Comunicação entre mundos e as manifestações dos espíritos

Compartilhe

A Doutrina dos Espíritos nos trouxe novas e relevantes informações sobre as relações existentes entre os dois planos da vida, mostrando-nos que os mundos material e espiritual conversam entre si de forma rigorosa e intensa, influenciando nossa vida, nossos comportamentos, nossos hábitos e nossos costumes do cotidiano, somos mais influenciados pelos espíritos do que imaginamos, muitas vezes somos por eles conduzidos.

Em O Livro dos Espíritos, 1857, escrito por Allan Kardec, pseudônimo do conhecido pedagogo francês Hippolite Leon Denizard Rivail, onde se discute a temática da Doutrina Espírita e lança as bases para uma nova visão do mundo, nos mostrando a coexistência entre os mundos material e espiritual. Nesta obra, percebemos que sempre fomos influenciados pelo mundo espiritual, pois a morte não existe da forma como imaginamos até então, o que morre verdadeiramente é a matéria, o espírito é imortal e revive em outros corpos, nos mostrando a grandeza de vida. Somos espíritos em processo de evolução constante, passamos pela matéria como forma de crescimento e desenvolvimento, expurgamos nossos equívocos e construímos bases mais sólidas para nossos espíritos.

Nestas revelações, nos foi mostrado que os inúmeros fenômenos de comunicação entre os dois mundos, é algo natural e necessário, funcionando como se fosse um canal de ligação que não deve nunca desaparecer, mas se aperfeiçoar e se desenvolver sempre, antigamente as comunicações eram mais rústicas e grosseiras enquanto na atualidade elas se dão de uma forma mais sutil e delicada.

Relatos antigos nos mostram como se davam as comunicações anteriormente, os movimentos eram bruscos, muitas vezes violentos e agressivos, levando animais a se assustarem, gerando uivos e latidos altos e intensos, levando as pessoas a medos e sustos constantes, acreditando na existência de animais exóticos, como a mula sem cabeça ou o boitatá. Eram manifestações importantes para a coletividade da época porque mostravam a existência de uma nova realidade da vida, muitas vezes desconhecidas pelas pessoas, que mesmo gerando sustos e preocupações levavam as pessoas a buscarem uma religião com explicações para suas aflições, seus medos e suas reflexões.

As religiões da época, na sua grande maioria, desdenhavam destes casos de comunicação entre os dois mundos, destacando que muitos deles eram, em realidade, coisa da imaginação das pessoas e da ignorância dos indivíduos, destacando em outros casos fenômenos e manifestações da chamada coisa ruim, entidades que se nutriam do mal e se compraziam dos desajustes, dos medos e dos desequilíbrios das pessoas e da coletividade.

Nas manifestações antigas, os fenômenos eram motivados por tentativas de comunicação entre os espíritos e as pessoas encarnadas, estes movimentos eram incentivados pelos espíritos superiores para mostrar para a coletividade que a vida não termina com a morte do corpo físico, eram movimentos mais rudes porque os indivíduos da época eram mais rudes e grosseiros, para “assustá-los” eram necessários que os fenômenos fossem mais materializados, secos e assustadores, em decorrência das energias e das vibrações dos encarnados, que eram dominados por energias mais atrasadas e grosseiras.

Estes fenômenos mais densos contribuíram para que muitas pessoas tivessem medo e pavor destas manifestações espirituais, em muitos casos uma verdadeira ojeriza, surgindo histórias variadas de desequilíbrios intensos, desajustes e muita comoção.

Estas manifestações perderam força na sociedade, depois de muitos sustos e comoções, as comunicações foram se aperfeiçoando, os trabalhos mediúnicos modernizaram estas mensagens, gerando novas e confiáveis formas de comunicação, onde alguns espíritos eram estimulados a se comunicar, trazendo seus medos, traumas e constrangimentos, dando a oportunidade sublime do auxílio, da conversação e da compreensão das dores deste irmão em desequilíbrio.

A inexistência de centros espíritas e locais preparados para estas comunicações, levavam as entidades a se manifestar ao ar livre, assustando animais, movimentando caixas e gerando medo das coletividades, para que estas pudessem dar atenção para suas demandas mais íntimas que, na maioria das vezes buscavam entender o que estavam acontecendo com eles, mostrando-nos um grande desconhecimento das leis e das verdades espirituais.

A Doutrina Espírita traz para a sociedade mundial grandes e relevantes informações, inicialmente ao nos descortinar as duras e importantes realidades da vida, ao nos mostrar que somos espíritos que animamos corpos físicos e que a morte é, na verdade, uma oportunidade sublime de retorno ao palco maior da vida, o mundo espiritual ou o mundo dos espíritos.

No momento do retorno ao mundo espiritual, percebemos como ainda somos despreparados para as realidades do espírito, nas manifestações antigas, estes irmãos se encontram assustados e amedrontados, as manifestações mais rudes são formas por eles encontradas de chamar a atenção e de buscar esclarecimentos, afinal, o que foi que lhes aconteceu?

