Desafios contemporâneos

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Vivemos momentos de grandes incertezas na sociedade global, definidas pelo grande sociólogo polonês Zygmunt Bauman como um mundo líquido, caracterizado por grandes instabilidades, volatilidades e grandes transformações. Para piorar o momento atual, vivenciamos uma grande crise sanitária, uma crise global com impactos sobre todas as regiões do mundo, gerando incremento dos infectados, mortes e degradações variadas.

Dentre os grandes desafios da sociedade contemporânea, destacamos os desequilíbrios climáticos, desemprego elevado, endividamento crescente, incremento das desigualdades sociais, além de conflitos políticos, raciais e culturais, além de violências, intolerâncias e desequilíbrios emocionais e psicológicas. Neste momento, a pandemia global se tornou o maior desafio mundial, cujos impactos destrutivos crescem aceleradamente, gerando medos, desesperanças e crueldades, contabilizando mais de 1 milhão de mortos, degradação econômica, insegurança e violências generalizadas.

Vivemos em uma sociedade marcada por variadas contradições, de um lado, percebemos tantas inovações tecnológicas, novos conhecimentos, novas ciências, novos materiais, novas descobertas que retardam o envelhecimento e melhoram a qualidade de vida e propiciam ao indivíduo mais bem-estar social. De outro lado, percebemos um mundo marcado por conflitos étnicos, desigualdades em ascensão, riquezas concentradas, pobrezas crescentes e instabilidades, depressões e violências generalizadas.

O incremento da ciência, do conhecimento e da tecnologia foram fundamentais para o crescimento da economia global, mas ao mesmo tempo percebemos que o crescimento da tecnologia não foi capaz de transformar os valores da sociedade, muito pelo contrário, os novos valores estão todos se concentrando nos valores do capital, do dinheiro, da ostentação e da acumulação. Estamos vivendo um descompasso entre valores, na contemporaneidade estamos construindo uma sociedade marcada por valores éticos e morais centrados nas incertezas e nas instabilidades, ao mesmo tempo, perdemos as referências da convivência social, da comunidade, da empatia e da solidariedade.

Os desafios são prementes, percebemos uma ausência de líderes mundiais capacitados para compreender a contemporaneidade, demonstrar conhecimentos técnicos e agilidade política para costurar novos espaços para a superação deste momento de grandes dificuldades e incertezas. Necessitamos de líderes ousados, criativos e solidários, com ideias dinâmicas e flexíveis, deixando de lado pensamentos atrasados, retrógrados e pouco eficientes. Neste momento de desagregação social, crises econômicas e conflitos políticos, estas lideranças devem deixar de lado crenças ultrapassadas, fortalecer a ciência, adotar políticas pragmáticas, centradas nas pesquisas científicas, estimulando os investimentos no conhecimento, na democratização dos ganhos e políticas de inclusão social, sem estas políticas dificilmente vamos conseguir dar passos mais eficientes para o desenvolvimento da civilização.

Neste momento, as políticas da contemporaneidade devem construir uma nova coletividade, mais inclusiva, mais reflexiva e verdadeiramente plural, sem o predomínio do individualismo e da concorrência degradante, fazendo com que a tecnologia e a ciência sirvam para o bem-estar de todos os grupos sociais ao invés de um pequeno grupo de privilegiados e num ambiente marcado por pobrezas e degradações, como estamos visualizando na sociedade contemporânea.

Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Mestre e Doutor em Sociologia/Unesp, Professor Universitário.
contato@aryramos.pro.br. Diário da Região, 25 de novembro de 2020, Caderno Economia.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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