Luiz Gonzaga Pinheiro

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Escrito por Editora Eme 18/01/2019

LUIZ GONZAGA PINHEIRO é natural de Fortaleza (CE), onde é professor de Ciências e de Matemática na rede pública. Palestrante e doutrinador, conheceu o espiritismo na adolescência por pura curiosidade. Após avisos de seus amigos espirituais, escreveu seu primeiro livro. Hoje, possui mais de 20 obras publicadas.

Agora, o autor do best-seller O perispírito e suas modelações nos apresenta André Luiz e suas novas revelações, lançamento da Editora EME sobre o qual ele nos fala na entrevista abaixo:

 

O que o estimulou a escrever André Luiz e suas novas revelações?

A grande quantidade de informações valiosas e complementares à obra de Kardec, que ainda se encontra inacabada e em crescente evolução. Como os ensinamentos da codificação, notadamente os de cunho científico, necessitam de detalhamento, tarefa que tomou para si André Luiz, alguns temas expostos em sua obra, igualmente carecem de desdobramento para que cheguem ao entendimento do leitor sem muito tempo para pesquisa ou sem afinidade com a ciência. Essa tarefa me foi solicitada por meus instrutores espirituais para que fosse exercitada em nossos grupos de estudos, não apenas para este autor, mas para outros como Emmanuel, Yvonne Pereira e Philomeno de Miranda.

Qual seu objetivo com esta obra?

Em consonância com um dos lemas do espiritismo, talvez o mais belo, “amai-vos e instrui-vos”, o objetivo da obra é levar o conhecimento espírita aos grupos de estudos, pesquisadores, amantes de uma boa leitura, simpatizantes do Espiritismo, palestrantes e leigos, pois os ensinamentos primam pela simplicidade em sua linguagem e pela fidelidade doutrinária, mostrando os encaixes, a sintonia e a concordância do espiritismo com a ciência, sobretudo, em suas últimas descobertas.

O que os leitores encontrarão neste livro? Faça-nos uma resenha

Os leitores poderão encontrar uma variedade muito grande de temas abordados por André Luiz em todas as áreas do conhecimento humano. Assim, assuntos como o princípio inteligente, o perispírito, a volitação, a mediunidade, o corpo mental, a doutrinação, os desencarnes coletivos, os anticoncepcionais, a obsessão, a poligamia e outros que desfilam através da bibliografia do autor constam nesse volume, pois não me fixei em apenas um livro, mas em toda a obra.

Qual a importância das obras de André Luiz para o conhecimento de assuntos cotidianos importantes?

O conhecimento, ao ser adquirido, experiência realizada nos Estados Unidos e comprovada através de testes elaborados em pleno funcionamento do cérebro que o recebe, é motivo de alegria e contentamento para o espírito. Em verdade a causa da maior alegria que o espírito pode sentir é a sua aquisição. Só por esta importância já valeria a pena instruir-se. Mas visamos, também, ao editar o livro, a comprovação de teorias citadas antes das descobertas científicas, a beleza da obra divina que tudo encaminha para o bem e para o belo, a intimidade com a ciência espírita e o entendimento e a interpretação dos planos de Deus sempre misericordiosos e sábios em cada detalhe de nossa existência.

Você considera que os espíritas já aproveitaram todo o conhecimento das obras de André Luiz ou ele ainda é um grande desconhecido?

Estamos distantes do entendimento e da grandeza dessa obra. Geralmente limitamo-nos a ler quando estudar seria o verbo a ser utilizado. O estudo é metódico, perseverante, cheio de debates e descobertas emocionantes. O estudo é verticalizado, a leitura é superficial. Por trás da obra de André Luiz deve existir uma plêiade de sábios auxiliando-o na complementação da obra de Kardec, que continua inacabada. Ainda passará muito tempo para que esta obra seja convenientemente apreendida.

Na sua opinião, qual a maior contribuição de André Luiz ao espiritismo?

André trouxe uma riqueza enorme com suas obras subsidiárias à doutrina espírita. Kardec, devido ao tempo e as limitações da época, não conseguiu detalhar algumas sutilezas do Espiritismo limitando-se ao essencial, à base sólida onde outros poriam os andaimes. André avançou no estudo do perispírito revelando que este é presidido pelo corpo mental; enquanto Kardec optou por uma tríade para representar o ser (corpo físico, perispírito e espírito) André desdobrou o perispírito afastando a ideia de um cartucho fluídico único para apresenta-lo como uma cebola, com camadas que se descartam à proporção que o Espírito avança; nos livros “Evolução em dois mundos” e “Mecanismos da mediunidade”, ambos pouco lidos e entendidos, este autor traz à superfície explicações científicas e exemplos brilhantes na parte científica da doutrina, que enriquecem, facilitam e fortalecem o entendimento da codificação espírita.

