Crianças, Adolescentes e adultos na sociedade liquida

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Vivemos em uma sociedade que transforma tudo em mercadoria, somos bombardeados todos os instantes por propagandas de empresas nacionais e internacionais, vendendo os mais variados tipos de produtos, desde os mais supérfluos aos mais interessantes e necessários, vivemos em um mundo de faz de contas onde o parecer ter ganha espaço nas mídias e nas redes sociais e se alastram como pólvora, transformando ideias tolas em negócios promissores e milionários.

Neste ambiente dominado pelos negócios, pelo dinheiro e pela aparência física, o ser humano está cada vez mais esquecido, lembram-se dele nos momentos das compras, dos gastos e do consumo, mas quando a questão central são suas demandas íntimas e pessoais, seus conflitos e dificuldades interiores, são relegados a consultórios de psiquiatras ou a clínicas de terapeutas, escondem-se dos outros indivíduos chamados “normais” e pregam nestes a pecha de anormais e esquisitos, marginalizando-os e praticando um bullyng escancarado.

Neste ambiente paranoico, onde as cobranças se acentuam com grande rapidez, obrigando os indivíduos a se adaptar a esta nova realidade, sob pena de não ser absorvido pelo sistema e ser relegado a exclusão social e a marginalidade, todos buscam se adaptar, seguindo as regras vigentes e cumprindo o mesmo figurino criando, com isso, autômatos robotizados e controlados por uma lógica financeira e imediatista que aos poucos está destruindo os laços sociais mais sólidos e criando cisões irreversíveis na sociedade contemporânea.

O ideário da produtividade e da competição estão dominando as mentes e os corações das pessoas, buscamos todos os dias maximizar nossos recursos econômicos e financeiros, buscamos produtos baratos que aliem preço e qualidade, queremos uma colocação de destaque na sociedade e no mercado de trabalho e nos esquecemos dos estudos e da capacitação que nos parece imprescindíveis, exigimos serviços públicos de primeiro mundo, que é fundamental, e nos esquecemos dos deveres que precisamos desempenhar para a boa e saudável convivência em sociedade, queremos uma sociedade equilibrada e competitiva e nos esquecemos de qualificar nossas crianças e jovens, não apenas com conteúdo técnico e profissional, mas com um sólido conteúdo emocional e psicológico.

Nos anos 80 encontrávamos inúmeros espaços de lazer e de convivência para os jovens e para as crianças, estes ambientes são fundamentais para a consolidação de grupos sociais mais integrados e interdependentes, marcados pela flexibilidade e pela convivência saudável, atualmente as cidades se perderam nestas demandas, os bairros mais afastados estão sem espaços públicos, os parques e praças estão degradados e tomados por matos e bichos peçonhentos, as regiões mais afastadas estão dominadas por traficantes e marginais, locais onde o crime domina e os órgão do Estado não se aproximam com medo da marginalidade, da violência e da insegurança pública generalizada.

Com este ambiente público degradado, onde nossos espaços de convivência se transformaram em verdadeiros locais de degradação e marginalidade, como prover serviços públicos e espaços de lazer para uma juventude cheia de energia e entusiasmo? O que estamos legando de futuro para estes jovens, futuros cidadãos, que muito brevemente serão os responsáveis pelos rumos de nossa nação? Todas estas questões devem ser discutidas na atualidade, a ausência desta discussão nos legou a situação degradadas que estamos vivendo, a discussão atual deve nos abrir novas oportunidades e perspectivas, contribuindo para virar um jogo que estamos perdendo de forma vergonhosa.

Além de não criar as condições essenciais para reconstruir a sociedade e abrir novas oportunidades para a infância e para a adolescência, estamos deixando estes indivíduos na mira dos grupos marginalizados, a atração pelo crime organizado deste contingente é bastante sedutora numa sociedade onde os valores são marcados pelo hedonismo e pelo materialismo, onde os conceitos de ética e de moral são desconhecidos por todos os grupos, desde a classe política e empresarial envoltas em corrupção e sonegação, até as fileiras mais ilustres da religião, marcadas por pedofilia e pelos acobertamentos nefastos de crimes sexuais, todos buscando o gozo terrestre e se esquecendo dos castigos divinos.

