O mundo vive momentos de ansiedade e preocupações, a pandemia está redefinindo as estruturas da sociedade, levando os indivíduos, as empresas e os governos a se reinventarem, buscando novos horizontes e perspectivas para a coletividade, reconstruindo novos espaços de produção e solidariedade dos seres humanos. Neste momento de crise sanitária global, ainda não conseguimos enxergar os horizontes que devem ser abertos para a sociedade global no período posterior a pandemia, mesmo assim, algumas características estão nítidas, criando desafios inéditos, preocupações crescentes e novas oportunidades, onde os atores mais preparados, ágeis e flexíveis, tendem a ganhar espaços na economia internacional.
Muitos acadêmicos estão refletindo sobre a sociedade internacional nos momentos posteriores da pandemia, cada um defende suas teses para compreenderem o comportamento dos consumidores, das empresas e governos dos próximos anos. Diante disso, percebemos que a grande maioria dos teóricos acreditam que o mundo pós pandemia será mais desigual e com novas formas de globalização, com novos modelos de produção, novos modelos de negócios e um aprofundamento da desigualdade e da exclusão social entre todas as regiões do mundo, exigindo uma atuação mais efetivas dos Estados Nacionais.
A indústria brasileira perdeu espaço na economia nacional, deixando claro a dependência de insumos importados, faz-se necessário um novo consenso entre todos os agentes econômicos e políticos para a reconstrução da indústria nacional. Reestruturando urgentemente os setores que foram impactados, tais como a indústria da saúde, que das últimas décadas perderam espaço na economia. Este fortalecimento reduzirá a dependência de parceiros internacionais, que num momento de crise, como a que vivenciamos, privilegiam sua produção interna e o bem-estar de sua população, reduzindo nossa autonomia. Neste momento, precisamos reconstruir nossa estrutura industrial e garantir forças produtivas autônomas e capacitadas para sobreviver e garantir a sobrevivência em momentos de crises, sejam sanitárias, econômicas, políticas e convulsões sociais. E fundamental aprendermos com a pandemia, que pode nos legar melhoras na estrutura econômica e produtiva, melhorando emprego e diminuindo a dependência internacional.
A pós-pandemia prescinde de uma consolidação da economia digital, que precisamos para concorrer e sobreviver no cenário internacional, onde as potencialidades das nações devem exigir investimentos adicionais na formação de capital humano, além de garantir investimentos científicos e tecnológicos, sem estes recursos as posições nos rankings educacionais e de produtividade tendem a piorar e perpetuar as péssimas condições de vida da população.
As novas tecnologias estão gerando grandes transformações na sociedade, neste momento precisamos construir as tecnologias 5G, estimular estas tecnologias e diminuir os hiatos crescentes com as nações desenvolvidas. No futuro devemos compatibilizar modelos híbridos entre atividades presenciais e digitais, exigindo a capacitação dos trabalhadores, estudos crescentes e contínuos, exigindo investimentos em inclusão digital, sem esta inclusão as desigualdades tendem a crescer, fragilizando o capital humano e diminuindo o desenvolvimento econômico.
O mundo pós pandemia exige uma maior cooperação entre as nações, internamente percebemos que vivemos num momento preocupante, existem inúmeras oportunidades para todos os agentes econômicos e políticos, mas faz-se necessário uma união e a busca de um consenso imediato. Neste momento se faz necessárias ações urgentes, precisamos reconstruir a indústria brasileira, esta reconstrução deve estimular a produção interna, a capacitação do capital humano, os investimentos de agências de fomento público, investimentos em pesquisas, ciência e tecnologia e políticas de proteção nacional, centrado no estímulo local e estímulo da concorrência global, com metas sólidas de vendas externas e incremento da produtividade. Sem atuações efetivas, serenas e imediatas, a sociedade tende a amargar outra década perdida.
Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Mestre e Doutor em Sociologia/Unesp, Professor Universitário. Artigo publicado no Jornal Diário de Região, Caderno Economia, 24/03/2021.