animais do que padarias, algo até então impensável para todos os gurus e futurólogos que vivem de previsões bombásticas e assustadoras, que muitas vezes, acertam e transformam a vida de muitas pessoas.
Os animais estão na berlinda, nunca eles estiveram tão atrelados ao cotidiano dos indivíduos, com a forma de vida das pessoas passando por intensas transformações, famílias de uma única pessoa que para não aumentarem a solidão buscam nos animais um alento para sua vida, casais com duas pessoas que substituem os filhos pelos animais, julgando, com isso, diminuírem seus problemas de relacionamento conjugal e suas dificuldades com os filhos, que nada mais são de que medos e conflitos travestidos em opções, gostos e comportamentos modernos, frutos da modernidade racional, embora me pareçam mais com um egoísmo irracional, não pela adoção do animal em si, mas pela imaturidade de encarar o mais sublime sentimento do ser humano, a verdadeira realização do indivíduo, a possibilidade de serem pais e sentirem a presença constante de um serzinho, fruto do amor e da misericórdia divina.
Este movimento contraditório na história da humanidade é bastante frequente, de um lado, encontramos avanços e de outro, inúmeros retrocessos, os indivíduos tratam bem os animais e, ao mesmo tempo, nos deparamos com casos horripilantes e assustadores de maus tratos e covardias generalizadas, nos parecendo que estes indivíduos, violentos e inconsequentes, querem descontar nos animais as frustrações e os desequilíbrios de suas vidas, como se os animais fossem responsáveis, o que denota a brutalidade e a covardia desta violência, encarar seus problemas de frente, aceitar as derrotas e as perdas, erguer a cabeça, servir ao próximo, fazer caridade e continuar lutando contra as adversidades da vida, são os únicos instrumentos para a construção de um homem de Bem, agredir, maltratar animais e seres menores é pura e completa covardia e desequilíbrio e devem ser condenado por toda a sociedade.
Os circos sempre se caracterizaram como locais para encontrarmos animais adestrados e dinâmicos, no mundo contemporâneo estes locais perderam espaço, novas formas de manifestações cultural e artística ganharam força, um exemplo disso, é o Circo du Soleil, instituição canadense que se apresenta no mundo todo, arregimenta milhares de pessoas e leva para todos os continentes espetáculos grandiosos com bailarinos de todos os cantos do mundo, danças e movimentos artísticos que encanta a todos, sem animais, sem domadores e com muito charme e elegância.
Os animais devem ser respeitados como todos os seres humanos, não possuem alma como os indivíduos, não são dotados de capacidade de discernimento, agem por instinto e são incapazes de refletir de forma organizada e bem estruturada, mas são seres em evolução como todos nós, possuem sentimentos, são afetivos e carinhosos e, muitas vezes, mais sensíveis do que muitas pessoas, estão presentes em nossas vidas e nos dão atenção e, mais que tudo, são filhos de Deus e, diante deste, são nossos irmãos.
Para muitos estudiosos da doutrina espírita os animais não tem inteligência, são apenas instintos, um princípio inteligente, acreditam ainda que no plano espiritual não existem animais, outros discordam de forma veemente, como podem não terem inteligência se percebem quando chamam seus nomes, como podem ser apenas instinto se nos momentos de tristeza e de introspecção de seus donos percebem tais dificuldades e se posicionam para lhes alegrar, dando-lhes carinho e atenção, na verdade são seres criados por Deus e estão em um processo contínuo de evolução, como todos nós, que nos acreditamos mais inteligentes e ainda vivemos nos debatendo em busca da construção de novos ideais, se assim imaginarmos, nada nos impede de acreditar que hoje estamos mais evoluídos que nossos irmãos animais, mas será que antes de galgarmos novas degraus na evolução não nos encontrávamos aonde nossos irmãos se encontram atualmente.
Os animais são, na verdade, uma grande incógnita para todos, mesmo Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, nos deixou claro que quando o assunto é os animais ainda não era o momento de entendê-los, ou seja, esta sua fala nos foi dada há 150 anos, quando da publicação de O Livro dos Espíritos, mas será que este momento de compreensão não está cada vez mais próximo?, com a proximidade destes nossos irmão “menores” e com as novas oportunidades que estão nos sendo dadas por este mundo de regeneração, um momento de transição para todos, onde cada um será cobrado por suas atitudes e não mais teremos tempo para perder com mesquinharia e irresponsabilidade, sob pena de perdermos os vagões do progresso moral e espiritual.
Irmãos menores dotados de instinto e sem inteligência, os animais devem ser respeitados, a doutrina dos espíritos apregoa aos quatro ventos que toda evolução é uma oportunidade imensa de crescimento e de aprimoramento de nosso espírito, se anteriormente também vestimos o corpo de um animal e vislumbramos a vestimenta de um anjo ou espírito de luz, temos que ter consciência de que todo este progresso não acontece em uma única vida, são inúmeras, quiça milhares de vidas e experiências no corpo físico, onde estamos em constantes aprimoramentos moral e espiritual, cachorros, gatos, cavalos, elefantes, entre outros, são todos irmãos que caminham na seara do progresso, razão insofismável de nossa vida e de nossa estada na terra, uma morada temporária mas fundamental para todos os seres humanos.