Economia Brasileira: Desemprego, Dívida Pública e Inflação

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A economia brasileira está apresentando indicadores macroeconômicos preocupantes, estamos num momento de grande apreensão, medos e desesperanças. Em plena pandemia, que levou mais de 160 mil óbitos, as perspectivas sociais são assombrosas, a crise sanitária não ceda, os indicadores econômicos estão cada vez mais negativos, a dívida pública cresce acelerada, o desemprego aumenta de forma insustentável e a inflação, que durante décadas foi presente na vida de cada brasileiro, se mostra claras de retorno, piorando os indicadores econômico e gerando incertezas e instabilidades.

Vivemos num momento de pandemia, mais de 160 mil brasileiros foram enterrados, gerando muitas tristezas e revoltas generalizadas. Neste ambiente, estamos buscando novos espaços de esperança, forças internas para superarmos neste momento de dores, cada indivíduo tenta se fortalecer intimamente, se fortalecer para superar uma pandemia que nasce em outras regiões e se dissemina para todos os rincões do mundo, levando destruição, desestruturação e força os indivíduos a enterrar medos e desesperanças, deixando rastros de solidariedade como forma de superar estas máculas mais íntimas e pessoais.

A economia é fortemente atingida em todos os locais, famílias passam por momentos de desestruturações, violências crescem de forma acelerada, negócios são fechados, falências crescem de forma imediata, relacionamentos passam por instabilidades e os indivíduos se entregam a depressões, ansiedades, divórcios e suicídios, alterando os equilíbrios emocionais e psicológicos, deixando um forte vazio espiritual, levando os cidadãos a buscarem novos sentidos e valores para a sobrevivência humana, vivemos um momento de grandes inquietações, onde a solidariedade perde espaços para uma sociedade que se compraz com a concorrência e pela competição, valores de um mercado que se assenta e se concentra na destruição e no egoísmo material.

Neste ambiente, percebemos uma degradação dos indicadores macroeconômicos, o desemprego passou dos 14,4% da população, números assustadores que podem criar, na sociedade nacional, um caldo de violência generalizada, onde os indivíduos perdem as esperanças e podem ser acossados por sentimentos de revolta, ódio e ressentimentos. O desemprego é um dos mais degradantes flagelos da sociedade contemporânea, sem emprego os indivíduos perdem a dignidade, perdem as esperanças com relação ao porvir e, muitos se entregam para a depressão, incrementando os transtornos, os desequilíbrios emocionais e o suicídio, indicadores que crescem de forma acelerada e preocupam as autoridades nacionais e internacionais.

O desemprego vem apresentando indicadores muitos negativos neste ano, a pandemia impactou fortemente para a economia brasileira, levando a números recordes e preocupantes, segundo os dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatístico (IBGE), os números chegaram a mais de 14% dos trabalhadores, o que significa mais de 13,8 milhões de pessoas no desemprego, gerando problemas sociais variados para a sociedade, obrigando o governo a adoção de políticas mais ativas para combater este flagelo. Os indicadores não estão maiores ou mais assustadores, porque o governo adotou uma política de socorro para os grupos mais fragilizados, costurando uma política ativa de intervenção estatal, chamado de auxílio emergencial. Este auxílio emergencial acolheu mais de 60 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade, algo em torno de 34% para população nacional, esse socorro custou aos cofres públicos mais de 55 bilhões de reais ao mês, um valor que teve um impacto fiscal para o orçamento na casa dos 350 bilhões de reais, que exigiu uma forte política de endividamento público que aumentou a dívida para algo mais de 90% do produto interno bruto (PIB). Estes valores estão gerando graves constrangimentos para a economia brasileira, levando vários grupos a questionar os valores e as perspectivas do perfil do endividamento, os valores e as condições de pagamento, com isso, os credores utilizam vários instrumentos de pressão do governo, tais como os juros pagos para o financiamento da dívida.

Neste ambiente, percebemos a ausência de políticas públicas direcionadas pelo emprego de jovens, cujos números de desemprego são assombrosos, que levam jovens e adolescentes para situação degradação moral, muitos se entregam em negócios escusos, se alistando em exércitos do crime, uns buscam na prostituição, nas entorpecentes, no tráfico, com estes grupos sociais perdidos neste ambiente de degradação, poucos podemos esperar desta sociedade que se degradam a olhos vistos, angustiados pelo cotidiano, nas amarguras da desesperanças e dos suicídios.

Nestas pressões dos credores externos, muitos investidores vendem seus papéis e buscam proteção da moeda norte-americana, levando seus recursos para o mercado dos Estados Unidos, gerando uma saída de dólares que contribuem para a desvalorização da moeda, impactando sobre a economia brasileira, prejudicando os importadores, elevando seus custos de importação e gerando fortes pressões dos preços nacionais, neste movimento, percebemos um incremento da inflação. O aumento dos preços internos prejudica muitos setores do sistema econômico, gerando instabilidades e insegurança dos agentes produtivos, reduzindo os investimentos, diminuindo as matérias-primas e pressionando para os preços dos consumidores nacionais. Outro impacto deste movimento é a busca do mercado externo por inúmeros produtores nacionais, que percebem os preços mais rentáveis no mercado internacional e buscam as vendas externas, melhorando suas receitas em moedas estrangeiras e reduzem as vendas internas, neste movimento os preços internos crescem, os rendimentos aumentam e garantem maiores lucros dos empresários nacionais, mas ao mesmo tempo, gerando perdas consideráveis para os consumidores nacionais.

