O mês de fevereiro de 2023 foi marcado por grandes atribuições na sociedade brasileira, onde destacamos os desastres ocorrido no litoral norte paulista, na região de São Sebastião, marcado por grandes devastações geradas pelas chuvas, que destruíram a cidade e seu entorno, provocando a morte de mais de sessenta pessoas, desabrigando milhares de cidadãos e trouxeram um caos para as cidades, mobilizando os governos federal, estadual e município, exigindo investimentos vultosos para recuperar a região.
O fenômeno mostra uma mistura bárbara na sociedade brasileira, de um lado, percebemos o descaso para a população em situação de fragilidade, residências construídas em situação calamitosas, ausência do setor público, fiscalização precária e descaso para a sociedade local, levando destruições materiais e imateriais que se acumulam na sociedade brasileira, lembramos que, todo começo de ano, somos vitimados por estes episódios, com mortes e devastações crescentes. De outro lado, percebemos a fúria da natureza, chuvas assustadoras, enxurradas devastadoras e clima sem controle, com isso, as alterações climáticas em curso na sociedade mundial mostram mais um capítulo da destruição geradas pelo aquecimento global, levando discussões estéreis entre grupos variados com seus interesses imediatos.
O mês de fevereiro se destaca pelo retorno do carnaval brasileiro, depois de três anos de pandemia, o carnaval 2023 retornou com grande efetividade, onde os investimentos foram variados, aumento dos eventos, festas regadas por muito barulho, agitação e variados formas de brincar com a festa nacional, que sempre foi vista como uma característica do povo brasileiro, onde alguns teóricos importantes destacaram que o carnaval é visto como a “cara” do povo brasileiro, alegre, flexível, criativo e carismático. Com isso, percebemos que a festa deve ser vista como um verdadeiro negócio, que movimenta bilhões de reais, injetando bilhões de reais, com organização e responsável pelo emprego de milhares de cidadãos, movimento a roda da economia.
O Brasil é sempre marcado por grandes contradições, de um lado, o mês de fevereiro foi marcado por grandes
desastres naturais no litoral paulista, com inúmeros mortos e devastações do entorno, com perdas materiais e imateriais que mobilizaram a solidariedade do povo brasileiro, com campanhas, doações e colaborações de todas as
regiões do país. De outro lado, o mês se caracterizou pelo retorno das festas do carnaval, com alegria, danças regionais e diversidades culturais e festas típicas e tradicionais, uma verdadeira festa e confraternização nacional.
Neste período é importante destacar ainda, que o assunto econômico do momento é as taxas de juros que estão na casa dos 13,75% na Selic, com impactos generalizados para toda a economia nacional, impactando sobre o sistema econômico, inviabilizando os investimentos produtivos, postergando a geração de empregos e afetando a renda agregada da sociedade, levando-a a uma condição de recessão técnica que inviabilizam o governo, suas políticas públicas, postergando as promessas eleitorais e retardando a recuperação econômica.
Neste momento, percebemos o embate entre dois pensamentos econômicos, um mais intervencionista e um outro mais ortodoxo. Neste embate, a sociedade sente na pele uma forte desaceleração econômica, lembro-os que em janeiro último, a economia recebeu com forte preocupação as dificuldades das Lojas Americanas, uma empresa de grande porte, nome conhecido pelo mercado nacional e internacional que tem, como seus acionistas, empresários conhecidos no cenário global, com movimentações intensas que podem reduzir o crédito da economia, gerando constrangimentos para toda a estrutura produtiva, levando grupos que passam por apertos financeiros a perderem recursos monetários e creditícios, gerando quebradeiras nas empresas, com fortes impactos sociais para a comunidade, aumentando o desemprego, fragilizando a renda agregada e impactando fortemente sobre o setor bancário em decorrência do aumento da inadimplência das famílias, das empresas e de todo o sistema econômico.
Vivemos num momento de grandes inquietações econômicas, governo novo com novos ideários e novos projetos econômicos, equipe econômica com visão mais progressista, muito diferente do anterior, mais ortodoxo e liberal. Estamos num período de grandes dificuldades, além de salientar as polarizações políticos que geraram confrontos constantes na sociedade nos últimos quatro anos, exigindo do governo atual uma forte capacidade de liderança: a grande pergunta que estamos fazendo, será que temos liderança suficiente para resolver os grandes desafios criados na sociedade brasileira?
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Circular (Uniyleya), Mestre, Doutor em Sociologia (Unesp) e professor universitário.