Estes irmãos passam a ser atendidos em reuniões mediúnicas, neste momento eles começam a relatar suas dúvidas e preocupações mais íntimas, seus medos e ignorância, buscando o lenitivo e os esclarecimentos para suas mais intensas preocupações. Seus relatos são comoventes e esclarecedores, mostram-nos que as pessoas, mesmo próximas, não os enxergam mais, não os cumprimentam mais, não os acariciam mais e não o fazem porque estes irmãos não mais possuem o corpo material, desencarnaram e vivem com medos e, na maioria das vezes, em desequilíbrio esperando por um suposto juízo final, onde os justos serão exaltados e os injustos serão condenados ao fogo do inferno.

Nestes momentos temos a oportunidade de conhecer histórias de amor, desamor, ódios e ressentimentos, nestes relatos encontramos sentimentos verdadeiros e espíritos dissimulados e atrasados, ainda muito centrados em interesses materiais e imediatistas, muitos se colocam como vítimas e defendem seus gestos tresloucados e imaturos, acreditando que como não existem novas vidas a felicidade deve ser perseguida de todas as formas, mesmo quando esta felicidade representar a degradação de outros indivíduos.

As reuniões mediúnicas trouxeram um novo horizonte para os desencarnados, abrindo um novo espaço de comunicação, onde os relatos e os esclarecimentos auxiliam na compreensão de que a vida espiritual é o verdadeiro local da existência dos seres humanos, as encarnações são momentos sublimes de crescimento e de desenvolvimento, locais de expurgos e crescimentos, locais de educação e de reeducação dos equívocos anteriores.

Atualmente, percebemos uma redução considerável dos relatos anteriores de manifestações espirituais mais densas e grosseiras, como as ocorridas em sítios e em propriedades rurais. Os movimentos e as comunicações contemporâneas são mais sutis, nelas os espíritos sugestionam os médiuns, colocam-lhes ideias e pensamentos, estimulando leituras e reflexões, vivemos em uma sociedade mais avançada e os movimentos mais rudes e grosseiros perdem espaço e relevância.

Estas manifestações exigem uma preparação prévia, leituras edificantes, adotar a oração como hábito e a reflexão crítica, estas medidas nos auxiliam na construção de um ambiente mais propício para estas influenciações, onde somos motivados pelos espíritos superiores a auxiliar aqueles que sofrem, e são muitos irmãos em desajustes, e passam por momentos de medos, instabilidades emocionais e desequilíbrios psicológicos e espirituais.

As entidades que se manifestam nestas reuniões mediúnicas apresentam características variadas, desde aquelas marcadas por uma bagagem intelectual mais sólida e consistente, até aqueles mais rústicos e despreparados, mas encontramos entre eles uma semelhança capital, ambos os grupos estão distantes das inúmeras chamadas de renovação trazidas pelo mestre Jesus de Nazaré e que, atualmente, se materializaram nas obras da codificação espírita, trazidas para a humanidade pelo teórico francês Allan Kardec.

Encontramos ainda, comunicações de entidades ignorantes da vida física e da vida além túmulo, irmãos que viveram, morreram, renasceram e tornaram a morrer e não se interessaram pela compreensão do que lhes estava acontecendo, vivem sem refletir, erram sem se melhorar e fazem da viagem da vida uma grande jornada sem destino e sem rumos, perdendo tempo e oportunidade importantes para as grandes realidades do mundo.

As comunicações sempre existiram, os homens sempre viveram em comunidade, a relação entre os mundos físico e espiritual sempre existiram e vão continuar existindo, antigamente as religiões nos traziam poucas informações sobre a vida depois da morte, eram muito omissas nestas reflexões, muitas vezes traziam informações inconsistentes e afastavam de suas fileiras todos aqueles que ousavam perguntar e indagar, buscando respostas para suas inquietações mais íntimas e pessoais.

A Doutrina dos Espíritos veio para cobrir esta lacuna, responder esta indagação de muitas pessoas, trazendo-nos informações preciosas, consistentes e consolidadas sobre este tema central para todos os seres humanos, afinal, todos aprendemos desde tenra idade que a morte é certa, a hora é que é incerta. Ao nos trazer estas informações, descortinando conceitos e esclarecendo sobre a vida pós a morte, muitos viram na Doutrina Espírita uma inimiga de seus interesses, levando muitas pessoas a combatê-la enormemente, buscando em sua essência contradições, não encontrando foram buscar nos espíritas, denegrindo pessoas e fazendo com que muitas reputações fossem jogadas na lama.

Nestes mais de 160 anos, muitas críticas foram endereçadas a Doutrina dos Espíritos, algumas verdadeiras e consistentes e outras marcadas por interesses vulgares, neste período esta religião, descrita por seu codificador como além de religião, uma filosofia e uma ciência, ganhou espaço e se consolidou de forma efetiva, nos trazendo uma grande bibliografia, com títulos variados e edificantes que surgem para nos mostrar que a realidade da vida é muito mais simples do que as pessoas imaginam, nada de cálculos complexos e intimidadores, Jesus Cristo nos deu a dica do bem viver a mais de 2 mil anos ao dizer que a verdadeira lei é Amar a Deus sobre todas as formas e ao próximo como a si mesmo.

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

Leia mais

Mais Posts

×

Olá!

Entre no grupo de WhatsApp!

× WhatsApp!