As cobranças são tão severas aos jovens e aos adolescentes que, desde pequenos são retirados das atividades lúdicas, o brincar na natureza com produtos naturais, a corrida na grama e a vista fulgurante do pôr do sol são raridades cada vez mais desconhecidas, em contrapartida, encontramos estes manejando tablets, computadores, smartphones e poderosos jogos eletrônicos, muitos mergulham nestes aparelhos horas e horas e são esquecidos pelos seus pais, na maioria das vezes envoltos em mais atividades profissionais, o mundo do trabalho contemporâneo exige que a classe trabalhadora trabalhe intensamente vários turnos, dias e semanas de forma ininterruptas, sob pena de ser substituídas por outros trabalhadores ou, como na atualidade, por máquinas ou robôs dotadas de inteligência artificial, o que anteriormente era visto como apenas um sonho, na sociedade contemporânea este futuro chegou e esta transformando a sociedade.

Podemos chamar este momento fantástico que estamos vivendo de um Novo Iluminismo, como definiu Steven Pinker, ou Quarta Revolução Industrial, como alguns economistas e sociólogos, o nome pouco importa, o que mais impressiona é o impacto disto tudo na sociedade e suas consequências sobre os indivíduos.

Neste ambiente de cobranças, os jovens se encontram perdidos, a busca por qualificação, a escolha da carreira, os desejos sexuais pulsantes, as transformações bruscas no corpo, a rebeldia da idade, as indagações e as preocupações constantes, tudo isto o leva a grandes dúvidas e medos, antigamente o porto seguro para os esclarecimentos eram as famílias e a religião, na atualidade as famílias se encontram em estágios avançados de degradação e a religião se converteu ao mundo dos negócios e, com isto, vem perdendo relevância e expulsando os jovens de suas fileiras, a saída encontrada está nas drogas, na depressão e nos casos mais extremados de suicídio, antes pouco comentados, agora se transformaram em um caso grave de saúde pública, exigindo esforços de todos os grupos da sociedade.

O suicídio vem crescendo de forma acelerada, nos últimos anos tivemos uma média de 800 mil casos no mundo, o problema é mundial e não mais se restringe a fronteiras de um único país, atinge a todos os grupos e as faixas etária que mas preocupa é a dos jovens e adolescentes, pessoas entre 15 e 29 anos, que estão se suicidando com mais facilidade, e os motivos são pouco discutidos pelas autoridades, muitas vezes os maiores motivos estão ligados a dinâmica do capitalismo contemporâneo, centrado na concorrência, na competitividade e na busca constante por mais lucros, recursos e produtividade.

A educação que foi criada como um instrumento de conscientização social e capacitação para o mercado, se concentra cada vez mais nas demandas do mercado, buscam formar consumidores, o poder do dinheiro se infiltra na estrutura destas organizações e passa a ser comandada pela busca constante por recursos financeiros, na atualidade, percebemos que os fundos de investimentos investem cada vez mais na compra de instituições de ensino, inicialmente as de nível superior, criando estruturas gigantescas com mais de 1 milhão de alunos e, posteriormente, na aquisição de escolas de ensino médio e fundamental, é o capital fortalecendo sua estrutura e reafirmando seu poder sobre as bases da sociedade contemporânea.

Os relacionamentos são cada vez mais líquidos, como destacou o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, as pessoas querem se relacionar mas tem medo de se apegar e de se frustrar, com isso, buscam ficar aqui com uma e acolá com outra, os relacionamentos esporádicos propiciam gozos variados e prazeres diversificados, homens e mulheres se misturam em busca de algo que transcenda, uma busca constante de prazer para fugir das mazelas de uma sociedade vazia e imediatista que o capitalismo contemporâneo, o materialismo e a ambição humana construíram e esforçam por manter.

O crescimento da tecnologia, das máquinas e dos equipamentos, tendem a incrementar esta situação de solidão e de desesperança, muitos jovens conseguem angariar milhões de “amigos” nas redes sociais e se orgulham deste feito, conversam com pessoas nas mais variadas regiões do mundo mas, ao mesmo tempo, se encontram sozinhas e infelizes, querem falar sobre suas desesperanças e de seus medos e não encontram ninguém para ouvi-los, o mundo do prazer a qualquer preço e do hedonismo não aceita discussões marcadas por contestações e reflexões, o capitalismo contemporâneo só pensa em prazer, empreendedorismo, consumo e um hedonismo exagerado.

