Desejos de ano novo

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Estamos iniciando mais um ano, um novo governo, com novas esperanças, novas expectativas, novos sonhos, vontades e desejos no coração. Depois de momentos de incertezas, instabilidades, conflitos políticos, polarizações ideológicas e fraco crescimento econômico. O ano nos traz grandes desafios e oportunidades, depois de uma pandemia global que dizimou quase 7 milhões de pessoas, sendo que no Brasil, os dados mostram mais de 700 mil pessoas mortas, um número assustador e nos coloca como um dos países que mais foram afetados pela pandemia.

Neste momento, fomos assolados por graves crises econômicos e sociais, com aumento da fome, incremento do desemprego, crescimento da violência urbana, degradação dos serviços públicos e aumento considerável da desesperança, os medos aumentaram, a convivência humana foi degradada, o ambiente corporativo fortemente competitivo e centrado no individualismo gerou mais fragilidades emocionais e desequilíbrios sentimentais, criando uma sociedade cada vez mais degradada, polarizada, individualista e imediatista, desta forma, infelizmente estamos caminhando rapidamente para um colapso social.

O próximo ano precisa reestruturar a sociedade, inserindo uma parcela substancial da comunidade no mercado de consumo, garantindo espaço de empregabilidades para todos os indivíduos, garantindo novas esperanças e perspectivas para todos os grupos sociais, fortalecendo os laços familiares e sociais na comunidade, construindo políticas públicas que insiram os jovens e os adolescentes nas escolas e faculdades, garantindo uma educação de qualidade.

A sociedade precisa compreender que a educação não é a bala de prata para a sociedade, a educação é imprescindível para o desenvolvimento de uma sociedade, mas desde que seja inserida num projeto maior de país, um projeto de nação, precisamos discutir qual tipo de educação queremos para as crianças, adolescentes e jovens, precisamos discutir todo ecossistema relacionado com a educação e com o sistema econômico e produtivo, cobrando qualidade nas instituições de ensino, investindo em melhorias substanciais e impedindo o funcionamento de instituições de ensino superior dotadas de grandes bilhões de recursos financeiros, caixas abarrotadas de cifrões e responsáveis pela formação de alunos de péssima qualidade que contribuem ativamente para os indicadores degradantes da educação brasileira.

O ano novo deve trazer de volta para a sociedade o planejamento econômico e políticas estratégicas para o futuro da nação, que adianta aumentar a arrecadação tributária numa estrutura de tributos altamente regressivo que degrada a classe média e os setores mais fragilizados em detrimento dos grandes milionários e bilionários que pouco contribuem e são os grandes ganhadores das isenções fiscais e das taxas extorsivas da economia, que destroem os empreendedores e aumentam os lucros dos financistas e dos prepostos do mercado financeiro.

O ano novo deve trazer de volta os sonhos dos criadores do sistema de saúde nacional, os precursores do Sistema Único de Saúde (SUS), que vislumbraram a saúde integral para cada cidadão nacional, garantindo-a como um direito do Estado Nacional, mas se não revermos as políticas em curso, estamos caminhando a passos largos para um processo, sem volta, de uma financeirização da saúde, como aconteceu no setor educacional e suas consequências se mostram cada vez mais degradantes, garantindo aos donos dos recursos atendimentos de saúde de qualidade, exames de grande complexidade e uma grande massa de degradados, exilados em condições de indignidade, de desesperança e de exclusão social.

O ano novo pode nos trazer novas perspectivas positivas para a sociedade, os desafios são imensuráveis, grande parte dos grupos sociais e econômicos não perceberam a urgência destes desafios, diante disso, é urgente reconstruirmos os laços sociais, fortalecer as instituições e consolidar a democracia.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Comportamental, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 04/01/2023.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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