Como você analisa a evolução do conhecimento espírita atualmente?

Estive recentemente (setembro de 2018) em um Fórum de debates espíritas em Blumenau e constatei com certa tristeza, que os pesquisadores espíritas estão voltando para casa. Meu velho amigo Saulo Gomes não compareceu, pois havia sido acometido por um acidente vascular cerebral. Voltaram para casa, Hermínio Miranda, Hernani Guimarães Andrade, Professor Herculano Pires, Chico Xavier, dentre outros cuja alegria, a razão maior de suas existências era a pesquisa e a divulgação. Acredito que surgirão outros, mas no momento, pela enxurrada de obras sem muita substância doutrinária, julgo que necessitamos de mais empenho na pesquisa e na divulgação do consolador prometido.

O livro espírita ainda é um fator relevante na divulgação doutrinária?

Sim, um dos maiores. O livro jamais perderá seu espaço para outros implementos tecnológicos. O livro tem um charme, um cheiro gostoso, espaço para anotações, é fácil de transportar, independe de fonte de energia para ser manuseado. Pode, a qualquer instante e facilmente transportar o leitor para revisão do que foi lido e permanece quietinho na cabeceira da mesa à espera de ser abraçado novamente. Dizem que o melhor amigo do homem é o cão, mas tenho minhas dúvidas, pois julgo que é o livro.

Por que o meio espírita tem tanta dificuldade para lidar com temas que não foram abordados diretamente por Allan Kardec, mas que são tratados por André Luiz?

Para muitos religiosos cristãos a Bíblia é a palavra de Deus e por isso não pode ser mudada, contestada, atualizada.  Para alguns espíritas O livro dos espíritos, por exemplo, é a bíblia do espiritismo, portanto tudo ali deve permanecer intocado. Este não é o pensamento de Kardec, que queria a doutrina atualizada e caminhando ao lado da ciência. Alguns espíritas se limitam ao que Kardec disse ou não disse. Se Kardec não citou, não é espiritismo. Daí a não importância dada às obras subsidiárias como se elas não fizessem parte de um plano superior de atualização doutrinária.

Lembro aqui meu velho amigo Hernani Guimarães Andrade que ao ler em primeira mão o livro de um neófito na literatura espírita intitulado O Perispírito e suas modelações disse: está maravilhoso! Mas mude o capítulo sobre o universo. Refaça-o baseado no Big Bang, pois esta é a teoria correta e ao tempo de Kardec ela ainda não tinha sido descoberta. A teoria do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado estadunidense, George Gamow (1904-1968) e o padre e astrônomo belga Georges Lemaître (1894-1966). Segundo eles, o universo teria surgido após uma grande explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. Esse é o trabalho de André: atualizar, detalhar, aprofundar, complementar e em alguns casos, corrigir.

André Luiz trouxe ao espiritismo o conceito de cidade/colônia espiritual, através da série Nosso Lar.Por que nas Obras Básicas espíritas não existem referências a estas cidades/colônias?

As obras básicas se limitam a descrever o essencial e o suportável pelo pensamento da época ditos com a ciência existente naquele contexto. Jesus, também omitiu muita coisa e de outras falou através de parábolas devido ao pensamento da época não comportar a grandeza dos ensinamentos. É necessário um amadurecimento para determinados conceitos. Todavia está implícito na obra de Kardec que os espíritos vivem em sociedade, com um sistema organizado e divisão de trabalho. Isso remete à uma colônia ou cidade, sem falar que Jesus deixou bem claro que existem muitas moradas na casa do Pai.

Ao final de André Luiz e suas novas revelaçõesvocê afirma que “devemos usar o conhecimento para mudar a nós mesmos”. Porém, apesar de sabermos como devemos agir, por que ainda assim permanecemos com um sentimento interior de sofrimento intenso?

Conhecemos o Evangelho há mais de dois mil anos, mas nossas conquistas nesse campo são milimétricas. A evolução moral é muita mais lenta que a intelectual. Há de se fazer um esforço, estabelecer prioridades, conscientizar-se de que somos espíritos momentaneamente em experiência carnal. Nosso lar não é aqui, nossos bens não são materiais, nossa felicidade não é construída de maneira isolada, mas em projetos coletivos. Enquanto não aprendermos a amar, estilo de vida dos espíritos mais conscientes, permaneceremos com este sentimento de vazio e de solidão.

Que mensagem deixaria aos nossos leitores?

Que estudem e se esforcem na aquisição de algumas virtudes, notadamente a paciência, para planejar e efetuar seus projetos de vida incluindo um pouco de amor, de poesia e de bom humor. Que trabalhem, pois o lugar mais apropriado para um encontro com os bons espíritos é no trabalho. Que amem, amem, devagar e urgentemente, pois sem amor continuaremos pobres em plena riqueza material.

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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