Nas classes econômicas mais abastadas, onde os recursos financeiros abundam, as famílias se encontram em situação de grande inquietação, nestes ambientes percebemos jovens cada vez mais fúteis e imaturos, acreditando que seus recursos amoedados compram a tudo e a todos, onde estes adolescentes sabem que os produtos e as mercadorias tem seus preços, mas infelizmente desconhecem seus valores e tudo que está por trás da produção e da distribuição destas bens, são consumidores mas nem de longe se encaixam na definição de cidadãos, carecemos de cidadãos em nossa sociedade, formamos cada vez mais consumidores que sabem seus direitos na ponta da língua mas desconhecem a contrapartida dos deveres, com o crescimento destas escolas e universidades dominadas pelo capital e pelo interesse financeiro, a educação para a cidadania estará mais ameaçada do que nunca, condenando as escolas a formação generalizada de pseudo cidadãos ou analfabetos políticos diplomados.

Destacamos ainda, nas famílias mais abastadas, as dificuldades dos pais para aceitarem o crescimento e a maturidade de seus filhos, muitos os trancam em uma redoma de vidro, querendo proteger e evitar frustrações, controlam suas vidas, vigiam seus passos e acabam gerando indivíduos fracos, imaturos e inseguros, legando a sociedade adultos desequilibrados e com graves problemas emocionais, espirituais e sentimentais.

Nesta sociedade percebemos um descaso com os jovens e com os adolescentes, seus conflitos e sentimentos são ignorados, os crimes contra as crianças estão aumentando exponencialmente, gerando graves constrangimentos futuros, maus tratos e negligências estão nas raízes dos conflitos emocionais em curso nesta nova sociedade, será que ainda não percebemos que estes jovens compõem o futuro da sociedade brasileira? Parafraseando Dostoievski, um dos maiores escritos mundiais, percebemos a civilidade de um povo quando observamos como este povo trata as suas crianças, sendo assim, nossa sociedade está muito distante da civilidade.

 

 

 

 

 

 

Vivemos em uma sociedade que transforma tudo em mercadoria, somos bombardeados todos os instantes por propagandas de empresas nacionais e internacionais, vendendo os mais variados tipos de produtos, desde os mais supérfluos aos mais interessantes e necessários, vivemos em um mundo de faz de contas onde o parecer ter ganha espaço nas mídias e nas redes sociais e se alastram como pólvora, transformando ideias tolas em negócios promissores e milionários.

Neste ambiente dominado pelos negócios, pelo dinheiro e pela aparência física, o ser humano está cada vez mais esquecido, lembram-se dele nos momentos das compras, dos gastos e do consumo, mas quando a questão central são suas demandas íntimas e pessoais, seus conflitos e dificuldades interiores, são relegados a consultórios de psiquiatras ou a clínicas de terapeutas, escondem-se dos outros indivíduos chamados “normais” e pregam nestes a pecha de anormais e esquisitos, marginalizando-os e praticando um bullyng escancarado.

Neste ambiente paranoico, onde as cobranças se acentuam com grande rapidez, obrigando os indivíduos a se adaptar a esta nova realidade, sob pena de não ser absorvido pelo sistema e ser relegado a exclusão social e a marginalidade, todos buscam se adaptar, seguindo as regras vigentes e cumprindo o mesmo figurino criando, com isso, autômatos robotizados e controlados por uma lógica financeira e imediatista que aos poucos está destruindo os laços sociais mais sólidos e criando cisões irreversíveis na sociedade contemporânea.

O ideário da produtividade e da competição estão dominando as mentes e os corações das pessoas, buscamos todos os dias maximizar nossos recursos econômicos e financeiros, buscamos produtos baratos que aliem preço e qualidade, queremos uma colocação de destaque na sociedade e no mercado de trabalho e nos esquecemos dos estudos e da capacitação que nos parece imprescindíveis, exigimos serviços públicos de primeiro mundo, que é fundamental, e nos esquecemos dos deveres que precisamos desempenhar para a boa e saudável convivência em sociedade, queremos uma sociedade equilibrada e competitiva e nos esquecemos de qualificar nossas crianças e jovens, não apenas com conteúdo técnico e profissional, mas com um sólido conteúdo emocional e psicológico.

