A ciência econômica vem passando por grandes alterações estruturais desde o começo XXI, principalmente depois da crise imobiliária dos Estados Unidos que impactou sobre toda sociedade internacional, onde somamos o incremento das tecnologias das comunicações e da informação, alterando modelos estabelecidos e consistentes, contribuindo para a construção de novas estruturas produtivas e percebendo os grandes desafios para a sociedade global, dentre eles destacamos a degradação do Meio Ambiente, o crescimento da pobreza e da desigualdade, os conflitos culturais, o aumento da xenofobia e as preocupações crescentes do avanço da pandemia, que dizimou milhões de cidadãos nas mais variadas regiões do mundo.
O crescimento da tecnologia está destruindo novos modelos de negócios, até então tradicionais e consistentes, aproximando as pessoas e construindo novos horizontes para as empresas, os governos e indivíduos, exigindo flexibilidades e agilidades, sob pena de perderem espaços nos mercados globais, sendo substituídos por novos concorrentes, mais consolidados e mais integrados nos modelos da sociedade do conhecimento.
Destacamos o crescimento da economia compartilhada, um modelo que ganha espaço em todas as regiões do mundo, mostrando novas perspectivas de desenvolvimento de negócio, contribuindo para o crescimento da economia e criando espaços para a integração de empreendedores e consumidores. Neste modelo, as pessoas trocam as compras dos produtos pelo uso dos serviços, motivando novas oportunidades de negócio. Este modelo de compartilhamento só é possível devido ao crescimento da internet e o crescimento do desenvolvimento de novos instrumentos de comunicação e de informação, aproximando pessoas nas mais longínquas regiões do mundo, disponibilizando serviços variados.
Um dos mais exitosos modelos de compartilhamento foi a Netflix, que alterou comportamentos arraigados, criando espaços para assistir programas e séries, deixando de lado a posse física de produtos e passando a disponibilizar várias plataformas, uma verdadeira revolução, que destruiu modelos tradicionais e criou novos negócios para os setores sociais e culturais.
A economia do compartilhamento altera o modelo de produção do capitalismo contemporâneo, deixando de lado a posse dos produtos, dos bens e dos serviços. O novo modelo se preocupa com os limites do meio ambiente, contribuindo para a conscientização dos cidadãos, estimulando novas realidades sociais e ambientais, engajando a sociedade para nossos futuro comum.
A internet, a tecnologia e os conhecimentos científicos estão transformando as bases da sociedade, exigindo novos investimentos nos setores educacionais, nas pesquisas e na formação do capital humano, deixando conflitos e discussões desnecessárias e melhorando as discussões sobre os rumos de nossa sociedade, deixando questões conjunturais superficiais e estimulando novos espaços de discussão dos rumos do país. Esta discussão deve ser encabeçada por todos os agentes sociais e atores econômicos, construindo novos espaços de integração e compartilhando responsabilidades, com transparência e cobranças dos grupos envolvidos, deixando de lado interesses imediatos e corporativos em prol de interesses nacionais.
A economia do compartilhamento nos traz novos horizontes para a sociedade, seu impacto pode ser positivo para os seres humanos, mas é fundamental entendermos que a construção de uma sociedade desenvolvida precisa incluir todos os grupos sociais, aumentando as oportunidades, incrementando investimentos em capital humano e na construção de uma agenda que olhe para todos os setores mais fragilizados da sociedade, sem esta visão, infelizmente, viveremos espasmos de crescimento econômico com empregos degradantes, violência crescente, conflitos generalizados e incremento de ódio e ressentimento, dessa forma não conseguiremos criar uma verdadeira nação.
Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no Jornal Diário da Região, Caderno Economia, 03/03;2021.