Carta Mensal – Março 2023

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O noticiário brasileiro se caracteriza por discussões constantes sobre as políticas adotadas pelo novo governo. No mês de março percebemos uma verdadeira obsessão pela mídia corporativa para criar fortes constrangimentos para o governo eleito, distribuindo fofocas, divulgando fake News e o estímulo de discussões desnecessárias, questões irrelevantes e preocupantes que incrementam a nossa incivilidade, depois reclamamos dos resultados destrutivos.

Infelizmente, percebemos que muitos grupos de mídia estão se comportando como um verdadeiro partido político, defendendo bandeiras, criando e estimulando picuinhas e estimulando a divisão do pais, gerando fortes constrangimentos políticos, conflitos econômicos e divulgando sentimentos de ódios e ressentimentos, contribuindo, indiretamente, para aumentar os lucros e elevando suas cifras monetárias.

O mês de março foi marcado pelas discussões fiscais do governo brasileiro, onde os economistas liberais, sempre eles, aparecem para propagar suas ideias e seus interesses, defendendo a autonomia da Autoridade Monetária, que passaram a ser visto como um verdadeiro mantra, algo que não e possível se rever e sem alterar, como muitos defendem que, se alterar, geraria fortes constrangimentos econômicos e geraria abalos da credibilidade e da confiabilidade do Mercado.

As críticas feitas pelo Presidente da República são vistas como um comportamento populista e defenestrados pelos profissionais da mídia corporativa e pelos detentores do dinheiro grosso da economia nacional. As críticas fazem parte da democracia, um Presidente recentemente eleito possui toda a legitimidade para fazer essas críticas, além de que, com essa política monetária restritiva tende a inviabilizar seu governo e os efeitos negativos para a economia são elevadas, gerando mais constrangimentos econômicos, mas falência de organizações e mais desemprego, vide o caso das Lojas Americanas, além de aumentar o endividamento do Estado e piorar as condições fiscais e financeiras do Estado Nacional, aumentando a dívida interna.

Embora saibamos que todos os governos são passíveis de críticas, acredito que todas as pessoas precisam dar mais tempo para que este novo governo está se instalando e, nestas críticas é fundamentais que as críticas sejam embasadas e feitas em todos os governos com as mesmas metodologias, nada vale se criticar com comparações irreais e tolerância com um em detrimento de outros grupos políticos.

A economia brasileira vem passando por momentos de grandes incertezas, desde os meados da década de 1980, com baixo crescimento econômico, diminuição da renda dos trabalhadores e aumento do desemprego, cujos impactos são generalizados para toda a comunidade, com aumento do endividamento das famílias, incremento da inadimplência de empresas e seus impactos negativos devem aumentar, dificultando a recuperação da estrutura econômica e produtiva e postergando medidas fundamentais para que a sociedade faça as pazes com o crescimento econômico

No mês de março o ambiente econômico brasileiro dominou as discussões sobre a sociedade brasileira, muitos grupos acreditavam que, a eleição presidencial, traria novos espaços de crescimento da economia e recuperação imediata dos indicadores econômicos e produtivos. Essas perspectivas não se mostraram verdadeiras, na verdade as expectativas foram e são inalcançáveis no curto prazo, levando a sociedade a se cansar e aumentar as críticas sobre o governo, aumentando os ressentimentos que se repercute com as avaliações do governo. Outro ponto muito batido neste mês, foi a autonomia do Banco Central e a manutenção das taxas de juros elevadas, que impedem a melhoria da economia e o ambiente de negócios.

Depois de grandes discussões, no final do mês o governo apresentou um esboço de um novo arcabouço fiscal para substituir o desastrado Teto de Gastos, neste modelo percebemos avaliações positivas e negativas. Os que defenderam o arcabouço fiscal destacamos os economistas liberais, na maioria e, como críticos, destacamos grupos atrelados pelos setores mais a esquerda, pessoas e grupos que defenderam a eleição do Presidente Lula, mas esperavam uma ação mais consistente para construir uma recuperação econômica mais sólida e imediata, gerando falas agressivas e críticas estridentes.

O novo arcabouço fiscal deve ser visto como um instrumento mais suave, menos agressivos e marcado por eixos sólidos de flexibilidade, uma forma de angariar defensores dos setores adversários, uma medida mais negociada e pacificadora. Alguns criticam a suavidade em excesso da medida e, para muitos, algo que se pode fazer neste momento, num país polarizado, com Câmara dominada por uma direita radical, ou seja, vivemos momentos de grandes embates políticos e conflitos elevados. Vivemos um momento de grandes desafios, o próprio governo não consegue mensurar seu poder no Legislativo, desde a posse, nada foi enviado para apreciação do Congresso Nacional;

Outro assunto que chamou a atenção na sociedade foi o Novo Ensino Médio, que levou alunos, diretores e professores a se movimentaram para revogar essa medida costurada no governo Temer, gerando críticas e discussões generalizadas. Neste embate, percebemos que o governo esteve sempre na dúvida, o Ministro da Educação, Camilo Santana postergou medidas e evitou posicionamentos, mas foi levado a rever seu comportamento e abriu espaço espaço para a discussão com a comunidade, iniciando uma conversação construtiva para a comunidade e o debate, postergando em alguns meses o Novo Ensino Médio, gerando aplausos e preocupações.

Outro ponto que gerou graves constrangimentos para a comunidade foi o aumento dos ataques as escolas e creches, esses episódios cresceram fortemente nos últimos anos, alguns defendendo que as raízes destes ataques foram os discursos de ódios e ressentimentos, estimulados pelas redes sociais que divulgam essas barbaridades, além de especialistas que culpam ainda o crescimento de vendas de armas e artefatos de defesa que tiveram crescimento assustador nos anos recentes.

Outros acreditam que as raízes são mais estruturais, destacando a degradação das famílias, as dificuldades econômicas, o baixo crescimento econômico, o incremento do desemprego e a diminuição das oportunidades das pessoas, dos jovens e das crianças, com isso, estamos criando uma sociedade cada vez mais violenta, mais agressiva e fortemente destrutiva.

O Brasil vive momentos de grandes transformações, precisamos pensar nas questões fiscais e financeiras, a educação é fundamental e, principalmente, precisamos reconstruir os nossos espaços de sociabilidade, sem isso, não conseguiremos construir uma nação.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Circular (Unyleya), Mestre, Doutor em Sociologia (Unesp) e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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