Nos anos 80 encontrávamos inúmeros espaços de lazer e de convivência para os jovens e para as crianças, estes ambientes são fundamentais para a consolidação de grupos sociais mais integrados e interdependentes, marcados pela flexibilidade e pela convivência saudável, atualmente as cidades se perderam nestas demandas, os bairros mais afastados estão sem espaços públicos, os parques e praças estão degradados e tomados por matos e bichos peçonhentos, as regiões mais afastadas estão dominadas por traficantes e marginais, locais onde o crime domina e os órgão do Estado não se aproximam com medo da marginalidade, da violência e da insegurança pública generalizada.

Com este ambiente público degradado, onde nossos espaços de convivência se transformaram em verdadeiros locais de degradação e marginalidade, como prover serviços públicos e espaços de lazer para uma juventude cheia de energia e entusiasmo? O que estamos legando de futuro para estes jovens, futuros cidadãos, que muito brevemente serão os responsáveis pelos rumos de nossa nação? Todas estas questões devem ser discutidas na atualidade, a ausência desta discussão nos legou a situação degradadas que estamos vivendo, a discussão atual deve nos abrir novas oportunidades e perspectivas, contribuindo para virar um jogo que estamos perdendo de forma vergonhosa.

Além de não criar as condições essenciais para reconstruir a sociedade e abrir novas oportunidades para a infância e para a adolescência, estamos deixando estes indivíduos na mira dos grupos marginalizados, a atração pelo crime organizado deste contingente é bastante sedutora numa sociedade onde os valores são marcados pelo hedonismo e pelo materialismo, onde os conceitos de ética e de moral são desconhecidos por todos os grupos, desde a classe política e empresarial envoltas em corrupção e sonegação, até as fileiras mais ilustres da religião, marcadas por pedofilia e pelos acobertamentos nefastos de crimes sexuais, todos buscando o gozo terrestre e se esquecendo dos castigos divinos.

As cobranças são tão severas aos jovens e aos adolescentes que, desde pequenos são retirados das atividades lúdicas, o brincar na natureza com produtos naturais, a corrida na grama e a vista fulgurante do pôr do sol são raridades cada vez mais desconhecidas, em contrapartida, encontramos estes manejando tablets, computadores, smartphones e poderosos jogos eletrônicos, muitos mergulham nestes aparelhos horas e horas e são esquecidos pelos seus pais, na maioria das vezes envoltos em mais atividades profissionais, o mundo do trabalho contemporâneo exige que a classe trabalhadora trabalhe intensamente vários turnos, dias e semanas de forma ininterruptas, sob pena de ser substituídas por outros trabalhadores ou, como na atualidade, por máquinas ou robôs dotadas de inteligência artificial, o que anteriormente era visto como apenas um sonho, na sociedade contemporânea este futuro chegou e esta transformando a sociedade.

Podemos chamar este momento fantástico que estamos vivendo de um Novo Iluminismo, como definiu Steven Pinker, ou Quarta Revolução Industrial, como alguns economistas e sociólogos, o nome pouco importa, o que mais impressiona é o impacto disto tudo na sociedade e suas consequências sobre os indivíduos.

Neste ambiente de cobranças, os jovens se encontram perdidos, a busca por qualificação, a escolha da carreira, os desejos sexuais pulsantes, as transformações bruscas no corpo, a rebeldia da idade, as indagações e as preocupações constantes, tudo isto o leva a grandes dúvidas e medos, antigamente o porto seguro para os esclarecimentos eram as famílias e a religião, na atualidade as famílias se encontram em estágios avançados de degradação e a religião se converteu ao mundo dos negócios e, com isto, vem perdendo relevância e expulsando os jovens de suas fileiras, a saída encontrada está nas drogas, na depressão e nos casos mais extremados de suicídio, antes pouco comentados, agora se transformaram em um caso grave de saúde pública, exigindo esforços de todos os grupos da sociedade.