Percebemos, neste momento, que os indicadores macroeconômicos estão com perspectivas bastantes negativas, desemprego crescente, endividamento interno caminhando para números assustadores, inflação em ascensão, perdas generalizadas de renda, reduzindo salários e investidores em queda, números econômicos sombrios. Neste momento, faz-se necessário, uma atuação mais sóbria e organizada pelos agentes governamentais, onde todos os entes do Estado Nacional precisamos estruturar conjuntamente, cada um dos entes federativos precisamos assumir suas responsabilidades, trabalhando para minorar os desequilíbrios econômicos da sociedade e contribuindo para abrir novas perspectivas para a coletividade. Neste instante, o que conseguimos visualizar é algo completamente diferente da união e da solidariedade, percebemos na sociedade um clima de conflitos constantes, brigas de governadores, discursos degradantes, grosseiros, confrontos políticos, interesses mesquinhos, piadas degradantes, desrespeitos e a ausência de solidariedade para todos os mais de 160 mil de brasileiros que tombaram vitimados pela pandemia que impactam sobre a sociedade nacional.

Para superarmos uma crise desta magnitude, faz-se necessário, a construção de um grande Projeto Nacional, para isso, percebemos a incapacidade dos grupos políticos e dos partidos políticos a organizar e costurar instrumentos políticos, centrado em um grande planejamento para a sociedade nacional, onde devem organizar em todos os agentes sociais, políticos e econômicos, juntando todos os setores da sociedade, as minorias, os sindicatos, as organizações não governamentais, as federações, as confederações, as universidades, os intelectuais, os artistas e todos os agentes que representam a sociedade nacionais. Ao pensarmos em um amplo projeto nacional, percebemos que, no atual governo, nossos governantes estão aquém dos desafios que a sociedade nacional está exigindo, neste ambiente, percebemos que a sociedade está batendo cabeça rapidamente, os gestores estão brigando sobre assuntos secundários e desnecessários, com isso, estamos levando o país a uma degradação econômica, social e política mais acelerada, cujos resultados negativos e degradantes estão aparecendo todos os dias.

Vivemos numa sociedade marcada por desemprego acelerado, com o final do auxílio emergencial que deve encerrar em dezembro, os indicadores do mercado de trabalho tendem a piorar no início do próximo ano, piorando os dados macroeconômicos e as condições de vida de uma parcela da comunidade. Neste ambiente, percebemos que o atual governo não possui nenhum plano econômico viável, muito menos um plano B, com isso, consolidamos uma inação governamental, degradando as condições daqueles que ainda permanecem no mercado de trabalho, defendendo privatizações de todos as empresas da economia, prometendo um futuro melhor sem mesmo saber compreender as condições da conjuntura da economia brasileira, vendendo ilusões, aumentando os lucros de poucos barões financeiros, enganando os incautos e criando perspectivas positivas, sem se atentar das duras realidades dos fatos.

Nos últimos meses, percebemos a inexistência de um projeto econômico para a economia brasileira, percebemos um discurso baseado na austeridade e redução dos gastos públicos, infelizmente muitas pessoas abraçam este discurso sem entender as consequências destas teses, continuando suas falas e seus pensamentos como se fossem verdadeiros papagaios de repetição. A austeridade e a redução dos gastos públicos, defendidas pelos barões econômicos, servem para reduzir os investimentos da população mais carentes, arrochando os recursos públicos em prol dos grandes grupos econômicos e financeiros, estes sim, os grandes detentores dos capitais nacionais, vivemos em uma verdadeira guerra contra os mais pobres, reduzindo as assistências sociais, diminuindo os investimentos em educação e em saúde. Com esta redução, os verdadeiros beneficiados dos desmontes dos setores públicos são os dos grandes grupos econômicos que ganham bilhões com educação e saúde, com a educação os investimentos crescem de forma acelerada, aprisionando o Ministério da Educação com sua omissão e incompetência, perpetuando um ensino de péssima qualidade, formando profissionais sem preparo e sem perspectivas para a compreender as realidades e os desafios da contemporaneidade, neste ambiente rumamos para a total degradação social, econômica e política.

Neste ambiente, marcado pelas brigas políticas desnecessárias e crescentes, onde os governantes gastam energias em confrontos sobre o futuro de uma vacinação que ainda não existe, precisamos concentrar esforços em confrontos mais importantes, como o desemprego que crescem de forma acelerada, onde o fim do auxílio emergencial, marcado para o final do ano, pode aumentar estes números de forma crescentes, deixando grande parte da sociedade sem recursos para a sobrevivência mais dignas. Vivemos um momento de grandes instabilidades e incertezas, neste instante precisamos de gestores, de porte de verdadeiros líderes, capacitados para empreitada, para combater este ambiente marcado pelo vírus, pelas instabilidades e pelas incertezas, precisamos de líderes verdadeiros e pessoas dotados de solidariedades, sensibilidades e capacidades políticas, de gestão da economia, que falem menos e trabalhem de forma mais consistentes, sem estes líderes, estamos condenados a perpetuação de um certo país do futuro.

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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