O suicídio vem crescendo de forma acelerada, nos últimos anos tivemos uma média de 800 mil casos no mundo, o problema é mundial e não mais se restringe a fronteiras de um único país, atinge a todos os grupos e as faixas etária que mas preocupa é a dos jovens e adolescentes, pessoas entre 15 e 29 anos, que estão se suicidando com mais facilidade, e os motivos são pouco discutidos pelas autoridades, muitas vezes os maiores motivos estão ligados a dinâmica do capitalismo contemporâneo, centrado na concorrência, na competitividade e na busca constante por mais lucros, recursos e produtividade.

A educação que foi criada como um instrumento de conscientização social e capacitação para o mercado, se concentra cada vez mais nas demandas do mercado, buscam formar consumidores, o poder do dinheiro se infiltra na estrutura destas organizações e passa a ser comandada pela busca constante por recursos financeiros, na atualidade, percebemos que os fundos de investimentos investem cada vez mais na compra de instituições de ensino, inicialmente as de nível superior, criando estruturas gigantescas com mais de 1 milhão de alunos e, posteriormente, na aquisição de escolas de ensino médio e fundamental, é o capital fortalecendo sua estrutura e reafirmando seu poder sobre as bases da sociedade contemporânea.

Os relacionamentos são cada vez mais líquidos, como destacou o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, as pessoas querem se relacionar mas tem medo de se apegar e de se frustrar, com isso, buscam ficar aqui com uma e acolá com outra, os relacionamentos esporádicos propiciam gozos variados e prazeres diversificados, homens e mulheres se misturam em busca de algo que transcenda, uma busca constante de prazer para fugir das mazelas de uma sociedade vazia e imediatista que o capitalismo contemporâneo, o materialismo e a ambição humana construíram e esforçam por manter.

O crescimento da tecnologia, das máquinas e dos equipamentos, tendem a incrementar esta situação de solidão e de desesperança, muitos jovens conseguem angariar milhões de “amigos” nas redes sociais e se orgulham deste feito, conversam com pessoas nas mais variadas regiões do mundo mas, ao mesmo tempo, se encontram sozinhas e infelizes, querem falar sobre suas desesperanças e de seus medos e não encontram ninguém para ouvi-los, o mundo do prazer a qualquer preço e do hedonismo não aceita discussões marcadas por contestações e reflexões, o capitalismo contemporâneo só pensa em prazer, empreendedorismo, consumo e um hedonismo exagerado.

Nas classes econômicas mais abastadas, onde os recursos financeiros abundam, as famílias se encontram em situação de grande inquietação, nestes ambientes percebemos jovens cada vez mais fúteis e imaturos, acreditando que seus recursos amoedados compram a tudo e a todos, onde estes adolescentes sabem que os produtos e as mercadorias tem seus preços, mas infelizmente desconhecem seus valores e tudo que está por trás da produção e da distribuição destas bens, são consumidores mas nem de longe se encaixam na definição de cidadãos, carecemos de cidadãos em nossa sociedade, formamos cada vez mais consumidores que sabem seus direitos na ponta da língua mas desconhecem a contrapartida dos deveres, com o crescimento destas escolas e universidades dominadas pelo capital e pelo interesse financeiro, a educação para a cidadania estará mais ameaçada do que nunca, condenando as escolas a formação generalizada de pseudo cidadãos ou analfabetos políticos diplomados.

Destacamos ainda, nas famílias mais abastadas, as dificuldades dos pais para aceitarem o crescimento e a maturidade de seus filhos, muitos os trancam em uma redoma de vidro, querendo proteger e evitar frustrações, controlam suas vidas, vigiam seus passos e acabam gerando indivíduos fracos, imaturos e inseguros, legando a sociedade adultos desequilibrados e com graves problemas emocionais, espirituais e sentimentais.

Nesta sociedade percebemos um descaso com os jovens e com os adolescentes, seus conflitos e sentimentos são ignorados, os crimes contra as crianças estão aumentando exponencialmente, gerando graves constrangimentos futuros, maus tratos e negligências estão nas raízes dos conflitos emocionais em curso nesta nova sociedade, será que ainda não percebemos que estes jovens compõem o futuro da sociedade brasileira? Parafraseando Dostoievski, um dos maiores escritos mundiais, percebemos a civilidade de um povo quando observamos como este povo trata as suas crianças, sendo assim, nossa sociedade está muito distante da civilidade.

 

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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